Monday, October 26, 2009

Das coisas que eu não entendo

Não me sinto mais vazia. O monstro que corroia meu estômago e minha paz está domesticado. E pela primeira vez na vida eu estou gostando sem sofrer. Não que eu esteja sendo correspondida, porque tô bem confusa quanto a isso... Malditos librianos!

Mas gostar e não sofrer me deixa bem feliz. E conviver com você e com a vontade louca que eu tenho de te agarrar e te encher de beijo, tudo isso de uma maneira bem civilizada também me deixa bem feliz.

Eu nunca escrevi tanto a palavra feliz com um real motivo (feliz) como agora. Não foi fácil domesticar o bicho, mas conviver com ele durante o tempo que eu perdia a vontade de tudo, foi fundamental pra mim ser o que eu sou hoje. Uma pessoa feliz, com consciência disso, o que é muito melhor. Até porque nunca fui uma retardada que achou que o mundo era a Disneylândia e vida cor-de-rosa.

Simplesmente me dei conta que a gente continua, que depressão passa, que doenças se curam, que o mundo gira e coisas incríveis acontecem mesmo quando a gente tá olhando tudo de canto. Então o melhor a fazer é entrar na dança, participar, se jogar, sair do armário, cair de boca, chutar o balde...

Eu não entendia o vazio que carregava. Não entendo essa sensação de que tá tudo bem. Sei que ainda não rola o mestrado na Europa, mas é só eu trabalhar, juntar grana, estudar que um dia rola. E eu não preciso surtar com isso desde agora. Sim, o tempo dá um jeito nas coisas, pelo menos na gente, nos trazendo pessoas e coisas que preenchem o vazio.

Nunca tive num momento tão “deixo a vida me levar”, mas confesso que todos os dias que rezo para que ela me leve até aquele homem lindo, inteligente, com ares de menino e a responsabilidade de ser mestre. O fato de eu não estar sofrendo por causa disso, não significa que eu esteja entendendo o que se passa aqui dentro.

“Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir que você me adora, que me acha foda. Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora”
Me adora - Pitty

Thursday, October 22, 2009

O achado do dia

Olhem que tudo essa frase do Caio Fernando Abreu:

“Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo – deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco”
Caio Fernando Abreu


Achei no meio do livro “Abismos e Vertigens”, da Carol Teixeira. Um livro de crônicas, bem leve. Essa frase tava lá, no meio de um texto sobre o Cazuza. Adorei, a frase e o texto.

Li poucas coisas sobre o Caio Fernando Abreu e não sei o motivo. Tenho uma amiga que ama e sempre me fala dos livros dele. Bom, essa frase me inspirou e eu já tô pensando que assim que acabar o livro da Carol e o do Mário Prata que também estou lendo, vou para uma fase Caio Fernando Abreu.

Friday, October 16, 2009

Matei uma barata

De verdade, eu matei uma barata. Eu sei que tem gente que leu esse título e achou que era total ficção. Mas não. Matei mesmo!

Foi hoje este fato extraordinário. Cheguei em casa e não tinha ninguém. Quando abri a janela do meu quarto senti o vento do vôo rasante de um animal marrom não identificado.

Mas logo o bicho aterrissou no chão do meu quarto e eu reconheci o barulho inconfundível que as baratas fazem. Meus Deus! E agora? Grito? Pulo a janela? Choro? Chamo os bombeiros? O veneno tava na área, na rua, se fosse pegar daria chance para o inseto desprezível se esconder e vim me aterrorizar durante a noite. Não dava.

Estava presa no meu próprio quarto, com aquele bicho trancando a saída. Foi então que num ato de extrema coragem me vi pegando um sapato do chão (salve as Havaianas), cheguei perto (mas não muito, claro) e deu uma chinelada! E acertei.

Dei várias chineladas no bicho, com todo o meu ódio. Até sair aquela melequinha amarela e nojenta que é a certeza de que a barata não irá ressuscitar. Pronto. Matei uma barata. Apesar de tremendo, fiquei orgulhosa de mim mesma!

Lembrei de uma psicóloga que ia, quando contei do meu pânico de baratas, ela afirmou que isso estava totalmente ligado com a minha depressão. Que o pavor de barata era o mesmo pânico e medo pela vida e suas coisas banais que essa doença gera. Não sei se isso é verdade, sei que pensei mais uma vez, que sim, estou curada.

Sai do quarto, fechei a porta (pra garantir não ser surpreendida) e liguei para o meu pai, pra ele vim logo e tirar o defunto do meu quarto. Enquanto ele não chegava, eu andava pela casa, afinal eu matei uma barata e a ali jazia todas as baratas que tanto me aterrorizaram.

Monday, October 12, 2009

Eu queria te fazer carinho

Depois de alguns minutos olhando para a tela do computador, mais especificamente, para a janela aberta do MSN, me perguntando “escrevo ou não escrevo?”... Maldita indecisão... Digitei lá “eu queria te fazer carinho”.

Agora era só esperar a resposta. O pior eu tinha feito. Tinha falado diretamente! Bem claro. Pelo menos disso, dessa vez, você não poderia me culpar nessa nossa história maluca e cheia de mal-entendidos, de coisas não ditas, de mensagens dúbias. Se não respondesse porque gostou, iria responder porque estava gripado e isso deixa as pessoas carentes.

Mas você não respondeu. Nem me deu tchau. Apenas de uma hora para outra, apareceu off line. Maldita decisão. Antes eu continuasse perdida entre o querer e o fazer. E eu duvido que a conexão tenha caído. Que ódio de você, moço. Tá fazendo isso pra aparecer né? Deve estar se achando a última bolacha recheada do pacote. Pra seu governo, tem anos que não como bolacha recheada. E não é agora que vou comer!

Respirei fundo, você não vai acabar com meu humor. Ninguém mandou eu falar demais, no caso, escrever. E isso é muito bom para que eu aprenda a não falar das minhas vontades e sentimentos com pessoas que simplesmente não tem a capacidade de compreendê-los.

Estou muito mudada e diria até, madura. Se fosse uns anos atrás, na hora eu teria te ligado e te xingado. Agora não, pra quê? Eu queria te fazer carinho, ah, como eu queria. Mas você preferiu aparecer e não me deu a mínima. Então eu pego o meu orgulho de leonina ferido, abro um documento no word e escrevo sobre isso, com a certeza de que um dia vou ganhar dinheiro contado histórias sobre o babaca que você foi.

Sunday, October 11, 2009

Uma união

Ontem à noite fui no casamento de um casal de amigos. Os dois têm 24 anos. Eles namoraram 10 anos antes de casar. E eu lembro da minha amiga com seus 16, 17 anos falando como seria seu casamento. Ontem no casamento, eu chorei.

Não que chore em casamento, aliás, de todos os ritos de passagem, essa cerimônia talvez seja a que menos aprecie. Mas foi impossível não ficar emocionada. Eles são tão jovens e já estão há tanto tempo juntos.

E acompanhei essa história. Eles estudando para provas do colégio, eles prestando vestibular, as conversas na faculdade, as indecisões sobre o que fazer, as aulas na auto-escola, as tardes no shopping... Vi esse casal crescer, porque cresci junto com eles.

E chorei também porque por mais cética e descrente que seja em relação aos sentimentos, sei que ali existe muito amor. Já existia quando eles eram apenas adolescentes e ainda existe no homem e na mulher que se tornaram. E sei que continuará existindo na família que irão construir.

E que cerimônia linda, simples, intimista, feliz. Que pessoas felizes, alegres e abençoadas que estavam lá. E que festa! Como eu dancei, como todos dançaram e se divertiram e celebraram uma união.

Aos noivos que estão curtindo a lua de mel no Rio de Janeiro, eu desejo toda a felicidade do mundo e ainda, mais amor. E que eles continuam fazer pessoas como eu chorarem ao se dar conta que o amor é muito mais simples e presente do que suponho.

Tuesday, October 06, 2009

E daí?

- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.

Clarice Lispector


Eu tenho piercing no mamilo. E daí?
Eu tenho mais de 10 tatuagens. E daí?
Eu gosto de beber. E daí?
Eu sou vegetariana. E daí?
Eu já fiquei com alguém que tinha namorada. E daí?
Eu tomo porres homéricos. E daí?
Eu faço dança do ventre. E daí?
Eu já tomei Ecstasy. E daí?
Eu já dei no primeiro encontro. E daí?
Eu pinto meu cabelo. E daí?
Eu tenho silicone. E daí?
Eu invento desculpas esfarrapadas. E daí?
Eu leio Paulo Coelho. E daí?
Eu me masturbo. E daí?
Eu danço funk. E daí?
Eu me faço de vítima. E daí?
Eu mato aula. E daí?
Eu agüento as conseqüências.