Friday, November 29, 2013

O bom e velho New Journalism



A melhor coisa dessas férias forçadas é ter tempo para ler. Ando lendo, em média, três livros por semana e ontem terminei a leitura de Fama e Anonimato, do Gay Talese.
Talese, junto Truman Capote e Tom Wolfe é um dos grandes nomes do New Journalism, gênero que surgiu na década de 60, nos Estados Unidos. No Brasil, foi chamado de Jornalismo Literário e a extinta revista Cruzeiro é referência até hoje neste gênero.

Sabem aquelas reportagens amplas, descritivas, com diversas abordagens sobre o tema, onde é possível imaginar cada detalhe do que está sendo noticiado, que muitas vezes parecem histórias de ficção? Isso é Jornalismo Literário, não e à toa que há inúmeros livros desse gênero como A Sangue Frio (Truman Capote), A fogueira das vaidades (Tom Wolfe), Os Machões não Dançam (Norman Mailer) e os brasileiros A milésima segunda noite na avenida paulista (Joel Silveira) e 1968 – O ano que não terminou (Zuenir Ventura), só para citar alguns.
A obra de Talese explora os habitantes de Nova York da década de 60, anônimos e famosos. Os operários que trabalharam na construção da ponte Verrazzano-Narrows, o escritor dos obituários do New York Times, o resfriado do Frank Sinatra, a vida solitária do ex-jogador de beisebol Joe DiMaggio, após a morte de Marilyn Monroe, com quem fora casado e até a existência de uma segunda Estátua da Liberdade... Está tudo lá.

Ao ler as histórias tão corriqueiras e ao mesmo tempo únicas, é impossível não admirar o espírito de observação aguçado de Talese, tão lembrado nas universidades de jornalismo e cada vez mais esquecido.
Gostaria muito de ter sido do tempo em que era possível trabalhar semanas em uma mesma reportagem, estudar o assunto, procurar fontes adequadas... As fontes de hoje, muitas vezes, não agências de notícias, pesquisas são feitas em redes sociais e sites de busca.

A gente sempre escuta que lugar de jornalista e na rua (procurando uma boa história para contar), só que cada vez vamos menos para a rua. Com isso, se economiza sola de sapato, mas se perde o faro, essencial para captar histórias únicas.

Monday, November 25, 2013

TAG: uma palavra só


Então, está rolando a TAG: uma palavra só nos blogs da vida. Resolvi responder, sempre é divertido. E não comentei nada, apenas uma palavra mesmo. Segue as perguntas e as respostas.

1) Onde está seu celular? Aqui
2) Seu parceiro? Interior
3) Seu cabelo? Grosso
4) Sua mãe? Forte
5) Seu pai? Generoso
6) Seu objeto preferido? Livro
7) Seu sonho da noite passada? Esqueci
8) Sua bebida predileta? Vinho
9) O carro dos seus sonhos? Nenhum
10) O quarto onde você está nesse momento? Sala
11) Seu ex? Passado
12) Seu medo? Perder
13) O que você deseja ser em 10 anos? Melhor
14) Com quem você passou a noite passada? Sozinha
15) O que você não é? Gremista
16) O que você fez por último? Pensei
17) O que você está usando? Roupa
18) Livro predileto? Vários
19) A última coisa que você comeu? Almoço
20) Sua vida? Surpreendente   
21) Seu humor? Instável
22) Seus amigos? Fundamentais
23) Em que você está pensando nesse momento? Nisso
24) O que você esta fazendo nesse momento? Escrevendo
25) Seu verão? Bom
26) O que está passando na sua TV? Desligada
27) Quando você sorriu pela última vez? Agora
28) Quando você chorou pela última vez? Hospital
29) Escola? Acabou
30) O que você está escutando nesse momento? Música
31) Atividade predileta dos finais de semana? Dormir
32) Profissão dos seus sonhos? Jornalista
33) Seu computador? Necessário
34) Do lado de fora da sua janela? Sol
35) Cerveja? Sim
36) Comida mexicana? Pouco
37) Inverno? Detesto
38) Religião? Espírita
39) Férias? Viagem
40) Em cima da sua cama? Bagunça
41) Amor? Fé

Sunday, November 24, 2013

Pílula, nada mágica



Eu era uma defensora da pílula anticoncepcional. Comecei usar com 19 anos e durante todo esse tempo até os 28, fiz poucos intervalos, apenas quando necessário. E nunca tive problemas com ganho ou perca de peso, varizes, cólicas... Até ter a trombose.

Me julguem, mas nunca confiei apenas em camisinha. Sempre pensava que eu tinha que fazer alguma coisa por mim e por isso, defendia o anticoncepcional. Teve meses, principalmente no verão que emendava o uso, apenas para não ficar menstruada naquele mês e perder a praia. Também já tomei pílula do dia seguinte, quando esquecia o anticoncepcional e transava no período fértil.

Ambas atitudes são um veneno, pois aumentam muito a quantidade de hormônios ingeridos. Esses comportamentos misturados com outros fatores como cigarro e vida sedentária ou simplesmente azar, aumentam a incidência de tromboses venosas, isquemias cerebrais, infartos, entre outras doenças graves. Eu só fui saber disso no hospital, quando me tornei mais uma nas estatísticas.

No começo, eu não quis saber nada sobre a TVP, não queria me assustar, não queria me influenciar, me contentava com o que o médico dizia. Mas comecei ouvir outros casos, pessoas me falavam que conheciam alguém-amiga-da-fulana-sei-lá-de-quem que teve também. Então, um dia digitei lá no google “trombose e anticoncepcional” e veio muita coisa. Divulgam que a incidência é de 10 casos para 10 mil mulheres, mas parece ser muito mais.

Em países da Europa, o uso da pílula está sendo proibido, há inúmeros processos judiciais contra os fabricantes dos anticoncepcionais movidos por mulheres que se sentiram lesadas e enganadas (e sim, a gente se sente), fora os casos de mulheres que morrem precocemente por embolia, AVCs... Nem sabem o motivo e os familiares lamentam a fatalidade.

Só que isso faz a gente se dar conta que o buraco é bem mais embaixo. Há toda uma indústria farmacêutica que lucra milhões com a venda dos anticoncepcionais, há ginecologistas que também se beneficiam disso (afinal é bem mais fácil orientar uma mulher, lhe dar uma receita e deixar tudo por conta dela). Há ainda a mídia que além de abafar tudo isso, vende a pílula como a “lei Áurea” da vida sexual das mulheres.

Tenho uma amiga que diz que tomamos remédio para concertar uma coisa e estragar duas. Talvez seja real, embora triste. Ainda acho a pílula um método anticoncepcional eficiente, mesmo que nunca mais vá tomar uma, o que lamento profundamente é a falta de informação. A falta de opção que os ginecologistas nos dão, pois entre a nossa escolha e a indústria farmacêutica, há a nossa vida e com isso não dá para arrumar uma coisa e estragar duas.

Tuesday, November 19, 2013

Inesperado



Tive uma Trombose Venosa Profunda recentemente. Sim, com 28 anos. Foram 10 dias hospitalizada, dos quais quatro passei sem poder sair da cama. Tive alta no começo de novembro. Embora eu pense que estou lidando muito bem com tudo isso, não sei o impacto que tudo isso teve para mim.

Sim, não foi nada grave e não precisei de nenhum procedimento cirúrgico porque descobri bem no começo. Também, sei que é clichê falar que pensei muito na vida neste período. É natural que se reflita sobre isso num hospital.

Eu faço parte daqueles abençoados que amam o que fazem, então me afastar do trabalho tem sido bem difícil. Mas pior do que isso, são os compromissos agendados que não compareci, o computador que tem que arrumar, a conta que venceu, a roupa que estava na costureira, a apresentação da dança... Essas pequenas coisas que muitas vezes, fazemos no piloto automático, mas que preenchem os dias e a vida.

Pela frente, tenho um tratamento de seis meses com anticoagulante e a promessa de uma vida normal. No momento, a certeza que tenho que lidar com isso da melhor maneira possível, sem surtar, sem dramas. E acho até que estou indo bem.

Estou lendo bastante nesses dias de repouso e escrevendo mais. Acho que uma das coisas boas que essa pausa inesperada pode ocasionar é voltar a me dedicar ao meu blog, mesmo que ninguém mais leia blogs em época de Facebook. Se antes eu nunca tinha tempo para escrever e achava que não tinha nada de novo para contar, agora eu tenho os dois.

Ler e escrever, sem dúvida vão me ajudar a transformar esse limão numa limonada. Ah sim, o motivo da Trombose precoce: uso de anticoncepcional.