Friday, August 31, 2007

Espirros, tosses e devaneios...

Foram três semanas tri mal, entre espirros, tosses, gripe e febre. Os devaneios?! Ah, nunca precisei ficar doente para ficar viajando... Nesse tempo tive tempo para pensar em um monte de coisas, pois não dava para fazer nada, além de passar as tardes no msn, quando conseguia ficar com meu olho aberto e a cabeça não doía muito.
Perdi algumas coisas, o puta show do No Use for a Name, algumas manhãs de sol excelente para correr, algumas aulas, alguns dias no serviço e principalmente, perdi o ar!

E foi nessa perda de ar que eu pensava o tempo todo. Estranho essa sensação horrível de não conseguir respirar! Tá tudo ótimo até que o ar fica pesado, o nariz não dá conta e parece que por mais que tentamos engolir, literalmente, todo o ar do mundo, não dá. Falta espaço no pulmão, falta força, falta nariz e o ar some! Que loucura! Dormir então, era pior ainda, não tinha como, pois não tinha como respirar...

Apesar do ar rarefeito, mesmo sem ter mudado de altitude, latitude e longitude, deu para fazer algumas coisas... Meu TCC ganhou mais algumas folhas, escrevi um montão de coisas, olhei sessão da tarde numa quarta-feira, dormi muito (por pura falta de opção) e aprendi a nunca mais toma remédio para tosse sem ir num médico antes!
O remédio parou a tosse, mas para isso trancou todo o ar que havia nos meus pulmões. Resultado: ar não entrava porque tava tudo cheio de ar e eu não conseguia respirar, mais tosse, mais gripe e mais febre.

Teve papai me dando remédio de madrugada, mamãe fazendo bolinho para mim comer de tarde, maninho todo preocupado, chefe ligando para saber como eu estava e falando: “só volta quando ficar bem boa”, vizinha receitando chazinho, amiga deixando a balada para me fazer companhia...

E teve um textinho bobo que eu fiz numa dessas tardes de ar rarefeito, mesmo com o maior sol lá fora (eu não podia nem pensar em pegar vento)...

Percebi que as idéias não param por causa do ar, parecem que vem com mais força e essa voz que me acompanha desde sempre, que não cala a boca um minuto, que me faz escrever, que às vezes não me deixa dormir, que me faz rir sozinha no meio da rua, ficava gritando dentro de mim: “Olha que louco, tu não tá conseguindo respirar, tu pode morrer a qualquer momento e eu não falei nem um terço das coisas que tu tem que escrever! Vamos, escreve! Me põe para fora, se mostra, se mistura com o ar que falta e se confunde. Confunde os outros também, tranca o pulmão dos outros, porque eu preciso de ar”

Meu Deus, essa voz nunca perde o ar?

Tuesday, August 28, 2007

Meu amor se mudou prá lua

Linda essa música da Paula Toller!
Tudo bem, tem refrão que gruda fácil... Mas ainda assim é poética!
"Eu quis te ter como sou
Mas nem por isso ser sua..."
É isso, simples e demais!!!!!!!!

Meu amor se mudou prá lua

"Cai a tarde sobre os ombros
Da montanha onde me largo
O dia não foi!
A noite o que será?
Meus cabelos pela grama
E eu sem nem querer saber
Por onde começo
E onde vou parar?...

Na imensidão da manhã
Meu amor se mudou prá lua
Eu quis te ter como sou
Mas nem por isso ser sua...

Vou adiante como posso
Liberdade é do que gosto
O dia nasceu
Azul a sua forma
Já não quero mais ser posse
Fosse simples como fôsse
Um dia partir
Sem ganchos nem correntes...

Façamos um brinde
Façamos um brinde
À noite que já vai chegar
Façamos um brinde
Façamos um brinde
Ao vento que veio dançar..."

Saturday, August 25, 2007

Privacidade X público

Foto: Roberto Stuckert Filho

Muito se falou, na última semana, do furo de reportagem do jornal O Globo, que flagrou a troca de mensagens entre os ministros Ricardo Lewandowski e Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, numa sessão que discutia a punição para os envolvidos no mensalão.

Se discutiu a atitude do fotógrafo, se O Globo agiu certo em dar esse furo, o conteúdo das mensagens e, como sempre acontece na imprensa brasileira, esqueceu-se do mensalão. Porém, entre os jornalistas e nas salas de aulas dos cursos de comunicação, nada foi mais discutido, que a suposta invasão de privacidade.

Me pergunto que privacidade?! O STF é um órgão público, embora seja o mais fechado dos três poderes, os ministros são pessoas públicas, a sessão que estava sendo realizada era aberta ao público, o assunto, de interesse público e os computadores pertenciam ao STF, logo, de uso do poder público.

E ainda falam em privacidade?! Não há privacidade nesse caso. Aliás, onde há privacidade hoje em dia?

Se o conteúdo das mensagens fossem pessoais, talvez essa discussão fosse pertinente. Talvez se a Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski estivessem discutindo sobre o tempo, ou falando mal de algum outro ministro, ou combinando um jantar, ou o motel que iriam depois da sessão, ou até mesmo sobre a chatice da sessão, ou, ou, ou... Mas não!

Não era nada pessoal, embora o voto seja secreto, o conteúdo das mensagens era de interesse público. Se eles estavam combinando os votos, paciência, quem nunca combinou votos?

Isso pode ser furo de reportagem, oportunismo do fotógrafo, armação da globo, sorte de O Globo, azar da Folha de São Paulo, artimanha para tirar a atenção do fato principal... Qualquer coisa, menos invasão de privacidade!

Tuesday, August 14, 2007

E agora?

...aconteceu!
Não podia me envolver, não queria me apegar, não era para criar expectativas. E sempre deu para perceber que você também não queria se envolver e se apegar. Tudo tranqüilo, só curtição... Confesso que não queria. Ah, sei lá, nunca fui de ficar, mas porquê não, se é só curtição? E também porque sempre pensava que seria só mais uma vez.

Você não se envolveu e não se apegou como tinha que ser, mas eu me apeguei e me envolvi e agora eu tenho que fazer de conta que estou ótima e que era só curtição. E era. Até perceber que o motivo para eu deixar o meu celular sempre ligado era você. E uma possível ligação, uma possível mensagem que sempre fica perdida na possibilidade de poder acontecer, até ter o peso da certeza de que não aconteceu.

Dói? Não muito. De uma certa maneira é uma dor conhecida, então e só tratar e esperar o tempo passar e a dor passar com ele. Embora nunca acredite nessa história que o tempo cura tudo, pois não cura nada, apenas deixa de ser o foco. Arrumo outra coisa para fazer, trabalho bastante, penso no meu tcc, ensaio e pesquiso a dança do ventre por horas a fio, leio muito, escrevo mais ainda... Até me dar conta que o tempo passou, o que dura uma fração de segundos, até cair na real e perceber que, na verdade, se passaram poucos minutos. E que não consigo fazer nada porque não consigo me concentrar.

Penso que controlo o meu pensamento e, consigo por instantes, fico feliz, até o pensamento me lembrar você e ficar rindo da minha ingenuidade de achar que posso com o tal inconsciente. Pior é agüentar o diabinho que fica sobre o meu ombro rindo da minha cara, como se falasse: “Viu boba, de novo! Não vai chorar, né? Tu sabe que a culpa é só tua, quem mandou deixar?” Como num desenho animado, que no fundo nunca anima nada.

Outro dia me falaram que gripe é a doença dos carentes. A gripe seria uma maneira do inconsciente (sempre, ele!) pedir atenção. Estranho, estou gripada há três semanas. E acho que não há remédio e chazinho que vá me curar. Tô quase perdendo o nariz, trocando de pulmão e implorando para o papai do céu um coração novo, imune a paixonites agudas.

Você é tão diferente, que eu não consigo acreditar que às vezes fico triste porque gosto disso. Como não acredito no que estou escrevendo. A possibilidade de você chegar a ler me assusta. Ficaria com vergonha, mesmo sabendo que vergonha dá e passa. Mas a culpa é minha e eu sabia que não devia. Não há espaço e nem possibilidade. Eu, que sempre perco tudo, me perdi.

Não era para acontecer, mas...

Saturday, August 04, 2007

Entre liberdade e responsabilidade...

“Essa é a Rê, que tem a família que a gente pediu a Deus. Ela já nasceu podendo levar namorado pra casa e fumar maconha...” Foi assim, exatamente assim, que uma amiga me apresentou para uma pessoa. Na hora não liguei, mas depois fiquei pensando nisso...

Minha amiga, que fuma maconha e dorme escondido na casa do namorado, não exagerou em nada. Realmente, eu, meu irmão e a grande maioria dos meus primos sempre tivemos liberdade para tudo, até para fazer o que deve.

O mais engraçado é que eu sempre usei pouco essa liberdade toda. Nunca namorei, e mais, conto nos dedos quantas bocas eu beijei (e não chego a completar meus dez dedos)! Maconha? Só uma vez, pra vê qual era. Cigarro? Nunquinha! Algum outro tipo de droga? Raramente e por pura curiosidade! Nunca fiz um terço do que minhas amigas fazem e sim, sempre tive mais liberdade que a maioria.

Eu tava com 12 anos quando cheguei em casa com uma baita preocupação. Depois de encontrar uma colega de aula chorando porque seu pai não a deixava namorar, me caiu a ficha: e eu? Perguntei para o meu pai que me olhou e disse: “Com a idade que quiser. É só ter juízo”. No outro dia, minhas colegas não acreditaram e passaram a adorar meu pai. Até hoje é assim. Quando alguém precisa mentir para dormir com o namorado (tenho amigas de 24 anos que fazem isso!!!!!!!!), falam que estão aqui em casa.

Sempre sai e nunca tive hora para voltar. Quando quis fazer tatuagem, com 14 anos, ouvi meu pai, que nunca gostou de tatuagens, dizer: “Tu sabe que é para sempre, não sabe?” O primeiro piercing foi presente de Natal, com 12. Meu irmão, que tem 10 tatuagens, oito piercings e um moicano de 40 centímetros nunca vai deixar de ser o neném da família. Se quiser largar o emprego para passar o verão na praia ou em alguma comunidade maluca que existe pelo litoral de Santa Catarina, ninguém vai pirar.

Shows do Kiss, Deep Purple, NOFX, Roger Water, Bad Religion e Eric Clapton sempre foram programas de família. Minha mãe sabe toda a programação da Ipanema e a diferença entre um punk rock e um hardcore e meu pai sempre soube, e disse, que proibir era pior. Tenho tio que parece que nunca saiu da década de 60. Primas que hoje são excelentes mães de família e já tem 30 anos, eram punks e entraram no camarim dos Ramones (que inveja!)

Se a teoria do meu pai é certa, não sei. Sei que resultou em dois filhos tri responsáveis. Meu irmão é o punk mais família que eu conheço! E o melhor, com cabeças abertas, amigos de todos os tipos e com um excelente gosto musical. Por que eu sempre aprendi que junto com a liberdade vem responsabilidade. Meus pais nunca foram menos pais porque raramente me disseram não. Fizeram melhor, me ensinaram que eu sou responsável por qualquer escolha.

Sim, eu posso trazer namorado para dormir em casa, fumar maconha e tudo o que quiser, desde que eu tenha juízo! E isso me deram junto com a liberdade.