Monday, April 28, 2008

Um pouco mais de neura

Às vezes eu tenho certeza de que o mundo conspira contra mim. Esperei um dia propício para estrear minha sapatilha nova, linda e prateada. Tudo ótimo até o céu se encher de nuvens pretas e mundo resolver cair sobre nossas cabeças. Quase tive que trocar minha sapatilha nova, linda e prateada por um pé de pato.

Acordo uma hora mais cedo pra chegar na academia o mais rápido possível e ter uma esteira a minha disposição. Mas sempre que chego já tem umas velhas, digo mulheres da melhor idade, contando toda sua biografia e reclamando que os jovens de hoje em dia não tem disposição para se exercitar. Para me exercitar, eu tenho, não tenho para escutar lição de moral às 6h da manhã!

Encomendei dois livros sobre rádio, direto da editora. Eles não chegavam e eu ansiosa pelo cheiro de livro novo. Até que abri, sem querer, o e-mail que tinha solicitado a encomenda e não acreditei no que vi! Dei o endereço da minha casa errado! Passei uma semana procurando meus livrinhos de correio em correio, tendo que explicar que dei o número errado e que o número não existe. Até que achei minha encomenda perdida e sozinha na agência da cidade vizinha. Ninguém soube me explica como eles pararam lá, afinal eu errei só o número, não a cidade!

Odeio baratas. Sempre odiei. Outro dia meu chefe achou um ninho de barata dentro do teclado do computador dele! Horrível! E sobrou pra mim limpar o negócio, tirar teclinha por teclinha e encarar um monte de baratinhas... Eram todas filhotes, acho que os pais não cabiam dentro do teclado. Passei o resto do dia me coçando, vendo barata em todo o lugar e arrependida de não ter me atirado do décimo andar da Assembléia Legislativa. E criei o estranho hábito de ficar uns bons minutos olhando para o teclado do computador antes de colocar minhas mãos nele.

Mas não, eu não sou neurótica! Só às vezes acho que o mundo conspira contra mim e o tal de Murphy resolve pegar no pé.

Monday, April 21, 2008

Faz sentido

A gente passa a entender o sentido da palavra solidão, quando começa a ficar angustiado com a sensação de estar só. E isso passa a incomodar. Quando nem o riso ameniza o nó na garganta. Quando o riso é também uma maneira de chorar, a gente ri um monte e acaba chorando de tanto rir. Jura, a gente quer rir só pra poder chorar em paz depois.

Quando chorar passa a ser eminência. Quando a gente sente falta do boteco na frente da nossa casa que tocava pagode até de madrugada, porque afinal te fazia companhia e tu dava graças a Deus que não é como aquelas pessoas que ficam felizes com um pagode. Quando a gente começa a rezar para ser como aquelas pessoas e ficar feliz até com um pagodezinho.

Quando se vai no cinema sozinho e tudo que queria era alguém próximo pra comentar o erro de gravação que você percebeu. Quando ficar sábado a noite, em casa, de bermuda e meia, assistindo os filmes do Tim Burton é a melhor opção porque simplesmente não há outra opção.

Quando o doce tem sabor amargo. Quando os amigos parecem distantes. Quando lê já não te faz perder a noção do mundo. Quando dormir não é descansar, é uma opção de estar viva sem ter que viver de fato. Quando até brincar com o cachorro é triste. Quando a vida perde o sentido, a gente passa a entender o sentido da palavra solidão.

Tuesday, April 15, 2008

HEY HO LET'S GO

Joey, às vezes eu também gostaria de não crescer. De ficar sedado. De dar adios aos meus amigos. De ir para a Rússia num foguete. Morrer em Berlim. Curtir o sol da Califórnia. De perguntar "você quer dançar?", ou apenas dizer: "Querido, eu te amo". Assumir que apesar dos pesares somos uma família feliz. Será isso uma poção do coração? Ou apenas rock and roll colegial?

No dia 15 de abril de 2001, eu e alguns colegas estavámos tristes numa aula de educação física. Naquela aula, dispensamos os tênis apropriados para correr e usamos os velhos e bons all star. Como você.

Ah Joey, como eu gostaria de ir num show do Ramones e ver toda essa tua altura e teu jeito desengonçado de quem parece não ter saído do colegial. Quantos all star usei em tua homenagem. Quantos "he ho. Let´s go" gritados em shows de rock. Quanta calça jeans rasguei...

Hoje Joey,em cima de um salto fino. Sinto a mesma tristeza que a há 7 anos. É ruim a certeza que um showzinho só dos Ramones, nunca mais. Que tratamos com carinho os CD que ficaram, as lembranças embaladas por sua voz, na rapidez da música... One, two, three, four...

No fundo Joey it´s a wonderful world!!!

Gabba gabba hey.

He ho. Let´s go! Forever

Sunday, April 13, 2008

Coisas de pele

Adoro marcas, cicatrizes, tatuagens e outras coisas de pele. Acho que diz muito sobre as pessoas.

Eu carrego cicatrizes no meu seio, que não gosto, pois revelam que eles não são naturais. Minha franja é torta do lado direito, culpa de um redemoinho! Carrego cicatrizes que mostram que tive uma infância normal, cheia de tombos, esconderijos fantásticos e brincadeiras incríveis. Minhas unhas do dedão do pé são tortas, e não adianta a pedicure arrumar, elas duram até a próxima aula de dança. Por causa da meia ponta e da postura necessária em alguns passos. Por causa da tal meia ponta (como de bailarinas), tenho calos e bolhas em baixo do pé. Mas deles eu gosto, mostram que eu sou uma mulher que dança. A minha sobrancelha direita é menor que a esquerda, não, não é um problema genético, é por causa da cicatriz de um piercing que tinha ali e foi acidentalmente arrancado. Fora as minhas tatuagens, que indicam que gosto de carregar outros mundos na minha pele, que não me conformo com o tom monocromático dos seres humanos.

Uma vez eu estava num ônibus, do outro lado havia um senhor, bem senhor mesmo, de cabelo branco e pele toda enrugada. Ele estava com uma camisa de manga curta. E seus braços revelavam inúmeras tatuagens. E isso já tem muito tempo e eu nunca me esqueci dos desenhos que saltavam daqueles braços enrugados. Tinha um bonequinho, desses que qualquer um desenha, de palitinho, só que o bonequinho dele usava um boné. Talvez para um neto... Tinha um clássico tubarão e o que mais me chamou atenção: uma bandeira com uma caveira dentro e um X por cima, como se ele tivesse se arrependido da bandeira com a caveira e simplesmente colocou um X em cima. Não era necessário apagar tudo, apenas sinalizar que a bandeira com a caveira já não era tão importante como fora um dia... Ou não... Vai saber...

Talvez nossas marcas sabem mais de nos, do que nós delas.

Sunday, April 06, 2008

Nada que um bom soco na cara não resolva

Como toda pessoa egoísta, acho que a coisa mais linda do mundo é o meu umbigo! Mas o meu umbigo não tem anda haver com o soco na cara que gostaria de dar em algumas pessoas. Ou talvez tenha. Não sei. Assim como sei o que escrever. Só sei que tenho que escrever, afinal é isso que quero fazer pelo resto da minha vida. E se falta a inspiração, apelo para a transpiração. Abre parênteses - adoro essas palavras que terminam com piração – fecha parênteses.

Odeio os sinais de ocupado e ausente do msn, porque nunca sei se é verdade ou não. E tenho vontade de dar um soco na cara dessas pessoas, mesmo sendo amigas. Vai que meu umbigo se sinta sozinho ou simplesmente queira incomodar alguém, e eu incomode justamente um amigo que está ocupado de verdade. Posso me sentir mal. Ou não. Pessoas egoístas não costumam perceber quando incomodam os outros. Se bem que sempre me achei um egoísta bem consciente.

Até Deus, ou seja lá quem criou tudo, merece um soquinho. Tem uma formiga subindo na minha perna, deixo, até gosto de formigas. Mas só até lembrar que elas carregam baratas! Argh! Odeio baratas e passo a odiar formigas e, consequentemente quem as criou.

Tenho vontade de dar o tal soco quando vejo pessoas felizes. Não que não goste da felicidade alheia, mas acho um abuso ela ser alheia e não minha. E fico com raiva e quero dar um soco na cara dessa gente que fica feliz por qualquer coisa. Ao menos eu não me deslumbro fácil. E uma pessoa muito feliz se torna meio alheia e com o tempo fica bem alienada.

Então me deixem com um pouco de tristeza, minha inteligência, meus textos sem nexos, minha felicidade passageira e minha vontade de dar uns socos na cara de algumas pessoas.