Monday, February 21, 2011

Percepções

Eu tô mole. Tontinha, com aquela sensação que temos depois de uns copos de caipirinha, cerveja... Mas não, ainda não tô bêbada, tenho uma noção distorcida das coisas, mas tenho consciência ainda. Algo está mais lento, mais devagar, não sei se sou eu ou o mundo.

Mas como sou metida a intelectualóide, quando bebo ou faço qualquer outra coisa que me tire da realidade, me sinto íntima do Aldous Huxley e quase entrando nas tais portas da percepção. Uma vez, tomei chá de cogumelo e vi o mundo verde e brilhante e isso era tão mais interessante do que vejo normalmente...

Ai, eu acho que deveria estar na praia com todo mundo e não gastando meu dinheiro numa lan house. Prefiro beber o meu dinheiro. Ai, eu tenho que viajar e não sei nem onde enfiei minha mala e nem meu passaporte. Ai, eu já fui mais organizada. Ai, será que vendem cerveja na lan house?

Tá, vou escrever sério agora. Acho que só inventei de viajar para pensar em algo, sei lá, pra ter uma porra de um objetivo qualquer. Mas depois de você, tudo é tão pequeno, que trocaria a Europa inteira por um abraço teu. O mundo todo por você. Merda, vou começar a chorar. Azar, bêbado chora mesmo. Pedi pro menino que atende comprar Smirnoff pra mim.

Estão achando que estou bebendo muito? Odeio gente moralista! Pensem que sou uma grande escritora, que nesse momento está digitando esse texto dentro de um quarto repleto de ursinhos de pelúcia, vestindo um pijama rosa. Até porque eu não bebo né? Ah, e sou virgem também. Estou me guardando como guardo as cervejas no fundo da geladeira.

Tá? Agora vou escrever sério de verdade. Eu bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo, bebo e não esqueço!

“Se for falar mal de mim, me chame! Sei coisas terríveis a meu respeito”. Clarice Lispector

Wednesday, February 16, 2011

Espero. Esperança. Esperando

Há momentos ou até mesmo dias, que sou tomada da mais genuína esperança. Mais do que isso, de uma certeza absurda e absoluta que um dia, assim do nada, você vai me mandar um email. Vai ligar. Vai falar que também sente saudade.

E eu vou poder olhar novamente dentro dos teus olhos e preencher tuas tatuagens com meus dedos. Espero você voltar pra gente discutir a arquitetura de Barcelona, pra falar sobre uma possível viagem à Turquia. Pra te dar colo. E te ninar. E te amar.

Isso não é viver de lembranças, é projetar um futuro. Isso não é falta de amor próprio, é excesso de amor. Porque eu te amo tanto, mas tanto, que não cabe em mim, não cabe num texto. Posso escrever o resto da vida pra você e, ainda assim não seria nem uma frase inteira.

Posso ficar te esperando para sempre porque sei que você vem. Isso não é ilusão, se fosse eu não teria certeza de que essa espera é necessária. Não sentiria o arrepio que sinto no meu corpo quando penso que vou te abraçar, de novo. E eu vou te abraçar!

"A glória é tanto mais tardia quanto mais duradoura há de ser, porque todo fruto delicioso amadurece lentamente.” Arthur Schopenhauer

Sunday, February 13, 2011

Praia

Como a maioria dos gaúchos, ir para a praia no verão é um programa de bando, seja esse bando, de família ou amigos. Esse ano estou revivendo aquela função de alugar casa, ir com a família, esperar os trabalhadores da mesma no final de semana, dormir no chão, casa lotada, bagunça, o nosso nordestão e o mar chocolate.

Quando criança, as casas eram lotadas de tios e primos, o que parecia muito divertido. Porém, a gente cresce, prefere passar as férias com os amigos viajando para alguma praia de Santa Catarina. Mas este verão, está me fazendo refletir ao me deparar de novo com minha família numa casa alugada no reto litoral norte gaúcho.

Algumas coisas mudaram, os tios deram lugares a cunhadas e sobrinhos, primos continuam lá, mas agora com filhos. Percebo que por maior que seja uma casa, sempre tem alguém que vai dormir no chão. Meu irmão não vomita mais quando sente o cheiro do camarão e quem vai dormir na cama de cima do beliche, ainda é motivo de briga entre as crianças.

Ah e agora, estou dando o devido valor ao nosso litoral, pois como uma trabalhadora, encaro a Freeway na sexta de noite e no domingo de tardezinha, lamentando muito os finais de semana com chuva. A maconha e as cervejas continuam como itens principais nas férias da minha família, mas nesse verão, especialmente, a bêbada oficial sou eu!

Meu pai continua reclamando porque tem que sair da praia mais cedo pra ir buscar um frango assado para o almoço. A frase que minha mãe mais repete é: “não vim pra praia para cozinhar”, meu irmão continua passando o tempo todo dentro do mar, pegando jacaré, furando onda e ainda parece ser o único que se diverte, mesmo nos dias de chuva.

Foi, justamente, observando meu irmão que me dei conta disso. Fazia anos que não íamos para uma praia juntos e ele continua furando onda do mesmo jeito que fazia com 5, 6 ou 7 anos. Vendo essa cena no final de semana passado, fui transportada para o passado e também para o futuro.

Como as coisas mudam, daqui uns anos eu vou ser aquela tia, dos filhos do meu irmão, que chega nos finais de semana, bebi e tumultua a casa da praia. Mas como nem tudo muda, meu irmão vai continuar furando onda do mesmo jeito e se divertindo até nos dias de chuva.

Tuesday, February 08, 2011

Cara ótima

Parece que ando com a cara boa, ao menos é que andam dizendo por aí, meus amigos e até a psicóloga. Outro dia ela me disse que eu estava “mais leve, sem o peso do mundo nos ombros”.

Talvez seja verdade, ou pode ser culpa do álcool e da cevada que ando ingerindo diariamente, sábio quem falou: “decepção não mata, ensina a beber”. Estou saindo mais também, procurando os amigos, falando, dando risadas...

E daqui a pouco chega a viagem né? Então também estou ocupada pensando nessa grande realização. E tenho bastante trabalho no serviço, hoje o dia foi puxado e apesar de tudo, minha cara está ótima!

...

Mentira. Tudo mentira. Eu tive que me segurar para não chorar de saudade no terraço do Palácio Piratini, no pátio da Assembleia Legislativa, dentro do carro do meu chefe, quando liguei o rádio e tocava Pink Floyd e quando deu o teu nome para o personagem do texto que fiz na aula de espanhol.

Eu queria tanto te abraçar! Ainda amo tanto você. Ainda paro no meio de um texto pra chorar. Ainda dói tanto. Ainda fico arrepiada quando me lembro de ti. Ainda passo as noites acordada, pensando se você pensa em mim. Ainda não sei que fim dar no meu corpo.

Mas apesar de tudo isso, eu estou com uma cara ótima.

“De algum secreto lugar me vem a força para erguer a xícara, acender o cigarro, até sorrir quando alguém me diz: ‘Você hoje está com a cara ótima’, quando penso se não doeria menos jogar-me de um décimo primeiro andar” Lya Luft

Wednesday, February 02, 2011

Não lembrar

Estava ouvindo a música Doesn’t remind me do Audioslave, escutava e prestava atenção na letra, que enumera várias coisas que não o faz lembrar de nada. As situações citadas são bem simples como observar as pessoas, ver o colorido das roupas no sol, andar por um lugar desconhecido, ouvir rádio...

Fiquei pensando como às vezes é necessário não lembrar e isso não é de forma alguma, esquecer. É apenas, por alguns instantes, não lembrar, é desviar um pouco o foco do nosso cérebro, da nossa vida, do alvo principal, é quando o mundo exterior invade o nosso interior e nos leva para fora.

Acredito que essas “invasões externas” são bastante comuns na vida de todo mundo, mas penso que é muito difícil nos darmos conta disso. Como quando estamos caminhando apressados e de repente, num vôo rasante, uma mosca azulada quase bate no nosso nariz. Neste instante, a gente não lembra de nada, nem para onde estávamos indo. Mas também não nos damos conta disso, pois para isso é necessário pensar e estamos ocupados demais lembrando de coisas, que muitas vezes, gostaríamos de esquecer.

Eu desejava listar algumas coisas que quando me invadem me fazem não lembrar de nada, mas não me veio nada na cabeça, a não ser, a tal mosca azul. É muito ruim quando tudo nos faz lembrar algo ou alguém que ainda nos dói, a gente pensa em como seria bom inverter esse processo de invasão. Ao invés de não lembrar, trazer a lembrança para a realidade.