Wednesday, January 30, 2008

O que eu vou ser quando eu crescer

Desde criança quero ser jornalista. Mas sempre tive outras opções, veterinária, professora, aeromoça, artesã, socióloga, médica, escritora... Agora que sou jornalista (ainda não me formei, mas como trabalho com isso, já me considero), sei que o jornalismo é cruel.

Ainda é meu sonho, mas agora real. E a realidade de fazer reportagens, ouvir fontes, diagramar, fazer realeses, mandar realises, fazer clipagem, editar... Cansa e se torna banal, comum. Perdeu a fantasia do sonho, ganhou a dureza da realidade.

Então eu penso, se um dia tiver que escolher outra profissão? Lembro das opções que tinha quando criança. Veterinária: não. Desisti da idéia quando me dei conta que os bicinhos chegariam até mim com problemas e não sadios, como eu gosto de vê-los.

Professora: só se for na faculdade. É lindo, divino ensinar crianças e adolescentes, mas não é para mim. Aeromoça: não tenho mais tempo para seguir carreira e nem altura para começar. Nem sempre somos do tamanho dos nossos desejos. Artesã: não levo jeito, atividades manuais não são pra mim, embora já tenha tentado muitas vezes. Prefiro fazer artes com as letras.

Socióloga: acho muito bacana. Queria trabalhar na ONU, até me dar conta que a ONU é uma entidade manipulada e com seus ideais falidos. Médica: só se fosse para trabalhar nos Médicos sem Fronteiras. Mas é muito difícil passar no vestibular e se não entendi os tais de logaritmos, parábolas, elementos orgânicos e inorgânicos até agora, não entendo mais...

Não me sobrou muitas opções... Então, quando eu crescer vou ser escritora, assim posso escrever sobre todas as coisas que eu gostaria de ser. Até lá eu vou brincando.

Tuesday, January 29, 2008

Quando não vale a pena

A história é simples. Num final de semana na Guarda do Embaú, eu e meus primos resolvemos conhecer o “famoso” Vale da Utopia. Famoso porque muita gente falava de lá, de como era lindo, tranqüilo, sossegado, astral, que o pessoal acampava, etc...

Fomos. Sobe morro, desce morro... Na maior expectativa pelo Vale, que a essas alturas, já chamávamos de Encantado. Caminhamos e caminhamos... Passamos por uma prainha pequena, com o mar mexido demais para banho, muita pedras. Sem sinal de gente por lá. Nada demais, apenas mais uma prainha. Seguimos.

Nos perdemos. Fomos sair na Praia de Cima, na Pinheira. Erramos o caminho em algum lugar, em algum morro... Nessas alturas, cansados, com sede, depois de horas de caminhada, tínhamos certeza de estávamos em busca de um Vale Perdido.

Como quem tem boca vai a Roma. Perguntamos para um, para outro. Caminhamos mais um pouco, subimos mais um morro e achamos o tal Vale. Que para a nossa surpresa, ou decepção, era aquela prainha pequena, com mar mexido. Nada demais.

Rimos com a certeza de que, na verdade, aquilo era o Vale das Ilusões. Não ficamos quinze minutos ali. Ao menos tinha uma fonte com água. E resignados, voltamos. Sobe morro, desce morro... Estávamos cansados, mas pior que o cansaço era a incomoda impressão de que não tinha valido a pena. Que o esforço foi em vão.

Passado alguns dias, mas ainda com dores nas pernas, fico pensando no nome do Vale, que só fui saber quando voltei de lá. Utopia. Não conheço alguém que não tenha gostado daquele lugar, só nos. Deve ter mais, com certeza. Mas gosto da Utopia. Porque na verdade, o que tornam as coisas utópicas, não é a realidade que vivemos e encontramos nas andanças pelo mundo. A utopia se esconde nas expectativas que criamos.

Sunday, January 20, 2008

LINDO!!!!!!!!!!

Lindo esse e-mail que recebi de uma amiga... Desses amores todos, o que sempre tenho é a esperança. O que, infelizmente, tenho é o orgulho. E a única vez que me apaixonei, acabei odiando e doente... Mas com muito sacrifício, estou tentando renunciar a esse ódio. Então hoje, além de trabalhar muito, eu sigo filosofando uma razão para essa loucura que é a vida.

Vida - É o amor existencial.
Razão - É o amor que pondera.
Estudo - É o amor que analisa.
Ciência - É o amor que investiga.
Filosofia - É o amor que pensa.
Religião - É o amor que busca a Deus.
Verdade - É o amor que eterniza.
Ideal - É o amor que se eleva.
- É o amor que transcende.
Esperança - É o amor que sonha.
Caridade - É o amor que auxilia.
Fraternidade - É o amor que se expande.
Sacrifício - É o amor que se esforça.
Renúncia - É o amor que depura.
Simpatia - É o amor que sorri.
Trabalho - É o amor que constrói.
Indiferença - É o amor que se esconde.
Desespero - É o amor que se desgoverna.
Paixão - É o amor que se desequilibra.
Ciúme - É o amor que se desvaira.
Orgulho - É o amor que enlouquece.
Sensualismo - É o amor que se envenena.
Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do amor, não é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.

Thursday, January 17, 2008

Mudanças

Eu como carne, às vezes, mas como e ano Frango Xadrez. Eu detesto academia. Não gosto de crianças e não quero me casar. Eu sou dura como uma porta e não sei dançar nada. Espanhol não me interessa. Gosto de dormir até o meio da tarde. Eu não acredito em Deus.

A pessoa do parágrafo a cima, sou eu. Ou era, uma Renata de 10 anos atrás, talvez mais, talvez menos...

Eu sou vegetariana, não me lembro mais o gosto de um Frango Xadrez. Adoro lasanha de berinjela. Vou para a academia todos os dias, quando isso não acontece, me sinto culpada por abandonar meus pesinhos. Acho crianças interessantes e quero me casar e construir uma vida ao lado de alguém. Faço dança do ventre e me dei conta que dançar é só questão de treino. Preciso hablar spañol e a Espanha anda povoando meus sonhos. Prefiro acordar cedo para aproveitar bem o dia. Eu acredito em Deus e o temo, pois sou a prova que ele existe.

A pessoa desse parágrafo também sou eu. Agora. A Renata de hoje. Falta de personalidade, de coerência? Não. Normal, com todas as pessoas desse mundo que se pegam fazendo coisas que nunca imaginaram.

Nem tudo mudou, ainda leio gibi, como negrinho, flocos é o meu sorvete preferido... E talvez isso nem seja mudança. Seja apenas uma adaptação. Adaptação à vida. Sim, dá para viver sem carne, eu consigo dançar e vou aprender espanhol.

Posso descobrir que minha alegria se esconde numa pousada perdida no cantinho mais ao sul da Bahia. Quem sabe vire esquimó. Posso voltar a fazer cursinho e tentar passar em medicina na UFRGS. Morar na Colina do Sol e passar o resto da vida sem roupa. Me case com um sheik árabe e me tornar uma perua que usa calça de pele de boi, bolsa de cobra, sapato de jacaré...

Sim, tudo pode acontecer. O que não pode acontecer é o nada. É pararmos no tempo ou não assimila que o tempo passa e certas mudanças são necessárias. Outras acontecem tão naturalmente que nem nos damos conta. Quando percebemos estamos fazendo o que julgávamos ser impossível. E não é. É real, é natural, é mutável, é humano.

"Sábias são as pessoas que sabem viver. Tolo é aquele que, tendo defendido tese sobre barcos e mapas, não sonha com horizontes, não planeja viagens, não imagina portos. Anda sempre em terra firme por medo de naufrágio."
Rubem Alves

Wednesday, January 16, 2008

A louca do cobertor e outras espécies...

Excursão. Um friozinho suportável dentro do ônibus, por causa do ar. Nada que um casaquinho não resolvesse. Até que acordo com um grito de um ser que, por azar, sentava perto de mim.
- Se não desligar o ar, eu desço agora!
Como ela era uma louca e com loucos é melhor concordar, o ar foi desligado. O resultado: mais de trinta pessoas passam calor por causa da louca do cobertor.
Depois de tudo isso, ainda levaram um cobertor para a louca. Nessas noites frias que vem fazendo...

Trem quase lotado. Lá pelas 15 horas. Um menina, de no máximo 7 anos, brinca no corrimão do trem, bem no meio vagão. Brinca? Não. Literalmente, se esfrega. Roda de um lado para o outro, se mexe de um lado para o outro, rebola, sobe, desce... Dá um show no meio do vagão. Enquanto a mãe dela conversa animadamente e não se dá conta do futuro promissor da filha...

O homem entra no táxi e grita:
- Segue aquele carro!!!
O motorista se sente num filme americano que está passando na tela quente e segue o primeiro carro que vê. Roda a cidade inteira. O tal carro pára, o táxi pára. O passageiro sai, paga a passagem e agradece. O motorista fica sem entender o enredo do filme...

Início de uma madrugada. A mulher está se preparando para ir para a cama, quando se depara com uma barata. Sua primeira reação é gritar. Depois de partir para o ataque se esgoelando, vença a batalha. Claro que a essas alturas, o marido já acordou...
Batem na porta. É o vizinho.
- Seu Zé, lembra aquela extensão que você me pediu emprestado...? Está tudo bem?

Saturday, January 12, 2008

Eu amo uma mulher

O texto abaixo não é meu. E da Tati Bernardi. Uma publicitária e escritora paulista que eu adoro. Como achei esse texto incrível, tomei a liberdade de reproduzir no meu blog.

Foi andando na praia que eu me apaixonei por ela. Saiu esbravejando de dentro de uma casa e no minuto depois estava se derretendo por um desses bebezinhos pelados que ficam pulando quando vêem uma onda.

Eu pensei: “Quem em sã consciência arma a maior encrenca com os amigos e segundos depois é capaz de uma doçura que chega a ser até meio boba?”. Ela deveria ser especial, dessas mulheres difíceis de amar e impossíveis de não amar.

Corri para andar ao seu lado e vi que no mesmo iPod ela tinha Beethoven e Bonde do Rolê. E tinha também Vinicius de Moraes e Gui Borato. E tinha Madeleine Peyroux e Miss Kittin. Não sei, mas pensei: “Nenhum dia ao lado dela deve ser chato. Ainda que ela deva sofrer um pouco com seus pêndulos de humor, gosto e trilha”.

Pelo jeito como ela olhava para as pessoas, eu via a arrogância menos perigosa do mundo. Aquele tipo de olhar que pode te matar, mas, caso você resolva retribuir com um abraço, pode dar a própria vida por um pouco de amor.

Seus passos duros eram de uma mulher decidida, mas também de uma mulher com medo de amolecer a postura e trazer à tona alguns defeitos do corpo. Uma mulher tão comum e ao mesmo tempo tão mais mulher que aquelas outras mulheres com seus banais desejos praianos e acompanhadas de seus banais amigos com desejos praianos. Ela passava pelas pessoas e era como se estremecesse todas as idéias que precisam ser leves por causa do sol forte.

E eu só conseguia ter o ímpeto de gostar cada vez mais dessa mulher. Gostar do seu biquíni do verão passado porque o da moda estava molhado. Gostar que ela falou para os amigos, antes de sair para caminhar na praia, que estava cansada de buscar gente bacana e de verdade. E todo mundo riu dela. E ela se sentiu sozinha feito um urso polar hibernando. E o sol era de 40 graus.

E ela estava arrependida, afinal, eram férias e ela não deveria ter brigado novamente com o mundo. Por que não deixar o mundo ser como era e fim de papo? E aceitar que ela era mesmo meio esquisita e que, fora raros momentos em que os outros ficavam mais loucos ou ela mais normal, ela se sentiria sozinha mesmo. E pronto.

Aí o sol foi baixando, baixando, baixando. E sua guarda seguiu com a vida. E ela foi aceitando todas as pessoas. O sorveteiro mala que buzinava, a babá de cara amarrada, a garota malhada demais, o pai de família olhando pra trás pra ver sua bunda. E foi gostando de cada um de seus amigos, por mais que eles, muitas vezes, falassem alto demais, fossem pães-duros demais, gostassem de vê-la se dando mal, fossem egoístas demais, dormissem demais. Eles não eram perfeitos, mas quem disse que ela era?

E ela foi gostando de tudo, até de mim, que não sou muito fácil de gostar. Quando olhou seu rosto refletido no mar, me deu até um sorriso.

Thursday, January 10, 2008

Reserva social

No post abaixo eu esqueci de dizer que sou uma criatura muito estranha. Talvez eu estivesse de bom humor quando escrevi ou não estava sentido a quase constante sensação de que sou um ser de outro planeta, com um enorme buraco dentro.

Eu gosto de ficar sozinha. Sempre gostei. Mas ultimamente, essa solidão me incomoda. Sinto vergonha de ir no cinema sozinha, o que sempre fiz, porque qualquer pirralha de 12 anos vai com um exemplar do sexo oposto. Encarar uma fila quilométrica para ver alguma banda de rock, só se estiver acompanhada. Nada mais de pegar ônibus, descer numa cidade estranha, ficar na fila, entrar numa roda punk e voltar, tão sozinha quanto fui.

Eu sou independente, mas sozinha. Sim, tenho amigos. Mas ninguém chega perto do vazio que me corrói. Nem quando resolvo sair da casca um pouco. Vou para a festa e está tudo bem até o lugar ficar lotado, as pessoas passarem por mim e quase levarem meu piercing e meu silicone junto. Até vim um ser com ar de cerveja tentando me agarrar e eu ter que fugir, porque eu vou para a balada por vários motivo e nenhum deles, é beijar.

Nessas horas eu lembro que o melhor a ser feito num sábado à noite e ficar em casa comigo mesma e ler um livrinho. Mas nessas horas o vazio fica cutucando: “Por que você não sai? Ô estranha?” E eu me sinto mal e estranha e sozinha.

Comecei até a tomar um floral para isso. Um com a essência de Water Violet, uma florzinha rara que dá na água e parece uma violeta. Ele é indicado para pessoas com reservas sócias, o que segundo a terapeuta é meu caso. Não, não acho que algumas gotinhas por dia vá me transformar na pessoa mais extrovertida do mundo, na mais baladeira de todas, me por na lista das top 10. Apenas quero que o meu vazio aceite me fazer companhia sem ficar me lembrando o tempo todo de sua existência.

Friday, January 04, 2008

Muito prazer,

sei que estou atrasada. Estava na praia e confesso, estava com preguiça também. Já que vamos ter que conviver por um ano, inclusive com um dia a mais, é bom você me conhecer.

Terá dias que eu irei te amar, outros te odiar, como foi na sua primeira madrugada... Aquela viagem de 10 horas que se transformou em 20 por causa do trânsito, foi infernal e me deixou com uma péssima impressão.

Mas acredito que isso seja passageiro. Você tem bastante tempo para me provar o contrário. Em agosto, você terá todas as chances de se redimir. Meu aniversário e minha formatura. Quero uma distinção no TCC, uma baita festa, chorar sem borrar a maquiagem, um dia com temperatura amena para eu poder usar um vestido aberto nas costas... E principalmente, um emprego após pegar o canudo.

Algumas vezes vou acordar me odiando. Vou me olhar no espelho e me achar bonitinha, noutros terei a certeza de que sou a mais feia das criaturas que habitam o sistema solar. E na grande maioria dos dias, vou me sentir sozinha. E muitas vezes vou desejar ter alguém para enche o buraco que carrego...

Vou comer negrinho todos os dias, ou em quase todos, mas irei compensar nas festinhas. Vou me estressar, vou querer dormir, vou querer me apaixonar sem sofrer, vou ficar ansiosa, vou brigar, espernear e depois pedir desculpas. Vou no cinema algumas vezes e comerei muitas tortas de sorvete. Irei recusar ofertas de carnes e churrascos e tentar explicar que prefiro ficar lendo em casa do que sair para a balada.

Vou conhecer pessoas novas, sentir falta de outras. Querer tá perto. Chorar antes de dormir. Fazer contas para economizar. Pensar para que país irei quando você acabar. Me apaixonar por uma música bem bobinha que depois não vou poder nem escutar. Espero ler bons livros. Dançar mais, correr mais, estudar mais e me esbaldar depois que terminar a facul.

E depois de algumas coisas previsíveis e outras surpreendentes, vou me pagar pensando em tudo que fiz e quando chegar a hora de trocar o calendário, terei a certeza de que você passou voando.