Uma vez me falaram que um dia eu teria prazer em acordar cedo e aproveitar o dia. Não lembro do que respondi, até porque lembro pouco dessa época, nem mesmo lembro quem me disse isso. Acho que foi uma colega do trabalho...
Nessa época meu programa preferido era dormir. De dia, de preferência. Calculava diretinho: se saísse da cama às 14h, até me arrumar, dar um jeito no quarto, só sairia para a rua uma hora depois. Seriam poucas horas de tortura se por volta das 19h eu me escondesse atrás de um livro e lá ficasse até todos irem dormir. Aí sim, eu teria “paz” e poderia chorar.
Não fazia nada. Não tinha nada para fazer. Pior, não havia vontade. E até as correrias, trabalho, faculdade era só com o objetivo de passar logo, acabar o dia, o outro, mais um, a semana... Passar tudo rápido, no piloto automático pra eu não sentir nada. Não havia o que senti. Metade dos anos que passei na Unisinos não me lembro, não curti, não aproveitei, só passei.
Até que me peguei com alguma expectativa no dia seguinte, no outro e no depois. Voltei a planejar coisas. Até que toquei fora os antidepressivos, perdi a conta de quantos dias não choro e pasmem, estou satisfeita com a minha vida. Claro que gostaria de estar escrevendo esse texto num hotel cinco estrelas na França. Mas um dia estarei, e, escrevendo coisa bem melhor. É só uma questão de tempo.
A correria é a mesma, trabalho e faculdade, mas agora eu sinto, eu tenho vontades. Eu estou lá de fato, não só de corpo presente. Tenho consciência das coisas que estou vivendo. Ontem foi domingo e meu relógio despertou às 8h porque eu tinha um monte de coisas pra fazer. Andar a cavalo, ler, estudar pra prova, comemorar o aniversário de uma amiga, ler o jornal, fazer negrinho, comer pizza, dormir no sofá sem ser uma fuga...
Preciso honrar a frase que carrego no pé. Carpe Diem.
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