Caro Papai Noel confesso que não gosto de Natal. Na verdade detesto toda essa orgia capitalista que tem em você um símbolo máximo. Sim, né? O capitalismo precisa de figuras simbólicas tanto quanto o cristianismo.
Mas não custa lhe escrever, mesmo sabendo que nenhuma alma caridosa vai adotar a minha cartinha e na semana do Natal o correio não vai entregar meu presente num bonito e amassado embrulho. O que quero não é empacotado. Quero coisas subjetivas, como reticências em final de frase...
Na verdade nem quero nada. Pela primeira vez na minha vida, estou feliz. E a felicidade trás satisfação. Uma satisfação consciente, de que faltam coisas ainda, sim, mas que ainda não chegou a hora. Além disso, felicidade também gera textos.
Talvez eu quisesse não ficar triste no Natal. Sinto saudades. De quem tá longe, de quem tá perto e distante ao mesmo tempo, da minha vó. Quando ela era viva, os Natais eram legais e eu gostava. Da casa cheia, do amigo secreto, do pinheirinho, do presépio e até de você, papai Noel. Mas, as tais coisas da vida fazem a gente mudar né, bom velhinho?
Tá aí uma coisa que eu gostaria, de entender porque você é chamado de bom velhinho? Você poderia me responder né? Aí quem sabe eu volte acreditar no senhor. É isso, eu quero que você me responda. Me prove que você existe, que vive viajando o mundo num trenó puxado por renas mágicas, que você não sente calor aqui nos trópicos, se a roupa é vermelha por causa da Coca-Cola...?
Tudo bem, eu sei que essa época é corrida para o Senhor. Se ficar difícil de me escrever, mandar email, postar um comentário no blog, não tem problema, como toda boa menina, eu vou entender... Faz assim, me manda aquele rapaz lindo, inteligente, engraçado, com cabelos cacheados e barba por fazer, que eu volto acreditar em você, na magia do Natal, em bicho papão, em coelhinho da Páscoa, no ET de Varginha, em fada madrinha...
Saudações cordiais,
aguardo resposta.
Monday, December 21, 2009
Sunday, December 13, 2009
Noite feliz
No sábado à noite, eu ia no show do Nenhum de Nós cantando Beatles, no Teatro São Pedro. Ia, já tava com o ingresso na mão há semanas, mas acabei não indo. A chuvarada que caiu sábado, a loucura da última semana com a entrega do projeto da monografia da pós e a loucura que a semana que chega com a viagem para Brasília (assunto para outro texto), me fizeram ficar em casa.
E ainda bem que eu não fui, porque vivi uma das melhores noites da minha vida. Meu pai resolveu estrear a churrasqueira nova da minha avó e chamou vários primos. A princípio eu não ia no churrasco, apesar de ser do lado da minha casa. Mas acabei indo e que bom que eu fui.
Para variar, no segundo copo já estava bêbada. Meus primos que ficaram até mais tarde ficaram bêbados. Nunca tinha bebido com eles. O André, o Dionata, o Tiago e a namorada dele, a Grazi e o Fi, meu irmão que não gosta de beber porque fica tonto!!! O André foi embora cedo porque é casado e como estávamos fazendo muito barulho, acabamos a noite na garagem de casa, bebendo, bebendo e bebendo. E contando histórias também e o melhor, lembrando de histórias.
Da família, de quando éramos crianças e víamos nossos pais e tios bêbados. E riamos, e riamos. Fiquei feliz de saber que o Dionata lembra que o primeiro show de rock que ele foi na vida, quem levou fui eu! E dos campeonatos de bicicleta que nos íamos, alugávamos uma Topic, levavámos um monte de bolachinha recheada e íamos, bem faceiros. Só que as coisas mudam...
Hoje, o Dio adora rave e skates, o Tiago tá pensando em casar, gosta de funk e hip-hop e o Fi é punk. E eu sou a mais distante de todos, como o Dio disse. Combinamos de marcar outras bebedeiras pra gente rir das lembranças e das diferenças.
Eu já tava com o violão achando que toco alguma coisa, o Fi não parava em pé, o Dio caiu dentro de um buraco e eu não sei como ele conseguiu chegar em casa de moto, o Tiago e a Grazi, só riam, ela queria ir num baile funk!
Uma das histórias que a gente mais se divertiu, foi lembrando que quando meu irmão era criança, em qualquer aniversário que a gente ia, ele comia muito, bebia muito (refri), depois passava mal e vomitava. Sempre! Ontem de noite ele comeu muito, bebeu muito (cerveja) e depois que todos foram embora, ele passou a noite toda vomitando. Porque nem tudo muda.
E ainda bem que eu não fui, porque vivi uma das melhores noites da minha vida. Meu pai resolveu estrear a churrasqueira nova da minha avó e chamou vários primos. A princípio eu não ia no churrasco, apesar de ser do lado da minha casa. Mas acabei indo e que bom que eu fui.
Para variar, no segundo copo já estava bêbada. Meus primos que ficaram até mais tarde ficaram bêbados. Nunca tinha bebido com eles. O André, o Dionata, o Tiago e a namorada dele, a Grazi e o Fi, meu irmão que não gosta de beber porque fica tonto!!! O André foi embora cedo porque é casado e como estávamos fazendo muito barulho, acabamos a noite na garagem de casa, bebendo, bebendo e bebendo. E contando histórias também e o melhor, lembrando de histórias.
Da família, de quando éramos crianças e víamos nossos pais e tios bêbados. E riamos, e riamos. Fiquei feliz de saber que o Dionata lembra que o primeiro show de rock que ele foi na vida, quem levou fui eu! E dos campeonatos de bicicleta que nos íamos, alugávamos uma Topic, levavámos um monte de bolachinha recheada e íamos, bem faceiros. Só que as coisas mudam...
Hoje, o Dio adora rave e skates, o Tiago tá pensando em casar, gosta de funk e hip-hop e o Fi é punk. E eu sou a mais distante de todos, como o Dio disse. Combinamos de marcar outras bebedeiras pra gente rir das lembranças e das diferenças.
Eu já tava com o violão achando que toco alguma coisa, o Fi não parava em pé, o Dio caiu dentro de um buraco e eu não sei como ele conseguiu chegar em casa de moto, o Tiago e a Grazi, só riam, ela queria ir num baile funk!
Uma das histórias que a gente mais se divertiu, foi lembrando que quando meu irmão era criança, em qualquer aniversário que a gente ia, ele comia muito, bebia muito (refri), depois passava mal e vomitava. Sempre! Ontem de noite ele comeu muito, bebeu muito (cerveja) e depois que todos foram embora, ele passou a noite toda vomitando. Porque nem tudo muda.
Friday, December 04, 2009
O vice
No próximo domingo termina o Campeonato Brasileiro de Futebol e meu time será o vice-campeão. O Flamengo será o campeão. Para meu time ganhar, tem que vencer do Santo André, o que irá acontecer. Porém o Flamengo tem que perder, para o Grêmio, o que NÃO irá acontecer.
Não é porque eu seja colorada. São fatos. O time da azenha fez uma péssima campanha nos jogos fora de casa, porque agora no último seria diferente? Para eles não será difícil “entregar o jogo”, como a torcida pediu. E isso não será só para nós não ganharmos mais esse título. O Grêmio não irá ganhar do Flamengo porque não tem competência. Se tivesse, ganharia e isso não seria benevolência.
As manchetes dos jornais durante a semana falavam sobre os “dois corações” dos colorados que estavam torcendo pelo Grêmio. Isso nem me passou pela cabeça. Aliás, eu nunca fui tão flamenguista em toda a minha vida. Salve o Flamengo e salve o vice-campeão do Brasileirão 2009.
Agora se eu fosse gremista, queria que o Internacional fosse o grande vitorioso. Só pra jogar na cara que no ano do centenário o time do gigante do Beira Rio, só venceu com a ajuda deles, digo, nossa. Se eu fosse gremista, torceria fervorosamente para o meu time no domingo e daria o título para o povinho que se diz campeão de tudo.
Não é porque eu seja colorada. São fatos. O time da azenha fez uma péssima campanha nos jogos fora de casa, porque agora no último seria diferente? Para eles não será difícil “entregar o jogo”, como a torcida pediu. E isso não será só para nós não ganharmos mais esse título. O Grêmio não irá ganhar do Flamengo porque não tem competência. Se tivesse, ganharia e isso não seria benevolência.
As manchetes dos jornais durante a semana falavam sobre os “dois corações” dos colorados que estavam torcendo pelo Grêmio. Isso nem me passou pela cabeça. Aliás, eu nunca fui tão flamenguista em toda a minha vida. Salve o Flamengo e salve o vice-campeão do Brasileirão 2009.
Agora se eu fosse gremista, queria que o Internacional fosse o grande vitorioso. Só pra jogar na cara que no ano do centenário o time do gigante do Beira Rio, só venceu com a ajuda deles, digo, nossa. Se eu fosse gremista, torceria fervorosamente para o meu time no domingo e daria o título para o povinho que se diz campeão de tudo.
Thursday, November 26, 2009
De perto
Fui assistir ao documentário Herbert de Perto, que conta um pouco da vida do músico Herbert Vianna, vocalista do Paralamas do Sucesso. Adorei o filme, já que sou fã da banda e principalmente do Herbert. Só lamento que todos os shows que fui deles, foram depois do acidente.
O legal do filme é que mostraram inúmeras imagens do Herbert, da carreira e de momentos pessoais, para ele. O filme começa com o próprio cantor, na sua cadeira de rodas, assistindo um Herbert Vianna com seus vinte e poucos anos, que falava que conseguiria tudo o que quisesse na vida. Um pouco envergonhado, o coroa Herbert ri e diz que aquele moleque não sabia nada da vida. Como se o moleque não fosse ele.
O olhar do Herbert de hoje para aquele do passado é de uma certa saudade sim, mas também de pena. Fiquei me perguntando se nos somos os mesmos ao longo da vida e acho que não. Mudamos e como mudamos! Agora, acho que não nos damos conta dessas mudanças.
Deveríamos nos ver de perto, apenas uma distância temporal. Ver como éramos na infância, nossa índole, nossas manias... Certamente imaginávamos o adulto que seríamos, mas provavelmente não sabíamos em que adulto a vida nos tornaria.
Herbert queria ser piloto de avião, mas tinha miopia, por causa disso usava óculos e gravou o primeiro grande sucesso do Paralamas, “Óculos”, com sua música ganhou dinheiro para comprar um avião e pilotar só por lazer e foi num acidente de avião, que ele pilotava, que sua mulher morreu e ele ficou tetraplégico.
Obviamente amadurecemos com o tempo, mas nem sempre perdemos a petulância de quem acha que tem a vida nas mãos. O Herbert pareceu perder essa petulância e parecia até envergonhado da pessoa que foi um dia e conformado com o que se tornou... Só sei que sai do cinema com a impressão que deveríamos nos ver mais de perto.
O legal do filme é que mostraram inúmeras imagens do Herbert, da carreira e de momentos pessoais, para ele. O filme começa com o próprio cantor, na sua cadeira de rodas, assistindo um Herbert Vianna com seus vinte e poucos anos, que falava que conseguiria tudo o que quisesse na vida. Um pouco envergonhado, o coroa Herbert ri e diz que aquele moleque não sabia nada da vida. Como se o moleque não fosse ele.
O olhar do Herbert de hoje para aquele do passado é de uma certa saudade sim, mas também de pena. Fiquei me perguntando se nos somos os mesmos ao longo da vida e acho que não. Mudamos e como mudamos! Agora, acho que não nos damos conta dessas mudanças.
Deveríamos nos ver de perto, apenas uma distância temporal. Ver como éramos na infância, nossa índole, nossas manias... Certamente imaginávamos o adulto que seríamos, mas provavelmente não sabíamos em que adulto a vida nos tornaria.
Herbert queria ser piloto de avião, mas tinha miopia, por causa disso usava óculos e gravou o primeiro grande sucesso do Paralamas, “Óculos”, com sua música ganhou dinheiro para comprar um avião e pilotar só por lazer e foi num acidente de avião, que ele pilotava, que sua mulher morreu e ele ficou tetraplégico.
Obviamente amadurecemos com o tempo, mas nem sempre perdemos a petulância de quem acha que tem a vida nas mãos. O Herbert pareceu perder essa petulância e parecia até envergonhado da pessoa que foi um dia e conformado com o que se tornou... Só sei que sai do cinema com a impressão que deveríamos nos ver mais de perto.
Sunday, November 22, 2009
Guarda lembranças
Fiz uma faxina hoje no meu guarda roupa. Coloquei tudo abaixo. E muita coisa separei pra dar. Foi com um pouco de pesar que separei três calças que não me entram mais e entravam no início do ano. Mas tava pensando como tem roupas que marcam e como nossas roupas mudam conforme a gente vai mudando. Tô filosofando com um assunto muito fútil? Mas é sério.
Eu nunca tive tantos vestidos e saias, por exemplo. E minhas blusas estão cada vez mais compridas. Logo eu que já enfrentei inverno de manta, mas com a barriga de fora. E as meias calças também estão aumentando a quantidade. Porque eu comecei achar lindo saia e vestido no inverno.
Falando em inverno, manta era algo que eu não usava quando era adolescente. Achava coisa de velho. Hoje acho lindo, tudo bem que estou envelhecendo... Achei uma blusa dos Ramones que eu nem lembrava que existia, pensava que tinha perdido em algum show da Tequila Baby, que levava só pra sacudir. Ah sim, algumas saias continuam curtas, porque nem tudo muda.
Me desfiz de uma saia que usei duas vezes, num show do Paralamas e quando levei o pé na bunda do cretino. Eu tinha uns 17 anos quando comprei essa saia, ainda estava no meu primeiro estágio, ganhava R$ 250,00 e a saia custou uns R$ 100,00. Depois do show, pensei que a tal saia me daria sorte, mas na segunda vez que usei, levei o chute. Pronto, nunca mais usei a saia. Mas só agora, depois de vários anos é que tive coragem de tocar fora. Acho que eu precisava era me desfazer de algumas lembranças antes...
Eu nunca tive tantos vestidos e saias, por exemplo. E minhas blusas estão cada vez mais compridas. Logo eu que já enfrentei inverno de manta, mas com a barriga de fora. E as meias calças também estão aumentando a quantidade. Porque eu comecei achar lindo saia e vestido no inverno.
Falando em inverno, manta era algo que eu não usava quando era adolescente. Achava coisa de velho. Hoje acho lindo, tudo bem que estou envelhecendo... Achei uma blusa dos Ramones que eu nem lembrava que existia, pensava que tinha perdido em algum show da Tequila Baby, que levava só pra sacudir. Ah sim, algumas saias continuam curtas, porque nem tudo muda.
Me desfiz de uma saia que usei duas vezes, num show do Paralamas e quando levei o pé na bunda do cretino. Eu tinha uns 17 anos quando comprei essa saia, ainda estava no meu primeiro estágio, ganhava R$ 250,00 e a saia custou uns R$ 100,00. Depois do show, pensei que a tal saia me daria sorte, mas na segunda vez que usei, levei o chute. Pronto, nunca mais usei a saia. Mas só agora, depois de vários anos é que tive coragem de tocar fora. Acho que eu precisava era me desfazer de algumas lembranças antes...
Monday, November 16, 2009
Borboletas no estômago
“Ando achando tão bonito viver” – Caio Fernando Abreu
Sabe quando a gente tá com aquela ansiedade gostosa? Aquele frio na barriga, aquele arrepio pelo corpo... Aquela sensação de que alguma coisa boa vai acontecer?
Eu tô assim! E o melhor é que não faço a menor ideia do motivo. Mas tem coisa boa vindo por aí! Ah tem! Eu sinto! E não é o Natal, não. Nunca curti muito essa época do ano, mas por enquanto tá passando batido, ainda não me deprimi nem fiquei com o meu péssimo humor natalino. E ando tão zen que se passar ilesa por esse natal, não vou me surpreender.
Levei um pé na bunda outro dia. Mal me recuperei do meu trabalho de conclusão da graduação e já estou começando a monografia da pós. O tempo tá passando cada vez mais veloz e eu tenho medo de não conseguir acompanhar.
E pasmem! Eu não derramei uma lágrima por causa do fora, nem tô em pânico por causa da monografia. Está tudo em paz. Eureka! Aprendi a fazer o jogo do contente, aquele do livro da Poliana, de ver o lado bom das coisas. Isso pode ser clichê e é, eu sei.
Mas eu ainda prefiro o clichê da alegria como a de um ex-depressivo que enfim, aprendeu que felicidade é escolha, a satisfação de um ex-drogado que conseguiu se tornar independente de tudo o que lhe dopava, a alegria cheia de expectativa e incertezas de quem passou no vestibular e tem a vida pela frente, mesmo não sabendo muito o que fazer da vida.
Prefiro tudo isso e todos os outros clichês do mundo, do que a breguice da tristeza. Até porque a felicidade também rende texto!
Sabe quando a gente tá com aquela ansiedade gostosa? Aquele frio na barriga, aquele arrepio pelo corpo... Aquela sensação de que alguma coisa boa vai acontecer?
Eu tô assim! E o melhor é que não faço a menor ideia do motivo. Mas tem coisa boa vindo por aí! Ah tem! Eu sinto! E não é o Natal, não. Nunca curti muito essa época do ano, mas por enquanto tá passando batido, ainda não me deprimi nem fiquei com o meu péssimo humor natalino. E ando tão zen que se passar ilesa por esse natal, não vou me surpreender.
Levei um pé na bunda outro dia. Mal me recuperei do meu trabalho de conclusão da graduação e já estou começando a monografia da pós. O tempo tá passando cada vez mais veloz e eu tenho medo de não conseguir acompanhar.
E pasmem! Eu não derramei uma lágrima por causa do fora, nem tô em pânico por causa da monografia. Está tudo em paz. Eureka! Aprendi a fazer o jogo do contente, aquele do livro da Poliana, de ver o lado bom das coisas. Isso pode ser clichê e é, eu sei.
Mas eu ainda prefiro o clichê da alegria como a de um ex-depressivo que enfim, aprendeu que felicidade é escolha, a satisfação de um ex-drogado que conseguiu se tornar independente de tudo o que lhe dopava, a alegria cheia de expectativa e incertezas de quem passou no vestibular e tem a vida pela frente, mesmo não sabendo muito o que fazer da vida.
Prefiro tudo isso e todos os outros clichês do mundo, do que a breguice da tristeza. Até porque a felicidade também rende texto!
Thursday, November 12, 2009
Rio de Janeiro, praticamente um diário
Vamos aos meus dias no Rio de Janeiro. Dias inesquecíveis, diga-se de passagem, não só porque estava na cidade maravilhosa, mas porque tudo foi planejado por mim (lembrei da época que queria estudar turismo...). Fomos eu, a Giovanna (minha colega da pós) e a Ane, que conheci em Buenos Aires, no show da Madonna e nos tornamos amigas.
Ficamos no hostel Bonita Ipanema, na casa onde o Tom Jobim morou, há duas quadras da praia e há dois metros da rua Farme do Amoedo, reduto gay de Ipanema. Coisa que só nos daríamos conta dias depois.
Chegamos na quinta-feira de noite, debaixo de chuva e depois de um vôo que levava além da gente e meia dúzia de seres normais, uma excursão de professoras, todas vestidas de rosa, que foram até o Rio fazendo olá. Chegando no hostel, tinha carro de polícia na frente, porque um quarto tinha sido roubado e o hospede estava louco com isso... Bela recepção... Saímos para dar uma volta por perto e encontramos o meu tio, Miguel, que não via fazia anos. Na tal Farme do Amoedo, avistamos um bar cheio de gente do sexo oposto, não pensamos duas vezes e atravessamos a rua direto para aquele lugar que prometia várias pegadas. Só depois de sentadas e já com um copo de cerveja na mão, vimos que eram todos gays. Terminada a cerveja, caminhada até a praia e cama.
Na sexta-feira madrugamos, caminhamos na praia, tomamos café mega reforçado e fomos ao centro do Rio. Teatro Municipal, Museu de Belas Artes (que tinha monitores simpaticíssimos e competentes), Museu da República (que é o Palácio do Catete, onde o Getúlio Vargas morou), Biblioteca Nacional, Igreja da Candelária, Confeitaria Colombo (onde tem o melhor pastel de palmito que já comi) e arcos da Lapa.
Nesse dia andamos de ônibus e de trem, tudo aparentemente seguro. Os cariocas são super atenciosos com os turistas, sabem dar informação e nos ajudaram muitas vezes. De tarde ainda deu para pegar uma praia e ir até o Leblon. De noite fomos na Melt, um lugar no mesmo estilo do Café Segredo. Foi mais ou menos. Mais porque teve show com uma banda de pop rock, da qual faz parte o ator Marcelo Novaes, que foi muito simpático com todo mundo. E foi de menos porque tinha muita gente, mal dava pra respirar. Lá pelas 3h eu a Gi voltamos para o hostel, a Ane (mega baladeira) ficou lá até às 6h da manhã. Durante o dia ficamos impressionadíssimas com a quantidade de casais homossexuais que víamos em Ipanema.
Sábado, caminhada na praia, bondinho do Pão de Açúcar e Corcovado. Fomos cedo pegar o bondinho, na metade da subida me dou conta que as pilhas da minha máquina não estavam carregadas. Que coisa, sem fotos do Pão de Açúcar. Ainda bem que a Ane estava com a máquina dela. Tiramos muitas fotos, a vista lá de cima realmente é linda!!! Na volta o tempo começa a fechar e resolvemos voltar para o hostel e ir ao Cristo só de tarde, se o tempo abrir. Na volta, no ônibus roubaram a máquina da Ane e o dinheiro, de dentro da bolsa dela. Baixo astral geral, ficamos mal e isso nos fez lembrar que estávamos no Rio de Janeiro. Abolimos o ônibus e passamos a andar só de táxi, que não é caro. Pior, ficamos só com três fotos do Pão de Açúcar, que estavam na minha máquina e foram tiradas durante a subida do bondinho.
À tarde fomos à praia, deu pra ficar bem vermelhinha. De noite e já mais animadas, fomos para a Lapa, mais precisamente para o Rio Scenarium, um bar com roda de samba e pista de música eletrônica dentro de um antiquário. Parecia ser incrível, afinal a ideia era bem legal. Fomos cedo, às 22h já estávamos na fila. Fila que estava enorme e acabou com o meu humor. Só conseguimos entrar meia noite e meia e quando eu entrei, vi o lugar mais bizarro que já tive. Era uma parede de cada cor, cheio de cadeiras penduradas no teto, uns corredores estreitos, sofás mofados... Achei tudo de mau gosto. Gostei tanto que dei uma volta, fui no banheiro e meia hora depois estava dentro de um táxi, que não entendia como eu não tinha gostado do Rio Scenarium!? Como eu já tava irritada não expliquei. Foi a pior balada da minha vida, em plena Lapa, no Rio de Janeiro.
No domingo o tempo amanheceu tri nublado e adiamos, mais uma vez, a ida ao Cristo. Demos a tradicional caminhada na praia e passamos na Feira Hippie de Ipanema, foi lá que meu tio nos falou que a rua Farme do Amoedo era um tradicional e conhecido lugar GLS e isso explicou muita coisa. Foi ele também que nos falou que a favela que tinha na esquina da rua que estávamos e ficava totalmente escondida entre os prédios, era o Morro do Cantagalo, que é junto com o Morro do Vidigal, as duas únicas favelas que ficam na zona sul do Rio. Depois fomos à praia, mas antes das 13h já estava chovendo e não parecia que ia parar...
Resolvemos ir almoçar e passar a tarde no shopping do Leblon. E até eu que não sou uma pessoa consumista, adorei fazer comprar no Leblon, me senti... De tardezinha, a chuva persistia firme e forte, o que nos fez ficar no hostel, lendo, dormindo, falando com o povo... De noite, a Ane foi pra balada e eu e a Gi, que só gostamos de programas de velhos, fomos jantar no Leblon e depois passamos no Sindicato do Chopp em Ipanema para tomar umas cervejas. A Ane outra vez, amanheceu na balada. Essa foi sem dúvida a melhor noite no Rio. Nda de muito tumulto, de homem bêbado nos agarrando, de cabelo fedendo a cigarro...
Segunda-feira, nosso último dia. Acordamos cedo, café reforçado e táxi até o ponto para pegar o trem do Corcovado e ir até o Cristo. Foi de longe, o que mais gostei. Aquele trenzinho que sobre até o corcovado é tudo! Quando o grupo de samba entrou e começou a tocar “Cidade Maravilhosa”, me emocionei. De verdade, acho que isso mostra como realmente estou melhor. Até sambar, sambei, morro acima e tudo! Foi tri divertido. Chegando lá no Cristo, vimos muitos, mas muitos turistas num empurra-empurra danado. A tradicional foto de braços abertos com o Cristo no fundo foi impossível de tirar sem uns 10 desconhecidos atrás, fazendo a mesma posse. Turistas... O Cristo é lindoooooooooo e a vista de lá, mais ainda. Chegamos lá em cima com o tempo meio fechado, então chegamos a ver as nuvens se dissipando e a cidade surgindo lá embaixo. Foi muito melhor se o tempo estive o tempo todo aberto...
Na tarde praia e praia. Ipanema lotadíssima. Nem Tramandaí fica tão cheia. Não tinha mais cadeiras para alugar. E se não ficassem na beirada do mar, com as ondas o tempo todo vindo e levando nossas coisas para longe, tínhamos que ficar quase colada no calçadão, onde o povo mija e o fedor de xixi é insuportável. No nosso último dia conhecemos o significado do verso que diz “Rio 40 graus”. Suávamos loucamente na beira da mar. Saímos cedo da praia, fomos nos refrescar tomando banho (de chuveiro) e rumamos para Copacabana, jantar, caminhar na beira mar e ir na feirinha. Na volta, mais uma passada na praia de Ipanema, olhamos aquele mar pela última vez nessa viagem e conversamos com a Iemanjá, pedimos, entre outra coisas, pra voltarmos logo.
O pior do Rio? A sujeira na areia da praia. Horrível e lamentável. A gente tem que disputar espaço com latinhas de refri e cervejas, garrafas de plásticos, cocos, resto de comidas e cadeiras... Isso não precisava. Havia até pombas na areia. No meio do banho de sol, elas davam rasantes sobre as nossas cabeça.
Voltamos para o hostel, deitamos para decidir onde iríamos na nossa última noite, na acabamos pegando no sono com a porta do quarto aberta e tudo, luz acessa, de roupas, até que alguém de madrugada acordou e fechou tudo... Na terça, deveríamos acordar às 5h, pois às 5h50, o táxi nos pegaria para levar até o aeroporto. Mas acordamos, por milagre, às 5h40! Foi uma correria total e a Ane ficou sem a chapinha no cabelo. No aeroporto esperamos mais de uma hora, porque tinha escala em Curitiba e lá tinha muita neblina... Chegamos em Porto Alegre no início da tarde e quando avistamos nossas malas na esteira, tivemos a certeza de que a viagem tinha sido perfeita!!!! E foi!!!!
Ficamos no hostel Bonita Ipanema, na casa onde o Tom Jobim morou, há duas quadras da praia e há dois metros da rua Farme do Amoedo, reduto gay de Ipanema. Coisa que só nos daríamos conta dias depois.
Chegamos na quinta-feira de noite, debaixo de chuva e depois de um vôo que levava além da gente e meia dúzia de seres normais, uma excursão de professoras, todas vestidas de rosa, que foram até o Rio fazendo olá. Chegando no hostel, tinha carro de polícia na frente, porque um quarto tinha sido roubado e o hospede estava louco com isso... Bela recepção... Saímos para dar uma volta por perto e encontramos o meu tio, Miguel, que não via fazia anos. Na tal Farme do Amoedo, avistamos um bar cheio de gente do sexo oposto, não pensamos duas vezes e atravessamos a rua direto para aquele lugar que prometia várias pegadas. Só depois de sentadas e já com um copo de cerveja na mão, vimos que eram todos gays. Terminada a cerveja, caminhada até a praia e cama.
Na sexta-feira madrugamos, caminhamos na praia, tomamos café mega reforçado e fomos ao centro do Rio. Teatro Municipal, Museu de Belas Artes (que tinha monitores simpaticíssimos e competentes), Museu da República (que é o Palácio do Catete, onde o Getúlio Vargas morou), Biblioteca Nacional, Igreja da Candelária, Confeitaria Colombo (onde tem o melhor pastel de palmito que já comi) e arcos da Lapa.
Nesse dia andamos de ônibus e de trem, tudo aparentemente seguro. Os cariocas são super atenciosos com os turistas, sabem dar informação e nos ajudaram muitas vezes. De tarde ainda deu para pegar uma praia e ir até o Leblon. De noite fomos na Melt, um lugar no mesmo estilo do Café Segredo. Foi mais ou menos. Mais porque teve show com uma banda de pop rock, da qual faz parte o ator Marcelo Novaes, que foi muito simpático com todo mundo. E foi de menos porque tinha muita gente, mal dava pra respirar. Lá pelas 3h eu a Gi voltamos para o hostel, a Ane (mega baladeira) ficou lá até às 6h da manhã. Durante o dia ficamos impressionadíssimas com a quantidade de casais homossexuais que víamos em Ipanema.
Sábado, caminhada na praia, bondinho do Pão de Açúcar e Corcovado. Fomos cedo pegar o bondinho, na metade da subida me dou conta que as pilhas da minha máquina não estavam carregadas. Que coisa, sem fotos do Pão de Açúcar. Ainda bem que a Ane estava com a máquina dela. Tiramos muitas fotos, a vista lá de cima realmente é linda!!! Na volta o tempo começa a fechar e resolvemos voltar para o hostel e ir ao Cristo só de tarde, se o tempo abrir. Na volta, no ônibus roubaram a máquina da Ane e o dinheiro, de dentro da bolsa dela. Baixo astral geral, ficamos mal e isso nos fez lembrar que estávamos no Rio de Janeiro. Abolimos o ônibus e passamos a andar só de táxi, que não é caro. Pior, ficamos só com três fotos do Pão de Açúcar, que estavam na minha máquina e foram tiradas durante a subida do bondinho.
À tarde fomos à praia, deu pra ficar bem vermelhinha. De noite e já mais animadas, fomos para a Lapa, mais precisamente para o Rio Scenarium, um bar com roda de samba e pista de música eletrônica dentro de um antiquário. Parecia ser incrível, afinal a ideia era bem legal. Fomos cedo, às 22h já estávamos na fila. Fila que estava enorme e acabou com o meu humor. Só conseguimos entrar meia noite e meia e quando eu entrei, vi o lugar mais bizarro que já tive. Era uma parede de cada cor, cheio de cadeiras penduradas no teto, uns corredores estreitos, sofás mofados... Achei tudo de mau gosto. Gostei tanto que dei uma volta, fui no banheiro e meia hora depois estava dentro de um táxi, que não entendia como eu não tinha gostado do Rio Scenarium!? Como eu já tava irritada não expliquei. Foi a pior balada da minha vida, em plena Lapa, no Rio de Janeiro.
No domingo o tempo amanheceu tri nublado e adiamos, mais uma vez, a ida ao Cristo. Demos a tradicional caminhada na praia e passamos na Feira Hippie de Ipanema, foi lá que meu tio nos falou que a rua Farme do Amoedo era um tradicional e conhecido lugar GLS e isso explicou muita coisa. Foi ele também que nos falou que a favela que tinha na esquina da rua que estávamos e ficava totalmente escondida entre os prédios, era o Morro do Cantagalo, que é junto com o Morro do Vidigal, as duas únicas favelas que ficam na zona sul do Rio. Depois fomos à praia, mas antes das 13h já estava chovendo e não parecia que ia parar...
Resolvemos ir almoçar e passar a tarde no shopping do Leblon. E até eu que não sou uma pessoa consumista, adorei fazer comprar no Leblon, me senti... De tardezinha, a chuva persistia firme e forte, o que nos fez ficar no hostel, lendo, dormindo, falando com o povo... De noite, a Ane foi pra balada e eu e a Gi, que só gostamos de programas de velhos, fomos jantar no Leblon e depois passamos no Sindicato do Chopp em Ipanema para tomar umas cervejas. A Ane outra vez, amanheceu na balada. Essa foi sem dúvida a melhor noite no Rio. Nda de muito tumulto, de homem bêbado nos agarrando, de cabelo fedendo a cigarro...
Segunda-feira, nosso último dia. Acordamos cedo, café reforçado e táxi até o ponto para pegar o trem do Corcovado e ir até o Cristo. Foi de longe, o que mais gostei. Aquele trenzinho que sobre até o corcovado é tudo! Quando o grupo de samba entrou e começou a tocar “Cidade Maravilhosa”, me emocionei. De verdade, acho que isso mostra como realmente estou melhor. Até sambar, sambei, morro acima e tudo! Foi tri divertido. Chegando lá no Cristo, vimos muitos, mas muitos turistas num empurra-empurra danado. A tradicional foto de braços abertos com o Cristo no fundo foi impossível de tirar sem uns 10 desconhecidos atrás, fazendo a mesma posse. Turistas... O Cristo é lindoooooooooo e a vista de lá, mais ainda. Chegamos lá em cima com o tempo meio fechado, então chegamos a ver as nuvens se dissipando e a cidade surgindo lá embaixo. Foi muito melhor se o tempo estive o tempo todo aberto...
Na tarde praia e praia. Ipanema lotadíssima. Nem Tramandaí fica tão cheia. Não tinha mais cadeiras para alugar. E se não ficassem na beirada do mar, com as ondas o tempo todo vindo e levando nossas coisas para longe, tínhamos que ficar quase colada no calçadão, onde o povo mija e o fedor de xixi é insuportável. No nosso último dia conhecemos o significado do verso que diz “Rio 40 graus”. Suávamos loucamente na beira da mar. Saímos cedo da praia, fomos nos refrescar tomando banho (de chuveiro) e rumamos para Copacabana, jantar, caminhar na beira mar e ir na feirinha. Na volta, mais uma passada na praia de Ipanema, olhamos aquele mar pela última vez nessa viagem e conversamos com a Iemanjá, pedimos, entre outra coisas, pra voltarmos logo.
O pior do Rio? A sujeira na areia da praia. Horrível e lamentável. A gente tem que disputar espaço com latinhas de refri e cervejas, garrafas de plásticos, cocos, resto de comidas e cadeiras... Isso não precisava. Havia até pombas na areia. No meio do banho de sol, elas davam rasantes sobre as nossas cabeça.
Voltamos para o hostel, deitamos para decidir onde iríamos na nossa última noite, na acabamos pegando no sono com a porta do quarto aberta e tudo, luz acessa, de roupas, até que alguém de madrugada acordou e fechou tudo... Na terça, deveríamos acordar às 5h, pois às 5h50, o táxi nos pegaria para levar até o aeroporto. Mas acordamos, por milagre, às 5h40! Foi uma correria total e a Ane ficou sem a chapinha no cabelo. No aeroporto esperamos mais de uma hora, porque tinha escala em Curitiba e lá tinha muita neblina... Chegamos em Porto Alegre no início da tarde e quando avistamos nossas malas na esteira, tivemos a certeza de que a viagem tinha sido perfeita!!!! E foi!!!!
Thursday, November 05, 2009
A velocidade da vida
Nossa, exatamente uma semana atrás estava chegando no Rio de Janeiro para passar quatro dias. E esses quatro dias já passaram, eu já fui, já voltei. A viagem que planejei tanto já é só lembrança.
Foram quatro dias incríveis! E desde que voltei, na terça, não parei, ainda nem descansei e tem um monte de coisa pra fazer. Tenho que escrever para o blog, um texto sobre o Rio (claro!), sobre a internet, sobre as pessoas... Tenho que escrever tudo isso também no meu diário (sim, eu tenho diário). Quero ir com calma na Bienal e tempo na Feira do Livro.
Quero ir no cinema olhar Te amarei para Sempre, mas não tenho nem idéia de quando vou ter tempo pra isso. Tenho que fazer minhas unhas e pintar meus cabelos (to quase loira). Tenho um monte de trabalho para a pós pra fazer, fora o projeto da monografia. O trabalho na CUT tá num ritmo alucinante: Marcha do Sem, Marcha em Brasília, Conferências de Comunicação, Fórum Social Mundial...
E desde terça já fiz tanta coisa que parece que já voltei há muito mais tempo. Gosto de ter o que fazer, mas às vezes a velocidade alucinante da vida, dá medo. Eu não me importo de fazer mil coisas, mas quero ter consciência disso, quero viver de fato e não levar a vida no piloto automático.
Só hoje que consegui passar os olhos nos blogs que leio, e li um texto lindo da Jac falando sobre as pessoas que entram na nossa vida e temos que valorizar, embora nem sempre elas saibam disso ou mereçam. E eu que oscilei tanto hoje entre a alegria, a expectativa, o cansaço intenso, a depressão pós viagem incrível e a tristeza que me dá ao lembrar que é quase ano que vem... Me vi naquele texto da minha amiga e entendo a frase linda e triste que ela colocou no seu MSN, que fala sobre asas quebradas...
Antes de eu ir para o Rio, na tarde de quinta-feira, eu chutei o balde, liguei, mandei e-mail, me declarei, não deixei dúvida nenhuma. Agora eu tô aqui, com saudade do Rio, não porque a viagem foi incrível e lá é uma cidade realmente maravilhosa, mas porque eu andava com aquela expectativa boa de que tudo vai dar certo e agora eu tenho a certeza triste de que nossa história acabou antes mesmo de começar.
Foram quatro dias incríveis! E desde que voltei, na terça, não parei, ainda nem descansei e tem um monte de coisa pra fazer. Tenho que escrever para o blog, um texto sobre o Rio (claro!), sobre a internet, sobre as pessoas... Tenho que escrever tudo isso também no meu diário (sim, eu tenho diário). Quero ir com calma na Bienal e tempo na Feira do Livro.
Quero ir no cinema olhar Te amarei para Sempre, mas não tenho nem idéia de quando vou ter tempo pra isso. Tenho que fazer minhas unhas e pintar meus cabelos (to quase loira). Tenho um monte de trabalho para a pós pra fazer, fora o projeto da monografia. O trabalho na CUT tá num ritmo alucinante: Marcha do Sem, Marcha em Brasília, Conferências de Comunicação, Fórum Social Mundial...
E desde terça já fiz tanta coisa que parece que já voltei há muito mais tempo. Gosto de ter o que fazer, mas às vezes a velocidade alucinante da vida, dá medo. Eu não me importo de fazer mil coisas, mas quero ter consciência disso, quero viver de fato e não levar a vida no piloto automático.
Só hoje que consegui passar os olhos nos blogs que leio, e li um texto lindo da Jac falando sobre as pessoas que entram na nossa vida e temos que valorizar, embora nem sempre elas saibam disso ou mereçam. E eu que oscilei tanto hoje entre a alegria, a expectativa, o cansaço intenso, a depressão pós viagem incrível e a tristeza que me dá ao lembrar que é quase ano que vem... Me vi naquele texto da minha amiga e entendo a frase linda e triste que ela colocou no seu MSN, que fala sobre asas quebradas...
Antes de eu ir para o Rio, na tarde de quinta-feira, eu chutei o balde, liguei, mandei e-mail, me declarei, não deixei dúvida nenhuma. Agora eu tô aqui, com saudade do Rio, não porque a viagem foi incrível e lá é uma cidade realmente maravilhosa, mas porque eu andava com aquela expectativa boa de que tudo vai dar certo e agora eu tenho a certeza triste de que nossa história acabou antes mesmo de começar.
Monday, October 26, 2009
Das coisas que eu não entendo
Não me sinto mais vazia. O monstro que corroia meu estômago e minha paz está domesticado. E pela primeira vez na vida eu estou gostando sem sofrer. Não que eu esteja sendo correspondida, porque tô bem confusa quanto a isso... Malditos librianos!
Mas gostar e não sofrer me deixa bem feliz. E conviver com você e com a vontade louca que eu tenho de te agarrar e te encher de beijo, tudo isso de uma maneira bem civilizada também me deixa bem feliz.
Eu nunca escrevi tanto a palavra feliz com um real motivo (feliz) como agora. Não foi fácil domesticar o bicho, mas conviver com ele durante o tempo que eu perdia a vontade de tudo, foi fundamental pra mim ser o que eu sou hoje. Uma pessoa feliz, com consciência disso, o que é muito melhor. Até porque nunca fui uma retardada que achou que o mundo era a Disneylândia e vida cor-de-rosa.
Simplesmente me dei conta que a gente continua, que depressão passa, que doenças se curam, que o mundo gira e coisas incríveis acontecem mesmo quando a gente tá olhando tudo de canto. Então o melhor a fazer é entrar na dança, participar, se jogar, sair do armário, cair de boca, chutar o balde...
Eu não entendia o vazio que carregava. Não entendo essa sensação de que tá tudo bem. Sei que ainda não rola o mestrado na Europa, mas é só eu trabalhar, juntar grana, estudar que um dia rola. E eu não preciso surtar com isso desde agora. Sim, o tempo dá um jeito nas coisas, pelo menos na gente, nos trazendo pessoas e coisas que preenchem o vazio.
Nunca tive num momento tão “deixo a vida me levar”, mas confesso que todos os dias que rezo para que ela me leve até aquele homem lindo, inteligente, com ares de menino e a responsabilidade de ser mestre. O fato de eu não estar sofrendo por causa disso, não significa que eu esteja entendendo o que se passa aqui dentro.
“Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir que você me adora, que me acha foda. Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora”
Me adora - Pitty
Mas gostar e não sofrer me deixa bem feliz. E conviver com você e com a vontade louca que eu tenho de te agarrar e te encher de beijo, tudo isso de uma maneira bem civilizada também me deixa bem feliz.
Eu nunca escrevi tanto a palavra feliz com um real motivo (feliz) como agora. Não foi fácil domesticar o bicho, mas conviver com ele durante o tempo que eu perdia a vontade de tudo, foi fundamental pra mim ser o que eu sou hoje. Uma pessoa feliz, com consciência disso, o que é muito melhor. Até porque nunca fui uma retardada que achou que o mundo era a Disneylândia e vida cor-de-rosa.
Simplesmente me dei conta que a gente continua, que depressão passa, que doenças se curam, que o mundo gira e coisas incríveis acontecem mesmo quando a gente tá olhando tudo de canto. Então o melhor a fazer é entrar na dança, participar, se jogar, sair do armário, cair de boca, chutar o balde...
Eu não entendia o vazio que carregava. Não entendo essa sensação de que tá tudo bem. Sei que ainda não rola o mestrado na Europa, mas é só eu trabalhar, juntar grana, estudar que um dia rola. E eu não preciso surtar com isso desde agora. Sim, o tempo dá um jeito nas coisas, pelo menos na gente, nos trazendo pessoas e coisas que preenchem o vazio.
Nunca tive num momento tão “deixo a vida me levar”, mas confesso que todos os dias que rezo para que ela me leve até aquele homem lindo, inteligente, com ares de menino e a responsabilidade de ser mestre. O fato de eu não estar sofrendo por causa disso, não significa que eu esteja entendendo o que se passa aqui dentro.
“Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir que você me adora, que me acha foda. Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora”
Me adora - Pitty
Thursday, October 22, 2009
O achado do dia
Olhem que tudo essa frase do Caio Fernando Abreu:
“Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo – deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco”
Caio Fernando Abreu
Achei no meio do livro “Abismos e Vertigens”, da Carol Teixeira. Um livro de crônicas, bem leve. Essa frase tava lá, no meio de um texto sobre o Cazuza. Adorei, a frase e o texto.
Li poucas coisas sobre o Caio Fernando Abreu e não sei o motivo. Tenho uma amiga que ama e sempre me fala dos livros dele. Bom, essa frase me inspirou e eu já tô pensando que assim que acabar o livro da Carol e o do Mário Prata que também estou lendo, vou para uma fase Caio Fernando Abreu.
“Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo – deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco”
Caio Fernando Abreu
Achei no meio do livro “Abismos e Vertigens”, da Carol Teixeira. Um livro de crônicas, bem leve. Essa frase tava lá, no meio de um texto sobre o Cazuza. Adorei, a frase e o texto.
Li poucas coisas sobre o Caio Fernando Abreu e não sei o motivo. Tenho uma amiga que ama e sempre me fala dos livros dele. Bom, essa frase me inspirou e eu já tô pensando que assim que acabar o livro da Carol e o do Mário Prata que também estou lendo, vou para uma fase Caio Fernando Abreu.
Friday, October 16, 2009
Matei uma barata
De verdade, eu matei uma barata. Eu sei que tem gente que leu esse título e achou que era total ficção. Mas não. Matei mesmo!
Foi hoje este fato extraordinário. Cheguei em casa e não tinha ninguém. Quando abri a janela do meu quarto senti o vento do vôo rasante de um animal marrom não identificado.
Mas logo o bicho aterrissou no chão do meu quarto e eu reconheci o barulho inconfundível que as baratas fazem. Meus Deus! E agora? Grito? Pulo a janela? Choro? Chamo os bombeiros? O veneno tava na área, na rua, se fosse pegar daria chance para o inseto desprezível se esconder e vim me aterrorizar durante a noite. Não dava.
Estava presa no meu próprio quarto, com aquele bicho trancando a saída. Foi então que num ato de extrema coragem me vi pegando um sapato do chão (salve as Havaianas), cheguei perto (mas não muito, claro) e deu uma chinelada! E acertei.
Dei várias chineladas no bicho, com todo o meu ódio. Até sair aquela melequinha amarela e nojenta que é a certeza de que a barata não irá ressuscitar. Pronto. Matei uma barata. Apesar de tremendo, fiquei orgulhosa de mim mesma!
Lembrei de uma psicóloga que ia, quando contei do meu pânico de baratas, ela afirmou que isso estava totalmente ligado com a minha depressão. Que o pavor de barata era o mesmo pânico e medo pela vida e suas coisas banais que essa doença gera. Não sei se isso é verdade, sei que pensei mais uma vez, que sim, estou curada.
Sai do quarto, fechei a porta (pra garantir não ser surpreendida) e liguei para o meu pai, pra ele vim logo e tirar o defunto do meu quarto. Enquanto ele não chegava, eu andava pela casa, afinal eu matei uma barata e a ali jazia todas as baratas que tanto me aterrorizaram.
Foi hoje este fato extraordinário. Cheguei em casa e não tinha ninguém. Quando abri a janela do meu quarto senti o vento do vôo rasante de um animal marrom não identificado.
Mas logo o bicho aterrissou no chão do meu quarto e eu reconheci o barulho inconfundível que as baratas fazem. Meus Deus! E agora? Grito? Pulo a janela? Choro? Chamo os bombeiros? O veneno tava na área, na rua, se fosse pegar daria chance para o inseto desprezível se esconder e vim me aterrorizar durante a noite. Não dava.
Estava presa no meu próprio quarto, com aquele bicho trancando a saída. Foi então que num ato de extrema coragem me vi pegando um sapato do chão (salve as Havaianas), cheguei perto (mas não muito, claro) e deu uma chinelada! E acertei.
Dei várias chineladas no bicho, com todo o meu ódio. Até sair aquela melequinha amarela e nojenta que é a certeza de que a barata não irá ressuscitar. Pronto. Matei uma barata. Apesar de tremendo, fiquei orgulhosa de mim mesma!
Lembrei de uma psicóloga que ia, quando contei do meu pânico de baratas, ela afirmou que isso estava totalmente ligado com a minha depressão. Que o pavor de barata era o mesmo pânico e medo pela vida e suas coisas banais que essa doença gera. Não sei se isso é verdade, sei que pensei mais uma vez, que sim, estou curada.
Sai do quarto, fechei a porta (pra garantir não ser surpreendida) e liguei para o meu pai, pra ele vim logo e tirar o defunto do meu quarto. Enquanto ele não chegava, eu andava pela casa, afinal eu matei uma barata e a ali jazia todas as baratas que tanto me aterrorizaram.
Monday, October 12, 2009
Eu queria te fazer carinho
Depois de alguns minutos olhando para a tela do computador, mais especificamente, para a janela aberta do MSN, me perguntando “escrevo ou não escrevo?”... Maldita indecisão... Digitei lá “eu queria te fazer carinho”.
Agora era só esperar a resposta. O pior eu tinha feito. Tinha falado diretamente! Bem claro. Pelo menos disso, dessa vez, você não poderia me culpar nessa nossa história maluca e cheia de mal-entendidos, de coisas não ditas, de mensagens dúbias. Se não respondesse porque gostou, iria responder porque estava gripado e isso deixa as pessoas carentes.
Mas você não respondeu. Nem me deu tchau. Apenas de uma hora para outra, apareceu off line. Maldita decisão. Antes eu continuasse perdida entre o querer e o fazer. E eu duvido que a conexão tenha caído. Que ódio de você, moço. Tá fazendo isso pra aparecer né? Deve estar se achando a última bolacha recheada do pacote. Pra seu governo, tem anos que não como bolacha recheada. E não é agora que vou comer!
Respirei fundo, você não vai acabar com meu humor. Ninguém mandou eu falar demais, no caso, escrever. E isso é muito bom para que eu aprenda a não falar das minhas vontades e sentimentos com pessoas que simplesmente não tem a capacidade de compreendê-los.
Estou muito mudada e diria até, madura. Se fosse uns anos atrás, na hora eu teria te ligado e te xingado. Agora não, pra quê? Eu queria te fazer carinho, ah, como eu queria. Mas você preferiu aparecer e não me deu a mínima. Então eu pego o meu orgulho de leonina ferido, abro um documento no word e escrevo sobre isso, com a certeza de que um dia vou ganhar dinheiro contado histórias sobre o babaca que você foi.
Agora era só esperar a resposta. O pior eu tinha feito. Tinha falado diretamente! Bem claro. Pelo menos disso, dessa vez, você não poderia me culpar nessa nossa história maluca e cheia de mal-entendidos, de coisas não ditas, de mensagens dúbias. Se não respondesse porque gostou, iria responder porque estava gripado e isso deixa as pessoas carentes.
Mas você não respondeu. Nem me deu tchau. Apenas de uma hora para outra, apareceu off line. Maldita decisão. Antes eu continuasse perdida entre o querer e o fazer. E eu duvido que a conexão tenha caído. Que ódio de você, moço. Tá fazendo isso pra aparecer né? Deve estar se achando a última bolacha recheada do pacote. Pra seu governo, tem anos que não como bolacha recheada. E não é agora que vou comer!
Respirei fundo, você não vai acabar com meu humor. Ninguém mandou eu falar demais, no caso, escrever. E isso é muito bom para que eu aprenda a não falar das minhas vontades e sentimentos com pessoas que simplesmente não tem a capacidade de compreendê-los.
Estou muito mudada e diria até, madura. Se fosse uns anos atrás, na hora eu teria te ligado e te xingado. Agora não, pra quê? Eu queria te fazer carinho, ah, como eu queria. Mas você preferiu aparecer e não me deu a mínima. Então eu pego o meu orgulho de leonina ferido, abro um documento no word e escrevo sobre isso, com a certeza de que um dia vou ganhar dinheiro contado histórias sobre o babaca que você foi.
Sunday, October 11, 2009
Uma união
Ontem à noite fui no casamento de um casal de amigos. Os dois têm 24 anos. Eles namoraram 10 anos antes de casar. E eu lembro da minha amiga com seus 16, 17 anos falando como seria seu casamento. Ontem no casamento, eu chorei.
Não que chore em casamento, aliás, de todos os ritos de passagem, essa cerimônia talvez seja a que menos aprecie. Mas foi impossível não ficar emocionada. Eles são tão jovens e já estão há tanto tempo juntos.
E acompanhei essa história. Eles estudando para provas do colégio, eles prestando vestibular, as conversas na faculdade, as indecisões sobre o que fazer, as aulas na auto-escola, as tardes no shopping... Vi esse casal crescer, porque cresci junto com eles.
E chorei também porque por mais cética e descrente que seja em relação aos sentimentos, sei que ali existe muito amor. Já existia quando eles eram apenas adolescentes e ainda existe no homem e na mulher que se tornaram. E sei que continuará existindo na família que irão construir.
E que cerimônia linda, simples, intimista, feliz. Que pessoas felizes, alegres e abençoadas que estavam lá. E que festa! Como eu dancei, como todos dançaram e se divertiram e celebraram uma união.
Aos noivos que estão curtindo a lua de mel no Rio de Janeiro, eu desejo toda a felicidade do mundo e ainda, mais amor. E que eles continuam fazer pessoas como eu chorarem ao se dar conta que o amor é muito mais simples e presente do que suponho.
Não que chore em casamento, aliás, de todos os ritos de passagem, essa cerimônia talvez seja a que menos aprecie. Mas foi impossível não ficar emocionada. Eles são tão jovens e já estão há tanto tempo juntos.
E acompanhei essa história. Eles estudando para provas do colégio, eles prestando vestibular, as conversas na faculdade, as indecisões sobre o que fazer, as aulas na auto-escola, as tardes no shopping... Vi esse casal crescer, porque cresci junto com eles.
E chorei também porque por mais cética e descrente que seja em relação aos sentimentos, sei que ali existe muito amor. Já existia quando eles eram apenas adolescentes e ainda existe no homem e na mulher que se tornaram. E sei que continuará existindo na família que irão construir.
E que cerimônia linda, simples, intimista, feliz. Que pessoas felizes, alegres e abençoadas que estavam lá. E que festa! Como eu dancei, como todos dançaram e se divertiram e celebraram uma união.
Aos noivos que estão curtindo a lua de mel no Rio de Janeiro, eu desejo toda a felicidade do mundo e ainda, mais amor. E que eles continuam fazer pessoas como eu chorarem ao se dar conta que o amor é muito mais simples e presente do que suponho.
Tuesday, October 06, 2009
E daí?
- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.
Clarice Lispector
Eu tenho piercing no mamilo. E daí?
Eu tenho mais de 10 tatuagens. E daí?
Eu gosto de beber. E daí?
Eu sou vegetariana. E daí?
Eu já fiquei com alguém que tinha namorada. E daí?
Eu tomo porres homéricos. E daí?
Eu faço dança do ventre. E daí?
Eu já tomei Ecstasy. E daí?
Eu já dei no primeiro encontro. E daí?
Eu pinto meu cabelo. E daí?
Eu tenho silicone. E daí?
Eu invento desculpas esfarrapadas. E daí?
Eu leio Paulo Coelho. E daí?
Eu me masturbo. E daí?
Eu danço funk. E daí?
Eu me faço de vítima. E daí?
Eu mato aula. E daí?
Eu agüento as conseqüências.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.
Clarice Lispector
Eu tenho piercing no mamilo. E daí?
Eu tenho mais de 10 tatuagens. E daí?
Eu gosto de beber. E daí?
Eu sou vegetariana. E daí?
Eu já fiquei com alguém que tinha namorada. E daí?
Eu tomo porres homéricos. E daí?
Eu faço dança do ventre. E daí?
Eu já tomei Ecstasy. E daí?
Eu já dei no primeiro encontro. E daí?
Eu pinto meu cabelo. E daí?
Eu tenho silicone. E daí?
Eu invento desculpas esfarrapadas. E daí?
Eu leio Paulo Coelho. E daí?
Eu me masturbo. E daí?
Eu danço funk. E daí?
Eu me faço de vítima. E daí?
Eu mato aula. E daí?
Eu agüento as conseqüências.
Sunday, September 27, 2009
Orgulho de ter orgulho
Domingo passado foi 20 de setembro e eu desfilei, pela primeira vez, em comemoração a Revolução Farroupilha. Guerra que durou 10 anos e nos, gaúchos perdemos. Mas como somos um povo muito valoroso, aguerrido e bravo, todo ano, comemoramos. E viva o 20 de setembro.
Como todo gaúcho que se preza, viramos historiadores no mês de setembro. E foi em cima de um cavalo, durante o desfile que perguntei para o meu avô, que nunca estudou e mal sabe assinar o nome, mas entende muito de história, por que comemoramos uma guerra que perdemos. A reposta: “Porque perdemos de cabeça erguida. Lutamos durante 10 anos e nunca baixamos a cabeça, honramos nosso orgulho de gaúcho. E temos que honrar sempre.” Entendido.
Ontem, foi o churrasco de um ano de formatura. Na verdade um ano e um mês, não conseguimos reunir o povo antes. E que jornalistas são sempre muito ocupados. Bom, um terço da turma estava presente, os de fé, que foram em todas as festas e encontros pré-formatura.
Como ficou o churrasco eu não sei, mais o pão com alho estava perfeito, valeu Diego! Entre uma discussão e outra sobre a não obrigatoriedade do diploma e outras mazelas da nossa honrada profissão, tomamos cerca de 60 garrafas de cervejas. Cheguei em casa, às 15h de um sábado, bêbada.
Tirando isso, todos os que foram no grande evento estão trabalhando e ganhando uma mixaria, a grande maioria continuou estudando, fazendo especiliazação, mestrado ou até mesmo outra graduação. Um dos colegas presentes fez um curso em São Paulo, teve oportunidade de trabalhar numa revista da Abril, mas voltou pra cá, afinal como ele encheu a boca pra dizer: “eu sou gaúcho”.
Aí começou a discussão que levou mais tempo, sobre o nosso orgulho. Gaúcho é um povo orgulhoso e arrogante. Jornalistas são orgulhosos e arrogantes. Ficamos horas defendendo a nossa terra e a nossa profissão, chegamos a conclusão que ter nascido aqui é uma dádiva e que ser jornalista, uma benção. Sobre ser gaúcho e jornalista, só confirmamos nossas certezas, os melhores jornalistas do país saem daqui.
Quando o churrasco ficou frio, o pão acabou e já estávamos quase em coma alcoólico, fomos embora, sonhando com uma nova revolução que separe o nosso Estado do resto do Brasil. Nesse país os jornalistas serão obrigados a cursarem um curso superior, terão salários dignos e feriados. Fizemos quase toda uma Constituição para um novo país. Só esquecemos de marcar um novo encontro.
Como todo gaúcho que se preza, viramos historiadores no mês de setembro. E foi em cima de um cavalo, durante o desfile que perguntei para o meu avô, que nunca estudou e mal sabe assinar o nome, mas entende muito de história, por que comemoramos uma guerra que perdemos. A reposta: “Porque perdemos de cabeça erguida. Lutamos durante 10 anos e nunca baixamos a cabeça, honramos nosso orgulho de gaúcho. E temos que honrar sempre.” Entendido.
Ontem, foi o churrasco de um ano de formatura. Na verdade um ano e um mês, não conseguimos reunir o povo antes. E que jornalistas são sempre muito ocupados. Bom, um terço da turma estava presente, os de fé, que foram em todas as festas e encontros pré-formatura.
Como ficou o churrasco eu não sei, mais o pão com alho estava perfeito, valeu Diego! Entre uma discussão e outra sobre a não obrigatoriedade do diploma e outras mazelas da nossa honrada profissão, tomamos cerca de 60 garrafas de cervejas. Cheguei em casa, às 15h de um sábado, bêbada.
Tirando isso, todos os que foram no grande evento estão trabalhando e ganhando uma mixaria, a grande maioria continuou estudando, fazendo especiliazação, mestrado ou até mesmo outra graduação. Um dos colegas presentes fez um curso em São Paulo, teve oportunidade de trabalhar numa revista da Abril, mas voltou pra cá, afinal como ele encheu a boca pra dizer: “eu sou gaúcho”.
Aí começou a discussão que levou mais tempo, sobre o nosso orgulho. Gaúcho é um povo orgulhoso e arrogante. Jornalistas são orgulhosos e arrogantes. Ficamos horas defendendo a nossa terra e a nossa profissão, chegamos a conclusão que ter nascido aqui é uma dádiva e que ser jornalista, uma benção. Sobre ser gaúcho e jornalista, só confirmamos nossas certezas, os melhores jornalistas do país saem daqui.
Quando o churrasco ficou frio, o pão acabou e já estávamos quase em coma alcoólico, fomos embora, sonhando com uma nova revolução que separe o nosso Estado do resto do Brasil. Nesse país os jornalistas serão obrigados a cursarem um curso superior, terão salários dignos e feriados. Fizemos quase toda uma Constituição para um novo país. Só esquecemos de marcar um novo encontro.
Thursday, September 17, 2009
Na noite passada eu ia chorar
A noite passada eu precisava chorar. Porque eu tava cansada. Porque me dá medo do que vem pela frente. Porque eu não gostei do jeito que você me tratou. Porque eu não sei bem o que tá acontecendo aqui dentro.
Eu precisava chorar. Tem tempo que eu não choro. E é bom, às vezes, colocar pra fora. Acordar o bicho que habita meu estômago e pelo visto, tá fazendo um retiro espiritual. Eu nunca mais chorei antes de pegar no sono.
Me programei para chorar assim que me deitasse na cama, no quarto escuro, com o rádio ligado num volume bem baixinho. Comecei a pensar na vida. Tá tudo tão bom, mas será que era assim que imaginei? Não sei. Não sei... O que planejo, vai rolar mesmo? Sei lá. Sei lá...
Eu tinha certeza que ia chorar na noite passada. Li e escrevi antes de me deitar, xeretei teu Orkut, fiz um passeio pelas lembranças e selecionei as que me fariam chorar. Mas eu tava tão cansada de tudo, que deitei e peguei no sono.
Eu precisava chorar. Tem tempo que eu não choro. E é bom, às vezes, colocar pra fora. Acordar o bicho que habita meu estômago e pelo visto, tá fazendo um retiro espiritual. Eu nunca mais chorei antes de pegar no sono.
Me programei para chorar assim que me deitasse na cama, no quarto escuro, com o rádio ligado num volume bem baixinho. Comecei a pensar na vida. Tá tudo tão bom, mas será que era assim que imaginei? Não sei. Não sei... O que planejo, vai rolar mesmo? Sei lá. Sei lá...
Eu tinha certeza que ia chorar na noite passada. Li e escrevi antes de me deitar, xeretei teu Orkut, fiz um passeio pelas lembranças e selecionei as que me fariam chorar. Mas eu tava tão cansada de tudo, que deitei e peguei no sono.
Saturday, September 12, 2009
Tempo, chuva, lembranças...
Estava dentro do trem hoje de tarde, pensando que tinha que escrever para o blog sobre a chuva. Aí passei pela Expointer e vi o parque de diversões sendo desmontado e lembrei que não escrevi o texto sobre domingo passado para o blog. Falta de tempo total. O tempo, tão bendito e tão maldito.
Domingo passado levei meu afilhado na Expointer, exclusivamente para ir ao parque de diversões. E foi de cabeça pra baixo no Kamikaze, quando a gente anda pela terceira vez e já consegue conversar enquanto o brinquedo dá as suas voltas que o Rockson, com toda a sabedoria dos seus 10 anos me olhou e falou: “Daqui uns anos é eu que vou trazer alguém no Kamikaze”.
Com certeza. Daqui uns anos ele não vai precisar da dinda pra nada. Daqui uns anos ele vai rir quando for num parque de diversões e ver um Kamikaze. Daqui uns anos, ele vai se dar conta da velocidade que o tempo passa por nós. E passa sem que percebemos, porque estamos ocupados.
Há uma semana eu queria escrever esse texto, que se fosse escrito domingo passado seria diferente, eu ainda estaria eufórica com o domingo no parque. Mas uma semana se passou, o trabalho continuou no seu ritmo frenético, a Assembleia Legislativa acatou o pedido de impeachment da governadora, surgiu mais trabalho nas aulas da pós, almocei com um amigo, tomei um porre, dormi fora de casa, marquei hora pra fazer uma tatuagem... E o texto mudou porque o tempo passou.
Sobre a chuva eu estava lembrando as coisas bacanas que fiz enquanto chovia loucamente lá fora. Foi debaixo de um dilúvio que eu fui sozinha num show da Tequila Baby, uns 10 anos atrás. Choveu forte antes de começar o show da Madonna. No meu primeiro dia de aula na Unisinos, cheguei encharcada. Caiu o mundo quando voltamos de Brusque nesse verão. E a primeira vez que eu andei no Kamikaze foi na Expointer, com a irmã mais velha do meu afilhado e estava chovendo.
Domingo passado levei meu afilhado na Expointer, exclusivamente para ir ao parque de diversões. E foi de cabeça pra baixo no Kamikaze, quando a gente anda pela terceira vez e já consegue conversar enquanto o brinquedo dá as suas voltas que o Rockson, com toda a sabedoria dos seus 10 anos me olhou e falou: “Daqui uns anos é eu que vou trazer alguém no Kamikaze”.
Com certeza. Daqui uns anos ele não vai precisar da dinda pra nada. Daqui uns anos ele vai rir quando for num parque de diversões e ver um Kamikaze. Daqui uns anos, ele vai se dar conta da velocidade que o tempo passa por nós. E passa sem que percebemos, porque estamos ocupados.
Há uma semana eu queria escrever esse texto, que se fosse escrito domingo passado seria diferente, eu ainda estaria eufórica com o domingo no parque. Mas uma semana se passou, o trabalho continuou no seu ritmo frenético, a Assembleia Legislativa acatou o pedido de impeachment da governadora, surgiu mais trabalho nas aulas da pós, almocei com um amigo, tomei um porre, dormi fora de casa, marquei hora pra fazer uma tatuagem... E o texto mudou porque o tempo passou.
Sobre a chuva eu estava lembrando as coisas bacanas que fiz enquanto chovia loucamente lá fora. Foi debaixo de um dilúvio que eu fui sozinha num show da Tequila Baby, uns 10 anos atrás. Choveu forte antes de começar o show da Madonna. No meu primeiro dia de aula na Unisinos, cheguei encharcada. Caiu o mundo quando voltamos de Brusque nesse verão. E a primeira vez que eu andei no Kamikaze foi na Expointer, com a irmã mais velha do meu afilhado e estava chovendo.
Saturday, September 05, 2009
Não era bem assim...
Eu ando meio perdida. E não sei onde foi que me perdi. Meu coração parece em paz, embora eu chore quando escute Nando Reis. Porque tu também gosta de Nando Reis, mas não sei se gosta de mim.
E eu sinto uma saudade de conversar contigo, das tuas piadas inteligentes e das sem graça. Ah, esses homens que nos fazem rir. Eu adoro e me apaixono e me perco e me arrependo. Se bem que do jeito que eu sou, ia me arrepender de qualquer jeito. Se fosse assim ou não.
Eu sei o que quero, só não sei como agir. Eu sei que sou ciumenta, possessiva, neurótica e insegura, mas saber é o primeiro passo pra mudança. Você só precisa colaborar com o bom comportamento.
E pensar que você não o tipo que eu gosto, não é loiro, não tem olhos azuis. É baixinho, moreno, quase gordinho e meio infantil. Só que é inteligente, divertido, ambicioso, disciplinado, tem objetivo, gosta de ler, sabe cozinhar, era perfeito. Era.
Não era bem assim que eu pensei que fosse ser. Não era pra ter dado tanto papo. Não era pra estar gostando. Não era pra pensar tanto. Não era pra ficar tão ansiosa. Não era pra chorar ouvindo Nando Reis. Não era nem pra tá escrevendo pra você.
E eu sinto uma saudade de conversar contigo, das tuas piadas inteligentes e das sem graça. Ah, esses homens que nos fazem rir. Eu adoro e me apaixono e me perco e me arrependo. Se bem que do jeito que eu sou, ia me arrepender de qualquer jeito. Se fosse assim ou não.
Eu sei o que quero, só não sei como agir. Eu sei que sou ciumenta, possessiva, neurótica e insegura, mas saber é o primeiro passo pra mudança. Você só precisa colaborar com o bom comportamento.
E pensar que você não o tipo que eu gosto, não é loiro, não tem olhos azuis. É baixinho, moreno, quase gordinho e meio infantil. Só que é inteligente, divertido, ambicioso, disciplinado, tem objetivo, gosta de ler, sabe cozinhar, era perfeito. Era.
Não era bem assim que eu pensei que fosse ser. Não era pra ter dado tanto papo. Não era pra estar gostando. Não era pra pensar tanto. Não era pra ficar tão ansiosa. Não era pra chorar ouvindo Nando Reis. Não era nem pra tá escrevendo pra você.
Sunday, August 30, 2009
O show acabou
Sexta-feira foi minha última aula de dança na Arte e Equilíbrio, escola onde dancei por quatro anos. A escola vai fechar, todas as turmas, exceto as de dança de salão, já encerraram as atividades. Dificuldade com grana, falta de alunos, falta de profissionais, incompatibilidade de horários, falta de incentivo para tudo que envolva a cultura e outras coisas levaram a isso.
Uma pena. Mais do que a escola onde dancei, foi ali que descobri que era capaz de dançar. Lembro a primeira vez que entrei lá, dos quadros na parede, do incenso que tava queimando, da moça que me atendeu, lembro principalmente, que gostei de estar lá. Lugar alto astral. Sai com a certeza que voltaria no sábado para uma aula experimental de dança do ventre.
E tinha certeza que não passaria daquela aula. Afinal, sempre fui dura como uma porta. A certeza continuou quando na primeira aula não consegui fazer a batida lateral (passo básico da dança do ventre), mas algo me fez voltar no outro sábado e me matricular. E já se passaram quatro anos.
Nesse tempo conheci pessoas que amam a dança, aprendi a mexer o corpo, passei a usar expressões típicas de bailarinas, comprei várias sapatilhas, passei a ter calos nos meus pés, dores musculares e me orgulhar disso, aprendi a escutar música árabe, estudar tempos musicais, perdi o medo do palco, fiz várias passagens de palco, me apresentei em vários lugares e percebi que eu não só sei dançar, como amo muito isso. E isso foi fundamental pra mim sair da depressão que me encontrava quando entrei lá pela primeira vez.
Agora vai ficar as lembranças das apresentações de finais de ano, que eram incríveis. Ah, o camarim, a bagunça que eram aqueles camarins, o gelo seco, as luzes, os aplausos, os amigos que eu fiz, a ansiedade da espera na coxia... Eu vou continuar dançando, claro, agora na academia da minha professora de dança do ventre e me apresentado em festivais de dança árabe, como fiz domingo passado.
Eu deixo de ser uma aluna da Arte e Equilíbrio e passo a ser uma dançarina do ventre. Só. Não tenho mais a responsabilidade de representar uma escola, nem a proteção de pertencer a uma. Fica uma saudade, a certeza de que quando eu contar pra alguém como eu comecei a dançar, a escola vai voltar a existir, porque faz parte da minha história.
Em qualquer festival, festa, jantar, evento que eu me apresentar, estará ali, uma aluna da Arte e Equilíbrio. E já que o show acabou, vamos estourar os balões e festejar, porque era isso que acontecia quando as cortinas fechavam e terminava o espetáculo para os expectadores. Para nós, dançarinos, ficava o sabor do dever cumprido, a maquiagem pra tirar e a purpurina que grudava no corpo e nos acompanhava durante dias.
"Você precisa amar a dança para aderir a ela. Ela não lhe dá nada de volta, nada além daquele único momento fugaz quando você se sente vivo" Merce Cunningham
Uma pena. Mais do que a escola onde dancei, foi ali que descobri que era capaz de dançar. Lembro a primeira vez que entrei lá, dos quadros na parede, do incenso que tava queimando, da moça que me atendeu, lembro principalmente, que gostei de estar lá. Lugar alto astral. Sai com a certeza que voltaria no sábado para uma aula experimental de dança do ventre.
E tinha certeza que não passaria daquela aula. Afinal, sempre fui dura como uma porta. A certeza continuou quando na primeira aula não consegui fazer a batida lateral (passo básico da dança do ventre), mas algo me fez voltar no outro sábado e me matricular. E já se passaram quatro anos.
Nesse tempo conheci pessoas que amam a dança, aprendi a mexer o corpo, passei a usar expressões típicas de bailarinas, comprei várias sapatilhas, passei a ter calos nos meus pés, dores musculares e me orgulhar disso, aprendi a escutar música árabe, estudar tempos musicais, perdi o medo do palco, fiz várias passagens de palco, me apresentei em vários lugares e percebi que eu não só sei dançar, como amo muito isso. E isso foi fundamental pra mim sair da depressão que me encontrava quando entrei lá pela primeira vez.
Agora vai ficar as lembranças das apresentações de finais de ano, que eram incríveis. Ah, o camarim, a bagunça que eram aqueles camarins, o gelo seco, as luzes, os aplausos, os amigos que eu fiz, a ansiedade da espera na coxia... Eu vou continuar dançando, claro, agora na academia da minha professora de dança do ventre e me apresentado em festivais de dança árabe, como fiz domingo passado.
Eu deixo de ser uma aluna da Arte e Equilíbrio e passo a ser uma dançarina do ventre. Só. Não tenho mais a responsabilidade de representar uma escola, nem a proteção de pertencer a uma. Fica uma saudade, a certeza de que quando eu contar pra alguém como eu comecei a dançar, a escola vai voltar a existir, porque faz parte da minha história.
Em qualquer festival, festa, jantar, evento que eu me apresentar, estará ali, uma aluna da Arte e Equilíbrio. E já que o show acabou, vamos estourar os balões e festejar, porque era isso que acontecia quando as cortinas fechavam e terminava o espetáculo para os expectadores. Para nós, dançarinos, ficava o sabor do dever cumprido, a maquiagem pra tirar e a purpurina que grudava no corpo e nos acompanhava durante dias.
"Você precisa amar a dança para aderir a ela. Ela não lhe dá nada de volta, nada além daquele único momento fugaz quando você se sente vivo" Merce Cunningham
Friday, August 21, 2009
Antes e depois
“Por que escrevo? Porque é a minha vingança contra todas as palavras e sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale de nada. Toma esse texto, o único lugar seguro e eterno pra gente.” Tati Bernardi
Eu estava tri bem. Com o meu emprego que eu adoro, minha pós em sociologia, minha dança do ventre, meu balé, o Pilates, a casa espírita, pintando meu cabelo regularmente todos os meses, fazendo minhas unhas toda a semana, indo no cinema, no Margs, na Redenção, saindo com as minhas amigas, indo fazer festa com as gurias de Buenos Aires, escrevendo, cantando alto as músicas do Nando Reis... Estava vivendo e feliz.
Nem sei te dizer quando foi que eu reparei. Eu sei que um dia você me olhou e eu senti um frio na barriga. E fazia tanto tempo que eu não sentia isso, que até gostei. Me peguei acordando 10 minutos mais cedo, só pra dar tempo de passar base, lápis e rímel. Percebi, também, que leio o teu signo antes do meu. E já me pesquisei na internet se leão combina com libra e, graças a Deus, os astros conspiram a favor.
Eu te achei tão diferente, tão surpreendente, tão diferente daquela primeira impressão. Conversei tanto, isso que sou de poucas conversas. E agora eu tô aqui com milhares de borboletas no meu estômago, sem saber o que fazer. Sem saber no que vai dá. Com medo de errar de novo, de possibilitar o erro. Tô aqui pensando se chorar, vai aliviar; se escrever, você vai ler; se insistir, vai dar certo; se não fugir, vou conseguir; se desistir, me arrepender...
Eu não sei o que vai acontecer. Não sei o que sinto, além do nó na garganta e de uma certa ansiedade. Antes, eu tava bem, agora já não sei, mas aprendi (cedo demais), que o durante sempre acaba, isso sempre passa. E depois que acabar, minha vida vai seguir exatamente como era antes, sem você.
Eu estava tri bem. Com o meu emprego que eu adoro, minha pós em sociologia, minha dança do ventre, meu balé, o Pilates, a casa espírita, pintando meu cabelo regularmente todos os meses, fazendo minhas unhas toda a semana, indo no cinema, no Margs, na Redenção, saindo com as minhas amigas, indo fazer festa com as gurias de Buenos Aires, escrevendo, cantando alto as músicas do Nando Reis... Estava vivendo e feliz.
Nem sei te dizer quando foi que eu reparei. Eu sei que um dia você me olhou e eu senti um frio na barriga. E fazia tanto tempo que eu não sentia isso, que até gostei. Me peguei acordando 10 minutos mais cedo, só pra dar tempo de passar base, lápis e rímel. Percebi, também, que leio o teu signo antes do meu. E já me pesquisei na internet se leão combina com libra e, graças a Deus, os astros conspiram a favor.
Eu te achei tão diferente, tão surpreendente, tão diferente daquela primeira impressão. Conversei tanto, isso que sou de poucas conversas. E agora eu tô aqui com milhares de borboletas no meu estômago, sem saber o que fazer. Sem saber no que vai dá. Com medo de errar de novo, de possibilitar o erro. Tô aqui pensando se chorar, vai aliviar; se escrever, você vai ler; se insistir, vai dar certo; se não fugir, vou conseguir; se desistir, me arrepender...
Eu não sei o que vai acontecer. Não sei o que sinto, além do nó na garganta e de uma certa ansiedade. Antes, eu tava bem, agora já não sei, mas aprendi (cedo demais), que o durante sempre acaba, isso sempre passa. E depois que acabar, minha vida vai seguir exatamente como era antes, sem você.
Saturday, August 08, 2009
Mais um ano
Hoje é meu primeiro dia de idade nova. Eu nunca fui muito de aniversário. E essa história de envelhecer, de ver o tempo passar não me agrada muito. Só que eu tô bem, tô feliz, tô curtindo a vida adoidado. Então resolvi não reclamar tanto hoje, não lembrar de coisas e pessoas que de fato, não merecem serem lembradas. E entrar no clima.
Prefiro me concentrar no ano limpinho que tenho pela frente. E sinceramente, só quero que meu estado de espírito continue assim como tá. Livre, leve, solto e feliz. Só! De verdade! Tem muita coisa pra eu realizar, mas estou no caminho. Meu mantra atual é: o melhor está por vir!
Então é isso: felicidades pra mim! E pra você: tudo em dobro!
Prefiro me concentrar no ano limpinho que tenho pela frente. E sinceramente, só quero que meu estado de espírito continue assim como tá. Livre, leve, solto e feliz. Só! De verdade! Tem muita coisa pra eu realizar, mas estou no caminho. Meu mantra atual é: o melhor está por vir!
Então é isso: felicidades pra mim! E pra você: tudo em dobro!
Monday, August 03, 2009
Passado
O Marcello, meu primo de Florianópolis, me mandou um e-mail pedindo ajuda pra fazer a árvore genealógica da família, pegar os dados do povo daqui. Como gosto dessas coisas, adorei a idéia. E pensei que seria divertido e trabalhoso. Só que tá sendo bizarro... e trabalhoso!
Minha mãe não tem certeza do nome do avô dela! Fora os tios, os primos que ninguém sabe “que fim levou”. Está sendo engraçado ouvir as histórias. Tenho um bisavô que vivia preso durante a segunda guerra porque quando bebia demais, falava bem do Hitler.
Tem um irmão da minha avó que teve o armazém mais conhecido de Esteio. Só que as pessoas não lembram o nome do cidadão. E meu avô tem vários irmãos de criação, só que a maioria morreu e ele tá fazendo confusão de quem é irmão legítimo, quem é de criação. Fora que quando eu ligo para os meus tios avós (cruzes!), eles começam com histórias e mais histórias, mas as informações que eu preciso, não lembram.
Tirando o divertimento momentâneo, me dá medo. Fico me perguntando em que momento as pessoas se perdem? Não só famílias, tios, primos. Amigos também. Por que algumas pessoas são extremamente importantes em algumas fases? Por que com o passar do tempo as pessoas vão ficando pra trás?
Parece que não conseguimos administrar tudo que a vida nos trás. Emprego, faculdade, amigos, namoros... fora as mudanças que acontecem. Dá a impressão que não cabe todo mundo numa vida só. Ou analisando de uma maneira bem prática, não temos tempo pra conviver com todo mundo, aí conforme as coisas vão acontecendo, as prioridades e as pessoas vão mudando.
Mas é estranho pensar que daqui alguns anos as pessoas que fazem parte da minha vida hoje, podem estar só na lembrança. E vão estar. Como a minha amiga Gabi está. E isso era impensável há uns três anos atrás. Às vezes eu me pergunto como a ela está. Daqui uns anos vou me lembrar dela e pensar “que fim levou a Gabi?”
E nós? Que fins irão nos levar?
Minha mãe não tem certeza do nome do avô dela! Fora os tios, os primos que ninguém sabe “que fim levou”. Está sendo engraçado ouvir as histórias. Tenho um bisavô que vivia preso durante a segunda guerra porque quando bebia demais, falava bem do Hitler.
Tem um irmão da minha avó que teve o armazém mais conhecido de Esteio. Só que as pessoas não lembram o nome do cidadão. E meu avô tem vários irmãos de criação, só que a maioria morreu e ele tá fazendo confusão de quem é irmão legítimo, quem é de criação. Fora que quando eu ligo para os meus tios avós (cruzes!), eles começam com histórias e mais histórias, mas as informações que eu preciso, não lembram.
Tirando o divertimento momentâneo, me dá medo. Fico me perguntando em que momento as pessoas se perdem? Não só famílias, tios, primos. Amigos também. Por que algumas pessoas são extremamente importantes em algumas fases? Por que com o passar do tempo as pessoas vão ficando pra trás?
Parece que não conseguimos administrar tudo que a vida nos trás. Emprego, faculdade, amigos, namoros... fora as mudanças que acontecem. Dá a impressão que não cabe todo mundo numa vida só. Ou analisando de uma maneira bem prática, não temos tempo pra conviver com todo mundo, aí conforme as coisas vão acontecendo, as prioridades e as pessoas vão mudando.
Mas é estranho pensar que daqui alguns anos as pessoas que fazem parte da minha vida hoje, podem estar só na lembrança. E vão estar. Como a minha amiga Gabi está. E isso era impensável há uns três anos atrás. Às vezes eu me pergunto como a ela está. Daqui uns anos vou me lembrar dela e pensar “que fim levou a Gabi?”
E nós? Que fins irão nos levar?
Sunday, July 26, 2009
Tô Puta Mesmo
Eu tenho TPM, não que eu me orgulhe disso, mas tenho. É fato. Quando falo isso tem pessoas que torcem a cara, como se falassem “é manha”, tem algumas que falam “mas tu é tão novinha”... Eu nem respondo, apenas conto até 10, 24, 38, 57, depende da vez e do meu nível de irritação.
Mas que me dá uma vontade esganar um, ah dá! Qualquer um, do meu irmão ao cidadão que passa na minha frente na rua. Que ódio. Por que essa gente me olha? Não posso ficar em paz, quieta no meu canto. Eu irritada? Impressão. Eu estressada? Não sei aonde. Eu com TPM? Capaz. Capaz que vou dar o braço a torcer.
Sempre fui assim, caso o mundo não percebeu. E claro que o mundo não percebeu, esse bando de gente lerda e limitada. Ai que ódio!!! Hoje eu mato um. Ah, como eu queria cravar minhas unhas no pescoço de alguém e ficar lá segurando, até alcançar o nirvana. Falando em nirvana, hoje só quero rock no volume mais alto possível, que é pra eu poder gritar em paz.
Paz. Que paz é essa? Como ficar em paz com meus hormônios se rebelando em algum lugar dentro de mim? Com espinhas na cara e toda inchada? Que vontade quebrar uma balança. Tô com barriga e me sentido uma orca. E não posso nem olhar pra minhas pernas porque tô cheia de pontinhos roxos, maldita hora que resolvi tirar as varizes. Nem dá pra alguém eu posso com as pernas cheia de pontinhos roxos. Que ódio!
E esse nó na garganta!? Já não basta o inchaço, a irritação, as espinhas, a gula incontrolável, a auto-estima que já ultrapassou o chão e tá avistando a crosta terrestre. Ainda dá vontade de chorar. Aiiiiiiiiiiiiiiiiii que triste é o mundo, ao menos o nó na garganta vai passar... Não eu não vou chorar, não tenho motivo pra chorar. Merda, eu já to chorando. Ai, que ódio...
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72
Mas que me dá uma vontade esganar um, ah dá! Qualquer um, do meu irmão ao cidadão que passa na minha frente na rua. Que ódio. Por que essa gente me olha? Não posso ficar em paz, quieta no meu canto. Eu irritada? Impressão. Eu estressada? Não sei aonde. Eu com TPM? Capaz. Capaz que vou dar o braço a torcer.
Sempre fui assim, caso o mundo não percebeu. E claro que o mundo não percebeu, esse bando de gente lerda e limitada. Ai que ódio!!! Hoje eu mato um. Ah, como eu queria cravar minhas unhas no pescoço de alguém e ficar lá segurando, até alcançar o nirvana. Falando em nirvana, hoje só quero rock no volume mais alto possível, que é pra eu poder gritar em paz.
Paz. Que paz é essa? Como ficar em paz com meus hormônios se rebelando em algum lugar dentro de mim? Com espinhas na cara e toda inchada? Que vontade quebrar uma balança. Tô com barriga e me sentido uma orca. E não posso nem olhar pra minhas pernas porque tô cheia de pontinhos roxos, maldita hora que resolvi tirar as varizes. Nem dá pra alguém eu posso com as pernas cheia de pontinhos roxos. Que ódio!
E esse nó na garganta!? Já não basta o inchaço, a irritação, as espinhas, a gula incontrolável, a auto-estima que já ultrapassou o chão e tá avistando a crosta terrestre. Ainda dá vontade de chorar. Aiiiiiiiiiiiiiiiiii que triste é o mundo, ao menos o nó na garganta vai passar... Não eu não vou chorar, não tenho motivo pra chorar. Merda, eu já to chorando. Ai, que ódio...
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72
Sunday, July 19, 2009
E se acontecer de novo?
Sempre ouvi que uma pessoa com depressão tem que se tratar a vida toda, ou boa parte dela. E sempre tive medo disso. Não gostaria de passar boa parte da minha vida tomando remédio pra sentir alegria e muito menos fazendo análise.
Eu ando tri bem. Feliz mesmo. Gosto da minha vida do jeito que tá, embora ainda tenha muita coisa pra fazer. Estou mais consciente. Curtindo, realmente, as pequenas coisas da vida. Por mais piegas que isso possa parecer.
Faço planos, consigo me imaginar com 30, 40, 55, 70 anos e sinceramente, acho que viver é bem legal. Muito legal! Tem um tempão que não choro. E nem tô me estressando tanto com as coisas, por mais incrível que isso possa parecer. Tô tri bem mesmo!
Pois é esse o problema. Às vezes no meio de uma gargalhada eu penso: “e se eu voltar a ser como era?”. Ou no ônibus, no meio de algum evento que eu esteja cobrindo, no cinema, caminhando no sol, andando de bicicleta, dançando, lendo... Do nada eu me pergunto: “e se acontecer de novo?”
Eu não sei em que momento da minha vida eu me perdi, então posso me perder de novo. E me dá medo. E eu penso será por isso a vigília constante e eterna das pessoas que tiveram depressão? A gente acaba pagando um preço caro por viver com consciência de que se é feliz.
Eu ando tri bem. Feliz mesmo. Gosto da minha vida do jeito que tá, embora ainda tenha muita coisa pra fazer. Estou mais consciente. Curtindo, realmente, as pequenas coisas da vida. Por mais piegas que isso possa parecer.
Faço planos, consigo me imaginar com 30, 40, 55, 70 anos e sinceramente, acho que viver é bem legal. Muito legal! Tem um tempão que não choro. E nem tô me estressando tanto com as coisas, por mais incrível que isso possa parecer. Tô tri bem mesmo!
Pois é esse o problema. Às vezes no meio de uma gargalhada eu penso: “e se eu voltar a ser como era?”. Ou no ônibus, no meio de algum evento que eu esteja cobrindo, no cinema, caminhando no sol, andando de bicicleta, dançando, lendo... Do nada eu me pergunto: “e se acontecer de novo?”
Eu não sei em que momento da minha vida eu me perdi, então posso me perder de novo. E me dá medo. E eu penso será por isso a vigília constante e eterna das pessoas que tiveram depressão? A gente acaba pagando um preço caro por viver com consciência de que se é feliz.
Thursday, July 09, 2009
Simplesmente feliz
Assisti ao filme Simplesmente Feliz, do diretor Mike Leigh, o mesmo de Segredos e Mentiras. O filme é uma comédia sobre diversão, procura de amores e aproveitar a vida, que mostra a rotina de Poppy, interpretado pela Sally Hawkins, que é uma jovem professora de escola primária, e uma otimista incorrigível que dificilmente se chateia.
Poppy tem o dom de aproveitar ao máximo a vida e a vida dela não tem nada de extraordinário. Ela mora com uma amiga, tem duas irmãs mais novas, vai ser tia, planeja as aulas que dará para as crianças da escola, às vezes sai pra balada com as amigas, faz aulas na auto-escola, sai para beber com as colegas depois do serviço, faz ginástica numa cama elástica, começa um curso de flamenco, procura de um namorado e como todo mundo, tem problemas.
Mas ela está sempre rindo, sempre feliz. Sempre! E o filme mostra exatamente essa rotina de gente-normal-com-um-talento-nato-de-ser-feliz. Sem dúvida, o filme é monótono, porque não há nem um grande acontecimento. Quando a personagem arruma o tal namorado é natural, nada de encontros inesquecíveis, de grandes pretensões, histórias surreais, ele é só mais um personagem do filme e da vida da Poppy.
Simplesmente Feliz mostra a vida de uma pessoa normal e feliz. A vida é monótona sim, pode parecer sem grandes acontecimentos, não imaginamos o que as pessoas podem vir a se tornar quando surgem na nossa vida, trabalhar é cansativo, aprender a dirigir nem sempre é fácil, a irmã mais nova dá problemas, o cheque não tem fundo, a ressaca é horrível, mas é exatamente assim que a gente é feliz.
Poppy tem o dom de aproveitar ao máximo a vida e a vida dela não tem nada de extraordinário. Ela mora com uma amiga, tem duas irmãs mais novas, vai ser tia, planeja as aulas que dará para as crianças da escola, às vezes sai pra balada com as amigas, faz aulas na auto-escola, sai para beber com as colegas depois do serviço, faz ginástica numa cama elástica, começa um curso de flamenco, procura de um namorado e como todo mundo, tem problemas.
Mas ela está sempre rindo, sempre feliz. Sempre! E o filme mostra exatamente essa rotina de gente-normal-com-um-talento-nato-de-ser-feliz. Sem dúvida, o filme é monótono, porque não há nem um grande acontecimento. Quando a personagem arruma o tal namorado é natural, nada de encontros inesquecíveis, de grandes pretensões, histórias surreais, ele é só mais um personagem do filme e da vida da Poppy.
Simplesmente Feliz mostra a vida de uma pessoa normal e feliz. A vida é monótona sim, pode parecer sem grandes acontecimentos, não imaginamos o que as pessoas podem vir a se tornar quando surgem na nossa vida, trabalhar é cansativo, aprender a dirigir nem sempre é fácil, a irmã mais nova dá problemas, o cheque não tem fundo, a ressaca é horrível, mas é exatamente assim que a gente é feliz.
Wednesday, July 01, 2009
Salve a arte
No último final de semana participei da 9ª Feira Harem de Danças Árabes, realizada nos dias 26, 27 e 28 de junho, na Sociedade Libanesa em Porto Alegre.
No evento anual, promovido pela Escola Harem, acontecem shows e workshops. Nessa edição, a grande atração foi a dançarina do ventre russa Nour, considerada a maior estrela de dança do ventre do Egito e o cantor e dançarino egípcio Yasser Alswery.
Durante dois dias, fiz workshops de dança do ventre, dança folclórica árabe – o Dabke – e dança Beduína. Havia em torno de 100 participantes nos cursos e um clima muito bom, de celebração. Todas ali celebravam a arte.
Danças como o Dabke e a Beduína exige que os professores ensinem muito mais que coreografias ou passos ritmados, tem que ter todo um conhecimento da cultura, um entendimento dos significados dos passos.
Já em casa, assistindo o Fantástico, a matéria sobre os robôs que fazem serviços de humanos, me chamou atenção por causa do comentário da minha mãe, que um dia os robôs iriam dominar o mundo. Mas não vão, não. Tenho certeza disso depois desse final de semana.
Por mais cômodo que parece ser robôs que fazem funções básicas para nos, humanos. Sempre haverá a arte para nos lembrar que certas atividades são imprescindíveis para nos manter vivos. Nenhum robô poderá dançar por nos, nem fazer malabarismos e escrever poesias, bordar, interpretar, tocar flauta ou derbak ou guitarra...
Em épocas de grande avanço tecnológico sempre é bom lembrar que a arte é uma atividade essencialmente humana. Por mais cansativo que seja e por mais disciplina que possa exigir, é na arte que a gente extrapola o mundo, é dançando, cantando, fotografando que a gente celebra o ser humano.
Wednesday, June 24, 2009
E viva São João
Noite de São João
Kleiton e Kledir
Era noite de São João
E eu saia com meu irmão
De bigode de rolha
E chapéu novo em folha
Brim Coringa e alpargata
Toda noite de São João
Eu sonhava em pegar da mão
De uma prenda bonita
De vestido de chita
E Maria Chiquinha
Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João
Toda noite de São João
A quermesse era um festão
Bandeirinhas no arame
De papel celofane
Pau de sebo e de fita
Era noite de São João
E depois de comer pinhão
Vinha pé-de-moleque
Puxa-puxa e um pileque
De caninha ou de quentão
Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João
Era noite de São João
Cordeona com violão
Esquentavam as moça
E eu nesse bate-coxa
Não podia me segurar
Toda noite de São João
Eu voava que nem balão
Namorava as estrelas
Que são primas terceiras
E afilhadas de São João
Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João
Kleiton e Kledir
Era noite de São João
E eu saia com meu irmão
De bigode de rolha
E chapéu novo em folha
Brim Coringa e alpargata
Toda noite de São João
Eu sonhava em pegar da mão
De uma prenda bonita
De vestido de chita
E Maria Chiquinha
Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João
Toda noite de São João
A quermesse era um festão
Bandeirinhas no arame
De papel celofane
Pau de sebo e de fita
Era noite de São João
E depois de comer pinhão
Vinha pé-de-moleque
Puxa-puxa e um pileque
De caninha ou de quentão
Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João
Era noite de São João
Cordeona com violão
Esquentavam as moça
E eu nesse bate-coxa
Não podia me segurar
Toda noite de São João
Eu voava que nem balão
Namorava as estrelas
Que são primas terceiras
E afilhadas de São João
Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João
Wednesday, June 17, 2009
Não tem explicação
Hoje, o Supremo Tribunal Federal, STF, julgou a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Após ser adiado por duas vezes, o Recurso Extraordinário 511961 voltou à pauta da sessão plenária. O julgamento se dividiu entre as posições do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo, o Ministério Público Federal (MPF) e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) com o apoio da Advocacia Geral da União.
O que aconteceu no país que mais parece uma pizzaria? Não é mais necessário ter diploma para exercer a profissão de jornalista. Uma profissão que lida diretamente com a sociedade, de tal importância, que é chamada de “o quarto poder.” Grosso modo, qualquer pessoa pode atuar como jornalista. O resultado foi 8x1 para eles. Há apenas um ministro de bom senso e coragem no STF.
Defender a necessidade do diploma de Jornalismo no exercício da profissão está longe de ser uma questão corporativa. Esse ataque à profissão jornalística é um atentado a liberdade e o fim da exigência da formação fere toda a sociedade em seu direito de ter informação qualificada. Hoje, retrocedemos muitos anos na história.
O procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, que defendeu o MPF e o Gilmar Mendes, afirmou que a exigência do diploma é um "obstáculo à livre manifestação de pensamento, garantida pela Constituição.” Ora, há espaços de opiniões em todos os veículos de comunicação. Qualquer cidadão pode e deve dar sua opinião e se quiser, torná-la pública. Existe espaço para isso.
Agora, notícia é coisa para jornalista. É óbvio que um médico tem mais conhecimento sobre saúde do que um jornalista, um advogado entende mais da legislação do que o jornalista e assim por diante. Isso é senso comum, não se discute. Agora o que um médico, um advogado, um dentista, um engenheiro entendem de lead, de critérios de noticiabilidade, de mídia tranning, de clipagem e taxação?...
Perceberam? Perceberam a burrada que a turma do Ministério cometeu? Os jornalistas sairão perdendo, claro. Mas pior será para a sociedade que poderá perder a certeza de receber uma informação qualificada feita por profissionais competentes. Além de essa atitude abrir vários precedentes, o relator do projeto, Gilmar Mendes, disse que regulamentações de outras profissões também serão revistas. Aonde vamos parar?
A democracia não tem explicação
Outro ponto importantíssimo nessa história absurda é que se a cassação do diploma é para endossar a “democracia”? Por que não se levou esse debate para a sociedade? Por que o MPF não foi para as ruas fazer a campanha contra o diploma e nós, a favor? Por que não se ouviu falar isso nos telejornais da Rede Globo? Por que não realizaram um plebiscito e deixarem a escolha nas mãos da sociedade?
Mas é a democracia, gente. Democracia, vivemos numa democracia, onde oito representantes de uma minoria, considerada a elite do judiciário brasileiro, resolve que a Nação não tem direito de receber informação decente, nem o de ter uma imprensa livre e autônima, feita por profissionais.
O que farão os milhares jornalistas registrados no Ministério do Trabalho? E as centenas de cursos de jornalismo que temos em atividade no país? E os professores universitários de comunicação? E os estudantes? Como debater salários justos para uma profissão que nem se quer é regulamentada? O que será do futuro de um povo que tem uma imprensa movida por interesses, incapaz de atuar na construção de uma sociedade plural e justa?
O que aconteceu no país que mais parece uma pizzaria? Não é mais necessário ter diploma para exercer a profissão de jornalista. Uma profissão que lida diretamente com a sociedade, de tal importância, que é chamada de “o quarto poder.” Grosso modo, qualquer pessoa pode atuar como jornalista. O resultado foi 8x1 para eles. Há apenas um ministro de bom senso e coragem no STF.
Defender a necessidade do diploma de Jornalismo no exercício da profissão está longe de ser uma questão corporativa. Esse ataque à profissão jornalística é um atentado a liberdade e o fim da exigência da formação fere toda a sociedade em seu direito de ter informação qualificada. Hoje, retrocedemos muitos anos na história.
O procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, que defendeu o MPF e o Gilmar Mendes, afirmou que a exigência do diploma é um "obstáculo à livre manifestação de pensamento, garantida pela Constituição.” Ora, há espaços de opiniões em todos os veículos de comunicação. Qualquer cidadão pode e deve dar sua opinião e se quiser, torná-la pública. Existe espaço para isso.
Agora, notícia é coisa para jornalista. É óbvio que um médico tem mais conhecimento sobre saúde do que um jornalista, um advogado entende mais da legislação do que o jornalista e assim por diante. Isso é senso comum, não se discute. Agora o que um médico, um advogado, um dentista, um engenheiro entendem de lead, de critérios de noticiabilidade, de mídia tranning, de clipagem e taxação?...
Perceberam? Perceberam a burrada que a turma do Ministério cometeu? Os jornalistas sairão perdendo, claro. Mas pior será para a sociedade que poderá perder a certeza de receber uma informação qualificada feita por profissionais competentes. Além de essa atitude abrir vários precedentes, o relator do projeto, Gilmar Mendes, disse que regulamentações de outras profissões também serão revistas. Aonde vamos parar?
A democracia não tem explicação
Outro ponto importantíssimo nessa história absurda é que se a cassação do diploma é para endossar a “democracia”? Por que não se levou esse debate para a sociedade? Por que o MPF não foi para as ruas fazer a campanha contra o diploma e nós, a favor? Por que não se ouviu falar isso nos telejornais da Rede Globo? Por que não realizaram um plebiscito e deixarem a escolha nas mãos da sociedade?
Mas é a democracia, gente. Democracia, vivemos numa democracia, onde oito representantes de uma minoria, considerada a elite do judiciário brasileiro, resolve que a Nação não tem direito de receber informação decente, nem o de ter uma imprensa livre e autônima, feita por profissionais.
O que farão os milhares jornalistas registrados no Ministério do Trabalho? E as centenas de cursos de jornalismo que temos em atividade no país? E os professores universitários de comunicação? E os estudantes? Como debater salários justos para uma profissão que nem se quer é regulamentada? O que será do futuro de um povo que tem uma imprensa movida por interesses, incapaz de atuar na construção de uma sociedade plural e justa?
Friday, June 12, 2009
Dia dos Namorados
Meu príncipe encantado deve ter caído do cavalo, batido a cabeça, perdido a memória... Por isso não me encontra!
Wednesday, June 10, 2009
A arrogância e os gaúchos
Polêmica a declaração do ministro Nelson Jobim que "já criei a arrogância dos gaúchos"? Acho que não. Depois dessa declaração, dezenas de enquetes foram feitas e, a grande maioria dos gaúchos, acha que nós somos, de fato, arrogantes.
Eu concordo. Penso que a nossa arrogância vem do orgulho que ostentamos. Pode ser o maior roqueiro do mundo, mas se é gaúcho, sabe cantar os versos de "Querência Amada". Pode detestar política, mas enche a boca para falar do Getúlio Vargas, considerado por muitos, um dos melhores presidentes que o Brasil já teve. Não gosta de futebol, mas tem orgulho do Ronaldinho Gaúcho, do Pato, do Sobis, do Dunga, do Taffarel, do Falcão... E as mulheres? De Ieda Maria Vargas à Gisele Bündchem, o país e o mundo sabem de onde elas vieram.
A nossa arrogância vem disso. Da nossa história, dos heróis que cultivamos. Da grandeza de celebrar uma guerra (a dos Farrapos) onde nos perdemos. De cultivar hábitos que vem dos nossos avós. De vestir a melhor bombacha e ir passear na Redenção. De ser antiqualquer coisa, porque para todo gaúcho é 8 ou 80, não há meio termo. De defender nossas crenças e nossos custumes. De cantar o hino riograndense com a mão no peito e com a certeza que se nossas façanhas servisem de modelo a toda terra, teríamos outra sociedade.
Não achei a declaração do Jobim polêmica, seria se fosse dita por uma pessoa que não fosse gaúcha. Mas o ministro é daqui, de Santa Maria. Tão gaúcho quanto o gaúcho de Alegrete, gaúcho de Passo Fundo, gaúcho de Bagé, gaúcho de Porto Alegre, tão peculiares e tão iguais. Ele não criou a arrogância, já nasceu com ela, é quase inerente, nasceu no Rio Grande do Sul é um arrogante. Que sejamos todos arrogantes, pois reconhecer os nossos defeitos é típico de um povo cheio de virtudes.
Eu concordo. Penso que a nossa arrogância vem do orgulho que ostentamos. Pode ser o maior roqueiro do mundo, mas se é gaúcho, sabe cantar os versos de "Querência Amada". Pode detestar política, mas enche a boca para falar do Getúlio Vargas, considerado por muitos, um dos melhores presidentes que o Brasil já teve. Não gosta de futebol, mas tem orgulho do Ronaldinho Gaúcho, do Pato, do Sobis, do Dunga, do Taffarel, do Falcão... E as mulheres? De Ieda Maria Vargas à Gisele Bündchem, o país e o mundo sabem de onde elas vieram.
A nossa arrogância vem disso. Da nossa história, dos heróis que cultivamos. Da grandeza de celebrar uma guerra (a dos Farrapos) onde nos perdemos. De cultivar hábitos que vem dos nossos avós. De vestir a melhor bombacha e ir passear na Redenção. De ser antiqualquer coisa, porque para todo gaúcho é 8 ou 80, não há meio termo. De defender nossas crenças e nossos custumes. De cantar o hino riograndense com a mão no peito e com a certeza que se nossas façanhas servisem de modelo a toda terra, teríamos outra sociedade.
Não achei a declaração do Jobim polêmica, seria se fosse dita por uma pessoa que não fosse gaúcha. Mas o ministro é daqui, de Santa Maria. Tão gaúcho quanto o gaúcho de Alegrete, gaúcho de Passo Fundo, gaúcho de Bagé, gaúcho de Porto Alegre, tão peculiares e tão iguais. Ele não criou a arrogância, já nasceu com ela, é quase inerente, nasceu no Rio Grande do Sul é um arrogante. Que sejamos todos arrogantes, pois reconhecer os nossos defeitos é típico de um povo cheio de virtudes.
Sunday, June 07, 2009
As mulheres e o futebol
Estava escutando o Pijama Show outro dia, e o Everton Cunha perguntava o que faz as mulheres gostarem tanto de futebol, atualmente? Fiquei pensando nisso, porque eu me incluo nesse time. Agora, será que gosto de fato de futebol?
Eu não perco minhas tardes de domingo olhando futebol, a não ser se meu time está jogando. Eu não coleciono camisas das mais diversas equipes, só tenho camisas do meu time. Eu não sei o calendário do campeonato brasileiro, só sei quando tem jogo do meu time. Sequer sei onde o Ronaldinho Gaúcho está jogando. Só sei quem está jogando no meu time.
Acho que antes de gostar de futebol, gosto do meu time! Penso que para nós, mulheres, o gostar de futebol, passa necessariamente pelo time que torcemos. Ao contrário dos homens. Lembro dos meus tios que assistiam jogos do Cruzeiro X Botafogo, do São Paulo X Vitória... Coisa que eu não faço e acho que a grande maioria do sexo feminino, também não.
A gente gosta sim de futebol e entendemos do esporte também, tão bem quanto eles. Mas para mim, o nosso lado emotivo e passional vem à tona também no quesito futebolístico. Eu gosto de futebol porque tenho um time para torcer, incentivar, vibrar junto... Não o esporte em si, e sim algo que mexe com os nossos sentimentos, que atende por um nome, no meu caso, Internacional, mas que poderia ser Botafogo, Palmeiras, Coritiba...
Eu não perco minhas tardes de domingo olhando futebol, a não ser se meu time está jogando. Eu não coleciono camisas das mais diversas equipes, só tenho camisas do meu time. Eu não sei o calendário do campeonato brasileiro, só sei quando tem jogo do meu time. Sequer sei onde o Ronaldinho Gaúcho está jogando. Só sei quem está jogando no meu time.
Acho que antes de gostar de futebol, gosto do meu time! Penso que para nós, mulheres, o gostar de futebol, passa necessariamente pelo time que torcemos. Ao contrário dos homens. Lembro dos meus tios que assistiam jogos do Cruzeiro X Botafogo, do São Paulo X Vitória... Coisa que eu não faço e acho que a grande maioria do sexo feminino, também não.
A gente gosta sim de futebol e entendemos do esporte também, tão bem quanto eles. Mas para mim, o nosso lado emotivo e passional vem à tona também no quesito futebolístico. Eu gosto de futebol porque tenho um time para torcer, incentivar, vibrar junto... Não o esporte em si, e sim algo que mexe com os nossos sentimentos, que atende por um nome, no meu caso, Internacional, mas que poderia ser Botafogo, Palmeiras, Coritiba...
Thursday, May 28, 2009
Os livros que sou
Tava com um texto prontinho pra colocar no blog, sobre mulheres e futebol. Mas antes de postar fui olhar o blog da Jac. Tinha um post superlegal, com o resultado de um teste que ela fez. Lia o resultado e pensava “ela é assim mesmo”.
Resolvi fazer o tal teste também, chamado “que livro você é?” Capaz que eu não ia fazer. E como nada se cria, tudo se copia, também coloquei o meu resultado no blog.
E eu empatei no final, seria dois livros! Não que eu seja uma pessoa que vive em cima do muro, aliás, se tenho uma coisa que não sou é indecisa, mas sim, há uma infinidade de possibilidades e isso me encanta, me intriga, me assusta...
Bom, nada de devaneios agora. Não li nem um dos dois, mas obviamente já estão na minha lista. Para ser bem sincera, nunca tinha ouvido falar de nenhum desses livros. Confesso que não gostei de tudo que li, mas segundo minha mãe, o resultado bateu direitinho e no meu “eu mais interior”, lia o resultado e pensava “pior é que sou bem assim!”
Segue os livros que eu seria e o link do teste tá no blog da Jac.
"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.
"O vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan
Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.
Em "O vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.
Resolvi fazer o tal teste também, chamado “que livro você é?” Capaz que eu não ia fazer. E como nada se cria, tudo se copia, também coloquei o meu resultado no blog.
E eu empatei no final, seria dois livros! Não que eu seja uma pessoa que vive em cima do muro, aliás, se tenho uma coisa que não sou é indecisa, mas sim, há uma infinidade de possibilidades e isso me encanta, me intriga, me assusta...
Bom, nada de devaneios agora. Não li nem um dos dois, mas obviamente já estão na minha lista. Para ser bem sincera, nunca tinha ouvido falar de nenhum desses livros. Confesso que não gostei de tudo que li, mas segundo minha mãe, o resultado bateu direitinho e no meu “eu mais interior”, lia o resultado e pensava “pior é que sou bem assim!”
Segue os livros que eu seria e o link do teste tá no blog da Jac.
"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.
"O vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan
Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.
Em "O vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.
Thursday, May 21, 2009
O castelo do príncipe sapo
O norueguês Jostein Gaarder é o meu escritor preferido. Formado em filosofia, ele escreve sobre isso, mas para crianças e jovens, O mundo de Sofia e O dia do coringa são dele. Aproveitando, O dia do coringa é um dos meus livros favoritos.
Entre as coisas que leio porque gosto e as leituras obrigatórias para a pós, os livros do Jostein são um alento. Nas últimas semanas tive que ler muita coisa sobre Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, leitura técnicas e densas, até que peguei infantil O castelo do príncipe sapo, para ler.
Em dois dias, vivi uma incrível aventura num castelo em que os guardas eram salamandras, uma rainha que sempre se esquecia de colocar a parte de cima da roupa, um duende muito sábio, um camareiro que era um lorde e sapos enormes loucos para virarem príncipes.
Tudo ciceroneado pelo príncipe Gregório Pegório, um menino de 7 anos que acabou de perder o avô e depois de uma amostra de "vida real", ele precisava de mergulhar num “faz-de-conta”.
Não foi o melhor livro que li do Jostein, mas como sempre é incrível. A partir de uma fantasia, ela fala da vida. Sempre é assim. Não sei como um “senhor” de quase 60 anos consegue bolar essas histórias dignas da imaginação do meu afilhado.
Uma das passagens mais legais do livro é quando Gregório se dá conta que o avô dele sempre vai estar vivo no mundo dos sonhos, porque é lá que mora o impossível. A outra parte que faz muito adulto pensar, é quando o duende fala para o menino se guiar sempre pelas ideias que nascem do coração porque os pensamentos maus nascem da cabeça.
Legal né? Fica a dica. Ah, e o livro com desenhos...
Entre as coisas que leio porque gosto e as leituras obrigatórias para a pós, os livros do Jostein são um alento. Nas últimas semanas tive que ler muita coisa sobre Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, leitura técnicas e densas, até que peguei infantil O castelo do príncipe sapo, para ler.
Em dois dias, vivi uma incrível aventura num castelo em que os guardas eram salamandras, uma rainha que sempre se esquecia de colocar a parte de cima da roupa, um duende muito sábio, um camareiro que era um lorde e sapos enormes loucos para virarem príncipes.
Tudo ciceroneado pelo príncipe Gregório Pegório, um menino de 7 anos que acabou de perder o avô e depois de uma amostra de "vida real", ele precisava de mergulhar num “faz-de-conta”.
Não foi o melhor livro que li do Jostein, mas como sempre é incrível. A partir de uma fantasia, ela fala da vida. Sempre é assim. Não sei como um “senhor” de quase 60 anos consegue bolar essas histórias dignas da imaginação do meu afilhado.
Uma das passagens mais legais do livro é quando Gregório se dá conta que o avô dele sempre vai estar vivo no mundo dos sonhos, porque é lá que mora o impossível. A outra parte que faz muito adulto pensar, é quando o duende fala para o menino se guiar sempre pelas ideias que nascem do coração porque os pensamentos maus nascem da cabeça.
Legal né? Fica a dica. Ah, e o livro com desenhos...
Wednesday, May 13, 2009
A merda da incoerência
Tirando os problemas estruturais que o mundo enfrenta como fome, miséria, pobreza, falta de condições dignas de se viver... Fora isso, o maior problema do mundo é a incoerência. Tanto individual, como coletiva.
Sempre admirei pessoas coerentes, não digo com os outros, com as tais regras impostas pela sociedade, me refiro aquela coerência quase íntima, aquela pessoal, de agirmos conforme pensamos. De viver de acordo com aquilo que achamos certo, ou não. Honrar na prática o discurso que proferimos, geralmente, com a boca cheia.
Cada vez menos encontro esse tipo de pessoa. Existem, conheço algumas, mas são poucas. E é dessa falta de coerência de cada indivíduo consigo mesmo que nasce esse moralismo vazio que a gente vê por aí, e desde sempre. É normal pais darem sermões para que os filhos não fumem com cigarro na mão, por exemplo...
E o que acontece numa sociedade cheia de indivíduos incoerentes? Se torna assim também. As instituições, que querendo ou não, formam muitas opiniões, acabam com um discurso teórico e uma prática contraditória. Aí crescemos com a impressão de que se contradizer é normal, que não dá nada falar uma coisa e fazer outra. Ou acreditar em algo e pregar o oposto.
Acredito que o dia que as pessoas deixarem de pensar tanto no que os outros vão pensar, teremos familiares, amigos, vizinhos coerentes, mais verdadeiros e consequentemente uma sociedade melhor, mais leve. Pode soar muito egoísta, mas acho fundamental ser coerente comigo, antes de qualquer coisa. Às vezes pensando no nosso próprio umbigo a gente está, no fundo, se libertando.
Sempre admirei pessoas coerentes, não digo com os outros, com as tais regras impostas pela sociedade, me refiro aquela coerência quase íntima, aquela pessoal, de agirmos conforme pensamos. De viver de acordo com aquilo que achamos certo, ou não. Honrar na prática o discurso que proferimos, geralmente, com a boca cheia.
Cada vez menos encontro esse tipo de pessoa. Existem, conheço algumas, mas são poucas. E é dessa falta de coerência de cada indivíduo consigo mesmo que nasce esse moralismo vazio que a gente vê por aí, e desde sempre. É normal pais darem sermões para que os filhos não fumem com cigarro na mão, por exemplo...
E o que acontece numa sociedade cheia de indivíduos incoerentes? Se torna assim também. As instituições, que querendo ou não, formam muitas opiniões, acabam com um discurso teórico e uma prática contraditória. Aí crescemos com a impressão de que se contradizer é normal, que não dá nada falar uma coisa e fazer outra. Ou acreditar em algo e pregar o oposto.
Acredito que o dia que as pessoas deixarem de pensar tanto no que os outros vão pensar, teremos familiares, amigos, vizinhos coerentes, mais verdadeiros e consequentemente uma sociedade melhor, mais leve. Pode soar muito egoísta, mas acho fundamental ser coerente comigo, antes de qualquer coisa. Às vezes pensando no nosso próprio umbigo a gente está, no fundo, se libertando.
Monday, May 04, 2009
Aproveite o dia
Uma vez me falaram que um dia eu teria prazer em acordar cedo e aproveitar o dia. Não lembro do que respondi, até porque lembro pouco dessa época, nem mesmo lembro quem me disse isso. Acho que foi uma colega do trabalho...
Nessa época meu programa preferido era dormir. De dia, de preferência. Calculava diretinho: se saísse da cama às 14h, até me arrumar, dar um jeito no quarto, só sairia para a rua uma hora depois. Seriam poucas horas de tortura se por volta das 19h eu me escondesse atrás de um livro e lá ficasse até todos irem dormir. Aí sim, eu teria “paz” e poderia chorar.
Não fazia nada. Não tinha nada para fazer. Pior, não havia vontade. E até as correrias, trabalho, faculdade era só com o objetivo de passar logo, acabar o dia, o outro, mais um, a semana... Passar tudo rápido, no piloto automático pra eu não sentir nada. Não havia o que senti. Metade dos anos que passei na Unisinos não me lembro, não curti, não aproveitei, só passei.
Até que me peguei com alguma expectativa no dia seguinte, no outro e no depois. Voltei a planejar coisas. Até que toquei fora os antidepressivos, perdi a conta de quantos dias não choro e pasmem, estou satisfeita com a minha vida. Claro que gostaria de estar escrevendo esse texto num hotel cinco estrelas na França. Mas um dia estarei, e, escrevendo coisa bem melhor. É só uma questão de tempo.
A correria é a mesma, trabalho e faculdade, mas agora eu sinto, eu tenho vontades. Eu estou lá de fato, não só de corpo presente. Tenho consciência das coisas que estou vivendo. Ontem foi domingo e meu relógio despertou às 8h porque eu tinha um monte de coisas pra fazer. Andar a cavalo, ler, estudar pra prova, comemorar o aniversário de uma amiga, ler o jornal, fazer negrinho, comer pizza, dormir no sofá sem ser uma fuga...
Preciso honrar a frase que carrego no pé. Carpe Diem.
Nessa época meu programa preferido era dormir. De dia, de preferência. Calculava diretinho: se saísse da cama às 14h, até me arrumar, dar um jeito no quarto, só sairia para a rua uma hora depois. Seriam poucas horas de tortura se por volta das 19h eu me escondesse atrás de um livro e lá ficasse até todos irem dormir. Aí sim, eu teria “paz” e poderia chorar.
Não fazia nada. Não tinha nada para fazer. Pior, não havia vontade. E até as correrias, trabalho, faculdade era só com o objetivo de passar logo, acabar o dia, o outro, mais um, a semana... Passar tudo rápido, no piloto automático pra eu não sentir nada. Não havia o que senti. Metade dos anos que passei na Unisinos não me lembro, não curti, não aproveitei, só passei.
Até que me peguei com alguma expectativa no dia seguinte, no outro e no depois. Voltei a planejar coisas. Até que toquei fora os antidepressivos, perdi a conta de quantos dias não choro e pasmem, estou satisfeita com a minha vida. Claro que gostaria de estar escrevendo esse texto num hotel cinco estrelas na França. Mas um dia estarei, e, escrevendo coisa bem melhor. É só uma questão de tempo.
A correria é a mesma, trabalho e faculdade, mas agora eu sinto, eu tenho vontades. Eu estou lá de fato, não só de corpo presente. Tenho consciência das coisas que estou vivendo. Ontem foi domingo e meu relógio despertou às 8h porque eu tinha um monte de coisas pra fazer. Andar a cavalo, ler, estudar pra prova, comemorar o aniversário de uma amiga, ler o jornal, fazer negrinho, comer pizza, dormir no sofá sem ser uma fuga...
Preciso honrar a frase que carrego no pé. Carpe Diem.
Monday, April 27, 2009
Pela regulamentação da profissão de jornalista
De todos os textos que eu já li em defesa da regulamentação da profissão de jornalista, sem dúvida o que achei mais bonito é esse que reproduzo abaixo. O texto O acerto no erro, da jornalista Susana Vernieri, foi publicado no site do Sindicato dos Jornalistas do RS, no dia 16 de abril.
Faço das palavras da minha experiente colega, as minhas.
O acerto no erro
Susana Vernieri*
O prédio era destinado a ser um almoxarifado e foi transformado a fórceps em Faculdade. A sala de redação era recheada com máquinas de escrever antigas. As câmeras de TV eram pesadas e velhas. A ilha de edição, quase que analógica. O laboratório fotográfico, uma peneira. A biblioteca desatualizada. Nada parecia convidar a entrada naquela casa.
O atrativo era o erro. A liberdade de exercitar a falha. Não é teoria, técnica, arte que a Universidade de Jornalismo ensina, mas a possibilidade de se acreditar ser um humano. É esta sua justificativa maior. Dentro dela encontramos a geléia real da vida. O professor bom ensaia o espelho do futuro chefe exemplar. O ruim, nos alerta para os perigos do futuro. O coleguismo é amostra do que se poderá contar no ombro a ombro da jornada. Como norte de toda esta experiência está a tão desgastada palavra Ética.
O diploma serve para que se ateste perante a nós mesmos e aos outros, que empreendemos uma aventura ao centro da questão e estamos aptos a seguir viagem. Ele é documento imprescindível, passaporte para um mundo onde há menos tolerância para o erro. O espaço do profissionalismo não perdoa os fracos. A sociedade, muito em breve, irá cobrar do Supremo a decisão de acabar com a exigência do diploma para o exercício legal da profissão de jornalista caso isso venha acontecer. Toda população, em seu íntimo, quer uma Imprensa forte, pois sem palavra forte, o povo é escravo.
* Doutora pela Ufrgs, ex-professora de Jornalismo da Famecos, Fabico e Unisinos, trabalhou dez anos em Zero Hora
Faço das palavras da minha experiente colega, as minhas.
O acerto no erro
Susana Vernieri*
O prédio era destinado a ser um almoxarifado e foi transformado a fórceps em Faculdade. A sala de redação era recheada com máquinas de escrever antigas. As câmeras de TV eram pesadas e velhas. A ilha de edição, quase que analógica. O laboratório fotográfico, uma peneira. A biblioteca desatualizada. Nada parecia convidar a entrada naquela casa.
O atrativo era o erro. A liberdade de exercitar a falha. Não é teoria, técnica, arte que a Universidade de Jornalismo ensina, mas a possibilidade de se acreditar ser um humano. É esta sua justificativa maior. Dentro dela encontramos a geléia real da vida. O professor bom ensaia o espelho do futuro chefe exemplar. O ruim, nos alerta para os perigos do futuro. O coleguismo é amostra do que se poderá contar no ombro a ombro da jornada. Como norte de toda esta experiência está a tão desgastada palavra Ética.
O diploma serve para que se ateste perante a nós mesmos e aos outros, que empreendemos uma aventura ao centro da questão e estamos aptos a seguir viagem. Ele é documento imprescindível, passaporte para um mundo onde há menos tolerância para o erro. O espaço do profissionalismo não perdoa os fracos. A sociedade, muito em breve, irá cobrar do Supremo a decisão de acabar com a exigência do diploma para o exercício legal da profissão de jornalista caso isso venha acontecer. Toda população, em seu íntimo, quer uma Imprensa forte, pois sem palavra forte, o povo é escravo.
* Doutora pela Ufrgs, ex-professora de Jornalismo da Famecos, Fabico e Unisinos, trabalhou dez anos em Zero Hora
Tuesday, April 21, 2009
De porre
E esse tal de chop em litros não acaba mais. Já estamos no segundo canecão de 6 litros... Já devo estar, no mínimo, bem alegrinha, não paro de rir. Penso na minha amiga que foi embora pra Curitiba e sempre falou que queria me ver de porre. O momento chegou e ela não aqui. Me dá saudade. Sinto vontade de chorar...
Me recomponho a tempo, bêbada sentimental e chorona não dá. O namorado grisalho da minha amiga de 19 anos vai pagar mais seis litros de chop! Nós estamos em cinco, quantos litros será que dá pra cada uma? Ainda bem que a Tati é enfermeira...
A Lú vem com um copo cheio pra mim, dizendo “bebe porque a Clara tá tomando todas e tá dirigindo...” Cadê o cara que eu tava conversando? Como é mesmo o nome dele? Marcelo, Márcio, Mauro, Ma-alguma-coisa-que-já-me-esqueci. Ele tava de vermelho parece... Mas porque beijei o cara de camisa verde?
Saco! Preciso fazer xixi, onde é o banheiro? Espero que seja bem perto e que eu consiga ir até lá em linha reta! Por que cerveja engorda tanto se a gente toma um pouquinho e faz um monte de xixi? Claro que tem fila no banheiro. Preciso me escorar na parede. Minha vez. Sentei. Tá tudo girando! Coloco uns chicles na boca... Lavo o rosto. Acho que tô melhor.
Volto pra mesa. A Lú tá pra lá de Bagdá! Pior que eu! Já tá dando cerveja pra Clara, falando que a Tati tem que dirigir depois. Que dor nos pés, vou me sentar um pouquinho. Acho que o pior da bebedeira tá passando. Começa a tocar “Sandra Rosa Madalena”, eu levanto da cadeira num pulo e danço loucamente. Pego uma flor do enfeite da mesa e ponho na boca, bato um pé e as mãos. Tô mais bêbada que nunca.
O comedor velho da minha amiga tá com fome e é o único que não tá bebendo. Esperto ele, deve tá rindo da nossa cara. Bom, ele resolve pedir batatas fritas. Que bom, também vou comer alguma coisa e voltar pro meu estado normal. Não tem chocolate aqui pra vender. Dizem que chocolate é bom pra curar bebedeira. Vai uma Coca-cola mesmo.
Achei o Ma-alguma-coisa-que-já-me-esqueci, ele tá num camarote. Vou lá me sentar um pouco e tentar manter uma conversa de gente sóbria e inteligente. Ele diz que eu e minhas amigas já estamos no quinto canecão de 6 litros. Eu não acredito. Ele me diz que se ficar comigo é capaz de entrar em coma alcoólico. Palhaço! Levanto e vou dançar com as minhas amigas.
A Clara tem a gloriosa idéia de ir até o DJ pedir que ele toque alguma música da Madonna, já que todas nós nos conhecemos no show dela. O DJ toca “Like a Virgin” e diz que é em nossa homenagem. A gente agradece, caprichamos na dança e nos gritinhos de “uh” do refrão. “Like virgin, uh!”
Vou ver se acho o cara da camisa verde que fiquei. A Lú já tá desmaiada em cima de uma mesa. A Clara parece a mais sóbria de todas, mesmo sendo a que mais bebeu. O velho chato que come minha amiga começou a incomodar para ir embora, pois no outro dia tem que acordar cedo pra assistir a Fórmula 1. A Tati foi pra pista dance pegar um galeto. Eu não achei o cara da camisa verde e acabei no bar pedindo uma Smirnoff. O que é 500 ml de Smirnoff pra quem tomou litros e litros de chop?
Acabou? Cadê a música? Ih... Parou por quê? Por que parou? Fim de festa, game over. Mas recém é 5h30 da madrugada de domingo, se a noite é uma criança, o dia é um recém nascido. Como vou embora? Durmo na casa da Lú, que tá no banheiro vomitando ou encaro o trem às 6h da manhã? Que saco morar no interior!!!
Na saída o namorado mais velho e gente fina da minha amiga vem nos apresentar um amigo da terceira idade, é o gerente! Grande tiozão, além de bancar litros e litros de chop, é amigo do gerente! Grande gerente, o tio Pedrinho, nos deu um baita de desconto. Te procurar da próxima vez que a gente não pega fila? Claro, pode deixar. Vai ver ele pensou que a bebedeira iria nos deixar desmemoriadas... Coitado, não imagina o prejuízo que vai ter.
Me recomponho a tempo, bêbada sentimental e chorona não dá. O namorado grisalho da minha amiga de 19 anos vai pagar mais seis litros de chop! Nós estamos em cinco, quantos litros será que dá pra cada uma? Ainda bem que a Tati é enfermeira...
A Lú vem com um copo cheio pra mim, dizendo “bebe porque a Clara tá tomando todas e tá dirigindo...” Cadê o cara que eu tava conversando? Como é mesmo o nome dele? Marcelo, Márcio, Mauro, Ma-alguma-coisa-que-já-me-esqueci. Ele tava de vermelho parece... Mas porque beijei o cara de camisa verde?
Saco! Preciso fazer xixi, onde é o banheiro? Espero que seja bem perto e que eu consiga ir até lá em linha reta! Por que cerveja engorda tanto se a gente toma um pouquinho e faz um monte de xixi? Claro que tem fila no banheiro. Preciso me escorar na parede. Minha vez. Sentei. Tá tudo girando! Coloco uns chicles na boca... Lavo o rosto. Acho que tô melhor.
Volto pra mesa. A Lú tá pra lá de Bagdá! Pior que eu! Já tá dando cerveja pra Clara, falando que a Tati tem que dirigir depois. Que dor nos pés, vou me sentar um pouquinho. Acho que o pior da bebedeira tá passando. Começa a tocar “Sandra Rosa Madalena”, eu levanto da cadeira num pulo e danço loucamente. Pego uma flor do enfeite da mesa e ponho na boca, bato um pé e as mãos. Tô mais bêbada que nunca.
O comedor velho da minha amiga tá com fome e é o único que não tá bebendo. Esperto ele, deve tá rindo da nossa cara. Bom, ele resolve pedir batatas fritas. Que bom, também vou comer alguma coisa e voltar pro meu estado normal. Não tem chocolate aqui pra vender. Dizem que chocolate é bom pra curar bebedeira. Vai uma Coca-cola mesmo.
Achei o Ma-alguma-coisa-que-já-me-esqueci, ele tá num camarote. Vou lá me sentar um pouco e tentar manter uma conversa de gente sóbria e inteligente. Ele diz que eu e minhas amigas já estamos no quinto canecão de 6 litros. Eu não acredito. Ele me diz que se ficar comigo é capaz de entrar em coma alcoólico. Palhaço! Levanto e vou dançar com as minhas amigas.
A Clara tem a gloriosa idéia de ir até o DJ pedir que ele toque alguma música da Madonna, já que todas nós nos conhecemos no show dela. O DJ toca “Like a Virgin” e diz que é em nossa homenagem. A gente agradece, caprichamos na dança e nos gritinhos de “uh” do refrão. “Like virgin, uh!”
Vou ver se acho o cara da camisa verde que fiquei. A Lú já tá desmaiada em cima de uma mesa. A Clara parece a mais sóbria de todas, mesmo sendo a que mais bebeu. O velho chato que come minha amiga começou a incomodar para ir embora, pois no outro dia tem que acordar cedo pra assistir a Fórmula 1. A Tati foi pra pista dance pegar um galeto. Eu não achei o cara da camisa verde e acabei no bar pedindo uma Smirnoff. O que é 500 ml de Smirnoff pra quem tomou litros e litros de chop?
Acabou? Cadê a música? Ih... Parou por quê? Por que parou? Fim de festa, game over. Mas recém é 5h30 da madrugada de domingo, se a noite é uma criança, o dia é um recém nascido. Como vou embora? Durmo na casa da Lú, que tá no banheiro vomitando ou encaro o trem às 6h da manhã? Que saco morar no interior!!!
Na saída o namorado mais velho e gente fina da minha amiga vem nos apresentar um amigo da terceira idade, é o gerente! Grande tiozão, além de bancar litros e litros de chop, é amigo do gerente! Grande gerente, o tio Pedrinho, nos deu um baita de desconto. Te procurar da próxima vez que a gente não pega fila? Claro, pode deixar. Vai ver ele pensou que a bebedeira iria nos deixar desmemoriadas... Coitado, não imagina o prejuízo que vai ter.
Tuesday, April 14, 2009
Loopings
É incrível como as coisas mudam em tão pouco tempo. Tem um livro do Paulo Coelho, que não me lembro bem qual é, talvez Veronika Decide Morrer ou O Demônio e a Srta Prym... que diz que as mudanças que ocorrem na nossa vida não precisam de mais de 7 dias para se concretizarem.
Há uma semana atrás eu encontrei um ex-professor da faculdade e falei da minha vontade de estudar Ciências sociais, que achava que tinha tudo haver com jornalismo, com a área que trabalho e que estava pensando em encarar o vestibular da UFRGS em 2010...
Ele me parabenizou pelo "projeto" e perguntou porque eu não fazia uma especialização, que não levaria tanto tempo... Viajando na Internet de noite fui ver as pós-graduações em Sociologia. Achei uma perfeita na PUC, que estava com inscrições abertas!
E adivinha: me inscrevi, passei na seleção e minhas aulas já começaram, semana passada mesmo. Me inscrevi no último dia! Nos 45 do segundo tempo! Agora, voltei a ser estudante, tô preocupada com a quantidade de textos (nada faceis) que tenho que ler e com a monografia que deve ser entregue até novembro do ano que vem. Que loucura.
Meu emprego foi a mesma coisa. Passei uns dias em Florianópolis, cheguei numa segunda de manhã, à tarde me ligaram pra fazer entevista. Na outra segunda já estava trabalhando. E já se passou um mês!
No fundo eu gosto das coisas assim, desses acontecimentos rápidos, eles nos tiram da inércia, da acomodação. Não dizem que a vida é feito uma montanha-russa? Então é desses loopings que eu gosto. A gente, ou a vida, até pode ficar de cabeça pra baixo, mas deixa aquela adrenalina tão boa...
Há uma semana atrás eu encontrei um ex-professor da faculdade e falei da minha vontade de estudar Ciências sociais, que achava que tinha tudo haver com jornalismo, com a área que trabalho e que estava pensando em encarar o vestibular da UFRGS em 2010...
Ele me parabenizou pelo "projeto" e perguntou porque eu não fazia uma especialização, que não levaria tanto tempo... Viajando na Internet de noite fui ver as pós-graduações em Sociologia. Achei uma perfeita na PUC, que estava com inscrições abertas!
E adivinha: me inscrevi, passei na seleção e minhas aulas já começaram, semana passada mesmo. Me inscrevi no último dia! Nos 45 do segundo tempo! Agora, voltei a ser estudante, tô preocupada com a quantidade de textos (nada faceis) que tenho que ler e com a monografia que deve ser entregue até novembro do ano que vem. Que loucura.
Meu emprego foi a mesma coisa. Passei uns dias em Florianópolis, cheguei numa segunda de manhã, à tarde me ligaram pra fazer entevista. Na outra segunda já estava trabalhando. E já se passou um mês!
No fundo eu gosto das coisas assim, desses acontecimentos rápidos, eles nos tiram da inércia, da acomodação. Não dizem que a vida é feito uma montanha-russa? Então é desses loopings que eu gosto. A gente, ou a vida, até pode ficar de cabeça pra baixo, mas deixa aquela adrenalina tão boa...
Saturday, April 11, 2009
Águas paradas
Outro dia ouvi uma história bastante interessante sobre mágoa. Um senhor me explicou que a palavra mágoa vem da expressão "má água". E que as más águas são as que ficam paradas, não são renovadas e acabam apodrecendo. As nossas mágoas aconteceriam porque não renovamos nossas energias, ficamos remoendo sentimentos e como as águas paradas, acabam apodrecendo e nos fazendo mal.
Gostei da metáfora. O problema é que nem sempre conseguimos fazer as águas seguirem seu curso com uma certa rapidez. E digo mais, não é difícil essas águas formarem redemoinhos, que fazem nossos pensamentos ficarem rodando, rodando, rodando, a gente não sai do lugar e quando percebemos, perdemos um tempo danado e é aí que nos damos conta que a mágoa tá nos prejudicando.
Depois disso a gente começa a fazer questão de renovar as energias. E renovamos. E as águas retomam seu curso, mas a gente não esquece. Na Páscoa eu sempre acabo lembrando as águas paradas que já cultivei. É inevitável. E daí sempre acho que a mágoa tá lá, mais amena, mais serena (se é que isso é possível), mas tá lá!
Contraditório? Hum, acho que não. Fiz um esforço danado pra renovar as tais águas paradas, só que o aquário onde guardei os teus olhos azuis, eu escondi tão bem que não acho pra trocar a água.
Gostei da metáfora. O problema é que nem sempre conseguimos fazer as águas seguirem seu curso com uma certa rapidez. E digo mais, não é difícil essas águas formarem redemoinhos, que fazem nossos pensamentos ficarem rodando, rodando, rodando, a gente não sai do lugar e quando percebemos, perdemos um tempo danado e é aí que nos damos conta que a mágoa tá nos prejudicando.
Depois disso a gente começa a fazer questão de renovar as energias. E renovamos. E as águas retomam seu curso, mas a gente não esquece. Na Páscoa eu sempre acabo lembrando as águas paradas que já cultivei. É inevitável. E daí sempre acho que a mágoa tá lá, mais amena, mais serena (se é que isso é possível), mas tá lá!
Contraditório? Hum, acho que não. Fiz um esforço danado pra renovar as tais águas paradas, só que o aquário onde guardei os teus olhos azuis, eu escondi tão bem que não acho pra trocar a água.
Monday, April 06, 2009
Bioenergética
Correria nesses últimos dias e ressaca da gloriosa festa do glorioso centenário do meu glorioso Internacional (a redundância foi intencional).
Sábado, após a Marcha do Inter, fui no Namastê, um Centro de Terapias e Meditações, que fica na Rua da República, em Porto Alegre. Gastei um pouco no brechó, comi empadas indianas, fiz Reiki, troquei ideias com gente bacana e de cabeça aberta e fiz uma sessão de terapia bioenergética em grupo. Muito bom! A bioenergética é como uma sessão de análise com psicólogo, só que em vez de falar, a gente também faz exercícios, alongamentos, respiração adequada pra cada momento, dança, entre outras coisas
A filosofia da bioenergética é trabalhar com as nossas couraças musculares, tudo aquilo que nosso corpo vai somatizando e com o tempo, interfere na nossa energia. A terapia busca um melhor entendimento de si mesmo através de exercícios que troquem e renovem nossas energias e para isso, precisamos conhecer nosso corpo, para usá-lo a nosso favor.
Há sessões individuais e em grupo. Nas de grupo, o objetivo é a troca de energia entre os participantes. No final, depois dos exercícios e meditação, acabamos todos dançando e nos tocando. É estranho tocar um desconhecido, abraçar, encarar, pegar a mão, tocar nas pernas, fazer massagens nos pés... Estranho também é permitir um desconhecido faça isso sem nenhum constrangimento... Começa com todo mundo desconfiado e termina com todo mundo à vontade.
Não sei se foi a bioenergética, a caminhada pelo meu time, a gripe que me encontrava no sábado ou a junção de todo isso, mas no outro dia, o corpo todo doía. Mas era uma dor boa, um cansaço gostoso, uma satisfação estranha e uma leveza mansa que me deixava alerta a tudo que se passava ao redor. Eu estava com energia para encarar outra caminhada quilométrica e as correrias do dia-a-dia.
Sábado, após a Marcha do Inter, fui no Namastê, um Centro de Terapias e Meditações, que fica na Rua da República, em Porto Alegre. Gastei um pouco no brechó, comi empadas indianas, fiz Reiki, troquei ideias com gente bacana e de cabeça aberta e fiz uma sessão de terapia bioenergética em grupo. Muito bom! A bioenergética é como uma sessão de análise com psicólogo, só que em vez de falar, a gente também faz exercícios, alongamentos, respiração adequada pra cada momento, dança, entre outras coisas
A filosofia da bioenergética é trabalhar com as nossas couraças musculares, tudo aquilo que nosso corpo vai somatizando e com o tempo, interfere na nossa energia. A terapia busca um melhor entendimento de si mesmo através de exercícios que troquem e renovem nossas energias e para isso, precisamos conhecer nosso corpo, para usá-lo a nosso favor.
Há sessões individuais e em grupo. Nas de grupo, o objetivo é a troca de energia entre os participantes. No final, depois dos exercícios e meditação, acabamos todos dançando e nos tocando. É estranho tocar um desconhecido, abraçar, encarar, pegar a mão, tocar nas pernas, fazer massagens nos pés... Estranho também é permitir um desconhecido faça isso sem nenhum constrangimento... Começa com todo mundo desconfiado e termina com todo mundo à vontade.
Não sei se foi a bioenergética, a caminhada pelo meu time, a gripe que me encontrava no sábado ou a junção de todo isso, mas no outro dia, o corpo todo doía. Mas era uma dor boa, um cansaço gostoso, uma satisfação estranha e uma leveza mansa que me deixava alerta a tudo que se passava ao redor. Eu estava com energia para encarar outra caminhada quilométrica e as correrias do dia-a-dia.
Monday, March 30, 2009
Na minha imaginação
Na minha imaginação eu tenho dinheiro para fazer um mestrado em Londres, aliás, mês que vem estou embarcando. Na minha imaginação eu estou fazendo ciências sociais na UFRGS e tenho algum cargo no DCE da federal (mais idealista e socialista, impossível). Na minha imaginação eu não tenho um furinho de celulite na minha bunda. Eu nasci assim: com o cabelo preto e com esses seios que nunca irão sentir a lei da gravidade.
Na minha imaginação eu tenho tempo de ler todos os livros que gostaria. Ontem mesmo terminei o interminável “O Capital”, do Karl Marx. Na minha imaginação eu vou me casar com o príncipe Andrea de Mônaco, vou morar naquele país chiquérrimo, ser uma princesa de verdade e ter um ou dois amantes, que deverão ser o Leonardo Di Caprio e o Nelsinho Piquet.
Na minha imaginação eu falo seis línguas, incluindo esperanto. Já fui a primeira dançarina do Bellydance Ballet. E todo ano sou convidada para dançar no Emirados Árabes. Passei seis meses incríveis viajando como ativista do Greenpeace. Já escrevi alguns livros. Sou amicíssima do Jorge Furtado, Zeca Camargo, Nando Reis e da Xuxa. Na minha imaginação ele sempre volta...
O quê? Tô viajando demais? Então vamos para as coisas mais acessíveis...
Na minha imaginação eu sempre tenho algum troco na carteira. Minha internet nunca cai e eu sempre acordo de bom humor e bem disposta. Na minha imaginação eu estou estudando para entrar na UFRGS. Voltei a fazer italiano e consegui terminar de ler “on the Road”. Na minha imaginação eu vou ir no show do Oasis e não acho caro pagar R$ 40,00 para ver a exposição do corpo humano com cadáveres de verdade. Na minha imaginação eu sempre tenho inspiração, não sinto nenhuma dor nas aulas de balé e arraso na dança do ventre. Na minha imaginação ele sempre volta...
Mas é só na imaginação mesmo...
Na minha imaginação eu tenho tempo de ler todos os livros que gostaria. Ontem mesmo terminei o interminável “O Capital”, do Karl Marx. Na minha imaginação eu vou me casar com o príncipe Andrea de Mônaco, vou morar naquele país chiquérrimo, ser uma princesa de verdade e ter um ou dois amantes, que deverão ser o Leonardo Di Caprio e o Nelsinho Piquet.
Na minha imaginação eu falo seis línguas, incluindo esperanto. Já fui a primeira dançarina do Bellydance Ballet. E todo ano sou convidada para dançar no Emirados Árabes. Passei seis meses incríveis viajando como ativista do Greenpeace. Já escrevi alguns livros. Sou amicíssima do Jorge Furtado, Zeca Camargo, Nando Reis e da Xuxa. Na minha imaginação ele sempre volta...
O quê? Tô viajando demais? Então vamos para as coisas mais acessíveis...
Na minha imaginação eu sempre tenho algum troco na carteira. Minha internet nunca cai e eu sempre acordo de bom humor e bem disposta. Na minha imaginação eu estou estudando para entrar na UFRGS. Voltei a fazer italiano e consegui terminar de ler “on the Road”. Na minha imaginação eu vou ir no show do Oasis e não acho caro pagar R$ 40,00 para ver a exposição do corpo humano com cadáveres de verdade. Na minha imaginação eu sempre tenho inspiração, não sinto nenhuma dor nas aulas de balé e arraso na dança do ventre. Na minha imaginação ele sempre volta...
Mas é só na imaginação mesmo...
Monday, March 23, 2009
A evolução da espécie
Cerca de um mês atrás:
- Tem cinco anos que eu não dirijo, então tenha paciência e não grita!
- Tá, nunca vi, tirou a carteira e tem medo de dirigir. Liga o carro e pode ir.
- Meu Deus!
- Vira, vira a direção! O que tu tá fazendo! Vai devagar!
- Ai, eu não lembro direito! Não grita! Ai meu Deus.
- Meu Deus digo eu! Olha o que tu fez?!
- Ah, deixei o carro apagar...
- Claro pisou no freio com o pé esquerdo! Nunca vi disso!
- Eu disse que não lembrava, porra!
- Ah, tu vai voltar pra auto-escola!
Duas semanas atrás:
- Pisa devagar e larga a embreagem.
- Tá. Ai meu Deus!
- Isso. Agora freia. Arranca. Põe uma segunda. Freia. Arranca. Freia...
- Que saco isso!
- Tu tem que aprender... Então anda mais um pouco e põe uma terceira... Freia. Arranca. Não deixa o carro apag...
- Ih apagou!
- Tá vamos de novo. Tu vai subir a lomba.
- Que lomba? Não vou não!
- Sobe!!!!!!!!!!
- Ai meu Deus!!!!!!!!!!!!
- Agora tu tem que parar na esquina!
- Qual esquina?
- A que tu acabou de passar!
- Ih nem vi!
- Tem que andar mais devagar! Nunca vi, não sabe dirigir, mas sabe correr! Agora vira a aqui... Devagar, olha a árvore! Vira, vira!
- Ufa!
- Olha o cara de bicicleta!
- Ele que vá pra calçada!
Semana passada:
- Vamos no mercado. Pela avenida e na volta passamos pelos bombeiros.
- Pô são 19h! Não dá pra ir por onde não tem movimento? Tem muito carro nas ruas.
- Não. Tu não tem que ter medo dos outros carros. Tu já tá dirigindo bem, até...
- Sim, mas só ando onde não tem movimento e eu quase bati na árvore e atropelei os guris que estavam na rua ontem e tu sempre fala que corro demais...
- Mas tu já colocou o carro na garagem direitinho!
- E tu queria que eu voltasse pra auto-escola! E só tu não gritar...
- Eu não grito, é tu que fica histérica. Vamos lá...
- Fecha o vidro que eu não quero ouvir ninguém me xingando.
- Quem vai te xingar?
- Todo mundo que vê que eu estou em pânico.
- Procura um lugar pra estacionar. Veio bem, estacionou direitinho!
- Nossa, tô suando!
Ontem:
- Já tá dirigindo bem melhor!
- Será que até o final do ano, tô andando sozinha?
- Claro! É só tu não correr.
- Mas eu não corro...
- Amanhã a gente vai para algum lugar distante, deserto.
- Pra quê?
- Pra ti dar uns cavalinhos de pau!
- Ah é pai...
- Vai sim, não quis voltar pra auto-escola...
- Tem cinco anos que eu não dirijo, então tenha paciência e não grita!
- Tá, nunca vi, tirou a carteira e tem medo de dirigir. Liga o carro e pode ir.
- Meu Deus!
- Vira, vira a direção! O que tu tá fazendo! Vai devagar!
- Ai, eu não lembro direito! Não grita! Ai meu Deus.
- Meu Deus digo eu! Olha o que tu fez?!
- Ah, deixei o carro apagar...
- Claro pisou no freio com o pé esquerdo! Nunca vi disso!
- Eu disse que não lembrava, porra!
- Ah, tu vai voltar pra auto-escola!
Duas semanas atrás:
- Pisa devagar e larga a embreagem.
- Tá. Ai meu Deus!
- Isso. Agora freia. Arranca. Põe uma segunda. Freia. Arranca. Freia...
- Que saco isso!
- Tu tem que aprender... Então anda mais um pouco e põe uma terceira... Freia. Arranca. Não deixa o carro apag...
- Ih apagou!
- Tá vamos de novo. Tu vai subir a lomba.
- Que lomba? Não vou não!
- Sobe!!!!!!!!!!
- Ai meu Deus!!!!!!!!!!!!
- Agora tu tem que parar na esquina!
- Qual esquina?
- A que tu acabou de passar!
- Ih nem vi!
- Tem que andar mais devagar! Nunca vi, não sabe dirigir, mas sabe correr! Agora vira a aqui... Devagar, olha a árvore! Vira, vira!
- Ufa!
- Olha o cara de bicicleta!
- Ele que vá pra calçada!
Semana passada:
- Vamos no mercado. Pela avenida e na volta passamos pelos bombeiros.
- Pô são 19h! Não dá pra ir por onde não tem movimento? Tem muito carro nas ruas.
- Não. Tu não tem que ter medo dos outros carros. Tu já tá dirigindo bem, até...
- Sim, mas só ando onde não tem movimento e eu quase bati na árvore e atropelei os guris que estavam na rua ontem e tu sempre fala que corro demais...
- Mas tu já colocou o carro na garagem direitinho!
- E tu queria que eu voltasse pra auto-escola! E só tu não gritar...
- Eu não grito, é tu que fica histérica. Vamos lá...
- Fecha o vidro que eu não quero ouvir ninguém me xingando.
- Quem vai te xingar?
- Todo mundo que vê que eu estou em pânico.
- Procura um lugar pra estacionar. Veio bem, estacionou direitinho!
- Nossa, tô suando!
Ontem:
- Já tá dirigindo bem melhor!
- Será que até o final do ano, tô andando sozinha?
- Claro! É só tu não correr.
- Mas eu não corro...
- Amanhã a gente vai para algum lugar distante, deserto.
- Pra quê?
- Pra ti dar uns cavalinhos de pau!
- Ah é pai...
- Vai sim, não quis voltar pra auto-escola...
Wednesday, March 18, 2009
Elaboração
No dicionário, elaborar é “preparar gradualmente e com trabalho. Formar, organizar. Tornar assimilável”. De uns tempos pra cá tenho pensado muito que pra ser feliz ou ao menos tentar, é fundamental aprender a elaborar as coisas que acontecem na nossa vida.
Ano passado produzi um documentário sobre a ditadura militar. Entrevistei três gaúchos, ex-exilados políticos: Flávia Schilling, Flávio Tavares e o Flavio Koutzii. Eles passaram anos sem poder entrar no Brasil e sofreram os mais diversos tipos de torturas. As sequelas existem, mas ao serem perguntados como conseguiram depois de tudo, tocar a vida? Os três falaram em elaborar.
Os planos podem ter mudado, a vida seguiu e sabe-se lá como acontecia a tal elaboração (o que imagino ser um processo lento e de longo prazo). Os três são pessoas bem resolvidas, inteligentes e felizes. Um deles falou que é necessário elaborar até um não recebido do pai quando se é criança.
Acabei de ler um texto sobre dor de amor e lá pelas tantas estava escrito: “é necessário tempo para poder elaborar o que aconteceu e aí estar pronto para viver novamente.” Hum... Então elaborar está extremamente ligado com virar a página... Aquela história de que temos que se lembrar do nosso passado, sem ficar preso a ele.
Tento, mas não sei se tenho conseguido elaborar minha vida. Às vezes acho que sim, noutras, não. Isso que nunca fui torturada, nunca enfrentei grandes tragédias, não tenho traumas... Tenho um vazio, a falta de alguma coisa que não sei o que é... E não sei até que ponto uma coisa interfere na outra.
Ano passado produzi um documentário sobre a ditadura militar. Entrevistei três gaúchos, ex-exilados políticos: Flávia Schilling, Flávio Tavares e o Flavio Koutzii. Eles passaram anos sem poder entrar no Brasil e sofreram os mais diversos tipos de torturas. As sequelas existem, mas ao serem perguntados como conseguiram depois de tudo, tocar a vida? Os três falaram em elaborar.
Os planos podem ter mudado, a vida seguiu e sabe-se lá como acontecia a tal elaboração (o que imagino ser um processo lento e de longo prazo). Os três são pessoas bem resolvidas, inteligentes e felizes. Um deles falou que é necessário elaborar até um não recebido do pai quando se é criança.
Acabei de ler um texto sobre dor de amor e lá pelas tantas estava escrito: “é necessário tempo para poder elaborar o que aconteceu e aí estar pronto para viver novamente.” Hum... Então elaborar está extremamente ligado com virar a página... Aquela história de que temos que se lembrar do nosso passado, sem ficar preso a ele.
Tento, mas não sei se tenho conseguido elaborar minha vida. Às vezes acho que sim, noutras, não. Isso que nunca fui torturada, nunca enfrentei grandes tragédias, não tenho traumas... Tenho um vazio, a falta de alguma coisa que não sei o que é... E não sei até que ponto uma coisa interfere na outra.
Friday, March 13, 2009
Quinta-feira
Trecho do livro "Comer, rezar, amar", de Elizabeth Gilbert:
... o patrono das crianças nascidas em quintas-feiras é Shiva, o Destruidor, e o dia tem dois espíritos-guias animais: o leão e o tigre. A árvore oficial das crianças nascidas em quintas-feiras é a figueira-de-bengala. Seu pássaro oficial é o pavão. Quem nasceu em uma quinta-feira é sempre o primeiro a falar, sempre interrompe todos os outros, pode ser um pouco agressivo, tende a ser bonito ("um homem-objeto ou uma mulher-objeto"), mas, de forma geral, tem um caráter decente, com uma memória excelente e um desejo de ajudar os outros.
Hum... Será verdade? Eu nasci numa quinta-feira.
... o patrono das crianças nascidas em quintas-feiras é Shiva, o Destruidor, e o dia tem dois espíritos-guias animais: o leão e o tigre. A árvore oficial das crianças nascidas em quintas-feiras é a figueira-de-bengala. Seu pássaro oficial é o pavão. Quem nasceu em uma quinta-feira é sempre o primeiro a falar, sempre interrompe todos os outros, pode ser um pouco agressivo, tende a ser bonito ("um homem-objeto ou uma mulher-objeto"), mas, de forma geral, tem um caráter decente, com uma memória excelente e um desejo de ajudar os outros.
Hum... Será verdade? Eu nasci numa quinta-feira.
Friday, March 06, 2009
Primeiro dia de aula
Ontem foi meu primeiro dia de aula de balé, na turma de balé para adultos iniciantes. Sim, eu resolvi aprender balé clássico com 23 anos. Ou seja, com uns 15, 18 anos de atraso. O que segundo a professora, se eu não quiser ser a 1ª bailarina do Bolschoi, não é problema.
Eu e meus colegas (uma moça e um rapaz) estávamos tensos e nervosos, como em qualquer primeiro dia de alguma coisa nova. A professora falou inúmeras vezes: relaxem, relaxem, relaxem... Depois de exercícios básicos de balé, ficamos um bom tempo fazendo alongamento para relaxarmos.
No final, tinha adorado a aula. Engraçado é que essa dança nunca me atraiu, nem quando criança, não achava bonito e tinha certeza de que não era pra mim. Só que de uns anos pra cá, por causa da dança do ventre, comecei a me interessar.
Com o balé, me tornaria uma dançarina do ventre melhor. A postura, os giros e a ponta de pé (dança do ventre também é feita na ponta do pé, só que descalço) melhorariam. Ontem, apesar do objetivo bem específico na minha cabeça, estava tensa. Balé assusta pela disciplina, rigidez e dedicação que exige em seu aprendizado.
Não pretendo ser a 1ª bailarina do Bolschoi, aliás, acho que nunca vou me apresentar dançando balé, mas e se eu não me adaptar com essa postura tão rígida, diferente da dança que já estudo quatro anos? Bom se eu não me adaptar eu paro e a postura, os giros e a ponta de pé na dança do ventre ficam como estão.
Hoje eu acordei com dor no corpo todo (a professora disse que isso aconteceria). Dói os ombros, os braços, a barriga, as pernas, a bunda, até meu dedão do pé direito está doendo! Parece que fiz uma aula de musculação e excedi no peso. E pensar que foi o balé, essa dança (aparentemente) tão leve e delicada, que me deixou assim. Mas pior é pensar que foi só a primeira aula!
Agora preciso comprar uma sapatilha mais resistente, ensaiar umas posições de ponta de pé (tivemos tema de casa), dar uma pesquisada na história dessa dança, tomar relaxantes musculares,torcer para (um dia) ficar com um corpo de bailarina e aceitar que com 23 anos na cara me rendi ao balé.
Eu e meus colegas (uma moça e um rapaz) estávamos tensos e nervosos, como em qualquer primeiro dia de alguma coisa nova. A professora falou inúmeras vezes: relaxem, relaxem, relaxem... Depois de exercícios básicos de balé, ficamos um bom tempo fazendo alongamento para relaxarmos.
No final, tinha adorado a aula. Engraçado é que essa dança nunca me atraiu, nem quando criança, não achava bonito e tinha certeza de que não era pra mim. Só que de uns anos pra cá, por causa da dança do ventre, comecei a me interessar.
Com o balé, me tornaria uma dançarina do ventre melhor. A postura, os giros e a ponta de pé (dança do ventre também é feita na ponta do pé, só que descalço) melhorariam. Ontem, apesar do objetivo bem específico na minha cabeça, estava tensa. Balé assusta pela disciplina, rigidez e dedicação que exige em seu aprendizado.
Não pretendo ser a 1ª bailarina do Bolschoi, aliás, acho que nunca vou me apresentar dançando balé, mas e se eu não me adaptar com essa postura tão rígida, diferente da dança que já estudo quatro anos? Bom se eu não me adaptar eu paro e a postura, os giros e a ponta de pé na dança do ventre ficam como estão.
Hoje eu acordei com dor no corpo todo (a professora disse que isso aconteceria). Dói os ombros, os braços, a barriga, as pernas, a bunda, até meu dedão do pé direito está doendo! Parece que fiz uma aula de musculação e excedi no peso. E pensar que foi o balé, essa dança (aparentemente) tão leve e delicada, que me deixou assim. Mas pior é pensar que foi só a primeira aula!
Agora preciso comprar uma sapatilha mais resistente, ensaiar umas posições de ponta de pé (tivemos tema de casa), dar uma pesquisada na história dessa dança, tomar relaxantes musculares,torcer para (um dia) ficar com um corpo de bailarina e aceitar que com 23 anos na cara me rendi ao balé.
Wednesday, March 04, 2009
Guri
Deus do céu, me senti uma corruptora de menores. Apesar dele não ser, exatamente, menor de idade. Mas a recém entrou na faculdade “estou no primeiro período”. E curte música sertaneja! Esse sertanejo novo, tal de universitário. Na balada começou a tocar Deep Purple, eu estava cantarolando e ele me pergunta “que música é essa?”!
Ele é novinho, com o tempo vai ficar no ponto, pensava o tempo todo. Logo eu, que gosto de homens mais velhos... Antes de entrar no carro dele, quer dizer, da mãe dele, me certifico se o moço sabe dirigir. “A carteira é provisória, mas claro que sei”. Um guri com carteira provisória, carro da mãe, CDs de sertanejo e lindo de morrer me levando sei-lá-pra-onde numa madrugada de sábado em uma cidade que eu não conheço. Que perdição!
Ah! Vamos num baile de carnaval no clube da cidade... Ele quer me exibir para os amigos tão piás quanto ele. Que situação. Ele é novinho, ele é novinho, ele é novinho (virou mantra). Pena que não vou ver ele “virar homem”, ter o orgulho dos 20, a certeza dos 30 e o charme dos 40...
Uma vez ouvi minha tia falar que uma mulher tem que ficar com homens mais velhos, mas em alguns momentos, abrir exceções e se entregar aos mais novos, porque só eles nos olham com encantamento, nos acham mulherões e não tem medo de demonstrar uma certa insegurança... Me senti uma corruptora de menores, mas antes de qualquer coisa, eu era a turista querendo diversão com um nativo.
Ele é novinho, com o tempo vai ficar no ponto, pensava o tempo todo. Logo eu, que gosto de homens mais velhos... Antes de entrar no carro dele, quer dizer, da mãe dele, me certifico se o moço sabe dirigir. “A carteira é provisória, mas claro que sei”. Um guri com carteira provisória, carro da mãe, CDs de sertanejo e lindo de morrer me levando sei-lá-pra-onde numa madrugada de sábado em uma cidade que eu não conheço. Que perdição!
Ah! Vamos num baile de carnaval no clube da cidade... Ele quer me exibir para os amigos tão piás quanto ele. Que situação. Ele é novinho, ele é novinho, ele é novinho (virou mantra). Pena que não vou ver ele “virar homem”, ter o orgulho dos 20, a certeza dos 30 e o charme dos 40...
Uma vez ouvi minha tia falar que uma mulher tem que ficar com homens mais velhos, mas em alguns momentos, abrir exceções e se entregar aos mais novos, porque só eles nos olham com encantamento, nos acham mulherões e não tem medo de demonstrar uma certa insegurança... Me senti uma corruptora de menores, mas antes de qualquer coisa, eu era a turista querendo diversão com um nativo.
Thursday, February 19, 2009
Curitiba e Floripa
Passei o final de semana passado em Curitiba. Fui visitar uma amiga que está morando lá e sábado (14) estava fazendo aniversário. Então uni o útil ao agradável e lá fui eu passar frio naquela cidade até então desconhecida. E que frio passei! Eu e a Ana nos divertimos e rimos muito. Ela disse que foi o melhor aniversário da sua vida. Que bom! Quanto a cidade, Curitiba é limpíssima, organizada e bem sinalizada, agora, achei o trânsito um caos total, medo até de atravessar a rua. Para fechar com chave de ouro (ou com mais uma história que vai render muitas gargalhadas), minha amiga errou feio o caminho do aeroporto no domingo à noite. E eu nunca tinha visto ela tão nervosa. Estava louca pra rir (um pouco porque também fiquei nervosa com medo de perder o vôo), mas não ri, ela iria ficar puta comigo. Não é por mal, mas é inevitável. E também sei que ela sempre vai dar risada quando se lembrar que eram 3h da manhã (lá a balada começa e termina cedo), quando me encontrou sentada no corredor do prédio que mora, sem sandália, com frio e com medo de entrar em casa e acordar os pais dela... A sorte foi que cheguei antes dela, porque eu estava com a chave. Mas isso é outra história.
Comprei o falado livro “Comer, rezar, amar”, de Elizabeth Gilbert. Estava louca para ler já tem um tempo, mas ando com medo de best sellers, desde que comprei o último e detestei, no caso, “O Código da Vinci”. Queria algo para ler em Florianópolis, onde irei passar a semana do carnaval. Claro que não resisti e já comecei a ler. As primeiras 40 páginas já me conquistaram, inclusive marquei passagens que sei que vou reler várias vezes. E como é bom o cheiro de livro novo.
Estou indo passar a semana em Florianópolis com meus pais. Faz muito tempo que não viajo com eles. Acho que vai ser divertido. Meu irmão vai ficar por causa do trabalho, coisa inédita. Quero só ver, ainda hoje ele perguntou o que faz com as roupas sujas!? E lá tem meus primos e meus tios. As férias em Floripa sempre renderam boas lembranças. E quando eu voltar, tenho que dar um jeito na vida, porque viver só de frila tá me deixando louca, é muita insegurança. Quero um emprego de verdade, com tudo que tenho direito, férias e décimo terceiro, por exemplo. E sim, com muito trabalho também.
Comprei o falado livro “Comer, rezar, amar”, de Elizabeth Gilbert. Estava louca para ler já tem um tempo, mas ando com medo de best sellers, desde que comprei o último e detestei, no caso, “O Código da Vinci”. Queria algo para ler em Florianópolis, onde irei passar a semana do carnaval. Claro que não resisti e já comecei a ler. As primeiras 40 páginas já me conquistaram, inclusive marquei passagens que sei que vou reler várias vezes. E como é bom o cheiro de livro novo.
Estou indo passar a semana em Florianópolis com meus pais. Faz muito tempo que não viajo com eles. Acho que vai ser divertido. Meu irmão vai ficar por causa do trabalho, coisa inédita. Quero só ver, ainda hoje ele perguntou o que faz com as roupas sujas!? E lá tem meus primos e meus tios. As férias em Floripa sempre renderam boas lembranças. E quando eu voltar, tenho que dar um jeito na vida, porque viver só de frila tá me deixando louca, é muita insegurança. Quero um emprego de verdade, com tudo que tenho direito, férias e décimo terceiro, por exemplo. E sim, com muito trabalho também.
Tuesday, February 17, 2009
Fresca
Dificilmente alguém irá me ver sem as unhas pintadas. E sem rímel. Sem meus anéis também. É mais fácil esquecer de colocar roupa do que dos anéis. Talvez eu seja um pouco fresca.
Não me considero feminista. Espero direitos iguais. Mas quero que os homens não deixem a gentileza de lado. Que troquem a lâmpada, que abrem a porta do carro e que puxem a cadeira para a gente sentar. Acho que ser tratada como sexo frágil, de vez em quando, tem lá seu romantismo e dá menos trabalho para as mulheres. Talvez eu seja fresca.
Fazer o quê se eu tenho medo de baratas? Tá, é pavor mesmo. Esses insetos não são nojentos. São assustadores, apavorantemente assustadores. Eu encaro leão, cobra, assaltante, trânsito caótico, moralismo de gente chata, pagode e balada com música eletrônica... Mas da barata eu saio correndo, sempre. Sei que sou fresca.
Faço drama por pouca coisa. Tempestade em copo da água. Não gosto de sair de casa quando aparece alguma espinha no meu rosto. Morria de vergonha por não ter peito. Acho saia a roupa mais feminina do mundo. Sonho com contos de fadas... Sou fresca, sim, mas sem muita frescura.
Não me considero feminista. Espero direitos iguais. Mas quero que os homens não deixem a gentileza de lado. Que troquem a lâmpada, que abrem a porta do carro e que puxem a cadeira para a gente sentar. Acho que ser tratada como sexo frágil, de vez em quando, tem lá seu romantismo e dá menos trabalho para as mulheres. Talvez eu seja fresca.
Fazer o quê se eu tenho medo de baratas? Tá, é pavor mesmo. Esses insetos não são nojentos. São assustadores, apavorantemente assustadores. Eu encaro leão, cobra, assaltante, trânsito caótico, moralismo de gente chata, pagode e balada com música eletrônica... Mas da barata eu saio correndo, sempre. Sei que sou fresca.
Faço drama por pouca coisa. Tempestade em copo da água. Não gosto de sair de casa quando aparece alguma espinha no meu rosto. Morria de vergonha por não ter peito. Acho saia a roupa mais feminina do mundo. Sonho com contos de fadas... Sou fresca, sim, mas sem muita frescura.
Tuesday, February 10, 2009
Ironic
Acabei de chegar do show da Alanis Morissette, realizado no Pepsi on Stage (infelizmente!). Adorei o show, achei ela uma simpatia e detestei o calor que me fez consumir litros e litros de água e Pepsi, pois chegou uma hora que minha pressão estava no pé! Fazia tempo que não via tanta gente passando mal num show. Ali no Pepsi, foi a primeira vez.
E desta vez levei a máquina! Tô cansada de ir em show bacana e voltar sem nenhuma foto. A ironia? As fotos ficaram ruins... Essa que está aqui é a melhorzinha. Ah, mas é um saco ir num show sozinha, ter que cuidar da bolsa, do dinheiro, do celular, não poder ir no banheiro porque não tem ninguém pra guardar o teu lugar, nem ninguém pra comentar o que está vendo... E ainda ter tirar foto.
Me concentrava em tirar fotos mais ou menos (sim, meus talentos fotográficos são bem limitados) ou me concentrava em curtir o show! Não preciso nem dizer o que eu prefiro... Abaixo, a letra da minha música preferida da canadense.
Ironic
An old man turned ninety-eight
He won the lottery and died the next day
It's a black fly in your Chardonnay
It's a death row pardon two minutes too late
Isn't it ironic... don't you think
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures
Mr. Play it Safe was afraid to fly
He packed his suitcase and kissed his kids good-bye
He waited his whole damn life to take that flight
And as the plane crashed down he thought
"Well, isn't this nice."
And isn't it ironic ... don't you think
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures
Well life has a funny way
of sneaking up on you when you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny way
of helping you out when you think everything's gone wrong and everthing blows up in your face
A traffic jam when you're already late
A no-smoking sign on your cigarette break
It's like 10,000 spoons when all you need is a knife
It's meeting the man of my dreams
And then meeting his beautiful wife
And isn't it ironic... don't you think
A little too ironic.. and yeah I really do think...
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures
Well life has a funny way of sneaking up on you
And life has a funny, funny way of helping you out
Helping you out
Sunday, February 08, 2009
Seis coisas sobre mim
A Nina me chamou para participar do Meme "Seis Coisas Sobre Mim". Esse é o segundo que participo. Colo o selinho (não sei se é obrigatório, mas é bonitinho), depois escrevo seis coisas sobre mim e por fim, indico os links de seis blogs de amigos que farão o mesmo.
1. Sou quieta, na minha, gosto de observar e de ouvir e, depois escrever...
2. Cada vez escuto menos rádios FMs (com exceção da Gaúcha), não gosto de quase nenhuma música que toca (salve as da Ipanema). Confio mais nos meus CDs;
3. Não gosto de dirigir, é muito estressante e me acho muito distraída pra isso;
4. Adoro cachorros. Uma das minhas alegrias é uma vira-lata, puríssima, que atende por @.cao;
5. Sempre tenho que ter um livro que ainda não li em casa, pra saber que terei o que ler quando acabar o que estou lendo no momento. Por isso, às vezes compro um livro e só leio meses, anos depois;
6. Odeio limpar a casa, varrer, tirar pó... Só gosto de lavar louça.
Aí estão os seis amigos blogueiros que vão continuar o Meme:
Fabiana - Vicissitude do Ser
Júnior - Clandestino
Jac - Velhos vícios
Lú - Después te explico
Vanessa - Carismática da insolência
Tati - Tatiele shape
Friday, January 30, 2009
Ele
Pela pose de homem sério, ele deixa escapar uma criança. Uma criança curiosa e observadora, que faz pergunta do tipo: “Será que existe algum Francisco que não seja chamado de Chico?”
Ele rouba Todynho do sobrinho e ainda compra brinquedos. E não tem o menor receio de afirmar que sim, os brinquedos são para ele. Não vê a hora de chegar em casa para montar o tal brinquedo novo.
Por trás dos óculos, há um distraído. Aquele tipo de distraído que está sempre concentrado nas coisas subjetivas e não nas práticas, por isso nunca lembra onde largou o celular, a carteira, a chave do carro... Aliás, será que o carro foi fechado?
É do jeitinho que eu gosto (loiro de olhos azuis!) Ele gosta de praia, detesta maconha e não come lentilha. É colorado e adora aviões. Toma chá numa caneca vermelha, tem uma letra quase indecifrável e uma mesa bagunçada...
Eu não sei o motivo, mas ele é o tipo de pessoa que eu gostaria de ter na minha vida.
Ele rouba Todynho do sobrinho e ainda compra brinquedos. E não tem o menor receio de afirmar que sim, os brinquedos são para ele. Não vê a hora de chegar em casa para montar o tal brinquedo novo.
Por trás dos óculos, há um distraído. Aquele tipo de distraído que está sempre concentrado nas coisas subjetivas e não nas práticas, por isso nunca lembra onde largou o celular, a carteira, a chave do carro... Aliás, será que o carro foi fechado?
É do jeitinho que eu gosto (loiro de olhos azuis!) Ele gosta de praia, detesta maconha e não come lentilha. É colorado e adora aviões. Toma chá numa caneca vermelha, tem uma letra quase indecifrável e uma mesa bagunçada...
Eu não sei o motivo, mas ele é o tipo de pessoa que eu gostaria de ter na minha vida.
Sunday, January 18, 2009
Escuta
Estava lendo uma reportagem sobre o silêncio na edição 83 da revista TPM. Na abertura da matéria, há um frase do Guimarães Rosa (autor do Grande Sertão: Veredas) assim: “A gente quer se afastar de si próprio... Por isso é que muito se fala. (...) O silêncio é a gente mesmo, demais.” Grande sacada!
Isso mesmo. O silêncio nos obriga a conversar com nós. A excelente reportagem, que ouviu psicólogos, sociólogos e pessoas que estão em constante comunicação, afirma que nos dias atuais é cada vez mais raro vivermos off. Falamos pessoalmente, nos telefones, nas mensagens de celular, na internet e em todas as outras coisas que o meu analfabetismo tecnológico desconhece (graças a Deus!).
Acredito que o momento de polifonia que vivemos é o reflexo da nossa realidade. Andy Warhol já previa os 15 minutos de fama e o mundo levou a sério. Todo mundo tem que fazer barulho. Afinal existe melhor maneira de chamar atenção? Temos que falar, gritar, berrar, sermos vistos, apelar, imitar o que vimos e tentar de alguma maneira lançar moda, tendências, durar mais do que os efêmeros 15 minutos.
Só tentativa. Nessa ânsia toda, quem nos escuta? Não era assim a tal torre de Babel, todos falam, cada um uma coisa, muito se ouve, pouco se escuta, nada se entende... E matamos o que não entendemos, prematuramente até, pois falta tempo de tentar e querer entender.
E o pior de tudo, é que com essa confusão toda, desaprendemos a ouvir, perdemos esse hábito primário e acabamos por não escutar nem a gente mesmo. No final fica o silêncio, mas o silêncio vazio. O silêncio que não nos oferece nem uma conversa com nós mesmo e só mostra o como somos insignificantes.
Isso mesmo. O silêncio nos obriga a conversar com nós. A excelente reportagem, que ouviu psicólogos, sociólogos e pessoas que estão em constante comunicação, afirma que nos dias atuais é cada vez mais raro vivermos off. Falamos pessoalmente, nos telefones, nas mensagens de celular, na internet e em todas as outras coisas que o meu analfabetismo tecnológico desconhece (graças a Deus!).
Acredito que o momento de polifonia que vivemos é o reflexo da nossa realidade. Andy Warhol já previa os 15 minutos de fama e o mundo levou a sério. Todo mundo tem que fazer barulho. Afinal existe melhor maneira de chamar atenção? Temos que falar, gritar, berrar, sermos vistos, apelar, imitar o que vimos e tentar de alguma maneira lançar moda, tendências, durar mais do que os efêmeros 15 minutos.
Só tentativa. Nessa ânsia toda, quem nos escuta? Não era assim a tal torre de Babel, todos falam, cada um uma coisa, muito se ouve, pouco se escuta, nada se entende... E matamos o que não entendemos, prematuramente até, pois falta tempo de tentar e querer entender.
E o pior de tudo, é que com essa confusão toda, desaprendemos a ouvir, perdemos esse hábito primário e acabamos por não escutar nem a gente mesmo. No final fica o silêncio, mas o silêncio vazio. O silêncio que não nos oferece nem uma conversa com nós mesmo e só mostra o como somos insignificantes.
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