Friday, September 26, 2008

Os dois cavalheiros de Verona



Hoje assisti a peça “Os dois cavalheiros de Verona”, adaptação do clássico do Shakespeare e encenado pelo grupo carioca Nós do Morro, que já está completando 22 anos. Ver teatro sempre é bom, histórias de Shakespeare, melhor ainda.

E essa releitura ficou tri bacana, bem brasileira, com música de todos os ritmos. A peça é ágil, há uma intensa movimentação dos atores, que em nenhum momento saem do palco, se arrumando ali mesmo e quando não estão participando da cena, ficam sentados ou segurando o cenário, formado só por tecidos soltos. Apesar dos diálogos modernos, é fácil perceber o texto do Shakespeare.

Agora, o melhor é que foi aqui, na minha cidade, que a peça estava em cartaz. No Teatro Municipal de São Leopoldo. O município ficou quase dez anos sem esse espaço, que fica ao lado da biblioteca. Foi em abril desse ano que o teatro voltou a receber o público. E a reforma ficou ótima, o ambiente é claro, bem iluminado e tem um hall bem grande onde, seguidamente, ocorrem exposições. Confesso que achei a distância das poltronas muito pequena, é apertado. Mas nada que empeça a gente de ir assistir alguma atração.

O teatro estava lotado. Muitas vezes falei que o povo daqui não gosta de cultura. Tive que calar minha boca, rapidinho. Acho que só faltava um lugar. E sempre tem alguma coisa bacana rolando lá e com um preço acessível.

Em novembro terá apresentação do espetáculo da Escola de Dança Arte e Equilíbrio, do qual eu faço parte do elenco e já estou há um bom tempo ensaiando. Então em novembro, eu conto como é estar no palco do Teatro Municipal de São Leopoldo.

Thursday, September 25, 2008

Sobre lógicas e aparências

Não sou simpática com todo mundo. E daí? Tenho personalidade, ora. Daí, que eu bem queria bancar a simpática com todo mundo. Seria mais fácil do que explicar o motivo da cara fechada, quando o mais provável é que não fui com a cara tua cara. Antipatia genuína. Antipática assumida.

Estou dando um tempo da academia, afinal sou uma mulher desencanada. Depois de anos me exercitando disciplinadamente e religiosamente, meus músculos merecem férias. Eu perdi o tesão que tinha por puxar ferros. Enquanto meu tesão não volta, penso que seria bem bom ser uma mulher desencanada.

Escrevi “bem bom” e parei para pensar. Eu gosto da combinação de bem bom. Fala: bem bom. É legal, sonoro e isso basta. Bem bom seria se eu entendesse mais de gramática. Só porque escrevo, tem gente que acha que eu sei quando se usa corretamente mim e eu, crases, vírgulas... Sei pouco. Bem pouco. Passava as aulas de português escrevendo redações para vender, me achavam inteligente. Era, no máximo, esperta.

Hoje, nem esperta eu sou. Restou pouca coisa da época do colégio, apenas textos incompletos e poesias onde deveria haver fórmulas matemáticas. Outro dia vi esse símbolo: √, não sabia o que era. Só no outro dia que me lembrei da tal raiz quadrada. Eu passava as aulas de matemáticas lendo. Um dia perguntei para o professor se ele não se importava, ele falou que se eu conseguia entender Galeano, que não tinha lógica, entenderia a matéria. Que era lógica pura.

“O caminho estava muito cheio de gente. Todos iam para o país dos sonhos, e faziam muita confusão e muito ruído ensaiando os sonhos que iam sonhar, e por isso Pepa (a cachorrinha) ia resmungando, porque não a deixavam concentrar-se como se deve.”

Teve uma época que lia direto Eduardo Galeano, isso aí de cima é dele. Não parece, mas Galeano é um conceituado escritor e jornalista uruguaio. Não parece, mas não me imagino mais numa academia suando e disputando um lugar no espelho. Não parece, mas não gosto de gramática. Só me sobrou a antipatia e o gosto por coisas que não tem lógica.

Saturday, September 20, 2008

20 de setembro



Como a aurora precursora
Do farol da divindade,
Foi o vinte de setembro
O precursor da liberdade.

Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo,
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo

Wednesday, September 17, 2008

Em volta da churrasqueira

Eu não como carne. Há cinco anos sou vegetariana. Mas gosto de churrascos. Para nós, gaúchos, churrascos são eventos, rituais. Mesmo sem entender qual a graça de comer cadáver assado, eu gosto de participar dessa cerimônia gauchesca e infelizmente, carnívora.

Sábado passado, quando cheguei em casa, minha mãe avisou: “amanhã é pra vocês irem almoçar no teu tio Doni. Ele vai assar uma carne porque tá de aniversário.” Perceberam? Primeiro o churrasco, depois o motivo pra me fazer sair de casa e compactuar com esse ritual. Claro que eu não vou, sem antes reclamar, explicar que nosso estômago poderia viver muito bem sem carne, que voltaria fedendo a churrasco...

Mas fui. Afinal, havia de fato, algo a comemorar. E bastou chegar lá para vê cenas típicas de uma família bem tradicionalista. Música gauchesca no rádio, homens de bombachas, chimarrão passando de mão em mão, criançada correndo, mulheres preparando as saladas, muitas, pois há uma vegetariana na família e no churrasco. Dizem que família não se escolhe...

Tudo tranqüilo, até porque eles nem perdem tempo insistindo para eu comer carne. Já se acostumaram. Às vezes oferecem frango, daí eu lembro que é carne igual e com exceção do meu avô, ninguém acha ruim a minha escolha. Talvez não entendam, mas respeitam.

Quando era criança, todo domingo era dia de churrasco. Muito já corri em volta da churrasqueira do meu avô com meus primos, brincava de esgrima com os espetos, gostava de comer sal grosso... Domingo, ao ver meu primo correndo atrás da filha dela, me dei conta que boa parte das minhas lembranças são em volta de uma churrasqueira. É por isso que eu gosto de churrascos, apesar de não entender qual a graça de comer carne assada e voltar pra casa fedendo...

Saturday, September 13, 2008

Rodolfo

Acabei de chegar do show que o argentino Fito Paez fez no Pepsi On Stage, em Porto Alegre. Sensacional, como ele mesmo definiu. O Fito, apelido de Rodolfo, foi um dos achados da minha adolescência e sei que vai durar para sempre.

Foi no Fórum Social Mundial em 2002 que parei num show dele, sem saber direito de quem era aquele show. E me encantei com o cara de cabelos cacheados que tocava piano e pulava ao mesmo tempo. Que gesticulava muito e se mostrava politizado. Foi nesse show que descobri que ele era o cantor de Mariposa Tecknicolor, aquela música que às vezes ouvia no rádio e gostava.

Ano passado, passei horas na fila para comprar o ingresso para o encerramento do Festival de Inverno de Porto Alegre, que teve o show dele com a Liliana Herrero, mas quando chegou a minha vez, estavam esgotados. Em abril fui no show do Paralamas com o Titãs, que teve entre outros convidados, Fito Paez. E se já gostava de Mariposa Tecknicolor, depois que essa música foi o tema de entrada da minha formatura, gosto mais!

No show de hoje, como naquele de 6 anos atrás, Fito tocou piano e pulou ao mesmo tempo. E mais, tocou guitarra, conversou com a platéia, brincou, tocou Mariposa, Amor depues del amor, Rodar mi vida, Naturezala Sangue, Fue Amor... Até a sonorização do Pepsi on Stage colaborou.

Dizem que ele é mais conhecido aqui no sul, do que no resto do país... O fato é que ele é um baita instrumentista e diretor de cinema, tem o disco mais vendido na história Argentina, o primeiro artista não-cubano a tocar na famosa Plaza de la Revolución, em Cuba, foi ele. Já trabalhou com os brasileiros Caetano Veloso, Herbert Vianna, Djavan entre outros... Currículo é o que não falta.

Agora o que eu mais gosto nele, além da simplicidade, é a maneira como ele toca piano e pula ao mesmo tempo. Parece uma criança, apesar dos quarentas e poucos anos. Passa a impressão de que aquilo é uma grande brincadeira, algo que recém foi descoberto e causa encantamento, prazer, surpresa... Gosto de pessoas assim, que transformam a diversão em ofício, mas sem perder a capacidade de se divertir de fato. E no final de algumas músicas, ele olhava para a platéia e falava: SENSASIONAL!

Wednesday, September 10, 2008

Poema datado

Chovia aos cântaros hoje à tarde, quando eu resolvi abrir uma caixa onde guardo algumas coisas que escrevi há muito tempo atrás. Tempo que eu não tinha computador. Tempo dos meus 11, 12 anos e escrevia ou fingia estar escrevendo para não ficarem me enchendo. Tempo da adolescência, quando eu achava o colégio e o mundo cruel demais e escrever era uma fuga.

O que mais me chamou atenção é a quantidade de poemas. Hoje em dia, não escrevo poemas, acho difícil e a chance de eu não gostar é imensa. Acho que era coisa de adolescente... Alguns são bons, outros uns lixos. Que vergonha! Mas nenhum foi pro lixo, voltaram todos para a caixa! E lá ficarão por muito tempo.

É legal ler o que escrevi há dez, oito anos atrás. E eu tinha a mania de colocar a data, a hora, o local e às vezes, até a música que estava escutando em tudo que escrevia. Bizarro... Transcrevo aqui um poema que fala justamente sobre isso.


Que estranho hábito esse meu!
Colocar data e hora nas poesias que escrevo...
Como se fosse possível aprisionar palavras.
Alguns até locais têm!
Que ilusão...
Se qu os escrevo, justamente, porque eles precisam se libertar.


Noite, 22 de dezembro de 2000 – em casa – ouvindo Nirvana


Quando tiver coragem, mostro outros...

Friday, September 05, 2008

Entrando na dança...

Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha participado. A Jac Oliveria respondeu essas mesmas perguntas no blog dela e me passou a bola. Respondo e escolho cinco blogs que tem que fazer o mesmo. O nome disso é Meme.

Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 10 anos atrás:
- peguei catapora;
- fui no casamento de uma prima;
- pintei o cabelo de verde por causa da Copa;
- passei as férias de verão na casa dos meus tios, em Florianópolis;
- minha madrinha engravidou e me deu um afilhado de presente de Natal.

Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 5 anos atrás:
- comecei a cursar Jornalismo na Unisinos;
- tatuei minha primeira borboleta;
- parei de comer carne;
- trabalhei na São Leopoldo Fest;
- fui no Planeta Atlântida.

Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 2 anos atrás:
- comecei a trabalhar num site de esportes;
- parei de tomar anti-depressivo;
- vi meu time ser Campeão do Mundo;
- conheci um monte de gente especial;
- comecei a freqüentar uma casa espírita.

Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 1 ano atrás:
- coloquei silicone;
- joguei Paint ball;
- comecei a estudar italiano;
- decupei 40 horas de gravação dos programas que analisei no TCC;
- passei um feriado chuvoso em Florianópolis.

Escrever 5 coisas que rolaram ontem:
(Quinta - 04/09/08)
- ouvi todo o CD Nevermeind, do Nirvana;
- comi negrinho;
- fui caminhar;
- fui na casa espírita;
- soube que as fotos da formatura já estão disponíveis no site da produtora.

Escrever 5 coisas que rolaram hoje:
(Sexta - 05/09/08)
- acordei mais cedo;
- cozinhei;
- desejei que não estivesse chovendo;
- falei com meu ex-chefe;
- comi pipoca.

Escrever 5 coisas que rolarão amanhã:
- tentar não acordar muito tarde;
- me puxar na aula de dança;
- decidir como vai ser minha roupa na apresentação de dança;
- escolher as fotos da formatura;
- dar uma organizada no meu quarto.

Quem entra na dança agora:

Vicissitude de ser

Clandestinojr

Después te explico

Carismática da Insolência

Baphometro

Wednesday, September 03, 2008

Confissões

Eu quebrei a Barbie novinha da minha prima. E eu menti, falei que não tinha sido eu. Até hoje ela não sabe quem quebrou a boneca. Eu falava para o meu irmão que as duas notas de R$ 1,00 que eu tinha, valia mais que a nota de R$ 5,00, ele acreditava e a gente trocava.

Qualquer coisa que fazia de errado eu corria para minha vó, ela sempre me defendia. Na primeira série, fugi do colégio, quando minha mãe aloprou, minha vó colocou a culpa nas propostas pedagógicas da escola. Fazia as psicólogas de boba. Elas me mostravam figuras redondas e eu falava que eram dados rolando dentro de uma caixa.

Eu que risquei todo o muro do colégio na quinta-série, de despida, foi minha contribuição artística. O que mais gostava no Grêmio Estudantil é que podia matar aula à vontade e com o consentimento dos professores. Em quase toda a prova de matemática eu colava. Nas de inglês, dava cola.

Já fiquei com guri que tem namorada. Tratei muito mal quem não deveria. Entreguei trabalhos de colegas na faculdade. Não li livros que precisava. Às vezes vou na psicóloga só pra contar piada. Não devolvi CDs que me emprestaram. Já menti para médico e comprei atestado. Não acredito nas pessoas, principalmente nas boazinhas.

Experimentei maconha num retiro espiritual. Tomei chá de cogumelo num café da manhã. Não gosto de religiões e dessas convenções que só atrasam o mundo. Tenho inveja e sinto raiva. Sou orgulhosa. Até um astrólogo falou que minha combinação astral resultava numa pecadora nata. Como não acredito em pecado nunca me confessei.