Sunday, September 18, 2011

Meia vida

Recentemente, conheci e passei a conviver com algumas pessoas novas. O Juliano de cara me ganhou, é inteligente, querido, piadista, tira sarro dele mesmo. Me chamou a atenção o fato dele reclamar muita da sua profissão, para minha surpresa quando perguntei o motivo de tanta frustração, a resposta foi “ah querida, tive que agradar papai e mamãe e segui a carreira deles.”

E tem mais, ele tem uns quarentas anos, é homossexual e está sempre falando na Paulinha, sua filha. Claro que eu perguntei como é se descobrir gay depois de ter uma família formada e a resposta: “eu sempre soube que era gay, mas antes de assumir, tive que agradar a sociedade.”

Não sei se admiro ou se sinto dó de pessoas assim. E o Juliano não é o único não, aliás, ele faz parte de uma maioria de pessoas que passam a vida agradando os outros e esquecendo de si, sacrificando suas vontades e desejos.

O próprio Juliano tem uma colega no trabalho que também não está feliz com sua profissão. O sonho dela é ser designer de jóias, mas como vai largar um emprego, uma profissão tradicional, um futuro promissor por causa de um desejo. Todo dia, ela chega com colares, brincos, anéis, pulseiras lindíssimas, tudo feito pela própria. E quando alguém a elogia, mais do que vergonha, há culpa na sua voz. Será que o futuro brilhante será permeado por culpa de não ter feito o que se quis?

Nos últimos meses, devido a sentimentos que me mudaram, observei muito as pessoas e infelizmente o discurso de “corra atrás do que você quer, vá ser feliz”, não é a pratica da maioria. Conheço muitas gente assim, pessoas incríveis e que eu amo, mas que vivem pela metade.

Viver não é fácil para ninguém, mas imagino que viver sendo o que não é, deve ser ainda pior. Procuro ser o mais fiel possível a mim e ainda assim, acho a vida uma barra pesadíssima. Tenho uma amiga, de verdade, que diz que sempre pagamos o preço pelas nossas escolhas e pagamos mesmo, mas penso que no final das contas, quem foi verdadeiro ganha um bom desconto.