2008 foi inesquecível. Será sempre lembrado como o ano da minha formatura. Ainda tá fresquinho, dia 23 de agosto. Espero nunca me esquecer dessa data, nem do que senti nesse dia. Em outros aspectos, também tenho bons motivos para me lembrar com carinho do ano que está indo embora.
Sai do país, pela primeira vez. Fui pra Buenos Aires ver o show da Madonna, fiquei lá quatro dias e conheci pessoas e lugares incríveis. Além de ter visto um puta show, foi algo do tipo como-uma-virgem-celebrando-a-música-como-uma-oração.
Fui a vários shows legais! Mas Fito Paez tá na liderança dos melhores, como sempre. Li excelentes livros. As apresentações da dança foram bem bacanas. Minha roupa azul (que passei meio ano planejando) ficou linda. Tatuei um sol nas minhas costas.
Fui pra Guarda e até que enfim conheci o tal do Vale, que em minha opinião, não valeu o esforço. Meu primo mais distante e, ao mesmo tempo, mais próximo, passou um tempão aqui e curtimos um monte! De acampamento Farroupilha a uma cobertura investigativa no Fórum de Porto Alegre.
Apesar de ter me formado e saído do meu estágio tive experiências bem bacanas com os frelas que peguei. A cobertura da 13ª Marcha dos Sem foi memorável, nunca vou esquecer o que vi naquele 16 de outubro. Nem das pessoas que conheci na CUT.
Fiquei mais próxima da minha família. Acordei mais cedo em boa parte do ano. Ganhei um cavalo e aprendi a montar. Fui pra Ilha do Mel com os amigos. Tirei dois sisos e perdi boa parte do juízo. As poucas festas que fui, valeram a pena. Engordei, emagreci e larguei de mão a academia...
Não foram só boas lembranças não. Mas as ruins decidi não escrever. Um presente pra mim. Depois de anos fazendo terapia e tomando antidepressivos, me libertei. Sim, estou mais leve. As lembranças ruins estão aqui sim, mas não vou supervalorizá-las. Que venha 2009!
Tuesday, December 30, 2008
Sunday, December 28, 2008
Wish list/2009
- Arrumar um emprego de carteira assinada;
- Desfrutar de todos os direitos de um emprego (que eu como estagiária, nunca tive, e agora como free lancer, não tenho);
- Voltar a estudar italiano;
- Começar um curso de espanhol;
- Fazer balé (pra melhorar minha postura na dança do ventre);
- Participar de mais apresentações de dança;
- Começar o pilates;
- Andar mais de bicicleta;
- Desfilar com meu avô (e a Cléopatra) no dia 20 de setembro;
- Deixar o medo e a preguiça de lado e começar, de fato, a dirigir;
- Aprender a fazer tricô;
- Viajar;
- Ir a lugares que nunca estive antes;
- Ir a vários shows legais;
- Deixar minha franja crescer;
- Juntar grana pra fazer um curso no exterior;
- Manter meu quarto mais organizado;
- Dormir menos...
- Desfrutar de todos os direitos de um emprego (que eu como estagiária, nunca tive, e agora como free lancer, não tenho);
- Voltar a estudar italiano;
- Começar um curso de espanhol;
- Fazer balé (pra melhorar minha postura na dança do ventre);
- Participar de mais apresentações de dança;
- Começar o pilates;
- Andar mais de bicicleta;
- Desfilar com meu avô (e a Cléopatra) no dia 20 de setembro;
- Deixar o medo e a preguiça de lado e começar, de fato, a dirigir;
- Aprender a fazer tricô;
- Viajar;
- Ir a lugares que nunca estive antes;
- Ir a vários shows legais;
- Deixar minha franja crescer;
- Juntar grana pra fazer um curso no exterior;
- Manter meu quarto mais organizado;
- Dormir menos...
Monday, December 22, 2008
Então é Natal
Não gosto de Natal. Acho que nunca gostei, embora lembre com carinho dos natais da minha infância, nas casas das minhas avós. Só que o tempo passa, algumas pessoas vão embora, a gente cresce e as coisas mudam. Não vejo mais graça no Natal. Acho triste.
Passo a noite de Natal com um baita nó na garganta. E meus pais nem ligam mais se, do nada, começo a chorar. Fico mal mesmo. Não queria, queria entrar na onda, nem que fosse na do consumismo desenfreado, mas também não consigo. Claro que compro presentes. São as regras do jogo e também não tenho o direito de acabar com o Natal dos outros.
Vou falar o quê para o meu afilhado? “Olha Rockson, a dinda não gosta de Natal e não concorda com esse consumismo, então tu não vai ganhar presente nenhum, até porque Papai Noel não existe é só uma baita invenção desse mundo capitalista...” Não dá né?
E para os meus pais? “Pai, mãe vocês sempre me dão tudo que eu quero, assumem minhas dívidas quando minha grana acaba. Mas como vocês sabem, detesto Natal. Ah tá, eu sei que vocês aturam o meu mau-humor natalino e todos os meus chiliques nos outros 364 dias do ano, mas fazer o quê? Vocês são meus pais e Natal, dizem que é uma data familiar, então vocês tem que me aturar, sem nenhuma lembrancinha.” Também não dá...
Então é Natal. Desejo a todos que me aturam virtualmente um feliz Natal! Sinceramente gente, podem acreditar! Até porque escrever, às vezes, é mais fácil que viver, mas nem por isso deixa de ser verdade. Ah, mas ano novo eu gosto! Só que isso é assunto pra outro post!
Passo a noite de Natal com um baita nó na garganta. E meus pais nem ligam mais se, do nada, começo a chorar. Fico mal mesmo. Não queria, queria entrar na onda, nem que fosse na do consumismo desenfreado, mas também não consigo. Claro que compro presentes. São as regras do jogo e também não tenho o direito de acabar com o Natal dos outros.
Vou falar o quê para o meu afilhado? “Olha Rockson, a dinda não gosta de Natal e não concorda com esse consumismo, então tu não vai ganhar presente nenhum, até porque Papai Noel não existe é só uma baita invenção desse mundo capitalista...” Não dá né?
E para os meus pais? “Pai, mãe vocês sempre me dão tudo que eu quero, assumem minhas dívidas quando minha grana acaba. Mas como vocês sabem, detesto Natal. Ah tá, eu sei que vocês aturam o meu mau-humor natalino e todos os meus chiliques nos outros 364 dias do ano, mas fazer o quê? Vocês são meus pais e Natal, dizem que é uma data familiar, então vocês tem que me aturar, sem nenhuma lembrancinha.” Também não dá...
Então é Natal. Desejo a todos que me aturam virtualmente um feliz Natal! Sinceramente gente, podem acreditar! Até porque escrever, às vezes, é mais fácil que viver, mas nem por isso deixa de ser verdade. Ah, mas ano novo eu gosto! Só que isso é assunto pra outro post!
Thursday, December 18, 2008
O bom das biografias
Este ano, apesar do TCC que me obrigou a ler livros específicos sobre rádio, li bastantes biografias. Teve uma época que não gostava de biografias, achava enfadonho, tive sorte com as que li esse ano e em todas eu aprendi coisas que adorei saber. E acho que isso é o melhor das biografias, sempre nos ensinam algo, seja da pessoa biografada ou de uma época.
A vida e principalmente o relacionamento aberto de Sartre e Simone de Beauvoir estão em Tête-à-tête, de Hazel Rowley. Pasmem, a libertária Simone era uma ciumenta de plantão e o Sartre tinha um complexo de feiúra que as 12 anos o fez prometer a si mesmo que teria todas as mulheres que quisesse. E teve.
A biografia de Nelson Rodrigues, O Anjo Pornográfico, escrita pelo Ruy Castro foi, sem dúvida, a que mais me surpreendeu. Nunca li nenhum livro de Nelson Rodrigues, mas virei sua fã, o cara passou por inúmeras tragédias familiares (o assassinato do irmão, a morte do pai logo em seguida), teve várias tuberculoses, passou fome... Toda a sua família era ligada ao jornalismo, seu irmão Mário Filho foi um dos maiores cronistas esportivos do país, sendo o grande responsável pela construção do Maracanã e criando o que hoje é o Campeonato Brasileiro de Futebol. Bom, o Nelson nunca escreveu um palavrão em nenhuma de suas obras e foi um homem cheio de pudores.
Logo depois do Nelson, engatei a leitura de Chatô: o rei do Brasil, de Fernando Moraes, biografia do Assis Chateaubriand. O homem que criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do Brasil aprendeu a ler apenas aos 12 anos, se formou em direito e era um baita visionário, entre os seus negócios estavam dois laboratórios de medicamentos. Um deles é a Bayer, que existe até hoje. Ah, era dele a revista O Cruzeiro que revolucionou a imprensa brasileira.
Um dos livros que ganhei de formatura foi O Mago, a biografia do Paulo Coelho, de Fernando Moraes. Ali narra sua trajetória em busca do seu grande sonho: ser um escritor conhecido no mundo todo (exatamente o que é hoje). Paulo também atuou como ator e diretor de teatro e empresário de uma gravadora de discos. O melhor de tudo foi saber como ele conheceu o Raul Seixas. O maluco beleza era advogado e largou tudo para virar cantor “seguindo seu verdadeiro dom”, o que deixou Paulo muito impressionado. Em seu diário, Paulo escreveu que Raul foi a primeira pessoa que ele conheceu que não teve medo de viver seu sonho.
Recentemente li, por um acaso, Os sonhos não envelhecem: Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges e foi um achado. Sabia pouquíssima coisa do Clube da Esquina, e que turma mais talentosa, são amigos até hoje! Logo quando o Milton Nascimento saiu de Minas Gerais para morar no Rio Janeiro, jurava que durante a noite o Cristo Redentor fazia caretas para ele. Muito tempo depois, seus amigos descobriram que era durante a noite que ele usava drogas...
E depois de muito tempo querendo ler o começo da auto-biografia Simone de Beauvoir, em Memórias de uma moça bem-comportada, consegui. Ali a grande pensadora conta sua vida até os vinte e poucos anos. Opiniões sobre seus pais opressores, sobre sua irmã mais nova, a amiga Sasa, o primo Jacques e Sartre. Aliás, a primeira vez que Sartre convidou Simone para sair, ela não foi, mandou sua irmã no lugar.
Por fim, a biografia que mais aprendi foi a da última rainha do Egito. Li As memórias de Cleópatra, de Margaret George, composto por três volumes: As filhas de Isís, Sob o signo de Afrodite e O beijo da serpente. Nossa, a história dela e do Egito é fascinante. Descobri que o mês de julho assim se chama por causa do imperador Julio César e agosto, devido ao imperador Augusto. Cleópatra entre outras coisas, perdeu sua mãe ainda criança, mandou matar sua irmã por ciúmes, casou-se com seu irmão, teve filhos com Julio César e Marco Antônio, tomava banho de leite, amava cavalos, tinha um jardim só com plantas venenosas, construiu seu próprio mausoléu, tinha pavor de cobras e escolheu morrer picada, justamente, por uma por considerar uma morte rápida e que não mudaria sua beleza. A parte mais bonita da história, mas que nunca foi de fato comprovada, é que ela entrou escondida, enrolada num tapete, no quarto de Julio César.
... não é a toa que essas pessoas viveram histórias dignas de serem biografadas.
A vida e principalmente o relacionamento aberto de Sartre e Simone de Beauvoir estão em Tête-à-tête, de Hazel Rowley. Pasmem, a libertária Simone era uma ciumenta de plantão e o Sartre tinha um complexo de feiúra que as 12 anos o fez prometer a si mesmo que teria todas as mulheres que quisesse. E teve.
A biografia de Nelson Rodrigues, O Anjo Pornográfico, escrita pelo Ruy Castro foi, sem dúvida, a que mais me surpreendeu. Nunca li nenhum livro de Nelson Rodrigues, mas virei sua fã, o cara passou por inúmeras tragédias familiares (o assassinato do irmão, a morte do pai logo em seguida), teve várias tuberculoses, passou fome... Toda a sua família era ligada ao jornalismo, seu irmão Mário Filho foi um dos maiores cronistas esportivos do país, sendo o grande responsável pela construção do Maracanã e criando o que hoje é o Campeonato Brasileiro de Futebol. Bom, o Nelson nunca escreveu um palavrão em nenhuma de suas obras e foi um homem cheio de pudores.
Logo depois do Nelson, engatei a leitura de Chatô: o rei do Brasil, de Fernando Moraes, biografia do Assis Chateaubriand. O homem que criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do Brasil aprendeu a ler apenas aos 12 anos, se formou em direito e era um baita visionário, entre os seus negócios estavam dois laboratórios de medicamentos. Um deles é a Bayer, que existe até hoje. Ah, era dele a revista O Cruzeiro que revolucionou a imprensa brasileira.
Um dos livros que ganhei de formatura foi O Mago, a biografia do Paulo Coelho, de Fernando Moraes. Ali narra sua trajetória em busca do seu grande sonho: ser um escritor conhecido no mundo todo (exatamente o que é hoje). Paulo também atuou como ator e diretor de teatro e empresário de uma gravadora de discos. O melhor de tudo foi saber como ele conheceu o Raul Seixas. O maluco beleza era advogado e largou tudo para virar cantor “seguindo seu verdadeiro dom”, o que deixou Paulo muito impressionado. Em seu diário, Paulo escreveu que Raul foi a primeira pessoa que ele conheceu que não teve medo de viver seu sonho.
Recentemente li, por um acaso, Os sonhos não envelhecem: Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges e foi um achado. Sabia pouquíssima coisa do Clube da Esquina, e que turma mais talentosa, são amigos até hoje! Logo quando o Milton Nascimento saiu de Minas Gerais para morar no Rio Janeiro, jurava que durante a noite o Cristo Redentor fazia caretas para ele. Muito tempo depois, seus amigos descobriram que era durante a noite que ele usava drogas...
E depois de muito tempo querendo ler o começo da auto-biografia Simone de Beauvoir, em Memórias de uma moça bem-comportada, consegui. Ali a grande pensadora conta sua vida até os vinte e poucos anos. Opiniões sobre seus pais opressores, sobre sua irmã mais nova, a amiga Sasa, o primo Jacques e Sartre. Aliás, a primeira vez que Sartre convidou Simone para sair, ela não foi, mandou sua irmã no lugar.
Por fim, a biografia que mais aprendi foi a da última rainha do Egito. Li As memórias de Cleópatra, de Margaret George, composto por três volumes: As filhas de Isís, Sob o signo de Afrodite e O beijo da serpente. Nossa, a história dela e do Egito é fascinante. Descobri que o mês de julho assim se chama por causa do imperador Julio César e agosto, devido ao imperador Augusto. Cleópatra entre outras coisas, perdeu sua mãe ainda criança, mandou matar sua irmã por ciúmes, casou-se com seu irmão, teve filhos com Julio César e Marco Antônio, tomava banho de leite, amava cavalos, tinha um jardim só com plantas venenosas, construiu seu próprio mausoléu, tinha pavor de cobras e escolheu morrer picada, justamente, por uma por considerar uma morte rápida e que não mudaria sua beleza. A parte mais bonita da história, mas que nunca foi de fato comprovada, é que ela entrou escondida, enrolada num tapete, no quarto de Julio César.
... não é a toa que essas pessoas viveram histórias dignas de serem biografadas.
Sunday, December 14, 2008
O encosto
Já se passaram bons anos, mas é incrível como tem épocas que lembro direto de você. Deve ser os espíritos de dezembro ou porque você entrou na minha vida em janeiro, “como um presente de natal atrasado”, se definiu, certa vez.
É. Eu era bem bobinha. Bem fácil de enrolar. Achava que um homem (!) de 21 anos nunca olharia para uma menina de 18. Ainda mais um homem (!) como você. Mas olhou e encarou, e eu nunca mais esqueci do azul do teu olho. Denso, profundo, escuro...
Você me tornou uma pessoa mais dura, mais desconfiada e um pouco triste, até. Aquele ódio que tinha por reprimir tudo o que sentia, passou. Só ficou uma magoazinha de quem nunca conversou para resolver a situação. Aquela magoazinha que tá lá no canto dela e só quando a gente cutuca a ferida, vem à tona, dando até nó na garganta.
Por que ainda lembro tanto de ti? Não te culpo. Se alguém errou, foi eu, que criei expectativas demais. Hoje eu compreendo e aceito que as pessoas não mandam nos seus sentimentos e, nem sempre o que elas dizem sentir são verdade.
Estou tão bem, que os 15 quilos que tu levou de mim, já voltaram. O tamanho da minha circunferência abdominal voltou a me preocupar. E ainda assim você continua na minha cabeça, depois de tanto tempo. Às vezes na rua, parece que te enxergo em todos os lugares. Até com outros homens eu penso em você. No que você está fazendo agora...?
Será que você se lembra de mim. Acho que não... Mas gostaria que você lembrasse. Só por ego. Sabe que eu não sinto saudade. Isso não é saudade. É um incomodo. Apesar da dureza, estou melhor agora. Queria até que você visse... Será que você me reconheceria?
Às vezes eu sonho contigo (ainda), acordo de noite e me pergunto se o teu telefone ainda tem o mesmo número...
É. Eu era bem bobinha. Bem fácil de enrolar. Achava que um homem (!) de 21 anos nunca olharia para uma menina de 18. Ainda mais um homem (!) como você. Mas olhou e encarou, e eu nunca mais esqueci do azul do teu olho. Denso, profundo, escuro...
Você me tornou uma pessoa mais dura, mais desconfiada e um pouco triste, até. Aquele ódio que tinha por reprimir tudo o que sentia, passou. Só ficou uma magoazinha de quem nunca conversou para resolver a situação. Aquela magoazinha que tá lá no canto dela e só quando a gente cutuca a ferida, vem à tona, dando até nó na garganta.
Por que ainda lembro tanto de ti? Não te culpo. Se alguém errou, foi eu, que criei expectativas demais. Hoje eu compreendo e aceito que as pessoas não mandam nos seus sentimentos e, nem sempre o que elas dizem sentir são verdade.
Estou tão bem, que os 15 quilos que tu levou de mim, já voltaram. O tamanho da minha circunferência abdominal voltou a me preocupar. E ainda assim você continua na minha cabeça, depois de tanto tempo. Às vezes na rua, parece que te enxergo em todos os lugares. Até com outros homens eu penso em você. No que você está fazendo agora...?
Será que você se lembra de mim. Acho que não... Mas gostaria que você lembrasse. Só por ego. Sabe que eu não sinto saudade. Isso não é saudade. É um incomodo. Apesar da dureza, estou melhor agora. Queria até que você visse... Será que você me reconheceria?
Às vezes eu sonho contigo (ainda), acordo de noite e me pergunto se o teu telefone ainda tem o mesmo número...
Wednesday, December 10, 2008
Stick and Sweet
Assiti ao último show da turnê da Madonna - Stick and Sweet – em Buenos Aires, que irá virar um DVD. Não sou fã incondicional dela, mas sempre falei que antes de morrer, teria que ir num show da Madonna. Depois que o show acabou, entendi o motivo. Certas coisas, a gente só vê uma vez na vida!
O show dessa turnê é um espetáculo! Falar que é um show, é pouco. É um grande show! Antes do espetáculo começar, há apenas uma caixa no palco. Depois que começa, tudo muda! A tal caixa, se transforma em imensos telões que mudam de lugar toda hora.
As coisas aparecem e somem do palco num piscar de olhos. Os dançarinos (que dão um show extra), um ringue de boxe, um carro, uma esteira, um piano, uma cabine de DJ e a própria Madonna, que não pára um só minuto. Não dava pra entende aquele show, como as coisas aconteciam naquele palco, com tamanha velocidade...
Depois de cada performance de deixar o público de queixo caído, ela tem fôlego para mais. Pula corda, dança o tempo todo, toca guitarra, troca de roupa, rebola e surpreende, sempre surpreende. A mulher é um arraso!
A música, ali, é secundária. Não é um show de música, é um show da Madonna. Sim, ela faz playback em algumas músicas e não é ela que toca a guitarra daquele jeito. Mas depois do profissionalismo, da exatidão de cada passo de dança, da respiração ofegante (mas não pesada), das surpresas a todo instante, ela está perdoada.
Um show grandioso, um espetáculo inesquecível, uma turnê arrasa quarteirão de um ícone do pop... Durante duas horas eu fui transportada para um mundo mágico, onde tudo é possível, e quando acordei desse sonho, entendi porque tinha que ir ao show da Madonna.
O show dessa turnê é um espetáculo! Falar que é um show, é pouco. É um grande show! Antes do espetáculo começar, há apenas uma caixa no palco. Depois que começa, tudo muda! A tal caixa, se transforma em imensos telões que mudam de lugar toda hora.
As coisas aparecem e somem do palco num piscar de olhos. Os dançarinos (que dão um show extra), um ringue de boxe, um carro, uma esteira, um piano, uma cabine de DJ e a própria Madonna, que não pára um só minuto. Não dava pra entende aquele show, como as coisas aconteciam naquele palco, com tamanha velocidade...
Depois de cada performance de deixar o público de queixo caído, ela tem fôlego para mais. Pula corda, dança o tempo todo, toca guitarra, troca de roupa, rebola e surpreende, sempre surpreende. A mulher é um arraso!
A música, ali, é secundária. Não é um show de música, é um show da Madonna. Sim, ela faz playback em algumas músicas e não é ela que toca a guitarra daquele jeito. Mas depois do profissionalismo, da exatidão de cada passo de dança, da respiração ofegante (mas não pesada), das surpresas a todo instante, ela está perdoada.
Um show grandioso, um espetáculo inesquecível, uma turnê arrasa quarteirão de um ícone do pop... Durante duas horas eu fui transportada para um mundo mágico, onde tudo é possível, e quando acordei desse sonho, entendi porque tinha que ir ao show da Madonna.
Sunday, November 30, 2008
Festa dos Continentes
Foi hoje a apresentação do espetáculo de final de ano da escola de dança Arte e Equilíbrio, da qual faço parte. O tema desse ano foi Festa dos Continentes, 23 coreografias foram apresentadas, sendo cinco de dança do ventre, cerca de 50 pessoas integraram o espetáculo, entre elenco, professores e apoio técnico.
Pela primeira vez, o evento aconteceu no Teatro Municipal de São Leopoldo, restaurado e reinaugurado esse ano. O local tem uma grande estrutura de back stage. São quatro camarins e uma grande coxia – pela primeira vez, não nos esprememos junto com homens e crianças em um só camarim. O palco é excelente, grande, permitindo movimentos de locomoção sem que os bailarinos fiquem se batendo. A iluminação e a acústica também me surpreenderam pela qualidade.
Mas o melhor de tudo é a confraternização e união de todos os dançarinos. Não são os familiares na platéia que mais vibram. Somos nós! Que ficamos escondidos na coxia, espiando as apresentações enquanto não chega nossa vez de pisar no palco. As meninas do balé, o pessoal do street, os guris do hip hop, a turma da dança de salão, as odaliscas...
Todo mundo se ajuda! A trocar de roupa entre uma música e outra, cuidar do tempo, acalmar o colega, olhar o ensaio que acontece rapidinho no corredor atrás do palco, a lembrar da marcação, contar a música e principalmente, aplaudir. Ninguém ali é profissional. Alguns dançam muito bem, outros nem tanto, mas todos sobem no palco dando o melhor de si. Somos nós que mais nos aplaudimos. Aplaudimos o amor pela dança, a iniciativa, a coragem de subir no palco, a arte.
Clap, clap. Clap, clap. Clap, clap...
Pela primeira vez, o evento aconteceu no Teatro Municipal de São Leopoldo, restaurado e reinaugurado esse ano. O local tem uma grande estrutura de back stage. São quatro camarins e uma grande coxia – pela primeira vez, não nos esprememos junto com homens e crianças em um só camarim. O palco é excelente, grande, permitindo movimentos de locomoção sem que os bailarinos fiquem se batendo. A iluminação e a acústica também me surpreenderam pela qualidade.
Mas o melhor de tudo é a confraternização e união de todos os dançarinos. Não são os familiares na platéia que mais vibram. Somos nós! Que ficamos escondidos na coxia, espiando as apresentações enquanto não chega nossa vez de pisar no palco. As meninas do balé, o pessoal do street, os guris do hip hop, a turma da dança de salão, as odaliscas...
Todo mundo se ajuda! A trocar de roupa entre uma música e outra, cuidar do tempo, acalmar o colega, olhar o ensaio que acontece rapidinho no corredor atrás do palco, a lembrar da marcação, contar a música e principalmente, aplaudir. Ninguém ali é profissional. Alguns dançam muito bem, outros nem tanto, mas todos sobem no palco dando o melhor de si. Somos nós que mais nos aplaudimos. Aplaudimos o amor pela dança, a iniciativa, a coragem de subir no palco, a arte.
Clap, clap. Clap, clap. Clap, clap...
Thursday, November 20, 2008
O gato comeu
- Cadê?
- Cadê o quê?
- Tudo...
- Tudo o quê?
- Nada!
- Tu é louca né?
- ...
- O que tu tá procurando na janela?
- Tudo!
- Mas tudo o quê!?
- Ai. A poesia, ora...
- A poesia!? Que poesia!?
- Toda a poesia...
- Tu tá lendo Mário Quintana ou Cecília Meireles e esqueceu o livro em algum lugar? Tu acha que tu perdeu o livro aqui? Num quarto de motel?
- Ai não é dessa poesia que tô falando?
- Mas tu é louca! Do que é então?
- ...
- Fala!
- É a poesia da vida...
- O quê!?
- A poesia da vida, das coisas banais... Cadê?
- Meu Deus! Sei lá, o gato comeu!
- Que gato!? Você nem é tão gato assim. E eu quero a poesia...
- Mas tu mesmo, está sempre falando que sexo não tem nada a ver com amor!
- Eu sei!
- Então, vem, sai da janela.
- Cadê?
- A tal poesia?
- Não, a minha calcinha.
- Cadê o quê?
- Tudo...
- Tudo o quê?
- Nada!
- Tu é louca né?
- ...
- O que tu tá procurando na janela?
- Tudo!
- Mas tudo o quê!?
- Ai. A poesia, ora...
- A poesia!? Que poesia!?
- Toda a poesia...
- Tu tá lendo Mário Quintana ou Cecília Meireles e esqueceu o livro em algum lugar? Tu acha que tu perdeu o livro aqui? Num quarto de motel?
- Ai não é dessa poesia que tô falando?
- Mas tu é louca! Do que é então?
- ...
- Fala!
- É a poesia da vida...
- O quê!?
- A poesia da vida, das coisas banais... Cadê?
- Meu Deus! Sei lá, o gato comeu!
- Que gato!? Você nem é tão gato assim. E eu quero a poesia...
- Mas tu mesmo, está sempre falando que sexo não tem nada a ver com amor!
- Eu sei!
- Então, vem, sai da janela.
- Cadê?
- A tal poesia?
- Não, a minha calcinha.
Thursday, November 13, 2008
As perguntas de Galeano
Ruy Carlos Ostermann e Eduardo Galeano
O escritor uruguaio, Eduardo Galeano foi a grande atração da 54ª Feira do Livro desta quinta-feira (13). Ele participou do talk-show Encontros com o Professor, apresentado por Ruy Carlos Ostermann, no teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa e depois autografou seu livro “Espelhos – Uma história quase universal.”
No bate-papo de uma hora, o intelectual falou de sua vida, de seus livros e das perguntas que carrega consigo. Tirou do bolso um minúsculo caderno que faz anotações quando está na rua. Contou que aos 22 anos já era diretor de um jornal em Montevidéu, onde fazia de tudo, inclusive o horóscopo. “Adorava fazer o horóscopo, me divertia e sempre induzia as pessoas aos pecados”, declarou aos risos. Galeano lembrou que antigamente os jornalistas tinham entusiasmo com a profissão, coisa que não se vê hoje em dia.
Um observador nato que se definiu como “um averiguador das coisas pequenas escondidas na grandeza.” Falou da importância de ter olhos e ouvidos atentos ao mundo, de questionar, de raciocinar, de educar, de ler de tudo, até as paredes. Ele que sempre se interessou muito por grafismos e grafites, encontrou numa parede a frase: “toda virgem passa por diversos Natais, mas nunca tem uma noite boa”.
Com um grande senso de humor, o escritor falou de sua desconfiança com as máquinas: “sempre achei que elas bebem e fazem festa durante a noite. De dia, quando precisamos, não funcionam direito, pois estão de ressaca.” Tem pouco tempo que passou a utilizar o computador, acredita que o prazer de escrever a mão é insubstituível.
Autor do clássico “As veias abertas da América Latina”, o senhor que nasceu em 1940 e ostenta cabelos totalmente brancos, não tem vergonha de falar das dúvidas mais infantis que carrega consigo - e que todos temos - por mais absurdas que elas sejam. Em certo momento questionou: "a humanidade seria uma obra-prima de Deus ou uma piada do Diabo?"
Inteligentíssimo, Galeano tem uma das qualidades que mais admiro nas pessoas, é um contestador. De suas perguntas, faz livros. Da história esquecida, arte. Se Galeano fosse uma pulga, seria dessas que vivem nas pontas dos pêlos, para não perder nada que acontece ao seu redor, como diria Jostein Gaarder.
Depois de rir das sacadas inteligentes, de ouvir histórias e de ficar quase uma hora na fila, sai de lá feliz da vida, com o meu livro autografado, um elogio: “belos olhos” e com a certeza de que o escritor pode ser tão surpreendente quanto seus escritos.
O escritor uruguaio, Eduardo Galeano foi a grande atração da 54ª Feira do Livro desta quinta-feira (13). Ele participou do talk-show Encontros com o Professor, apresentado por Ruy Carlos Ostermann, no teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa e depois autografou seu livro “Espelhos – Uma história quase universal.”
No bate-papo de uma hora, o intelectual falou de sua vida, de seus livros e das perguntas que carrega consigo. Tirou do bolso um minúsculo caderno que faz anotações quando está na rua. Contou que aos 22 anos já era diretor de um jornal em Montevidéu, onde fazia de tudo, inclusive o horóscopo. “Adorava fazer o horóscopo, me divertia e sempre induzia as pessoas aos pecados”, declarou aos risos. Galeano lembrou que antigamente os jornalistas tinham entusiasmo com a profissão, coisa que não se vê hoje em dia.
Um observador nato que se definiu como “um averiguador das coisas pequenas escondidas na grandeza.” Falou da importância de ter olhos e ouvidos atentos ao mundo, de questionar, de raciocinar, de educar, de ler de tudo, até as paredes. Ele que sempre se interessou muito por grafismos e grafites, encontrou numa parede a frase: “toda virgem passa por diversos Natais, mas nunca tem uma noite boa”.
Com um grande senso de humor, o escritor falou de sua desconfiança com as máquinas: “sempre achei que elas bebem e fazem festa durante a noite. De dia, quando precisamos, não funcionam direito, pois estão de ressaca.” Tem pouco tempo que passou a utilizar o computador, acredita que o prazer de escrever a mão é insubstituível.
Autor do clássico “As veias abertas da América Latina”, o senhor que nasceu em 1940 e ostenta cabelos totalmente brancos, não tem vergonha de falar das dúvidas mais infantis que carrega consigo - e que todos temos - por mais absurdas que elas sejam. Em certo momento questionou: "a humanidade seria uma obra-prima de Deus ou uma piada do Diabo?"
Inteligentíssimo, Galeano tem uma das qualidades que mais admiro nas pessoas, é um contestador. De suas perguntas, faz livros. Da história esquecida, arte. Se Galeano fosse uma pulga, seria dessas que vivem nas pontas dos pêlos, para não perder nada que acontece ao seu redor, como diria Jostein Gaarder.
Depois de rir das sacadas inteligentes, de ouvir histórias e de ficar quase uma hora na fila, sai de lá feliz da vida, com o meu livro autografado, um elogio: “belos olhos” e com a certeza de que o escritor pode ser tão surpreendente quanto seus escritos.
Saturday, November 08, 2008
Vontade de sei lá o que...
Caminho pela casa, abro a geladeira, olho... Caminho mais um pouco, pego um livro, dou uma lida... Vou pra rua, volto, passo pelo quarto do meu irmão, tento um contato imediato com o ser de moicano que está deitado na cama. “Sai fora”, ele me diz. Eu saio.
Às vezes dá uma inquietação. Uma vontade de alguma coisa que não sei o que é. Sair correndo, talvez. Correndo e gritando. Ou ficar parada. Parada e observando. Ficar vendo a vida passar embaixo de uma sombra. Não! Viver. Correr embaixo de sol de 40ºC.
Dá uma tristeza de saber que quando eu morrer, não terei lido um monte de livros que gostaria. Dá uma alegria em ver o céu azul, o sol brilhando e eu ter mandado arrumar minha bicicleta. Dá uma preguiça pedalar na subida da lomba.
Vou comer algodão doce e me irrito ao perceber que o vendedor está tão bêbado que não consegue pegar o algodão cor de rosa (que está bem em cima) e, sou obrigada a conhecer o sabor do algodão verde. Não é ruim, mas eu queria o rosa!
Rir e chorar. Tudo ao mesmo tempo e agora, porque eu sou exagerada e imediatista. Não quero saber. Nem lembrar. E esquecer também não. Vou deixar “a vida me levar”. Mas só por um instante porque prefiro pensar que planejo alguma coisa. Ah, quer saber? Vou escrever.
Às vezes dá uma inquietação. Uma vontade de alguma coisa que não sei o que é. Sair correndo, talvez. Correndo e gritando. Ou ficar parada. Parada e observando. Ficar vendo a vida passar embaixo de uma sombra. Não! Viver. Correr embaixo de sol de 40ºC.
Dá uma tristeza de saber que quando eu morrer, não terei lido um monte de livros que gostaria. Dá uma alegria em ver o céu azul, o sol brilhando e eu ter mandado arrumar minha bicicleta. Dá uma preguiça pedalar na subida da lomba.
Vou comer algodão doce e me irrito ao perceber que o vendedor está tão bêbado que não consegue pegar o algodão cor de rosa (que está bem em cima) e, sou obrigada a conhecer o sabor do algodão verde. Não é ruim, mas eu queria o rosa!
Rir e chorar. Tudo ao mesmo tempo e agora, porque eu sou exagerada e imediatista. Não quero saber. Nem lembrar. E esquecer também não. Vou deixar “a vida me levar”. Mas só por um instante porque prefiro pensar que planejo alguma coisa. Ah, quer saber? Vou escrever.
Wednesday, November 05, 2008
God bless you
Ainda bem que estou viva e presenciei essas eleições americanas. Ainda bem que o Obama venceu! Como a grande maioria do mundo, eu torci por ele. Pois é um visionário, qualidade que acho fundamental em qualquer pessoa que se propõe a ser um líder e que, infelizmente, falta em muitos políticos.
Gosto do sorriso largo e da austeridade para tratar de assuntos sérios. Principalmente da mente aberta para tratar de assuntos que são tabus numa sociedade moralista. De preferir negociações à guerra, de se preocupar com políticas de preservação ambiental, de achar que impostos não podem ser iguais para todos...
E sim, gosto de sua história. Um homem que não teve uma família convencional, mas soube manter uma referência familiar, que foi alfabetizado na Indonésia, cresceu no Hawaí, viajou para o Quênia para conhecer suas raízes, optou por advogar pelas famílias pobres, foi professor universitário, construiu uma família e aos 47 anos chegou a presidência dos Estados Unidos da América, só pode ser um idealista.
Idealistas acreditam. Acho que essas eleições mostraram que o mundo ainda está repleto de idealistas. Ou no mínimo, de pessoas esperançosas. Penso que o Barack Obama é a cara do novo mundo, desse futuro tão falado, dessa nova era, a era de Aquarius...
É estranho o presidente dos Estados Unidos ter Hussein no nome. Mas é um novo mundo batendo na nossa porta, saindo das telas de TV e mostrando que podemos ser mais tolerantes. Ao menino que cresceu na paz do Hawaí, ao homem idealista e ao primeiro presidente negro dos EUA, eu desejo apenas uma coisa:
God bless you!
Gosto do sorriso largo e da austeridade para tratar de assuntos sérios. Principalmente da mente aberta para tratar de assuntos que são tabus numa sociedade moralista. De preferir negociações à guerra, de se preocupar com políticas de preservação ambiental, de achar que impostos não podem ser iguais para todos...
E sim, gosto de sua história. Um homem que não teve uma família convencional, mas soube manter uma referência familiar, que foi alfabetizado na Indonésia, cresceu no Hawaí, viajou para o Quênia para conhecer suas raízes, optou por advogar pelas famílias pobres, foi professor universitário, construiu uma família e aos 47 anos chegou a presidência dos Estados Unidos da América, só pode ser um idealista.
Idealistas acreditam. Acho que essas eleições mostraram que o mundo ainda está repleto de idealistas. Ou no mínimo, de pessoas esperançosas. Penso que o Barack Obama é a cara do novo mundo, desse futuro tão falado, dessa nova era, a era de Aquarius...
É estranho o presidente dos Estados Unidos ter Hussein no nome. Mas é um novo mundo batendo na nossa porta, saindo das telas de TV e mostrando que podemos ser mais tolerantes. Ao menino que cresceu na paz do Hawaí, ao homem idealista e ao primeiro presidente negro dos EUA, eu desejo apenas uma coisa:
God bless you!
Tuesday, November 04, 2008
Quatro anos
Foi há quatro anos que tudo começou. Estava no show do The Calling, em Novo Hamburgo, era a terceira ou quarta música, quando senti uma dor no estômago, a vista nublou e eu senti um medo inexplicável. Pânico. Pavor. Paralisei. Não lembro como cheguei no banheiro, mas lembro da mão de uma moça tocando água no meu rosto... Liguei para o meu pai ir me buscar, eu não podia ficar ali porque estava com muito medo!
Naquela noite não dormi, nem nas que se seguiram. Foi a primeira crise de pânico. Tempo depois, estava saindo da Unisinos, era final de semestre, só tinha ido pegar a nota e esperava o ônibus. O ônibus não vinha e não vinha e eu comecei a ficar com um medo danado. De novo não... O medo, o tremor no corpo todo, o pânico, a certeza que algo muito ruim vai acontecer. Não lembro como cheguei em casa, mas lembro da cara do meus pais.
Nesse meio tempo eu levei um pé na bunda de quem acreditava ser o primeiro homem que gostava de mim. Uma prima da minha idade morreu e eu percebi como a vida pode ser cruel. Sai do meu primeiro estágio, de dois anos e, me deparei com dias ociosos. Não sei o motivo, se foi um desses fatos isolados ou a soma de tudo... Mas passei a não sair da cama, não havia nenhum motivo para sair da cama, além do medo que eu sentia.
Matava aula direto, meus pais não me deixavam sozinha, perdi 15 quilos e muito tempo. Não sei o que fiz nos meses que fiquei assim... Depressão? Tratamento psicológico? Remédio? Bem capaz, afinal eu não era louca. Depois de muita conversa, aceitei que tinha algo de errado acontecendo e comecei a tomar remédio, fazer análise... Me esforçar pra voltar a ser o que era. Ou ao menos, sentir algo parecido com felicidade, que certamente, eu já havia sentido.
Com o tempo, as crises de pânico pararam, voltei a comer, arrumei um emprego, comecei a me ocupar, a não ter medo, larguei o remédio, ganhei alguns quilos, voltei a dar gargalhadas, chorei muito, fiz inúmeras perguntas, diminui o número da terapia, percebi várias coisas e a tristeza foi indo embora... Mas eu ainda tinha um receio. E se voltar acontecer? E se sentir medo de novo? E se... E se...
Mas agora, depois de quatro anos, acho que voltei a sentir algo bom, que eu tô achando que é felicidade. Nesse tempo todo, eu quase não sai, só ia a shows, morrendo de medo, mas ia. Baladas, se já não gostava antes, aboli por completo... Festinhas de amigos, reuniões familiares, raríssimas. Não sei quando comecei a sair de novo, foi esse ano... Acho que a formatura influenciou e ajudou.
O fato é que hoje sinto vontades. De sair, de ir no cinema, de ir pra praia, de gastar horrores de feira do livro, de visitar minha tia, de beijar na boca, de caminhar, de conhecer gente, de viajar, de conversar... Hoje fui na psicóloga, por um único motivo, lhe dar um abraço de aniversário!
Naquela noite não dormi, nem nas que se seguiram. Foi a primeira crise de pânico. Tempo depois, estava saindo da Unisinos, era final de semestre, só tinha ido pegar a nota e esperava o ônibus. O ônibus não vinha e não vinha e eu comecei a ficar com um medo danado. De novo não... O medo, o tremor no corpo todo, o pânico, a certeza que algo muito ruim vai acontecer. Não lembro como cheguei em casa, mas lembro da cara do meus pais.
Nesse meio tempo eu levei um pé na bunda de quem acreditava ser o primeiro homem que gostava de mim. Uma prima da minha idade morreu e eu percebi como a vida pode ser cruel. Sai do meu primeiro estágio, de dois anos e, me deparei com dias ociosos. Não sei o motivo, se foi um desses fatos isolados ou a soma de tudo... Mas passei a não sair da cama, não havia nenhum motivo para sair da cama, além do medo que eu sentia.
Matava aula direto, meus pais não me deixavam sozinha, perdi 15 quilos e muito tempo. Não sei o que fiz nos meses que fiquei assim... Depressão? Tratamento psicológico? Remédio? Bem capaz, afinal eu não era louca. Depois de muita conversa, aceitei que tinha algo de errado acontecendo e comecei a tomar remédio, fazer análise... Me esforçar pra voltar a ser o que era. Ou ao menos, sentir algo parecido com felicidade, que certamente, eu já havia sentido.
Com o tempo, as crises de pânico pararam, voltei a comer, arrumei um emprego, comecei a me ocupar, a não ter medo, larguei o remédio, ganhei alguns quilos, voltei a dar gargalhadas, chorei muito, fiz inúmeras perguntas, diminui o número da terapia, percebi várias coisas e a tristeza foi indo embora... Mas eu ainda tinha um receio. E se voltar acontecer? E se sentir medo de novo? E se... E se...
Mas agora, depois de quatro anos, acho que voltei a sentir algo bom, que eu tô achando que é felicidade. Nesse tempo todo, eu quase não sai, só ia a shows, morrendo de medo, mas ia. Baladas, se já não gostava antes, aboli por completo... Festinhas de amigos, reuniões familiares, raríssimas. Não sei quando comecei a sair de novo, foi esse ano... Acho que a formatura influenciou e ajudou.
O fato é que hoje sinto vontades. De sair, de ir no cinema, de ir pra praia, de gastar horrores de feira do livro, de visitar minha tia, de beijar na boca, de caminhar, de conhecer gente, de viajar, de conversar... Hoje fui na psicóloga, por um único motivo, lhe dar um abraço de aniversário!
Saturday, October 25, 2008
Seqüelas
Li a carta que a atriz Fernanda Torres escreveu para o seu pai, o ator Fernando Torres que morreu recentemente, e está postada no blog da Martha Medeiros. Fernanda conta que seu pai passou os últimos 20 anos com a saúde abalada por causa de um derrame cerebral que o atingiu em 1986, só que não foi diagnosticado. Ele esqueceu o texto no meio de uma peça, acharam que era apenas a memória. Mas era um AVC e Fernanda conta como isso prejudicou a vida de um homem muito ativo.
Minha mãe teve um derrame, nem um pouco leve, em 1985. Como disse Fernanda, numa época que a neurologia engatinhava. Foi numa quarta-feira de cinzas, depois de ter pulado o melhor carnaval da sua vida, como ela mesmo define. Eu estava lá, embora não lembre... Minha mãe estava grávida de mim, de três meses.
Por isso passou praticamente toda a gravidez no hospital, entrou em coma, o caso era de risco para ela e para mim. Uma das primeiras cirurgias computadorizadas do Brasil (numa época que começavam a falar em computadores), foi realizada na cabeça dela. Foram feitas várias transfusões de sangue quando a AIDS assustava mais que a inflação.
Meu pai vendeu o carro, a casa e o pequeno comércio que tinha para conseguir pagar todo o tratamento que durou anos. Dessa época, vieram os cabelos brancos dele, eu escuto as lembranças de toda a família, vejo as fotos de mulher me segurando no colo com os cabelos raspados, uma enorme cicatriz na cabeça e um grande sorriso.
A mãe que conheço, sim, ficou seqüelas, mas é muito ativa. Reclama da vida e gostaria de poder usar salto alto. Tem senso de humor e volta e meia fala: “meu Deus, ninguém espera que eu fosse tá viva depois de tanto tempo. Então eu tô no lucro.” Aliás, um senso de humor que eu herdei e que segundo ela, ficou mais manso e leve depois de tudo o que aconteceu.
Eu não sei o que causou um derrame cerebral numa moça de 26 anos, grávida do seu primeiro filho. Nem num ator consagrado, em cima de um palco. Só sei que minha mãe teve sorte e eu, mais ainda.
Minha mãe teve um derrame, nem um pouco leve, em 1985. Como disse Fernanda, numa época que a neurologia engatinhava. Foi numa quarta-feira de cinzas, depois de ter pulado o melhor carnaval da sua vida, como ela mesmo define. Eu estava lá, embora não lembre... Minha mãe estava grávida de mim, de três meses.
Por isso passou praticamente toda a gravidez no hospital, entrou em coma, o caso era de risco para ela e para mim. Uma das primeiras cirurgias computadorizadas do Brasil (numa época que começavam a falar em computadores), foi realizada na cabeça dela. Foram feitas várias transfusões de sangue quando a AIDS assustava mais que a inflação.
Meu pai vendeu o carro, a casa e o pequeno comércio que tinha para conseguir pagar todo o tratamento que durou anos. Dessa época, vieram os cabelos brancos dele, eu escuto as lembranças de toda a família, vejo as fotos de mulher me segurando no colo com os cabelos raspados, uma enorme cicatriz na cabeça e um grande sorriso.
A mãe que conheço, sim, ficou seqüelas, mas é muito ativa. Reclama da vida e gostaria de poder usar salto alto. Tem senso de humor e volta e meia fala: “meu Deus, ninguém espera que eu fosse tá viva depois de tanto tempo. Então eu tô no lucro.” Aliás, um senso de humor que eu herdei e que segundo ela, ficou mais manso e leve depois de tudo o que aconteceu.
Eu não sei o que causou um derrame cerebral numa moça de 26 anos, grávida do seu primeiro filho. Nem num ator consagrado, em cima de um palco. Só sei que minha mãe teve sorte e eu, mais ainda.
Friday, October 17, 2008
As imagens falam por si
Essas são algumas imagens que eu registrei ontem, durante o ato de encerramento da 13ª Marcha dos Sem, na praça da Matriz, centro de Porto Alegre.
Durante a violência, sem explicação, da Brigada Militar, três bombas de efeito moral foram explodidas e tiros com balas de borracha feriram 17 trabalhadores.
Tuesday, October 14, 2008
Diário
Hoje, debaixo de chuva, me abalei até o distante bairro Intercap, em Porto Alegre, para pegar as fotos da minha formatura. Um baita programa de índio, mas eu tava com a Ana, minha amiga e ex-colega da faculdade, foi divertido. Muito divertido, nos duas, meia hora esperando o ônibus com guarda-chuvas que não continham a água e preocupadas para não molhar as fotos.
Chegamos no centro de Porto Alegre, enxargadas. Depois de uma passada básica nas Americanas fomos para o Rua da Praia Shopping encontrar duas amigas, que também chegaram brigando com seus guarda-chuvas. Almoçamos por ali mesmo. Tava com saudade das gurias, no último semestre, eu, a Ana Paula, a Aline, a Rê Tissot e a Cris (que não conseguiu folga no serviço hoje), fizemos todos os trabalhos juntas.
Nos quarentas minutos deu para colocar um pouco da conversa em dia. O caixa do restaurante não tinha troco pra me dá, então comprei quatro Batons (o chocolate) e dei um pra cada uma. Dai a Aline me olhou e perguntou: "tu vai escrever no teu blog que tu deu chocolate pra tuas amigas?"
Fiquei sem ação. É estranho saber que as pessoas vão ler o que eu escrevo. Acho que fiquei vermelha, mas elas não falaram nada ou não perceberam. E ela falou, assim, tão naturalmente... Mas é claro que eu tinha que escrever que hoje eu dei uma Batom pra minhas amigas. Aliás, é só por isso que estou escrevendo esse texto.
Depois tive que deixar o almoço e o sorvete no Mc Donalds para ir trabalhar. Tô gostando do serviço, tômara que fique mais do que o mês de férias da Daiani! Dia agitado, preparativos pra a Marcha dos Sem. Amanhã, trabalho o dia inteiro. Tranqüilo, tô adorando.
Cheguei em casa e fui para a esteira. Me lembrei que meu avô está de aniversário hoje, nem falei com ele. Me deu saudade da minha avó, que era casada com ele. Ela morreu quando eu tinha 6 anos. Praticamente, toda a minha vida foi, é e será sem a presença dela. Às vezes acho incrível eu lembrar tanto dela. Dá saudade. Da vó, do que as pessoas eram, de como as coisas eram...
Depois olhei a novela e fui para a internet, olhar os e-mail, conversar no msn, perder tempo no orkut, ler os blogs que curto, ouvir música... Acabei escrevendo esse texto...
Agora eu vou dormir, tô com um nó estranho na garganta, de saudade, de pensar como as coisas poderiam ter sido... Não sei se estou alegre ou triste, passei grande parte do dia alegre, até que a tristeza veio dá as caras... Mas o que importa mesmo é que hoje eu dei chocolate para as minhas amigas.
Wednesday, October 08, 2008
As grandes coisas
O que você fez hoje? Eu estou lendo “Quase memória”, do Carlos Heitor Cony. Nesse livro, ele conta as lembranças que tem do seu pai. Lá pelas tantas, o escritor afirma: “era o sujeito que todo dia, ao dormir, pensava consigo mesmo: ‘Amanhã farei grandes coisas!’”
Hoje, ao ler essas linhas, dentro de um trem lotado, dobrei o canto da página. Quantas pessoas naquele vagão tinham feito grandes coisas nesse dia. Dividindo o transporte comigo, estavam duas irmãs gêmeas vestidas com o uniforme do Inter, uma senhora que lia a Bíblia, uma moça que chorava silenciosamente, três guris com skates e fones no ouvido, um senhor que não parava de mexer na gravata... Qual a grande coisa realizada por eles hoje?
E o que será uma grande coisa? Essa crise na economia mundial é uma grande coisa para quem? Para alguns, grande coisa é não perder a esperança de ir para o exterior com a alta do dólar. É ler um bom livro e marcar algumas passagens, assistir boas peças de teatro, achar um filme bem lado B em cartaz no centro da cidade, não usar cartão de crédito e pagar à vista, encontrar um amigo, se surpreender com um conhecido, cozinhar, levar os filhos para a escola, viajar, namorar, trabalhar, colocar uma roupa nova, brincar com o cachorro...
Tanta coisa! As grandes coisas não estão longe. São próximas de pessoas comuns. É aquela pedra no caminho que nos faz tropeçar e nos impulsiona, nos acorda. É o barulho chato do mosquito no ouvido, nos lembrando de prestar mais atenção... Pairam no ar e na primeira oportunidade, caem no nosso colo.
Uma grande coisa que fiz hoje foi um cartaz no trabalho. Tive que fazer um cartaz para um evento, assim, rapidinho. No computador não tinha Pagemaker, só Corel e eu não sei mexer no Corel. Mas tinha que fazer o cartaz. E fiz. No Corel mesmo... Abri o programa, respirei fundo e fiz!
Provavelmente, daqui um tempo nem vou me lembrar mais desse cartaz e do sufoco momentâneo. Vou esquecer e reclamar, sem me dar conta que as grandes coisas cabem direitinho nas nossas limitações.
Hoje, ao ler essas linhas, dentro de um trem lotado, dobrei o canto da página. Quantas pessoas naquele vagão tinham feito grandes coisas nesse dia. Dividindo o transporte comigo, estavam duas irmãs gêmeas vestidas com o uniforme do Inter, uma senhora que lia a Bíblia, uma moça que chorava silenciosamente, três guris com skates e fones no ouvido, um senhor que não parava de mexer na gravata... Qual a grande coisa realizada por eles hoje?
E o que será uma grande coisa? Essa crise na economia mundial é uma grande coisa para quem? Para alguns, grande coisa é não perder a esperança de ir para o exterior com a alta do dólar. É ler um bom livro e marcar algumas passagens, assistir boas peças de teatro, achar um filme bem lado B em cartaz no centro da cidade, não usar cartão de crédito e pagar à vista, encontrar um amigo, se surpreender com um conhecido, cozinhar, levar os filhos para a escola, viajar, namorar, trabalhar, colocar uma roupa nova, brincar com o cachorro...
Tanta coisa! As grandes coisas não estão longe. São próximas de pessoas comuns. É aquela pedra no caminho que nos faz tropeçar e nos impulsiona, nos acorda. É o barulho chato do mosquito no ouvido, nos lembrando de prestar mais atenção... Pairam no ar e na primeira oportunidade, caem no nosso colo.
Uma grande coisa que fiz hoje foi um cartaz no trabalho. Tive que fazer um cartaz para um evento, assim, rapidinho. No computador não tinha Pagemaker, só Corel e eu não sei mexer no Corel. Mas tinha que fazer o cartaz. E fiz. No Corel mesmo... Abri o programa, respirei fundo e fiz!
Provavelmente, daqui um tempo nem vou me lembrar mais desse cartaz e do sufoco momentâneo. Vou esquecer e reclamar, sem me dar conta que as grandes coisas cabem direitinho nas nossas limitações.
Friday, October 03, 2008
Recadinho do Bertold
O Analfabeto Político
"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Bertold Brecht
"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Bertold Brecht
Friday, September 26, 2008
Os dois cavalheiros de Verona
Hoje assisti a peça “Os dois cavalheiros de Verona”, adaptação do clássico do Shakespeare e encenado pelo grupo carioca Nós do Morro, que já está completando 22 anos. Ver teatro sempre é bom, histórias de Shakespeare, melhor ainda.
E essa releitura ficou tri bacana, bem brasileira, com música de todos os ritmos. A peça é ágil, há uma intensa movimentação dos atores, que em nenhum momento saem do palco, se arrumando ali mesmo e quando não estão participando da cena, ficam sentados ou segurando o cenário, formado só por tecidos soltos. Apesar dos diálogos modernos, é fácil perceber o texto do Shakespeare.
Agora, o melhor é que foi aqui, na minha cidade, que a peça estava em cartaz. No Teatro Municipal de São Leopoldo. O município ficou quase dez anos sem esse espaço, que fica ao lado da biblioteca. Foi em abril desse ano que o teatro voltou a receber o público. E a reforma ficou ótima, o ambiente é claro, bem iluminado e tem um hall bem grande onde, seguidamente, ocorrem exposições. Confesso que achei a distância das poltronas muito pequena, é apertado. Mas nada que empeça a gente de ir assistir alguma atração.
O teatro estava lotado. Muitas vezes falei que o povo daqui não gosta de cultura. Tive que calar minha boca, rapidinho. Acho que só faltava um lugar. E sempre tem alguma coisa bacana rolando lá e com um preço acessível.
Em novembro terá apresentação do espetáculo da Escola de Dança Arte e Equilíbrio, do qual eu faço parte do elenco e já estou há um bom tempo ensaiando. Então em novembro, eu conto como é estar no palco do Teatro Municipal de São Leopoldo.
Thursday, September 25, 2008
Sobre lógicas e aparências
Não sou simpática com todo mundo. E daí? Tenho personalidade, ora. Daí, que eu bem queria bancar a simpática com todo mundo. Seria mais fácil do que explicar o motivo da cara fechada, quando o mais provável é que não fui com a cara tua cara. Antipatia genuína. Antipática assumida.
Estou dando um tempo da academia, afinal sou uma mulher desencanada. Depois de anos me exercitando disciplinadamente e religiosamente, meus músculos merecem férias. Eu perdi o tesão que tinha por puxar ferros. Enquanto meu tesão não volta, penso que seria bem bom ser uma mulher desencanada.
Escrevi “bem bom” e parei para pensar. Eu gosto da combinação de bem bom. Fala: bem bom. É legal, sonoro e isso basta. Bem bom seria se eu entendesse mais de gramática. Só porque escrevo, tem gente que acha que eu sei quando se usa corretamente mim e eu, crases, vírgulas... Sei pouco. Bem pouco. Passava as aulas de português escrevendo redações para vender, me achavam inteligente. Era, no máximo, esperta.
Hoje, nem esperta eu sou. Restou pouca coisa da época do colégio, apenas textos incompletos e poesias onde deveria haver fórmulas matemáticas. Outro dia vi esse símbolo: √, não sabia o que era. Só no outro dia que me lembrei da tal raiz quadrada. Eu passava as aulas de matemáticas lendo. Um dia perguntei para o professor se ele não se importava, ele falou que se eu conseguia entender Galeano, que não tinha lógica, entenderia a matéria. Que era lógica pura.
“O caminho estava muito cheio de gente. Todos iam para o país dos sonhos, e faziam muita confusão e muito ruído ensaiando os sonhos que iam sonhar, e por isso Pepa (a cachorrinha) ia resmungando, porque não a deixavam concentrar-se como se deve.”
Teve uma época que lia direto Eduardo Galeano, isso aí de cima é dele. Não parece, mas Galeano é um conceituado escritor e jornalista uruguaio. Não parece, mas não me imagino mais numa academia suando e disputando um lugar no espelho. Não parece, mas não gosto de gramática. Só me sobrou a antipatia e o gosto por coisas que não tem lógica.
Estou dando um tempo da academia, afinal sou uma mulher desencanada. Depois de anos me exercitando disciplinadamente e religiosamente, meus músculos merecem férias. Eu perdi o tesão que tinha por puxar ferros. Enquanto meu tesão não volta, penso que seria bem bom ser uma mulher desencanada.
Escrevi “bem bom” e parei para pensar. Eu gosto da combinação de bem bom. Fala: bem bom. É legal, sonoro e isso basta. Bem bom seria se eu entendesse mais de gramática. Só porque escrevo, tem gente que acha que eu sei quando se usa corretamente mim e eu, crases, vírgulas... Sei pouco. Bem pouco. Passava as aulas de português escrevendo redações para vender, me achavam inteligente. Era, no máximo, esperta.
Hoje, nem esperta eu sou. Restou pouca coisa da época do colégio, apenas textos incompletos e poesias onde deveria haver fórmulas matemáticas. Outro dia vi esse símbolo: √, não sabia o que era. Só no outro dia que me lembrei da tal raiz quadrada. Eu passava as aulas de matemáticas lendo. Um dia perguntei para o professor se ele não se importava, ele falou que se eu conseguia entender Galeano, que não tinha lógica, entenderia a matéria. Que era lógica pura.
“O caminho estava muito cheio de gente. Todos iam para o país dos sonhos, e faziam muita confusão e muito ruído ensaiando os sonhos que iam sonhar, e por isso Pepa (a cachorrinha) ia resmungando, porque não a deixavam concentrar-se como se deve.”
Teve uma época que lia direto Eduardo Galeano, isso aí de cima é dele. Não parece, mas Galeano é um conceituado escritor e jornalista uruguaio. Não parece, mas não me imagino mais numa academia suando e disputando um lugar no espelho. Não parece, mas não gosto de gramática. Só me sobrou a antipatia e o gosto por coisas que não tem lógica.
Saturday, September 20, 2008
20 de setembro
Wednesday, September 17, 2008
Em volta da churrasqueira
Eu não como carne. Há cinco anos sou vegetariana. Mas gosto de churrascos. Para nós, gaúchos, churrascos são eventos, rituais. Mesmo sem entender qual a graça de comer cadáver assado, eu gosto de participar dessa cerimônia gauchesca e infelizmente, carnívora.
Sábado passado, quando cheguei em casa, minha mãe avisou: “amanhã é pra vocês irem almoçar no teu tio Doni. Ele vai assar uma carne porque tá de aniversário.” Perceberam? Primeiro o churrasco, depois o motivo pra me fazer sair de casa e compactuar com esse ritual. Claro que eu não vou, sem antes reclamar, explicar que nosso estômago poderia viver muito bem sem carne, que voltaria fedendo a churrasco...
Mas fui. Afinal, havia de fato, algo a comemorar. E bastou chegar lá para vê cenas típicas de uma família bem tradicionalista. Música gauchesca no rádio, homens de bombachas, chimarrão passando de mão em mão, criançada correndo, mulheres preparando as saladas, muitas, pois há uma vegetariana na família e no churrasco. Dizem que família não se escolhe...
Tudo tranqüilo, até porque eles nem perdem tempo insistindo para eu comer carne. Já se acostumaram. Às vezes oferecem frango, daí eu lembro que é carne igual e com exceção do meu avô, ninguém acha ruim a minha escolha. Talvez não entendam, mas respeitam.
Quando era criança, todo domingo era dia de churrasco. Muito já corri em volta da churrasqueira do meu avô com meus primos, brincava de esgrima com os espetos, gostava de comer sal grosso... Domingo, ao ver meu primo correndo atrás da filha dela, me dei conta que boa parte das minhas lembranças são em volta de uma churrasqueira. É por isso que eu gosto de churrascos, apesar de não entender qual a graça de comer carne assada e voltar pra casa fedendo...
Sábado passado, quando cheguei em casa, minha mãe avisou: “amanhã é pra vocês irem almoçar no teu tio Doni. Ele vai assar uma carne porque tá de aniversário.” Perceberam? Primeiro o churrasco, depois o motivo pra me fazer sair de casa e compactuar com esse ritual. Claro que eu não vou, sem antes reclamar, explicar que nosso estômago poderia viver muito bem sem carne, que voltaria fedendo a churrasco...
Mas fui. Afinal, havia de fato, algo a comemorar. E bastou chegar lá para vê cenas típicas de uma família bem tradicionalista. Música gauchesca no rádio, homens de bombachas, chimarrão passando de mão em mão, criançada correndo, mulheres preparando as saladas, muitas, pois há uma vegetariana na família e no churrasco. Dizem que família não se escolhe...
Tudo tranqüilo, até porque eles nem perdem tempo insistindo para eu comer carne. Já se acostumaram. Às vezes oferecem frango, daí eu lembro que é carne igual e com exceção do meu avô, ninguém acha ruim a minha escolha. Talvez não entendam, mas respeitam.
Quando era criança, todo domingo era dia de churrasco. Muito já corri em volta da churrasqueira do meu avô com meus primos, brincava de esgrima com os espetos, gostava de comer sal grosso... Domingo, ao ver meu primo correndo atrás da filha dela, me dei conta que boa parte das minhas lembranças são em volta de uma churrasqueira. É por isso que eu gosto de churrascos, apesar de não entender qual a graça de comer carne assada e voltar pra casa fedendo...
Saturday, September 13, 2008
Rodolfo
Acabei de chegar do show que o argentino Fito Paez fez no Pepsi On Stage, em Porto Alegre. Sensacional, como ele mesmo definiu. O Fito, apelido de Rodolfo, foi um dos achados da minha adolescência e sei que vai durar para sempre.
Foi no Fórum Social Mundial em 2002 que parei num show dele, sem saber direito de quem era aquele show. E me encantei com o cara de cabelos cacheados que tocava piano e pulava ao mesmo tempo. Que gesticulava muito e se mostrava politizado. Foi nesse show que descobri que ele era o cantor de Mariposa Tecknicolor, aquela música que às vezes ouvia no rádio e gostava.
Ano passado, passei horas na fila para comprar o ingresso para o encerramento do Festival de Inverno de Porto Alegre, que teve o show dele com a Liliana Herrero, mas quando chegou a minha vez, estavam esgotados. Em abril fui no show do Paralamas com o Titãs, que teve entre outros convidados, Fito Paez. E se já gostava de Mariposa Tecknicolor, depois que essa música foi o tema de entrada da minha formatura, gosto mais!
No show de hoje, como naquele de 6 anos atrás, Fito tocou piano e pulou ao mesmo tempo. E mais, tocou guitarra, conversou com a platéia, brincou, tocou Mariposa, Amor depues del amor, Rodar mi vida, Naturezala Sangue, Fue Amor... Até a sonorização do Pepsi on Stage colaborou.
Dizem que ele é mais conhecido aqui no sul, do que no resto do país... O fato é que ele é um baita instrumentista e diretor de cinema, tem o disco mais vendido na história Argentina, o primeiro artista não-cubano a tocar na famosa Plaza de la Revolución, em Cuba, foi ele. Já trabalhou com os brasileiros Caetano Veloso, Herbert Vianna, Djavan entre outros... Currículo é o que não falta.
Agora o que eu mais gosto nele, além da simplicidade, é a maneira como ele toca piano e pula ao mesmo tempo. Parece uma criança, apesar dos quarentas e poucos anos. Passa a impressão de que aquilo é uma grande brincadeira, algo que recém foi descoberto e causa encantamento, prazer, surpresa... Gosto de pessoas assim, que transformam a diversão em ofício, mas sem perder a capacidade de se divertir de fato. E no final de algumas músicas, ele olhava para a platéia e falava: SENSASIONAL!
Foi no Fórum Social Mundial em 2002 que parei num show dele, sem saber direito de quem era aquele show. E me encantei com o cara de cabelos cacheados que tocava piano e pulava ao mesmo tempo. Que gesticulava muito e se mostrava politizado. Foi nesse show que descobri que ele era o cantor de Mariposa Tecknicolor, aquela música que às vezes ouvia no rádio e gostava.
Ano passado, passei horas na fila para comprar o ingresso para o encerramento do Festival de Inverno de Porto Alegre, que teve o show dele com a Liliana Herrero, mas quando chegou a minha vez, estavam esgotados. Em abril fui no show do Paralamas com o Titãs, que teve entre outros convidados, Fito Paez. E se já gostava de Mariposa Tecknicolor, depois que essa música foi o tema de entrada da minha formatura, gosto mais!
No show de hoje, como naquele de 6 anos atrás, Fito tocou piano e pulou ao mesmo tempo. E mais, tocou guitarra, conversou com a platéia, brincou, tocou Mariposa, Amor depues del amor, Rodar mi vida, Naturezala Sangue, Fue Amor... Até a sonorização do Pepsi on Stage colaborou.
Dizem que ele é mais conhecido aqui no sul, do que no resto do país... O fato é que ele é um baita instrumentista e diretor de cinema, tem o disco mais vendido na história Argentina, o primeiro artista não-cubano a tocar na famosa Plaza de la Revolución, em Cuba, foi ele. Já trabalhou com os brasileiros Caetano Veloso, Herbert Vianna, Djavan entre outros... Currículo é o que não falta.
Agora o que eu mais gosto nele, além da simplicidade, é a maneira como ele toca piano e pula ao mesmo tempo. Parece uma criança, apesar dos quarentas e poucos anos. Passa a impressão de que aquilo é uma grande brincadeira, algo que recém foi descoberto e causa encantamento, prazer, surpresa... Gosto de pessoas assim, que transformam a diversão em ofício, mas sem perder a capacidade de se divertir de fato. E no final de algumas músicas, ele olhava para a platéia e falava: SENSASIONAL!
Wednesday, September 10, 2008
Poema datado
Chovia aos cântaros hoje à tarde, quando eu resolvi abrir uma caixa onde guardo algumas coisas que escrevi há muito tempo atrás. Tempo que eu não tinha computador. Tempo dos meus 11, 12 anos e escrevia ou fingia estar escrevendo para não ficarem me enchendo. Tempo da adolescência, quando eu achava o colégio e o mundo cruel demais e escrever era uma fuga.
O que mais me chamou atenção é a quantidade de poemas. Hoje em dia, não escrevo poemas, acho difícil e a chance de eu não gostar é imensa. Acho que era coisa de adolescente... Alguns são bons, outros uns lixos. Que vergonha! Mas nenhum foi pro lixo, voltaram todos para a caixa! E lá ficarão por muito tempo.
É legal ler o que escrevi há dez, oito anos atrás. E eu tinha a mania de colocar a data, a hora, o local e às vezes, até a música que estava escutando em tudo que escrevia. Bizarro... Transcrevo aqui um poema que fala justamente sobre isso.
Que estranho hábito esse meu!
Colocar data e hora nas poesias que escrevo...
Como se fosse possível aprisionar palavras.
Alguns até locais têm!
Que ilusão...
Se qu os escrevo, justamente, porque eles precisam se libertar.
Noite, 22 de dezembro de 2000 – em casa – ouvindo Nirvana
Quando tiver coragem, mostro outros...
O que mais me chamou atenção é a quantidade de poemas. Hoje em dia, não escrevo poemas, acho difícil e a chance de eu não gostar é imensa. Acho que era coisa de adolescente... Alguns são bons, outros uns lixos. Que vergonha! Mas nenhum foi pro lixo, voltaram todos para a caixa! E lá ficarão por muito tempo.
É legal ler o que escrevi há dez, oito anos atrás. E eu tinha a mania de colocar a data, a hora, o local e às vezes, até a música que estava escutando em tudo que escrevia. Bizarro... Transcrevo aqui um poema que fala justamente sobre isso.
Que estranho hábito esse meu!
Colocar data e hora nas poesias que escrevo...
Como se fosse possível aprisionar palavras.
Alguns até locais têm!
Que ilusão...
Se qu os escrevo, justamente, porque eles precisam se libertar.
Noite, 22 de dezembro de 2000 – em casa – ouvindo Nirvana
Quando tiver coragem, mostro outros...
Friday, September 05, 2008
Entrando na dança...
Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha participado. A Jac Oliveria respondeu essas mesmas perguntas no blog dela e me passou a bola. Respondo e escolho cinco blogs que tem que fazer o mesmo. O nome disso é Meme.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 10 anos atrás:
- peguei catapora;
- fui no casamento de uma prima;
- pintei o cabelo de verde por causa da Copa;
- passei as férias de verão na casa dos meus tios, em Florianópolis;
- minha madrinha engravidou e me deu um afilhado de presente de Natal.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 5 anos atrás:
- comecei a cursar Jornalismo na Unisinos;
- tatuei minha primeira borboleta;
- parei de comer carne;
- trabalhei na São Leopoldo Fest;
- fui no Planeta Atlântida.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 2 anos atrás:
- comecei a trabalhar num site de esportes;
- parei de tomar anti-depressivo;
- vi meu time ser Campeão do Mundo;
- conheci um monte de gente especial;
- comecei a freqüentar uma casa espírita.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 1 ano atrás:
- coloquei silicone;
- joguei Paint ball;
- comecei a estudar italiano;
- decupei 40 horas de gravação dos programas que analisei no TCC;
- passei um feriado chuvoso em Florianópolis.
Escrever 5 coisas que rolaram ontem:
(Quinta - 04/09/08)
- ouvi todo o CD Nevermeind, do Nirvana;
- comi negrinho;
- fui caminhar;
- fui na casa espírita;
- soube que as fotos da formatura já estão disponíveis no site da produtora.
Escrever 5 coisas que rolaram hoje:
(Sexta - 05/09/08)
- acordei mais cedo;
- cozinhei;
- desejei que não estivesse chovendo;
- falei com meu ex-chefe;
- comi pipoca.
Escrever 5 coisas que rolarão amanhã:
- tentar não acordar muito tarde;
- me puxar na aula de dança;
- decidir como vai ser minha roupa na apresentação de dança;
- escolher as fotos da formatura;
- dar uma organizada no meu quarto.
Quem entra na dança agora:
Vicissitude de ser
Clandestinojr
Después te explico
Carismática da Insolência
Baphometro
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 10 anos atrás:
- peguei catapora;
- fui no casamento de uma prima;
- pintei o cabelo de verde por causa da Copa;
- passei as férias de verão na casa dos meus tios, em Florianópolis;
- minha madrinha engravidou e me deu um afilhado de presente de Natal.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 5 anos atrás:
- comecei a cursar Jornalismo na Unisinos;
- tatuei minha primeira borboleta;
- parei de comer carne;
- trabalhei na São Leopoldo Fest;
- fui no Planeta Atlântida.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 2 anos atrás:
- comecei a trabalhar num site de esportes;
- parei de tomar anti-depressivo;
- vi meu time ser Campeão do Mundo;
- conheci um monte de gente especial;
- comecei a freqüentar uma casa espírita.
Escrever 5 coisas que rolaram na minha vida há 1 ano atrás:
- coloquei silicone;
- joguei Paint ball;
- comecei a estudar italiano;
- decupei 40 horas de gravação dos programas que analisei no TCC;
- passei um feriado chuvoso em Florianópolis.
Escrever 5 coisas que rolaram ontem:
(Quinta - 04/09/08)
- ouvi todo o CD Nevermeind, do Nirvana;
- comi negrinho;
- fui caminhar;
- fui na casa espírita;
- soube que as fotos da formatura já estão disponíveis no site da produtora.
Escrever 5 coisas que rolaram hoje:
(Sexta - 05/09/08)
- acordei mais cedo;
- cozinhei;
- desejei que não estivesse chovendo;
- falei com meu ex-chefe;
- comi pipoca.
Escrever 5 coisas que rolarão amanhã:
- tentar não acordar muito tarde;
- me puxar na aula de dança;
- decidir como vai ser minha roupa na apresentação de dança;
- escolher as fotos da formatura;
- dar uma organizada no meu quarto.
Quem entra na dança agora:
Vicissitude de ser
Clandestinojr
Después te explico
Carismática da Insolência
Baphometro
Wednesday, September 03, 2008
Confissões
Eu quebrei a Barbie novinha da minha prima. E eu menti, falei que não tinha sido eu. Até hoje ela não sabe quem quebrou a boneca. Eu falava para o meu irmão que as duas notas de R$ 1,00 que eu tinha, valia mais que a nota de R$ 5,00, ele acreditava e a gente trocava.
Qualquer coisa que fazia de errado eu corria para minha vó, ela sempre me defendia. Na primeira série, fugi do colégio, quando minha mãe aloprou, minha vó colocou a culpa nas propostas pedagógicas da escola. Fazia as psicólogas de boba. Elas me mostravam figuras redondas e eu falava que eram dados rolando dentro de uma caixa.
Eu que risquei todo o muro do colégio na quinta-série, de despida, foi minha contribuição artística. O que mais gostava no Grêmio Estudantil é que podia matar aula à vontade e com o consentimento dos professores. Em quase toda a prova de matemática eu colava. Nas de inglês, dava cola.
Já fiquei com guri que tem namorada. Tratei muito mal quem não deveria. Entreguei trabalhos de colegas na faculdade. Não li livros que precisava. Às vezes vou na psicóloga só pra contar piada. Não devolvi CDs que me emprestaram. Já menti para médico e comprei atestado. Não acredito nas pessoas, principalmente nas boazinhas.
Experimentei maconha num retiro espiritual. Tomei chá de cogumelo num café da manhã. Não gosto de religiões e dessas convenções que só atrasam o mundo. Tenho inveja e sinto raiva. Sou orgulhosa. Até um astrólogo falou que minha combinação astral resultava numa pecadora nata. Como não acredito em pecado nunca me confessei.
Qualquer coisa que fazia de errado eu corria para minha vó, ela sempre me defendia. Na primeira série, fugi do colégio, quando minha mãe aloprou, minha vó colocou a culpa nas propostas pedagógicas da escola. Fazia as psicólogas de boba. Elas me mostravam figuras redondas e eu falava que eram dados rolando dentro de uma caixa.
Eu que risquei todo o muro do colégio na quinta-série, de despida, foi minha contribuição artística. O que mais gostava no Grêmio Estudantil é que podia matar aula à vontade e com o consentimento dos professores. Em quase toda a prova de matemática eu colava. Nas de inglês, dava cola.
Já fiquei com guri que tem namorada. Tratei muito mal quem não deveria. Entreguei trabalhos de colegas na faculdade. Não li livros que precisava. Às vezes vou na psicóloga só pra contar piada. Não devolvi CDs que me emprestaram. Já menti para médico e comprei atestado. Não acredito nas pessoas, principalmente nas boazinhas.
Experimentei maconha num retiro espiritual. Tomei chá de cogumelo num café da manhã. Não gosto de religiões e dessas convenções que só atrasam o mundo. Tenho inveja e sinto raiva. Sou orgulhosa. Até um astrólogo falou que minha combinação astral resultava numa pecadora nata. Como não acredito em pecado nunca me confessei.
Saturday, August 30, 2008
Nome Próprio
Assisti ao filme vencedor do Festival de Cinema de Gramado desde ano, o falado Nome Próprio. Um baita filme do Murilo Salles, baseado nos textos da gaúcha Clarah Averbuck e com a atriz Leandra Leal, aliás, mais que merecido o Kikito de melhor atriz, ela está excelente, virei fã, até a novela das seis assisto de vez em quando só pra vê a Elzinha.
Bem por cima, o filme conta a história da Camila, uma jovem que se muda pra São Paulo com o namorado e quer ser escritora. Bem por cima, porque o filme é muito mais que isso, é surpreendente, tem um monte de histórias e muda o tempo todo. A cada cena uma surpresa. Só o que não muda é os escritos da Camila no seu blog. Que saem da tela do computador e invadem a tela do cinema.
Ainda hoje li uma matéria que dizia que o filme está sendo tema para grandes discussões. Sobre a “geração internet”, a estética da obra, o comportamento da personagem, os textos da Clarah... Acho bacana estarem discutindo sobre o filme, que é inteligente, atual e tem uma personagem rica e intensa. O mais bacana que achei na Camila foi a falta de hipocrisia, uma verdade em ser, uma coragem de não se esconder que assusta e por isso incomoda.
A personagem passa boa parte do filme nua, principalmente quando está escrevendo. E foi isso o que mais me chamou a atenção. O blog dela era sua catarse e nessa catarse valia tudo, pedir uma moradia, explicar que não gostava de comentários sobre seus textos, curar seus porres e até falar para o namorado que ela não traiu, foi ele que chegou em casa na hora errada.
Mário Quintana já dizia que “até uma vírgula é uma confissão” e partindo do princípio que quem escreve se expõe, nada anormal a personagem aparecer nua. Para mim, a cena mais bonita do filme é quando a Camila está nua, sentada no chão e liga o computador, a única luz em cena é a do monitor que reflete não só o corpo dela, mas a pessoa. A cena muda e ela nem chega a escrever. E ali, naquele momento, nem precisava. A escritora já era o suficiente e não cabia em nenhuma história.
Bem por cima, o filme conta a história da Camila, uma jovem que se muda pra São Paulo com o namorado e quer ser escritora. Bem por cima, porque o filme é muito mais que isso, é surpreendente, tem um monte de histórias e muda o tempo todo. A cada cena uma surpresa. Só o que não muda é os escritos da Camila no seu blog. Que saem da tela do computador e invadem a tela do cinema.
Ainda hoje li uma matéria que dizia que o filme está sendo tema para grandes discussões. Sobre a “geração internet”, a estética da obra, o comportamento da personagem, os textos da Clarah... Acho bacana estarem discutindo sobre o filme, que é inteligente, atual e tem uma personagem rica e intensa. O mais bacana que achei na Camila foi a falta de hipocrisia, uma verdade em ser, uma coragem de não se esconder que assusta e por isso incomoda.
A personagem passa boa parte do filme nua, principalmente quando está escrevendo. E foi isso o que mais me chamou a atenção. O blog dela era sua catarse e nessa catarse valia tudo, pedir uma moradia, explicar que não gostava de comentários sobre seus textos, curar seus porres e até falar para o namorado que ela não traiu, foi ele que chegou em casa na hora errada.
Mário Quintana já dizia que “até uma vírgula é uma confissão” e partindo do princípio que quem escreve se expõe, nada anormal a personagem aparecer nua. Para mim, a cena mais bonita do filme é quando a Camila está nua, sentada no chão e liga o computador, a única luz em cena é a do monitor que reflete não só o corpo dela, mas a pessoa. A cena muda e ela nem chega a escrever. E ali, naquele momento, nem precisava. A escritora já era o suficiente e não cabia em nenhuma história.
Monday, August 25, 2008
O dia seguinte. Um dia depois
Queria ter escrito esse texto ontem. Mas não consegui. Ainda tava pensando muito no dia anterior. 23 de agosto. “Amanhã é 23...”, já cantava Paula Toller. O estranho é pensar que esperei tanto por esse dia. Ontem pensei muito para ver se a ficha caia.
Foram meses de expectativa, reuniões, confraternizações, festas, discussões, dores de cabeça... Daí chega o dia. Não parecíamos nervosos antes, eu só comecei a me dar conta do que tava acontecendo quando esperávamos o Daniel Scola (nosso paraninfo). Tentávamos escutar alguma coisa da cerimônia... Alguém falou que o Daniel chegou, meu coração quase saiu pela boca e a partir daí foi tudo rápido.
Não sei como consegui chegar até o palco e como esse trajeto rendeu algumas fotos bacanas. Hino, juramento e começou a entrega do diploma, eu era a quinta. Quando percebi, me chamaram eu não ouvi minha música (Vida louca vida, do Cazuza), mas lembro que meus colegas cantaram. Também não sei como cheguei onde tinha que chegar.
Eu ainda consegui me esquecer para quem que eu tinha que entregar o barrete. Olhei para um, olhei para o outro e não sabia. Aí olhei para o Daniel e me lembrei que ele era o segundo... Grande Daniel! Me salvou! Depois foi um senta-levanta, senta-levanta. Que quando vi, os oradores já estavam fazendo o discurso, já tinha rosas na minhas mãos para entregar aos meus pais, o Daniel já estava fazendo o tão esperado discurso dele, hino do Rio Grande do Sul e acabou.
Lá fora um monte de gente, mais do que eu esperava! Até minha professora da primeira série, adorei que ela foi! Imagina, ela que me ensinou a ler, tinha que estar lá, de certo modo, é responsabilidade dela também. E boa parte da família. Queria meu vô tivesse ido... Minha vô e minha prima sei que mesmo no céu (sic) estavam lá comigo!
Eu não sei o que senti. Não tem explicação o que é estar em cima daquele palco, é diferente de tudo que tinha imaginado. Eu queria escrever mais sobre o que eu senti... Não consigo, me lembro e começo a chorar. Talvez porque é muito recente ainda. Mas eu gostaria de lembrar desse dia daqui alguns anos e sentir o que eu tô sentindo agora.
Foram meses de expectativa, reuniões, confraternizações, festas, discussões, dores de cabeça... Daí chega o dia. Não parecíamos nervosos antes, eu só comecei a me dar conta do que tava acontecendo quando esperávamos o Daniel Scola (nosso paraninfo). Tentávamos escutar alguma coisa da cerimônia... Alguém falou que o Daniel chegou, meu coração quase saiu pela boca e a partir daí foi tudo rápido.
Não sei como consegui chegar até o palco e como esse trajeto rendeu algumas fotos bacanas. Hino, juramento e começou a entrega do diploma, eu era a quinta. Quando percebi, me chamaram eu não ouvi minha música (Vida louca vida, do Cazuza), mas lembro que meus colegas cantaram. Também não sei como cheguei onde tinha que chegar.
Eu ainda consegui me esquecer para quem que eu tinha que entregar o barrete. Olhei para um, olhei para o outro e não sabia. Aí olhei para o Daniel e me lembrei que ele era o segundo... Grande Daniel! Me salvou! Depois foi um senta-levanta, senta-levanta. Que quando vi, os oradores já estavam fazendo o discurso, já tinha rosas na minhas mãos para entregar aos meus pais, o Daniel já estava fazendo o tão esperado discurso dele, hino do Rio Grande do Sul e acabou.
Lá fora um monte de gente, mais do que eu esperava! Até minha professora da primeira série, adorei que ela foi! Imagina, ela que me ensinou a ler, tinha que estar lá, de certo modo, é responsabilidade dela também. E boa parte da família. Queria meu vô tivesse ido... Minha vô e minha prima sei que mesmo no céu (sic) estavam lá comigo!
Eu não sei o que senti. Não tem explicação o que é estar em cima daquele palco, é diferente de tudo que tinha imaginado. Eu queria escrever mais sobre o que eu senti... Não consigo, me lembro e começo a chorar. Talvez porque é muito recente ainda. Mas eu gostaria de lembrar desse dia daqui alguns anos e sentir o que eu tô sentindo agora.
Friday, August 22, 2008
Instantâneo
Acho que hoje eu não vou conseguir dormir (às vezes penso se é dormir ou durmir...). Sempre escrevo mais à noite. Tenho mais idéias ou apenas me escuto, não sei. Quantas vezes deitei na cama e comecei a escutar a voz, às vezes conseguia virar pro lado e pegar no sono, noutras levantava e escrevia.
Uma das poucas certezas que sempre tive na vida é que escrever pra mim é tão vital quanto respirar. Era criança e já imaginava que quando crescesse queria ser vegetariana (sempre achei bonito), teria tatuagens (nunca entendi porque não somos coloridos) e escrevia (eu tenho mil e um motivos pra isso).
Sempre andei com papel e caneta. Sempre escutei essa voz que só cala quando eu escrevo. Às vezes me pergunto se é vocação ou piração e tenho medo da resposta, seja qual for. Já me conformei que vou ter que escutá-la por toda minha vida.
Acho que é só pra escrever que fiz jornalismo. E a poucas horas da formatura penso nas histórias que ainda vou contar. Nas que ouvirei das fontes e nas que a voz vai me contar. E acho que foi a voz que me levou até esse momento. Claro que jornalismo não é só escrever, eu trabalho muito mais com projeto gráfico do que com redação. Mas é um ouvir histórias constantes.
É como eu gosto de ouvir histórias, por isso que falo pouco e escrevo muito. Tenho diário até hoje! Fora uns cadernos onde escrevo quando não tô a fim de digitar. Fora o que escrevo e toco fora. Fora a agenda e um monte de papel que tenho do lado do computador. Enfim, todos os caminhos me levaram a escrever. E a voz insistia...
Eu tô ansiosa com a formatura, escrevo (neste momento) pra me acalmar um pouco. Por isso instantâneo! A voz por mais incrível que pareça, tá queitinha, acho que ela tá com medo. Mas sei que vou deitar na cama e não vou dormir. Então escrever também serve pra passar o tempo. Contar pra várias pessoas o que não tenho ninguém pra contar. Eternizar pessoas. Extravasar.
Quando eu tinha uns 13, 14 anos achava que escrevendo eu iria me encontrar. Hoje eu sei que eu escrevo porque não quero me achar. Posso ser outras. Posse ser diferente. Me exponho sem quer. Me exponho com consciência. Exponho os outros sem querer e por querer. Sou a leonina com ascendente em escorpião, e aceito todo o ego e gênio difícil dessa combinação. Sou a doce canceriana que gostaria de ser, às vezes. Posso me perder, que a voz me guia.
Gosto de frases curtas. E-emendar-um-monte-de-palavras-assim. Porque faz a gente perder o fôlego. Eu gosto de perder o fôlego. Escrevo na primeira pessoa porque é mais fácil começar. Gosto de reticiências... E me pergunto qual a melhor hora de acabar?
O texto abaixo tá no livro “A Casa da Esquina”, que eu comprei com meu primeiro salário, fez eu me sentir mais normal e aceitar essa vocação ou piração.
“Pesco palavras entre tantas que invadem meu pensamento vindas de um lugar distante. Ouço frases inteiras como se um outro conversasse incansavelmente comigo contando segredos da minha personalidade. Sussurradas, às vezes parecem palavras de medo. Medo de que eu realmente saiba tudo e não me poupe de qualquer detalhe.
Não sei exatamente por que, mas cresci ouvindo esta voz que me acompanha onde quer que eu vá. Me acalma, me irrita, me entende. Na cama, posso escutá-la com mais clareza. Ás vezes me excita, às vezes canta, chora, ri.”
Duca Leindecker
Uma das poucas certezas que sempre tive na vida é que escrever pra mim é tão vital quanto respirar. Era criança e já imaginava que quando crescesse queria ser vegetariana (sempre achei bonito), teria tatuagens (nunca entendi porque não somos coloridos) e escrevia (eu tenho mil e um motivos pra isso).
Sempre andei com papel e caneta. Sempre escutei essa voz que só cala quando eu escrevo. Às vezes me pergunto se é vocação ou piração e tenho medo da resposta, seja qual for. Já me conformei que vou ter que escutá-la por toda minha vida.
Acho que é só pra escrever que fiz jornalismo. E a poucas horas da formatura penso nas histórias que ainda vou contar. Nas que ouvirei das fontes e nas que a voz vai me contar. E acho que foi a voz que me levou até esse momento. Claro que jornalismo não é só escrever, eu trabalho muito mais com projeto gráfico do que com redação. Mas é um ouvir histórias constantes.
É como eu gosto de ouvir histórias, por isso que falo pouco e escrevo muito. Tenho diário até hoje! Fora uns cadernos onde escrevo quando não tô a fim de digitar. Fora o que escrevo e toco fora. Fora a agenda e um monte de papel que tenho do lado do computador. Enfim, todos os caminhos me levaram a escrever. E a voz insistia...
Eu tô ansiosa com a formatura, escrevo (neste momento) pra me acalmar um pouco. Por isso instantâneo! A voz por mais incrível que pareça, tá queitinha, acho que ela tá com medo. Mas sei que vou deitar na cama e não vou dormir. Então escrever também serve pra passar o tempo. Contar pra várias pessoas o que não tenho ninguém pra contar. Eternizar pessoas. Extravasar.
Quando eu tinha uns 13, 14 anos achava que escrevendo eu iria me encontrar. Hoje eu sei que eu escrevo porque não quero me achar. Posso ser outras. Posse ser diferente. Me exponho sem quer. Me exponho com consciência. Exponho os outros sem querer e por querer. Sou a leonina com ascendente em escorpião, e aceito todo o ego e gênio difícil dessa combinação. Sou a doce canceriana que gostaria de ser, às vezes. Posso me perder, que a voz me guia.
Gosto de frases curtas. E-emendar-um-monte-de-palavras-assim. Porque faz a gente perder o fôlego. Eu gosto de perder o fôlego. Escrevo na primeira pessoa porque é mais fácil começar. Gosto de reticiências... E me pergunto qual a melhor hora de acabar?
O texto abaixo tá no livro “A Casa da Esquina”, que eu comprei com meu primeiro salário, fez eu me sentir mais normal e aceitar essa vocação ou piração.
“Pesco palavras entre tantas que invadem meu pensamento vindas de um lugar distante. Ouço frases inteiras como se um outro conversasse incansavelmente comigo contando segredos da minha personalidade. Sussurradas, às vezes parecem palavras de medo. Medo de que eu realmente saiba tudo e não me poupe de qualquer detalhe.
Não sei exatamente por que, mas cresci ouvindo esta voz que me acompanha onde quer que eu vá. Me acalma, me irrita, me entende. Na cama, posso escutá-la com mais clareza. Ás vezes me excita, às vezes canta, chora, ri.”
Duca Leindecker
Monday, August 18, 2008
Sem texto
Quarta-feira passada, dia 13, fui na caminhada dos jornalistas pela regulamentação da profissão. Já antes de ir estava pensado "tenho que escrever sobre isso no blog"... Hoje um amiga me perguntou por que não tinha escrito nada.
Porque pela primeira vez, fiquei com vergonha da minha profissão. Havia dezenas de pessoas, só dezenas! Esperava mais, muito mais! Que classe mais desunida! Os professores e profissionas presentes estavam falando que havia muita gente participando...
Enfim, fui, fiz minha parte, caminhei, vesti a camiseta, pintei a cara, entreguei panfleto e carreguei faixa, mas não gostei. Esperava mais!
Porque pela primeira vez, fiquei com vergonha da minha profissão. Havia dezenas de pessoas, só dezenas! Esperava mais, muito mais! Que classe mais desunida! Os professores e profissionas presentes estavam falando que havia muita gente participando...
Enfim, fui, fiz minha parte, caminhei, vesti a camiseta, pintei a cara, entreguei panfleto e carreguei faixa, mas não gostei. Esperava mais!
Wednesday, August 13, 2008
Percepções
Exatamente um mês depois da minha formatura, uma grande amiga vai se casar. Apesar da amizade, ela não vai na minha formatura, nem eu vou no seu casamento. Fiquei tri feliz quando soube do casamento. E sei que ela também está tri feliz com a minha formatura.
Estudamos juntas desde a sexta série, ela foi a primeira amiga que fiz quando troquei de colégio. Tocávamos na banda do colégio. Éramos do grêmio estudantil. Vivíamos uma na casa da outra. Dividíamos segredos e claro, fizemos juras de amizade eterna.
O que aconteceu? O tempo passou, terminamos o colégio, pessoas foram surgindo, coisas nos surpreendendo, cada uma seguiu seu caminho. Ficou um monte de lembranças boas e um baita carinho, o que faz eu me referir a Paula como uma grande amiga. Claro que nos falamos pelo orkut, msn, mas não algo tão constante e presente como foi um dia. Sabemos que fazemos parte do passado.
Tenho uma grande amiga que foi morar em Curitiba. Nos conhecemos no meu primeiro emprego, onde eu fiz muitas coisas, menos trabalhar de fato. Já partilhamos muitas risadas, passamos o revéillon juntas, encaramos uma excursão onde tudo deu errado e quando eu fiquei mal, ela foi a única que me aturou.
Talvez a Ana volte, talvez não. O que sabemos é que nada vai mudar. Nós falamos quase todos os dias pelo msn, como era antes dela ir. Estou sem companhia para sair e para as eventuais caminhadas nas tardes de domingos! Mas ganho a possibilidade de conhecer Curitiba! Assim que der vou visitar a Ana.
Estranho como a percepção que temos das nossas amizades mudam com o tempo. Se a Paula me falasse que ia embora, mesmo se fosse para a cidade vizinha, meu mundo teria desabado. Com 12, 13 anos achamos que aquela pessoa que senta na classe do lado na aula, fará parte da nossa vida toda. Não admitimos a possibilidade de que surgirão outras pessoas.
Com o tempo isso vai passando. Conheci a Ana com 17 anos, já fazia jornalismo e ela já queria ser engenheira. Nunca sentaríamos uma do lado da outra na aula. Não nos veríamos todos os dias. Ela tem a turma dela e eu a minha. É mais fácil aceitar que as pessoas que, provavelmente, estarão com você por boa parte da vida, nem sempre estarão presentes o tempo todo.
Por isso o mundo não caiu quando a Ana disse que ia para Curitiba. Sabemos que nada vai mudar. Assim como a vida me afastou da Paula, que era tão parecida comigo! Me aproximou da Ana, que é tão diferente de mim! O bom é se dar conta dessas percepções, saber que a Paula está guardadinha num monte história bacana que tenho para contar e que a Ana vai me ajudar a escrever as páginas em branco.
Estudamos juntas desde a sexta série, ela foi a primeira amiga que fiz quando troquei de colégio. Tocávamos na banda do colégio. Éramos do grêmio estudantil. Vivíamos uma na casa da outra. Dividíamos segredos e claro, fizemos juras de amizade eterna.
O que aconteceu? O tempo passou, terminamos o colégio, pessoas foram surgindo, coisas nos surpreendendo, cada uma seguiu seu caminho. Ficou um monte de lembranças boas e um baita carinho, o que faz eu me referir a Paula como uma grande amiga. Claro que nos falamos pelo orkut, msn, mas não algo tão constante e presente como foi um dia. Sabemos que fazemos parte do passado.
Tenho uma grande amiga que foi morar em Curitiba. Nos conhecemos no meu primeiro emprego, onde eu fiz muitas coisas, menos trabalhar de fato. Já partilhamos muitas risadas, passamos o revéillon juntas, encaramos uma excursão onde tudo deu errado e quando eu fiquei mal, ela foi a única que me aturou.
Talvez a Ana volte, talvez não. O que sabemos é que nada vai mudar. Nós falamos quase todos os dias pelo msn, como era antes dela ir. Estou sem companhia para sair e para as eventuais caminhadas nas tardes de domingos! Mas ganho a possibilidade de conhecer Curitiba! Assim que der vou visitar a Ana.
Estranho como a percepção que temos das nossas amizades mudam com o tempo. Se a Paula me falasse que ia embora, mesmo se fosse para a cidade vizinha, meu mundo teria desabado. Com 12, 13 anos achamos que aquela pessoa que senta na classe do lado na aula, fará parte da nossa vida toda. Não admitimos a possibilidade de que surgirão outras pessoas.
Com o tempo isso vai passando. Conheci a Ana com 17 anos, já fazia jornalismo e ela já queria ser engenheira. Nunca sentaríamos uma do lado da outra na aula. Não nos veríamos todos os dias. Ela tem a turma dela e eu a minha. É mais fácil aceitar que as pessoas que, provavelmente, estarão com você por boa parte da vida, nem sempre estarão presentes o tempo todo.
Por isso o mundo não caiu quando a Ana disse que ia para Curitiba. Sabemos que nada vai mudar. Assim como a vida me afastou da Paula, que era tão parecida comigo! Me aproximou da Ana, que é tão diferente de mim! O bom é se dar conta dessas percepções, saber que a Paula está guardadinha num monte história bacana que tenho para contar e que a Ana vai me ajudar a escrever as páginas em branco.
Friday, August 08, 2008
Um medo que nem sei
Sempre tive uns medos de umas coisas loucas. Não esse medo que tenho de barata ou de altura ou de não conseguir emprego ou de pai e mãe morrer...
Tenho medo do que não existe, mas pode virá realidade. Medo das voltas que o mundo dá, eu acho. Medo por exemplo, de sair por aí num dia normal, achando que tá tudo normal e de repente tudo mudar. Eu esquecer quem eu sou, onde moro, onde estava indo...
De ir parar num hospício e pirar de vez. De me colocarem numa camisa de força, me darem remédio e não me explicarem o motivo, de tomar choque elétrico e ficar sem consciência e eu nunca mais conseguir me desvencilhar da loucura.
De acreditar e levar ao pé da letra tudo que eu leio. Calendário Maia, física quântica, tendências pós-modernas, xamanismo, receitas, simpatias, contos de fadas... Imaginem, eu lendo meu livrinho e de repente ser engolida pela história e eu sumir, tipo “Alice no país das Maravilhas.” Ou eu estar lendo meu livrinho e a história tomar conta de mim, me possuir mesmo. E eu não saber mais o que é real...
Medo de virar mendiga. Dessas que andam com as poucas coisas que tem. Como a velhinha que fica na frente do Teatro São Pedro, ela dorme na escadaria, mesmo com chuva... Passo por ela todo dia, a gente já se cumprimenta e eu morro de vontade de saber em que volta do mundo ela foi para ali. Mas toda vez que ultrapasso um oi, ela começa a não falar coisa com coisa. Eu tenho medo de não falar coisa com coisa (mas só de falar, porque escrever, eu já escrevo).
E se eu viajar para um lugar distante, tipo Etiópia e estourar uma guerra civil e eu ficar como refém em alguma cidadezinha? Se eu estiver caminhando na rua e ser acertada por uma pedra na cabeça e parar como indigente num hospital qualquer? Dá medo de pensar no que pode acontecer. Já pensou ser abduzido, conhecer outros mundos, seres, passar por uma louca experiência evolutiva e na volta ninguém acreditar?
Até pensar demais me dá medo. Imaginação pode ser um perigo, imaginar é o primeiro passo para a realidade! Também tenho medo de ficar tonta com as voltas que o mundo dá e viver cambaleando por aí, como essas pessoas que a gente vê às vezes, e pensa "ih, tá bêbado"... Eu fico me perguntando: será a bebida ou apenas o mundo?
Tenho medo do que não existe, mas pode virá realidade. Medo das voltas que o mundo dá, eu acho. Medo por exemplo, de sair por aí num dia normal, achando que tá tudo normal e de repente tudo mudar. Eu esquecer quem eu sou, onde moro, onde estava indo...
De ir parar num hospício e pirar de vez. De me colocarem numa camisa de força, me darem remédio e não me explicarem o motivo, de tomar choque elétrico e ficar sem consciência e eu nunca mais conseguir me desvencilhar da loucura.
De acreditar e levar ao pé da letra tudo que eu leio. Calendário Maia, física quântica, tendências pós-modernas, xamanismo, receitas, simpatias, contos de fadas... Imaginem, eu lendo meu livrinho e de repente ser engolida pela história e eu sumir, tipo “Alice no país das Maravilhas.” Ou eu estar lendo meu livrinho e a história tomar conta de mim, me possuir mesmo. E eu não saber mais o que é real...
Medo de virar mendiga. Dessas que andam com as poucas coisas que tem. Como a velhinha que fica na frente do Teatro São Pedro, ela dorme na escadaria, mesmo com chuva... Passo por ela todo dia, a gente já se cumprimenta e eu morro de vontade de saber em que volta do mundo ela foi para ali. Mas toda vez que ultrapasso um oi, ela começa a não falar coisa com coisa. Eu tenho medo de não falar coisa com coisa (mas só de falar, porque escrever, eu já escrevo).
E se eu viajar para um lugar distante, tipo Etiópia e estourar uma guerra civil e eu ficar como refém em alguma cidadezinha? Se eu estiver caminhando na rua e ser acertada por uma pedra na cabeça e parar como indigente num hospital qualquer? Dá medo de pensar no que pode acontecer. Já pensou ser abduzido, conhecer outros mundos, seres, passar por uma louca experiência evolutiva e na volta ninguém acreditar?
Até pensar demais me dá medo. Imaginação pode ser um perigo, imaginar é o primeiro passo para a realidade! Também tenho medo de ficar tonta com as voltas que o mundo dá e viver cambaleando por aí, como essas pessoas que a gente vê às vezes, e pensa "ih, tá bêbado"... Eu fico me perguntando: será a bebida ou apenas o mundo?
Sunday, August 03, 2008
O poeta da tristeza exata
...seu grito acordaria, não só a sua casa, mas a vizinhança inteira...
Acabei de chegar do Teatro São Pedro, o que por si só, já é um evento. Fui ver Renato Russo – A Peça. É muito bom! Bruce Gomlevsky que interpreta Renato é perfeito, super parecido com o cantor e com a voz igual. A banda Arte Profana acompanha o ator nas 22 músicas, do Aborto Elétrico, da Legião Urbana, dos discos solos (incluindo o italiano) e alguns covers.
A peça começa quando Renato tem 15 anos e se descobre com uma doença chamada epifisiólise, que o deixou numa cadeira de rodas por dois anos. Foi nesse período que a inquietação do compositor veio à tona. Descobriu o Sex Pistols, leu como nunca, passou a se dedicar mais ao violão e a se imaginar um grande cantor. Nascia o mito.
Daí segue o baile... Surge o Aborto Elétrico, farra, drogas, sexo, Brasília... Acaba a banda. Passa a tocar sozinho como “O trovador solitário”, nessa hora, o ator começa a falar sobre astrologia, diz que é ariano e que gosta de gente de leão. Perguntas quantas leoninas tem na platéia, que é um signo forte, de gente bonita, etc... Conta que tinha uma grande amiga leonina e fez uma música para ela, que dedicou a todas as leoninas ali presentes. A música: Eduardo e Mônica. ...Ela era de leão e ele tinha dezesseis... Isso não é o mais importante da história, mas eu como leonina, adorei!
Se cansou de trovar solitariamente e chama uns amigos para tocar com ele. Estava nascendo a maior banda de rock do Brasil. A Legião Urbana. Música, drogas, sexo, homens, mulheres, música, sucesso, shows, entrevistas... Renato se cansou muitas vezes, foi para Nova York, declarou seu amor para um americano, voltou na época do impeachment, amou muito o filho Giuliano. E morreu em 1996.
Todo mundo cantou tudo, Pais e Filhos foi emocionante. No final, com direito a frase clássica “Força sempre”, surge o Renato/Bruce cantando e entregando rosas vermelhas. Aplausos de pé das pessoas de todas as idades que lotaram o São Pedro. Foram duas horas do musical e monólogo, que vale a pena assistir. Pena que não deixavam fotografar!
Para alguém que tinha 11 anos quando Renato Russo, essa peça foi o máximo! Imagina o que seria um show da Legião? Meus tios foram num nos anos 80, no Gigantinho, até hoje falam desse show. Entre tantas frases incríveis ditas pelo cara, duas ficaram na cabeça: “Eu só escrevo porque não sei de nada” e “Eu só sinto um vazio”.
A conclusão do próprio Renato para o seu sucesso é que ele foi sincero, cantou e escreveu o que se passava com ele e, que no fundo, é igual a dor de todo mundo. ...Tua tristeza é tão exata. E hoje o dia é tão bonito...
Acabei de chegar do Teatro São Pedro, o que por si só, já é um evento. Fui ver Renato Russo – A Peça. É muito bom! Bruce Gomlevsky que interpreta Renato é perfeito, super parecido com o cantor e com a voz igual. A banda Arte Profana acompanha o ator nas 22 músicas, do Aborto Elétrico, da Legião Urbana, dos discos solos (incluindo o italiano) e alguns covers.
A peça começa quando Renato tem 15 anos e se descobre com uma doença chamada epifisiólise, que o deixou numa cadeira de rodas por dois anos. Foi nesse período que a inquietação do compositor veio à tona. Descobriu o Sex Pistols, leu como nunca, passou a se dedicar mais ao violão e a se imaginar um grande cantor. Nascia o mito.
Daí segue o baile... Surge o Aborto Elétrico, farra, drogas, sexo, Brasília... Acaba a banda. Passa a tocar sozinho como “O trovador solitário”, nessa hora, o ator começa a falar sobre astrologia, diz que é ariano e que gosta de gente de leão. Perguntas quantas leoninas tem na platéia, que é um signo forte, de gente bonita, etc... Conta que tinha uma grande amiga leonina e fez uma música para ela, que dedicou a todas as leoninas ali presentes. A música: Eduardo e Mônica. ...Ela era de leão e ele tinha dezesseis... Isso não é o mais importante da história, mas eu como leonina, adorei!
Se cansou de trovar solitariamente e chama uns amigos para tocar com ele. Estava nascendo a maior banda de rock do Brasil. A Legião Urbana. Música, drogas, sexo, homens, mulheres, música, sucesso, shows, entrevistas... Renato se cansou muitas vezes, foi para Nova York, declarou seu amor para um americano, voltou na época do impeachment, amou muito o filho Giuliano. E morreu em 1996.
Todo mundo cantou tudo, Pais e Filhos foi emocionante. No final, com direito a frase clássica “Força sempre”, surge o Renato/Bruce cantando e entregando rosas vermelhas. Aplausos de pé das pessoas de todas as idades que lotaram o São Pedro. Foram duas horas do musical e monólogo, que vale a pena assistir. Pena que não deixavam fotografar!
Para alguém que tinha 11 anos quando Renato Russo, essa peça foi o máximo! Imagina o que seria um show da Legião? Meus tios foram num nos anos 80, no Gigantinho, até hoje falam desse show. Entre tantas frases incríveis ditas pelo cara, duas ficaram na cabeça: “Eu só escrevo porque não sei de nada” e “Eu só sinto um vazio”.
A conclusão do próprio Renato para o seu sucesso é que ele foi sincero, cantou e escreveu o que se passava com ele e, que no fundo, é igual a dor de todo mundo. ...Tua tristeza é tão exata. E hoje o dia é tão bonito...
Saturday, August 02, 2008
Um pouco de tudo e quase nada
Estou quase fazendo aniversário. Não gosto de fazer aniversário, mas esse ano, segundo os chineses, o dia 08/08/08 terá toda sua mística triplicada e eu espero que isso seja sorte. Eu não sou velha, só que se eu resolver fazer ginástica olímpica com 23 anos vou quebrar a cara.
Não sei como me imaginava com 23 anos. Sabia que teria tatuagens e seria vegetariana. Só. Eu queria já ter tido um namorado, só pra vê como é. Ter viajado mais. Queria escrever mais, ser como essas escritoras cults que surgem de vez em quando. Gostaria de ser mais baladeira e não ficar de porre no primeiro copo. Me imaginava morando sozinha, eu acho...
Só que nunca me passou que seria a morada de um buraco sem fim dentro do meu estômago que está sempre faminto. Eu tento, faço de tudo para saciá-lo e não consigo. O esforço parece quase nada. Ele sempre quer mais e fica urrando lá dentro “não põe a culpa em mim!” O safado inverte o jogo!
Quando eu tenho alguma sorte, começo a achar estranho a sensação de felicidade que às vezes me invade, esperança que aperta a minha mão e as noites que deito e durmo, sem chorar. Aí não resisto e vou procurar o meu vazio, vejo ele lá dormindo. Inconscientemente começo a falar alto, dar gargalhadas, ter idéias mirabolantes, escrever sobre o dito-cujo até ele acordar. Ele levanta com o mau humor típico de quem acordou antes da hora e diz na minha cara: “Viu como você não vive sem mim.”
Não era bem isso que eu imaginava para mim. Cultivar buracos internos! Será um carma? Eu só queria escrever e viver disso. Mas quem vai querer ler “as aventuras de um buraco vazio”? Nem a minha mãe. Eu não sei o que queria para mim. E continuo não sabendo.
Companhia para ir no cinema? Alguém para discutir o último livro que eu li? Dinheiro para comprar todos os livros que eu quero ler? Um namorado? Uma casa com cerquinha branca? Ser uma jornalista bem sucedida? Ser uma escritora porra louca e incompreendida? Sou vazia de respostas. E esse vazio todo só me enche de perguntas que não sei responder, aí me sinto burra.
Outro dia estava conversando com um colega da época do colégio no msn. Ele falou que eu tinha ficado muito gata! O buraco riu da minha cara, lembrando que se ele falasse isso na época do colégio eu teria amado, porque sempre achei o moço lindo. Eu achava que naquela época ninguém me enxergava. Às vezes, acho que foi por ali que catei um bichinho rejeitado e coloquei dentro de mim. Ele cresceu e se tornou o vazio que me habita. Quando eu escrevo ele se acalma um pouco e acentua a solidão. Afinal, porque eu prefiro passar as noites de sábado cultivando o vazio?
Não sei como me imaginava com 23 anos. Sabia que teria tatuagens e seria vegetariana. Só. Eu queria já ter tido um namorado, só pra vê como é. Ter viajado mais. Queria escrever mais, ser como essas escritoras cults que surgem de vez em quando. Gostaria de ser mais baladeira e não ficar de porre no primeiro copo. Me imaginava morando sozinha, eu acho...
Só que nunca me passou que seria a morada de um buraco sem fim dentro do meu estômago que está sempre faminto. Eu tento, faço de tudo para saciá-lo e não consigo. O esforço parece quase nada. Ele sempre quer mais e fica urrando lá dentro “não põe a culpa em mim!” O safado inverte o jogo!
Quando eu tenho alguma sorte, começo a achar estranho a sensação de felicidade que às vezes me invade, esperança que aperta a minha mão e as noites que deito e durmo, sem chorar. Aí não resisto e vou procurar o meu vazio, vejo ele lá dormindo. Inconscientemente começo a falar alto, dar gargalhadas, ter idéias mirabolantes, escrever sobre o dito-cujo até ele acordar. Ele levanta com o mau humor típico de quem acordou antes da hora e diz na minha cara: “Viu como você não vive sem mim.”
Não era bem isso que eu imaginava para mim. Cultivar buracos internos! Será um carma? Eu só queria escrever e viver disso. Mas quem vai querer ler “as aventuras de um buraco vazio”? Nem a minha mãe. Eu não sei o que queria para mim. E continuo não sabendo.
Companhia para ir no cinema? Alguém para discutir o último livro que eu li? Dinheiro para comprar todos os livros que eu quero ler? Um namorado? Uma casa com cerquinha branca? Ser uma jornalista bem sucedida? Ser uma escritora porra louca e incompreendida? Sou vazia de respostas. E esse vazio todo só me enche de perguntas que não sei responder, aí me sinto burra.
Outro dia estava conversando com um colega da época do colégio no msn. Ele falou que eu tinha ficado muito gata! O buraco riu da minha cara, lembrando que se ele falasse isso na época do colégio eu teria amado, porque sempre achei o moço lindo. Eu achava que naquela época ninguém me enxergava. Às vezes, acho que foi por ali que catei um bichinho rejeitado e coloquei dentro de mim. Ele cresceu e se tornou o vazio que me habita. Quando eu escrevo ele se acalma um pouco e acentua a solidão. Afinal, porque eu prefiro passar as noites de sábado cultivando o vazio?
Saturday, July 26, 2008
25 de julho
Sexta-feira, dia 25 de julho, foi feriado em São Leopoldo e em algumas outras cidades da região, principalmente municípios com colonização alemã. Era Dia do Colono ou o Dia da Imigração Alemã, como prefiro. Quando eu era criança adora essa época! Por causa das férias de julho, porque meus primos de Florianópolis vinham passar alguns dias aqui e o principal motivo: a São Leopoldo Fest.
Nossa, amava! Tinha parque de diversões, shows de todos os tipos, muitos doces, barraquinhas enfeitadas pelas ruas do centro, bandinhas tocando músicas típicas, bandeiras com as cores da Alemanha... No colégio aprendíamos sobre a história da cidade, berço da colonização alemã no Estado. Foi em São Leopoldo que as primeiras famílias vindas da Alemanha desembarcaram no dia 25 de julho de 1824.
Depois, quando trabalhava na prefeitura, passei dois anos trabalhando na festa. Muito bom! Entrava e saia todos os dias sem pagar, tinha acesso a tudo, sabia de tudo que acontecia nos bastidores, ficava na festa até depois que todos já tinham ido embora e havia somente o pessoal que trabalhava, assistia todas as atrações, saia no meio do expediente só para pegar uma torta em alguma barraquinha da Independência. Uma farra!
E hoje? A festa cresceu, as atrações aumentaram... Só que tem alguns anos que trabalho em Porto Alegre, portanto, não faço esse feriado. Meus primos cresceram e trabalham, não existe mais “as férias de julho” e eu continuo gostando da São Leopoldo Fest, mas com uma certa distância e várias restrições. O quê, de fato, essa comemoração tem haver com aqueles alemães que chegaram aqui? Não sei... Concordo que seja uma data importante para a história da cidade, mas a impressão que tenho é que as pessoas vão lá apenas para ver os shows, já que isso é raro na cidade.
Tortas, pastéis, cachorros-quentes, uma infinidade de docinhos... Se encontram em qualquer padaria. As comidas, realmente típicas, são caras. Agora a questão que eu acho mais complicada: é cobrado para entrar na festa. Sei que é caro fazer esse evento, mas acho que essas festas populares não deveriam ser cobradas. Não importa se é a preço popular. Para uma família de quatro pessoas, contando ingresso e tudo que ela vá gastar nas atrações, se torna caro. E se a festa é da cidade, para comemorar a cidade, todos deveriam ter o direito de participar. Talvez isso soe utópico ou até socialista, mas acho absurdo ter que pagar para participar. Sei que tem a questão da segurança, só que não consigo concordar com isso. Cobraram dos primeiros imigrantes ingresso para entrar em São Leopoldo?
Não sei se vou aparecer na comemoração esse ano. Durante a semana, talvez não tenha tempo... Em final de semana é muito tumulto... Gosto das boas lembranças que tenho dessa fest, mas no fundo acho essas fests provincianas. Não gosto de crianças e não me considero saudosista, mas às vezes gostaria de ser criança, só pra curtir mais. Para encher a boca pra falar “minha cidade é berço da colonização alemã”, pra ter a impressão que estava acontecendo algo grandioso, que as pessoas realmente tinham algo para comemorar e se orgulhar.
Nossa, amava! Tinha parque de diversões, shows de todos os tipos, muitos doces, barraquinhas enfeitadas pelas ruas do centro, bandinhas tocando músicas típicas, bandeiras com as cores da Alemanha... No colégio aprendíamos sobre a história da cidade, berço da colonização alemã no Estado. Foi em São Leopoldo que as primeiras famílias vindas da Alemanha desembarcaram no dia 25 de julho de 1824.
Depois, quando trabalhava na prefeitura, passei dois anos trabalhando na festa. Muito bom! Entrava e saia todos os dias sem pagar, tinha acesso a tudo, sabia de tudo que acontecia nos bastidores, ficava na festa até depois que todos já tinham ido embora e havia somente o pessoal que trabalhava, assistia todas as atrações, saia no meio do expediente só para pegar uma torta em alguma barraquinha da Independência. Uma farra!
E hoje? A festa cresceu, as atrações aumentaram... Só que tem alguns anos que trabalho em Porto Alegre, portanto, não faço esse feriado. Meus primos cresceram e trabalham, não existe mais “as férias de julho” e eu continuo gostando da São Leopoldo Fest, mas com uma certa distância e várias restrições. O quê, de fato, essa comemoração tem haver com aqueles alemães que chegaram aqui? Não sei... Concordo que seja uma data importante para a história da cidade, mas a impressão que tenho é que as pessoas vão lá apenas para ver os shows, já que isso é raro na cidade.
Tortas, pastéis, cachorros-quentes, uma infinidade de docinhos... Se encontram em qualquer padaria. As comidas, realmente típicas, são caras. Agora a questão que eu acho mais complicada: é cobrado para entrar na festa. Sei que é caro fazer esse evento, mas acho que essas festas populares não deveriam ser cobradas. Não importa se é a preço popular. Para uma família de quatro pessoas, contando ingresso e tudo que ela vá gastar nas atrações, se torna caro. E se a festa é da cidade, para comemorar a cidade, todos deveriam ter o direito de participar. Talvez isso soe utópico ou até socialista, mas acho absurdo ter que pagar para participar. Sei que tem a questão da segurança, só que não consigo concordar com isso. Cobraram dos primeiros imigrantes ingresso para entrar em São Leopoldo?
Não sei se vou aparecer na comemoração esse ano. Durante a semana, talvez não tenha tempo... Em final de semana é muito tumulto... Gosto das boas lembranças que tenho dessa fest, mas no fundo acho essas fests provincianas. Não gosto de crianças e não me considero saudosista, mas às vezes gostaria de ser criança, só pra curtir mais. Para encher a boca pra falar “minha cidade é berço da colonização alemã”, pra ter a impressão que estava acontecendo algo grandioso, que as pessoas realmente tinham algo para comemorar e se orgulhar.
Friday, July 18, 2008
Suave com a pronúncia de um D
Sempre falei pouco e quando era criança falava muito errado. Além de demorar para começar a dizer algumas palavras, minha vó tentou me ensinar alemão. O que resultou numa criança que não conseguia pronunciar o R nos meio das palavRas, nem o pl, pr, gr... Trocava o D pelo T, o V pelo F, o B pelo P... Só pronunciava o que era mais forte, isso tem um nome complicado que eu não me lembro qual é.
Quando minha vó morreu eu tinha só 6 anos, nunca mais tentei falar nada em alemão, já era a chacota preferida dos meus coleguinhas da 1ª série e o pior de tudo, isso estava começando a me atrapalhar. Eu pensava que nunca iria namorar, nem trabalhar, nem nada por causa disso. Lembro até hoje, que às vezes nem minha família entendia o que eu queria falar. Odiava ir no armazém, pois sempre pediam para eu repetir o que eu queria, não sei se era só por maldade ou porque realmente não entendiam.
Aprender a ler foi uma tarefa árdua, mas escrever foi pior ainda. Eu escrevia como falava, assim: em totas as minhas retações no coléxio eu tiafa notas paixas por causa dos erros de portuquês. Paa compensar tentafa capichar na históia. Imachina que popema!!! A minha melhor amica, a Chaque me achudava um monte e sempe me oufia, por pior que fosse oufir alquém falanto assim.
Perdi a conta de quantos anos fui em fonoaudiólogas. De quantas vezes lia em voz alta e gravava para comparar com a fala de outra pessoa. Quantos exercícios eu fiz que deixavam minhas bochechas doendo. Se eu falasse pa-lan-ta, um dia falaria planta... Quantas vezes me escondia no recreio só pra não ouvir ninguém em chamando de "língua enrolata". Quantas vezes rezei para não precisar apresentar o trabalho na frente da turma toda. O mais estranho é que eu sempre gostei de ler e escrever.
Com 8, 9 anos eu já tinha me acostumado com tudo isso e não imaginava que o pior ainda estava por vir. Na 6ª série troquei de colégio, estava com 11 anos, continuafa falanto tuto errato, mas ao menos tinha consciência disso e já não escrevia como falava. Me tornei uma excelente aluna em português! Só que com o colégio novo, veio um monte de colegas pré-adolescentes. Nossa que tortura, tudo de novo, só que em proporções maiores. Ainda bem que a Jaque tinha ido para o mesmo colégio que eu. No primeiro trabalho que tive que apresentar no novo colégio, pedi para ela avisar a professora do meu problema. Apresentei o trabalho e vi 30 e tantos coleguinhas passarem cinco intermináveis minutos vermelhos de tanto segurarem o riso.
Eu não lembro exatamente quando comecei a falar corretamente, mas lembro quando eu percebi isso. Eu tinha 14 anos, era sábado de tarde eu estava no pátio da minha casa e falei alguma coisa do meu tio Daniel para a minha mãe. E quando eu disse DANIEL, eu senti direitinho (como até hoje sinto!) aquele D foi tão suave, leve. Saia do céu da boca e não dos dentes como o T. DANIEL, DANI, DÃ... DÃ. Repeti várias vezes, baixinho e assim, suave!
Nessa época eu já tinha vontade de ser jornalista, embora achasse isso impossível. E seria no mínimo irônico eu escolher uma profissão onde tivesse que escrever, entrevistar, me expor... Foi morrendo de medo que marquei um X no jornalismo quando fiz a inscrição para o vestibular.
Sinceramente, não tenho raiva de ter falado assim, acho engraçado, rendeu boas lembranças e algumas confusões. Tá, meus pais gastaram horrores com fonos e psicólogos e ser a piada da turma não é legal (crianças e pré-adolescentes são cruéis quando querem ser!). Hoje, ainda sou a “alemoa batata” da família e entendo que é normal do ser humano excluir e rir do que é diferente. Mas esse saborzinho de vingança que eu sinto quando lembro dos meus coleguinhas rindo, é inevitável. Afinal eu tenho uma profissão que é a prova de uma superação e apesar de ser um ofício que eu amo, enfrentei alguns bons fantasmas para aceitar o desafio.
Eu não sei o que a maioria desses coleguinhas estão fazendo da vida. Sei que eu estou realizando um sonho e vingança pode ser uma palavra muito forte, até porque não há motivo para me vingar. Mas não encontro palavra melhor. E é uma vinganzinha que não faz mal a ninguém, é leve e suave como a pronúncia de um D.
Quando minha vó morreu eu tinha só 6 anos, nunca mais tentei falar nada em alemão, já era a chacota preferida dos meus coleguinhas da 1ª série e o pior de tudo, isso estava começando a me atrapalhar. Eu pensava que nunca iria namorar, nem trabalhar, nem nada por causa disso. Lembro até hoje, que às vezes nem minha família entendia o que eu queria falar. Odiava ir no armazém, pois sempre pediam para eu repetir o que eu queria, não sei se era só por maldade ou porque realmente não entendiam.
Aprender a ler foi uma tarefa árdua, mas escrever foi pior ainda. Eu escrevia como falava, assim: em totas as minhas retações no coléxio eu tiafa notas paixas por causa dos erros de portuquês. Paa compensar tentafa capichar na históia. Imachina que popema!!! A minha melhor amica, a Chaque me achudava um monte e sempe me oufia, por pior que fosse oufir alquém falanto assim.
Perdi a conta de quantos anos fui em fonoaudiólogas. De quantas vezes lia em voz alta e gravava para comparar com a fala de outra pessoa. Quantos exercícios eu fiz que deixavam minhas bochechas doendo. Se eu falasse pa-lan-ta, um dia falaria planta... Quantas vezes me escondia no recreio só pra não ouvir ninguém em chamando de "língua enrolata". Quantas vezes rezei para não precisar apresentar o trabalho na frente da turma toda. O mais estranho é que eu sempre gostei de ler e escrever.
Com 8, 9 anos eu já tinha me acostumado com tudo isso e não imaginava que o pior ainda estava por vir. Na 6ª série troquei de colégio, estava com 11 anos, continuafa falanto tuto errato, mas ao menos tinha consciência disso e já não escrevia como falava. Me tornei uma excelente aluna em português! Só que com o colégio novo, veio um monte de colegas pré-adolescentes. Nossa que tortura, tudo de novo, só que em proporções maiores. Ainda bem que a Jaque tinha ido para o mesmo colégio que eu. No primeiro trabalho que tive que apresentar no novo colégio, pedi para ela avisar a professora do meu problema. Apresentei o trabalho e vi 30 e tantos coleguinhas passarem cinco intermináveis minutos vermelhos de tanto segurarem o riso.
Eu não lembro exatamente quando comecei a falar corretamente, mas lembro quando eu percebi isso. Eu tinha 14 anos, era sábado de tarde eu estava no pátio da minha casa e falei alguma coisa do meu tio Daniel para a minha mãe. E quando eu disse DANIEL, eu senti direitinho (como até hoje sinto!) aquele D foi tão suave, leve. Saia do céu da boca e não dos dentes como o T. DANIEL, DANI, DÃ... DÃ. Repeti várias vezes, baixinho e assim, suave!
Nessa época eu já tinha vontade de ser jornalista, embora achasse isso impossível. E seria no mínimo irônico eu escolher uma profissão onde tivesse que escrever, entrevistar, me expor... Foi morrendo de medo que marquei um X no jornalismo quando fiz a inscrição para o vestibular.
Sinceramente, não tenho raiva de ter falado assim, acho engraçado, rendeu boas lembranças e algumas confusões. Tá, meus pais gastaram horrores com fonos e psicólogos e ser a piada da turma não é legal (crianças e pré-adolescentes são cruéis quando querem ser!). Hoje, ainda sou a “alemoa batata” da família e entendo que é normal do ser humano excluir e rir do que é diferente. Mas esse saborzinho de vingança que eu sinto quando lembro dos meus coleguinhas rindo, é inevitável. Afinal eu tenho uma profissão que é a prova de uma superação e apesar de ser um ofício que eu amo, enfrentei alguns bons fantasmas para aceitar o desafio.
Eu não sei o que a maioria desses coleguinhas estão fazendo da vida. Sei que eu estou realizando um sonho e vingança pode ser uma palavra muito forte, até porque não há motivo para me vingar. Mas não encontro palavra melhor. E é uma vinganzinha que não faz mal a ninguém, é leve e suave como a pronúncia de um D.
Wednesday, July 16, 2008
Eu e a Rô
Essa loira que é a Robertinha do texto abaixo. Queria ter colocado a nossa foto, mas fazia muito tempo que não conseguia postar nenhuma foto! Não faço a menor idéia do motivo, não carregava nenhum tipo de imagem... Daí nunca mais tentei colocar foto no blog.
Só que depois de ler o comentário da Jac, tive a gloriosa idéia de tentar colocar a foto (certa de que não daria certo) e pediria ajuda pra ela, que tem muito mais experiência nesse negócio de blog que eu! Ainda bem que não foi preciso! E de qualquer maneira, obrigada Jac!
Saturday, July 12, 2008
Loirão
Tem muito tempo que quero escrever pra esse loirão!!! Loirona, melhor! Linda, alta, loiríssima, simpática, não nega ser chamada de Barbie e claro, adora rosa. Essa Barbie se chama Roberta. Gosta de ser chamada de Robertinha, mas acho ela tão ão, que chamo de Rô.
Ela escreve super bem. Foi por causa dos nossos textos que nos tornamos amigas. Fomos colegas na faculdade e infelizmente ela não vai se formar comigo. Acho que ela não deve se lembrar disso, mas no primeiro dia de aula de planejamento gráfico e editoração em jornalismo, eu sentei do lado dela. Apavorada, porque não sabia nada de pagemaker, o programa onde editamos as páginas de um jornal. Ela não me deu muito papo, falou que era pra mim ficar calma e que ela também não sabia. Não sentei mais do lado dela.
Só que sempre achei ela gente fina. Ela é quieta. Gosto de gente quieta. Por sorte alguns semestres depois, na mesma sala de planejamento gráfico, fizemos redação jornalística III. Não sentávamos juntas, mas nos descobrimos cúmplices, com algo em comum! Toda aula tínhamos que fazer uma redação, na outra aula, o professore lia as melhores. E, sem mentira nenhuma, em quase todas as aulas, nossos textos estavam entre os melhores e a gente se olhava, como se falasse uma para a outra: “Tu também escreve!”. Uma aula o professor falou que havia uns cinco alunos que escreviam bem, que tinham grande futuro nisso, nos sabíamos que estávamos entre esses cincos. A gente não se falava muito, mas já se lia!
Num outro semestre, na cadeira de Comunicação e Filosofia, cheguei toda torta no primeiro dia de aula e me sentei do lado dela. A Rô perguntou o que eu tinha, eu falei meio com vergonha, meio feliz, meio querendo aparecer, que tinha colocado silicone. Ela só sorriu e em todas as cadeiras que fizemos juntas depois disso, dividimos a classe, os trabalhos, o computador, os problemas, os textos...
O que mais gosto nesse loirão? Ela é doce, meiga e o melhor, nunca me julgou. Nunquinha, nem quando contei que passei anos ficando com um rapaz que tinha namorada. E quantos e-mails trocamos durante o serviço para terminar algum trabalho!? Quantas vezes ela me olhou e perguntou: “Sai agora pra ver o Peter ou fico na aula”!? Quantas vezes carregamos os trabalhos nas costas!? Quantas notas boas tiramos!?
Vou morrer de saudade desse loirão! Se Deus quiser, a gente ainda vai trabalhar muito junto! Quem sabe a gente até escreva um livro junto, montamos uma assessoria especializada em auditoria de imagem, dividimos a produção de algum documentário retrô... Tudo pode acontecer, até aquela moça quieta e loira de planejamento gráfico se tornar uma das minhas melhores amigas. Ah, esqueci de dizer que ela também fica vermelha!
Ela escreve super bem. Foi por causa dos nossos textos que nos tornamos amigas. Fomos colegas na faculdade e infelizmente ela não vai se formar comigo. Acho que ela não deve se lembrar disso, mas no primeiro dia de aula de planejamento gráfico e editoração em jornalismo, eu sentei do lado dela. Apavorada, porque não sabia nada de pagemaker, o programa onde editamos as páginas de um jornal. Ela não me deu muito papo, falou que era pra mim ficar calma e que ela também não sabia. Não sentei mais do lado dela.
Só que sempre achei ela gente fina. Ela é quieta. Gosto de gente quieta. Por sorte alguns semestres depois, na mesma sala de planejamento gráfico, fizemos redação jornalística III. Não sentávamos juntas, mas nos descobrimos cúmplices, com algo em comum! Toda aula tínhamos que fazer uma redação, na outra aula, o professore lia as melhores. E, sem mentira nenhuma, em quase todas as aulas, nossos textos estavam entre os melhores e a gente se olhava, como se falasse uma para a outra: “Tu também escreve!”. Uma aula o professor falou que havia uns cinco alunos que escreviam bem, que tinham grande futuro nisso, nos sabíamos que estávamos entre esses cincos. A gente não se falava muito, mas já se lia!
Num outro semestre, na cadeira de Comunicação e Filosofia, cheguei toda torta no primeiro dia de aula e me sentei do lado dela. A Rô perguntou o que eu tinha, eu falei meio com vergonha, meio feliz, meio querendo aparecer, que tinha colocado silicone. Ela só sorriu e em todas as cadeiras que fizemos juntas depois disso, dividimos a classe, os trabalhos, o computador, os problemas, os textos...
O que mais gosto nesse loirão? Ela é doce, meiga e o melhor, nunca me julgou. Nunquinha, nem quando contei que passei anos ficando com um rapaz que tinha namorada. E quantos e-mails trocamos durante o serviço para terminar algum trabalho!? Quantas vezes ela me olhou e perguntou: “Sai agora pra ver o Peter ou fico na aula”!? Quantas vezes carregamos os trabalhos nas costas!? Quantas notas boas tiramos!?
Vou morrer de saudade desse loirão! Se Deus quiser, a gente ainda vai trabalhar muito junto! Quem sabe a gente até escreva um livro junto, montamos uma assessoria especializada em auditoria de imagem, dividimos a produção de algum documentário retrô... Tudo pode acontecer, até aquela moça quieta e loira de planejamento gráfico se tornar uma das minhas melhores amigas. Ah, esqueci de dizer que ela também fica vermelha!
Saturday, July 05, 2008
Assim, do nada
Sabe aquela história de que quando a gente tá no fundo do poço, só nos resta subir? É mais ou menos isso. E é bem assim, do nada. Um dia a gente percebe que temos que levantar, nem que seja porque as costas doem de ficar muito tempo deitado.
Surge uma vontade de fazer alguma coisa, mesmo que não tenhamos a certeza do quê. Mas é bom sentir vontade de algo, dá a impressão de que estamos vivos, que temos objetivos, que ainda há esperança. E passamos a sentir fome, sede, frio, calor, sono, mas um sono normal, saudável... Não aquele que nos faz companhia durante o dia e foge à noite. E assim, do nada passamos a ter noites de sono e até nos lembramos dos sonhos.
O melhor de tudo é perceber o sol. Ah, o sol! Tão grandão, como não percebi, não senti, não vi? O pior é perceber que o tempo passou, porque nos dá a sensação que paramos no tempo. E realmente perdemos um tempo precioso no nada, no vazio, num vácuo constante. Parece uma inércia total.
Eu não sei o que leva uma pessoa a ter depressão. Talvez a morte de alguém, um pé na bunda, o desemprego, genética, pré-disposição, sei lá... E não é assim, do nada que se sai dela. Dessa fase eu lembro poucas coisas, eu estava viva e não vivia. Eu tinha muita raiva, insônia, nem lê eu conseguia, perdi a fome e uns 10 quilos.
Porém, quando a gente começa a sair dela, ou a ter consciência da vida, surge um monte de sensações assim, do nada. Debaixo do chuveiro, temos a certeza de que não há nada melhor do que um banho. Olhando TV, a gente ri de um comercial, mas ri mesmo! Assim, do nada (re)começamos a planejar o final de semana e com o tempo, até o ano novo. Conseguimos terminar um livro e de repente, do nada, nos damos conta que já lemos cinco depois daquele e o melhor a nossa capacidade de concentração não foi abalada!
Assim, do nada, é quase nascer de novo. De concreto, mesmo, é que eu perdi um tempão e apesar do medo de ficar assim de novo, eu sei que o sol vai voltar. "O sol vai voltar" é uma baita clichê, mas a vida é cheia de clichês, principalmente esses assim, do nada.
Surge uma vontade de fazer alguma coisa, mesmo que não tenhamos a certeza do quê. Mas é bom sentir vontade de algo, dá a impressão de que estamos vivos, que temos objetivos, que ainda há esperança. E passamos a sentir fome, sede, frio, calor, sono, mas um sono normal, saudável... Não aquele que nos faz companhia durante o dia e foge à noite. E assim, do nada passamos a ter noites de sono e até nos lembramos dos sonhos.
O melhor de tudo é perceber o sol. Ah, o sol! Tão grandão, como não percebi, não senti, não vi? O pior é perceber que o tempo passou, porque nos dá a sensação que paramos no tempo. E realmente perdemos um tempo precioso no nada, no vazio, num vácuo constante. Parece uma inércia total.
Eu não sei o que leva uma pessoa a ter depressão. Talvez a morte de alguém, um pé na bunda, o desemprego, genética, pré-disposição, sei lá... E não é assim, do nada que se sai dela. Dessa fase eu lembro poucas coisas, eu estava viva e não vivia. Eu tinha muita raiva, insônia, nem lê eu conseguia, perdi a fome e uns 10 quilos.
Porém, quando a gente começa a sair dela, ou a ter consciência da vida, surge um monte de sensações assim, do nada. Debaixo do chuveiro, temos a certeza de que não há nada melhor do que um banho. Olhando TV, a gente ri de um comercial, mas ri mesmo! Assim, do nada (re)começamos a planejar o final de semana e com o tempo, até o ano novo. Conseguimos terminar um livro e de repente, do nada, nos damos conta que já lemos cinco depois daquele e o melhor a nossa capacidade de concentração não foi abalada!
Assim, do nada, é quase nascer de novo. De concreto, mesmo, é que eu perdi um tempão e apesar do medo de ficar assim de novo, eu sei que o sol vai voltar. "O sol vai voltar" é uma baita clichê, mas a vida é cheia de clichês, principalmente esses assim, do nada.
Friday, June 27, 2008
Quadrinhos na parede
Eram quase meia noite de um dia de semana quando o louco do meu vizinho começou a usar uma furadeira. O barulho não precisou durar muito para eu ficar louca e reclamar, aí meu pai com sua paciência de monge budista disse com uma seriedade assustadora: “Quem sabe ele tá colocando quadrinhos na parede”.
Fiquei puta. Não por causa do barulho que ainda acontecia, até porque barulho de furadeira é uma ótima trilha sonora para uma pessoa que adora dar chilique como eu. Fiquei puta porque fiquei desconcertada. Quadrinhos na parede!? Com uma furadeira!? Só podia ser meu pai mesmo...
Tá, levando em consideração que meu vizinho tem uma filhinha de uns dois anos, isso não é tão improvável. Afinal não sei se a guriazinha que dorme na casa ao lado não aloprou que queria um quadro na parede de seu quarto. E como ela é filha única e como todo pai é pai, meu vizinho atendeu o pedido da filha.
Bem simples. Natural até. Absurdo é eu ser insensível e me incomodar com um pai atendendo o pedido da sua filhinha. Me senti mal, imaginando a falta que um quadro com algum desenho infantil... Não, infantil não. As crianças de hoje não são infantis.
Vejamos... Um quadro dos Rebeldes ou das Meninas Super-poderosas ou de algum personagem que está na moda e eu não sei, iria fazer no quarto com papel de parede rosa com florzinhas brancas que a guriazinha de cachinhos dourados da casa ao lado, dorme, sonha e descansa da sua agitada vida de quem recentemente aprendeu a caminhar e a falar.
Até então, não me lembrava de nenhum quadro importante que meu pai tenha pendurado pra mim. Será que isso causou algum trauma? Mas lembro dos negrinhos que meu pai, até hoje me trás e sim, eles me fazem falta quando não chegam. Será que isso é devido há algum trauma?
Mas eu tinha um quadro uma vez, bem grande que ganhei do meu tio. Tem até foto, na época o quadro era maior que eu. A imagem era de uma menina loirinha, com um chapeuzinho vermelho, levando uma cesta de doces para a vovozinha (sim, era a Chapeuzinho Vermelho) e carregando um negrinho em uma mão. Será que isso explica alguma coisa?
Não sei que fim levou o quadro, devo ter colado um pôster do Leonardo di Caprio por cima... O que importa é que me lembrei de como quadros na parede são importantes para uma criança. Não fiquei braba com meu vizinho, até porque lembro direitinho, quando ganhei meu quadro era de noite. Com certeza tive um chilique clássico de criança e fiz meu pai pendurar aquela hora da noite. E meu vizinho deve ter ficado incomodado com o barulho.
Ah, a vida. As voltas que o mundo dá. E como quadrinhos na parede são importantes! Nunca vou me esquecer que dormia olhando o negrinho na mão daquela menina. Me dava água na boca... Sim, eu acho que isso explica muita coisa. E tudo por causa de um quadrinho na parede!
Fiquei puta. Não por causa do barulho que ainda acontecia, até porque barulho de furadeira é uma ótima trilha sonora para uma pessoa que adora dar chilique como eu. Fiquei puta porque fiquei desconcertada. Quadrinhos na parede!? Com uma furadeira!? Só podia ser meu pai mesmo...
Tá, levando em consideração que meu vizinho tem uma filhinha de uns dois anos, isso não é tão improvável. Afinal não sei se a guriazinha que dorme na casa ao lado não aloprou que queria um quadro na parede de seu quarto. E como ela é filha única e como todo pai é pai, meu vizinho atendeu o pedido da filha.
Bem simples. Natural até. Absurdo é eu ser insensível e me incomodar com um pai atendendo o pedido da sua filhinha. Me senti mal, imaginando a falta que um quadro com algum desenho infantil... Não, infantil não. As crianças de hoje não são infantis.
Vejamos... Um quadro dos Rebeldes ou das Meninas Super-poderosas ou de algum personagem que está na moda e eu não sei, iria fazer no quarto com papel de parede rosa com florzinhas brancas que a guriazinha de cachinhos dourados da casa ao lado, dorme, sonha e descansa da sua agitada vida de quem recentemente aprendeu a caminhar e a falar.
Até então, não me lembrava de nenhum quadro importante que meu pai tenha pendurado pra mim. Será que isso causou algum trauma? Mas lembro dos negrinhos que meu pai, até hoje me trás e sim, eles me fazem falta quando não chegam. Será que isso é devido há algum trauma?
Mas eu tinha um quadro uma vez, bem grande que ganhei do meu tio. Tem até foto, na época o quadro era maior que eu. A imagem era de uma menina loirinha, com um chapeuzinho vermelho, levando uma cesta de doces para a vovozinha (sim, era a Chapeuzinho Vermelho) e carregando um negrinho em uma mão. Será que isso explica alguma coisa?
Não sei que fim levou o quadro, devo ter colado um pôster do Leonardo di Caprio por cima... O que importa é que me lembrei de como quadros na parede são importantes para uma criança. Não fiquei braba com meu vizinho, até porque lembro direitinho, quando ganhei meu quadro era de noite. Com certeza tive um chilique clássico de criança e fiz meu pai pendurar aquela hora da noite. E meu vizinho deve ter ficado incomodado com o barulho.
Ah, a vida. As voltas que o mundo dá. E como quadrinhos na parede são importantes! Nunca vou me esquecer que dormia olhando o negrinho na mão daquela menina. Me dava água na boca... Sim, eu acho que isso explica muita coisa. E tudo por causa de um quadrinho na parede!
Sunday, June 22, 2008
Centésimo post e um grande alívio
Não lembro bem quando fiz esse blog, mas lembro que sempre gostei de escrever. Esse é um dos motivos para eu fazer jornalismo e manter esse blog. Não sei se escrevo bem. Sei que às vezes tento ler textos antigos com total distanciamento e geralmente gosto. Agora quando leio já querendo achar defeito, bom... Quem procura, acha né?
O fato que esse é o centésimo post! Post, não textos, considerando que já postei algumas músicas. Com certeza, já escrevi muito mais que cem textos e com mais certeza ainda, escrevi pouco! Tem um texto, dos primeiros, que estava no meu perfil do orkut. Mas esse sim, foi a primeira pedrinha do mosaico.
Utopia é um dos textos que mais gosto. Devaneio, também. Você não gosta das minhas tatuagens, detesto. Ainda não, 3Q + COP me trazem lembranças. Quando não vale a pena, além de lembranças me faz rir. Uma janela amarela fiz pro meu irmão. Prezado jornalista pro meu primo. O 20 de setembro é daquele irmãozinho foi para o irmão que eu não conheci. E esse texto, minha querida amiga e excelente escritora, Roberta Lampert fez para mim!
.....................................
Mais importante que os meus textos, esse ano foi o meu trabalho de conclusão. “O amanhecer das rádios FMs destinadas aos jovens. Uma análise dos programas da Atlântida e da Cidade.” Nome bonito...
E ele deu muito trabalho para ser feito! Muito mesmo! E quinta-feira (19) depois de várias crises de pânico, encarei a banca. Sérgio Endler e Daniel Scola de avaliadores, dá pra ter medo, né? Quem sou eu, perto deles, para querer saber de rádio.
A nota foi um 9,5, que não é 10 para o meu grande ego leonino. Mas é o merecido para uma pessoa que não colocou um dos livros que mais usou nas referências. E como disse um amigo, “estou plenamente aliviado”. E é isso que importa. Por que qual diferença faria para a minha vida profissional um 7 ou um 10 no TCC? É apenas uma questão de ego!
E para terminar, antes de começar a escrever esse texto, fui dar uma olhada no blog do meu primo. E acabei chorando, tudo bem que estou na TPM, que passei por grandes emoções essa semana... Mas o motivo mesmo foi o que ele escreveu nos agradecimentos do TCC dele, que reproduzo aqui:
"Quero agradecer a minha prima Renata, que sempre me mostrou o jornalismo na sua melhor forma. Através de palavras. Ela será uma grande jornalista, não tenho dúvidas disso, mas desde já Rê, te agradeço pelos maravilhosos textos que tu faz."
O Jú faz jornalismo também, o que me enche de orgulho e me faz imaginar, nos meus devaneios, que aqui é o início de várias gerações da família que se dedicarão ao jornalismo ou ao menos, à humildes escritos.
Por enquanto, somos focas procurando emprego, mas quem sabe um dia, teremos uma baita biografia como Roberto Marinho, Nelson Rodrigues, Capote...
O fato que esse é o centésimo post! Post, não textos, considerando que já postei algumas músicas. Com certeza, já escrevi muito mais que cem textos e com mais certeza ainda, escrevi pouco! Tem um texto, dos primeiros, que estava no meu perfil do orkut. Mas esse sim, foi a primeira pedrinha do mosaico.
Utopia é um dos textos que mais gosto. Devaneio, também. Você não gosta das minhas tatuagens, detesto. Ainda não, 3Q + COP me trazem lembranças. Quando não vale a pena, além de lembranças me faz rir. Uma janela amarela fiz pro meu irmão. Prezado jornalista pro meu primo. O 20 de setembro é daquele irmãozinho foi para o irmão que eu não conheci. E esse texto, minha querida amiga e excelente escritora, Roberta Lampert fez para mim!
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Mais importante que os meus textos, esse ano foi o meu trabalho de conclusão. “O amanhecer das rádios FMs destinadas aos jovens. Uma análise dos programas da Atlântida e da Cidade.” Nome bonito...
E ele deu muito trabalho para ser feito! Muito mesmo! E quinta-feira (19) depois de várias crises de pânico, encarei a banca. Sérgio Endler e Daniel Scola de avaliadores, dá pra ter medo, né? Quem sou eu, perto deles, para querer saber de rádio.
A nota foi um 9,5, que não é 10 para o meu grande ego leonino. Mas é o merecido para uma pessoa que não colocou um dos livros que mais usou nas referências. E como disse um amigo, “estou plenamente aliviado”. E é isso que importa. Por que qual diferença faria para a minha vida profissional um 7 ou um 10 no TCC? É apenas uma questão de ego!
E para terminar, antes de começar a escrever esse texto, fui dar uma olhada no blog do meu primo. E acabei chorando, tudo bem que estou na TPM, que passei por grandes emoções essa semana... Mas o motivo mesmo foi o que ele escreveu nos agradecimentos do TCC dele, que reproduzo aqui:
"Quero agradecer a minha prima Renata, que sempre me mostrou o jornalismo na sua melhor forma. Através de palavras. Ela será uma grande jornalista, não tenho dúvidas disso, mas desde já Rê, te agradeço pelos maravilhosos textos que tu faz."
O Jú faz jornalismo também, o que me enche de orgulho e me faz imaginar, nos meus devaneios, que aqui é o início de várias gerações da família que se dedicarão ao jornalismo ou ao menos, à humildes escritos.
Por enquanto, somos focas procurando emprego, mas quem sabe um dia, teremos uma baita biografia como Roberto Marinho, Nelson Rodrigues, Capote...
Thursday, June 12, 2008
Quem é ele? Esse tal de amor?
Uma modesta tentativa de responder um texto do meu primo.
Não sei, obviamente, o que é o amor. E muitas vezes, acho que nem acredito que ele exista. E daí penso que devo ser mais sensível e afinal se eu acredito que ET existem, Papai Noel foi uma invenção da Coca-Cola, que no fim do arco-íris tem um pote de ouro, por que não acreditar no amor? Mesmo com a pulguinha atrás da orelha... Um dia eu vou montar um circo de pulgas com elas! Sempre quis saber como se adestra pulgas para um circo, deve ser mais fácil do que amar.
Voltando ao assunto, que pela maneira como dei voltas, não sei responder o que me propus. E também acho muita pretensão minha, que com 22 anos, passou exatamente 22 Dias dos Namorados sozinha, saber o que é o amor. Ah, quanto as propagandas chatas que nos fazem ter vontade de se atirar na frente de um carro cada vez que passamos por um casalzinho, é tudo mentira. Estudamos comunicação, pra gente é bem mais fácil se desvencilhar dessas ciladas midiáticas.
Pra mim, amor é aceitação e é justamente por isso é que sofremos. Não sabemos aceitar o outro. Ninguém. Gostaríamos que nossos pais fossem diferentes, que nossos irmãos fossem mais educados, os amigos mais atenciosos e o que dizer das pessoas que nos relacionamos? Claro, a gente gosta, se apaixona, mas depois de um tempo queremos mudar a pessoa, mas por amor... Amor a quem?! Se quero mudar alguém é para me agradar, certo? E porque não aceitamos, só.
Sabe quem eu acho que foi a única pessoa que amou alguém de verdade? Cristo! E olha como ele acabou! Ele aceitou, só isso! E o mundo não o aceitou. Por isso duvido do amor, somos tão poucos evoluídos, que não sabemos nem aceitá-lo. Não sabemos aceitar nem um pé na bunda! Por isso, acho também, que amor combina com liberdade. A liberdade de ser e ser aceito com liberdade.
Tem uma frase, numa música da Ana Carolina assim: “O amor pode ser uma música que eu gostei e botei numa fita...” Adoro. É isso. Eu gostei de uma música, mesmo não sendo o tipo que eu gosto geralmente ou do meu cantor preferido ou sei-lá-mais-o-que. Eu gostei e guardei. Posso até ficar triste se um dia eu perder a fita, ela arrebentar, evaporar... Eu aceitei e é isso que importa! Aceitei com toda a simplicidade e complexidade que isso pode ter e principalmente, eu aceitei com todas as interferências possíveis.
Não sei, obviamente, o que é o amor. E muitas vezes, acho que nem acredito que ele exista. E daí penso que devo ser mais sensível e afinal se eu acredito que ET existem, Papai Noel foi uma invenção da Coca-Cola, que no fim do arco-íris tem um pote de ouro, por que não acreditar no amor? Mesmo com a pulguinha atrás da orelha... Um dia eu vou montar um circo de pulgas com elas! Sempre quis saber como se adestra pulgas para um circo, deve ser mais fácil do que amar.
Voltando ao assunto, que pela maneira como dei voltas, não sei responder o que me propus. E também acho muita pretensão minha, que com 22 anos, passou exatamente 22 Dias dos Namorados sozinha, saber o que é o amor. Ah, quanto as propagandas chatas que nos fazem ter vontade de se atirar na frente de um carro cada vez que passamos por um casalzinho, é tudo mentira. Estudamos comunicação, pra gente é bem mais fácil se desvencilhar dessas ciladas midiáticas.
Pra mim, amor é aceitação e é justamente por isso é que sofremos. Não sabemos aceitar o outro. Ninguém. Gostaríamos que nossos pais fossem diferentes, que nossos irmãos fossem mais educados, os amigos mais atenciosos e o que dizer das pessoas que nos relacionamos? Claro, a gente gosta, se apaixona, mas depois de um tempo queremos mudar a pessoa, mas por amor... Amor a quem?! Se quero mudar alguém é para me agradar, certo? E porque não aceitamos, só.
Sabe quem eu acho que foi a única pessoa que amou alguém de verdade? Cristo! E olha como ele acabou! Ele aceitou, só isso! E o mundo não o aceitou. Por isso duvido do amor, somos tão poucos evoluídos, que não sabemos nem aceitá-lo. Não sabemos aceitar nem um pé na bunda! Por isso, acho também, que amor combina com liberdade. A liberdade de ser e ser aceito com liberdade.
Tem uma frase, numa música da Ana Carolina assim: “O amor pode ser uma música que eu gostei e botei numa fita...” Adoro. É isso. Eu gostei de uma música, mesmo não sendo o tipo que eu gosto geralmente ou do meu cantor preferido ou sei-lá-mais-o-que. Eu gostei e guardei. Posso até ficar triste se um dia eu perder a fita, ela arrebentar, evaporar... Eu aceitei e é isso que importa! Aceitei com toda a simplicidade e complexidade que isso pode ter e principalmente, eu aceitei com todas as interferências possíveis.
Sunday, June 08, 2008
Das alegrias e lágrimas
O texto abaixo não é meu. Li há algum tempo no blog do Paulo Coelho. Como fala sobre uma etapa da vida que eu estou passando, postei aqui também!
Dez anos atrás eu estava almoçando num restaurante em Ribeirão Preto. Ao meu lado, dezenas de estudantes comemoravam a formatura no segundo grau; riam, brindavam, faziam troça uns com os outros.
Eram pessoas que haviam cumprido uma etapa em suas vidas, e estavam alegres por causa disto.
Uma hora depois, quando eu já estava na sobremesa, o clima dos estudantes havia mudado completamente. A mesa foi ficando cada vez mais silenciosa, e, logo em seguida, alguém chorou. Pouco a pouco, o choro foi se espalhando entre eles.
As pessoas se abraçavam, faziam promessas de jamais se afastarem, mas sabiam no fundo de seus corações que a partir dali os caminhos se separavam.
Eram pessoas que haviam cumprido uma etapa em suas vidas, e estavam tristes por causa disto.
Dez anos atrás eu estava almoçando num restaurante em Ribeirão Preto. Ao meu lado, dezenas de estudantes comemoravam a formatura no segundo grau; riam, brindavam, faziam troça uns com os outros.
Eram pessoas que haviam cumprido uma etapa em suas vidas, e estavam alegres por causa disto.
Uma hora depois, quando eu já estava na sobremesa, o clima dos estudantes havia mudado completamente. A mesa foi ficando cada vez mais silenciosa, e, logo em seguida, alguém chorou. Pouco a pouco, o choro foi se espalhando entre eles.
As pessoas se abraçavam, faziam promessas de jamais se afastarem, mas sabiam no fundo de seus corações que a partir dali os caminhos se separavam.
Eram pessoas que haviam cumprido uma etapa em suas vidas, e estavam tristes por causa disto.
Tuesday, June 03, 2008
Um limitado novo mundo
Assisti a palestra de abertura da Semana da Comunicação, que está sendo realizada até dia 06 de junho, na Unisinos. O tema, bastante presente na vida dos estudantes, foi "Internet: uma nova lógica para a comunicação", a palestrante tem know-how sobre o assunto, Silvia de Jesus, vice-presidente de Internet e Inovação do grupo RBS, trabalha com Internet desde 1996 e já foi diretora do Terra na América Latina. E o melhor de tudo: a palestra foi super bacana, isso que eu não são das mais chegadas em tecnologia.
Silvia mostrou inúmeros vídeos que caracterizam essa inserção de tecnologia nas nossas vidas, o que ela chamou de “um novo mundo”. O que todos os vídeos mostravam e ela ressaltou várias vezes, é que todo esse processo nos coloca como participantes efetivos de tudo o que a tecnologia nos oferece. Passamos a interagir com as mídias, a escolher os programas que queremos ver, ou rever, pela Internet, baixamos só nossas músicas preferidas e por aí vai...
Agora, uma coisa que me chamou bastante a atenção foi os dados que ela apresentou. Não lembro os números exatos, mas o Brasil é líder em participação em sites de relacionamentos (orkut, msn...), o número de internautas cresceu assustadoramente, inclusive na banda larga.
O curioso nisso tudo é que somos um país de terceiro mundo, subdesenvolvido. Se eu há cinco anos atrás, não tinha msn, olhem que absurdo! Ainda hoje há milhares de pessoas que nem sabem o que é isso. Se eu e a grande maioria das pessoas que assistiram a palestra, convivemos com celulares de última geração, MP3, MP4, MP5 e todos os MP que estão surgindo a cada dia, com os vídeos no You Tube e sim, fazemos parte desse novo mundo. Ainda somos poucos! Pouquíssimos!
Vejam o Eder Coimbra de 15 anos, o menino que ganhou a concurso “Soletrando”, do Caldeirão do Huck. Ele não faz parte desse mundo. Segundo o pai do garoto, sua família, de 6 pessoas, vivem com uma renda de R$ 200,00! Tem um outro garoto, o cearense Ricardo Oliveira da Silva, de 19 anos, que já ganhou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, que também não faz parte desse mundo.
Os dois garotos não têm acesso a Internet. São pobres, como a maioria dos brasileiros. Onde Ricardo mora, não tem nem sinal para Internet! Mas como são inteligentes e antenados, sabem da existência desse fantástico-mundo-novo-da-tecnologia-e-tudo-que-isso-pode-nos-proporcionar e ficam assistindo tudo de fora. Um dia, se Deus quiser, os criminosos deixarem e as necessidades permitirem esses meninos vão fazer parte desse mundo. Os números das pesquisas impressionam, mas esse novo mundo ainda é bem limitado.
Silvia mostrou inúmeros vídeos que caracterizam essa inserção de tecnologia nas nossas vidas, o que ela chamou de “um novo mundo”. O que todos os vídeos mostravam e ela ressaltou várias vezes, é que todo esse processo nos coloca como participantes efetivos de tudo o que a tecnologia nos oferece. Passamos a interagir com as mídias, a escolher os programas que queremos ver, ou rever, pela Internet, baixamos só nossas músicas preferidas e por aí vai...
Agora, uma coisa que me chamou bastante a atenção foi os dados que ela apresentou. Não lembro os números exatos, mas o Brasil é líder em participação em sites de relacionamentos (orkut, msn...), o número de internautas cresceu assustadoramente, inclusive na banda larga.
O curioso nisso tudo é que somos um país de terceiro mundo, subdesenvolvido. Se eu há cinco anos atrás, não tinha msn, olhem que absurdo! Ainda hoje há milhares de pessoas que nem sabem o que é isso. Se eu e a grande maioria das pessoas que assistiram a palestra, convivemos com celulares de última geração, MP3, MP4, MP5 e todos os MP que estão surgindo a cada dia, com os vídeos no You Tube e sim, fazemos parte desse novo mundo. Ainda somos poucos! Pouquíssimos!
Vejam o Eder Coimbra de 15 anos, o menino que ganhou a concurso “Soletrando”, do Caldeirão do Huck. Ele não faz parte desse mundo. Segundo o pai do garoto, sua família, de 6 pessoas, vivem com uma renda de R$ 200,00! Tem um outro garoto, o cearense Ricardo Oliveira da Silva, de 19 anos, que já ganhou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, que também não faz parte desse mundo.
Os dois garotos não têm acesso a Internet. São pobres, como a maioria dos brasileiros. Onde Ricardo mora, não tem nem sinal para Internet! Mas como são inteligentes e antenados, sabem da existência desse fantástico-mundo-novo-da-tecnologia-e-tudo-que-isso-pode-nos-proporcionar e ficam assistindo tudo de fora. Um dia, se Deus quiser, os criminosos deixarem e as necessidades permitirem esses meninos vão fazer parte desse mundo. Os números das pesquisas impressionam, mas esse novo mundo ainda é bem limitado.
Wednesday, May 28, 2008
O diabinho e o anjinho
Às vezes eu tenho certeza que eles são amigos íntimos e ficam rindo da minha cara o tempo todo. Tá, eles podem até não concordarem um com o outro, mas que tiram uma onda legal da minha cara, ah tiram! E eu sempre escuto as risadinhas no meu ouvido. O pior é que um deles, sempre tem razão.
Quando estava na pré-escola e chorava o tempo todo no portão da escolinha já ouvia eles. O anjinho: “Não chora, teu pai já vem te buscar.” E o diabinho: “Chora, chora muito, que tu chama a atenção e ainda faz a caridade de atrapalhar a aula dos outros.” “Não diz isso. Ela tá chorando porque se sente sozinha”. “Que nada, ela tá chorando porque foi chamada de língua enrolada. Ou melhor de líncua enrolata!” E assim a coisa seguia, eu chorava e eles, os coleguinhas e até os vizinhos da escolhinha, riam.
Mais tarde, em festas de famílias. O anjinho: “Fica mais um pouco, tu tá gostando.” E o diabinho: “Isso aqui é medíocre. Nunca se esqueça: você não gosta de coisas medíocres!” “Fica, se diverte. Teus pais tão gostando. Melhora essa carinha!” “Boa menina, já tá todo mundo perguntado o que você tem!” Assim eles seguiam e assim eu acabei com muitas festinhas de família.
Na adolescência. O anjinho: “Aceita o convite pra festa.” E o diabinho: “Lá vai ter um monte de gente e você não gosta de gente, de tumulto...” “Vamos, vai ser bom. Quem sabe você até beije na boca.” “Ótima piada! Ela beijar na boca, hahahahaha.” Assim eles seguiam, assim o tempo passou e não me lembro de muitas festas na adolescência, nem de muitos beijos.
Hoje em dia. O anjinho: “Pra quê tu vai fazer isso, se amanhã ele não vai nem olha na tua cara.” E o diabinho: “Porque ela gosta, porque sexo é bom”. “Não faz. Tu sabe que depois só fica o vazio”. “Que vazio?! Se tá vazio, dá de uma vez!” Depois, além do vazio, tenho que agüentar a discussão deles e a ânsia por um telefonema que eu sei, nunca vem.
Sempre é assim. Eles ficam fazendo cabo de guerra comigo! Na psicóloga é uma loucura, cada um fala mais que o outro e o que eu precisava dizer, sempre fica para a próxima sessão. De noite, eles falam, falam, falam, eu penso, choro, escuto, choro, penso, escuto, choro e choro, só não durmo. Acordo péssima e quando me olho no espelho, adivinha: mais vozes, mais discussão, mais opiniões contrárias.
Nesse momento eles estão em pé de guerra. O anjinho: “Tua mãe tem razão, tu escreve muito bem.” E o diabinho: “Ai, Teu Deus, escreve nada. Só se acha!” “Fica quieto, escreve sim, tem talento.” “Talento!? Adoro tuas piadas! Isso tá uma porcaria. Tu sabe né, guria? Para de escreve e me escuta!” “Isso, escreve, escreve e não dá bola...”
Assim eu vou escrevendo e escutando esses dois que saíram sei-lá-da-onde e vão me acompanhar até-não-sei-quando. Depois, daqui um tempo, a gente vai se abraçar, como velhos amigos, olhar para isso tudo e dar muita, mas muita risada. Teve um deles, não lembro qual, que falou: “Se não pode com o inimigo. Junte-se a ele.” É o que faço e assim, ora ouvindo um, ora ouvindo o outro, eu dou boas risadas. O máximo que pode acontecer é eu acabar louca, rindo sozinha.
Quando estava na pré-escola e chorava o tempo todo no portão da escolinha já ouvia eles. O anjinho: “Não chora, teu pai já vem te buscar.” E o diabinho: “Chora, chora muito, que tu chama a atenção e ainda faz a caridade de atrapalhar a aula dos outros.” “Não diz isso. Ela tá chorando porque se sente sozinha”. “Que nada, ela tá chorando porque foi chamada de língua enrolada. Ou melhor de líncua enrolata!” E assim a coisa seguia, eu chorava e eles, os coleguinhas e até os vizinhos da escolhinha, riam.
Mais tarde, em festas de famílias. O anjinho: “Fica mais um pouco, tu tá gostando.” E o diabinho: “Isso aqui é medíocre. Nunca se esqueça: você não gosta de coisas medíocres!” “Fica, se diverte. Teus pais tão gostando. Melhora essa carinha!” “Boa menina, já tá todo mundo perguntado o que você tem!” Assim eles seguiam e assim eu acabei com muitas festinhas de família.
Na adolescência. O anjinho: “Aceita o convite pra festa.” E o diabinho: “Lá vai ter um monte de gente e você não gosta de gente, de tumulto...” “Vamos, vai ser bom. Quem sabe você até beije na boca.” “Ótima piada! Ela beijar na boca, hahahahaha.” Assim eles seguiam, assim o tempo passou e não me lembro de muitas festas na adolescência, nem de muitos beijos.
Hoje em dia. O anjinho: “Pra quê tu vai fazer isso, se amanhã ele não vai nem olha na tua cara.” E o diabinho: “Porque ela gosta, porque sexo é bom”. “Não faz. Tu sabe que depois só fica o vazio”. “Que vazio?! Se tá vazio, dá de uma vez!” Depois, além do vazio, tenho que agüentar a discussão deles e a ânsia por um telefonema que eu sei, nunca vem.
Sempre é assim. Eles ficam fazendo cabo de guerra comigo! Na psicóloga é uma loucura, cada um fala mais que o outro e o que eu precisava dizer, sempre fica para a próxima sessão. De noite, eles falam, falam, falam, eu penso, choro, escuto, choro, penso, escuto, choro e choro, só não durmo. Acordo péssima e quando me olho no espelho, adivinha: mais vozes, mais discussão, mais opiniões contrárias.
Nesse momento eles estão em pé de guerra. O anjinho: “Tua mãe tem razão, tu escreve muito bem.” E o diabinho: “Ai, Teu Deus, escreve nada. Só se acha!” “Fica quieto, escreve sim, tem talento.” “Talento!? Adoro tuas piadas! Isso tá uma porcaria. Tu sabe né, guria? Para de escreve e me escuta!” “Isso, escreve, escreve e não dá bola...”
Assim eu vou escrevendo e escutando esses dois que saíram sei-lá-da-onde e vão me acompanhar até-não-sei-quando. Depois, daqui um tempo, a gente vai se abraçar, como velhos amigos, olhar para isso tudo e dar muita, mas muita risada. Teve um deles, não lembro qual, que falou: “Se não pode com o inimigo. Junte-se a ele.” É o que faço e assim, ora ouvindo um, ora ouvindo o outro, eu dou boas risadas. O máximo que pode acontecer é eu acabar louca, rindo sozinha.
Saturday, May 24, 2008
Oração
Nem sempre eu sou generosa e rezo pelos meus irmãos. Eu rezo é pelo meu umbigo e pelo o umbigo de meia dúzia de pessoas que eu gosto muito.
Rezo para entrar na calça justíssima que adoro usar. Rezo para Arroba nunca deixar de abanar o rabo quando me vê. Rezo pelo dinheiro das festas e para meus amigos entenderem quando eu surto e vou embora no melhor da festa.
Rezo para que no almoço de domingo, minha opção vegetariana não vire discussão na família. Rezo para que meu irmão vá pra casa da namorada o final de semana todo, assim a gente evita várias discussões desnecessárias. Rezo por uma carreira bem sucedida e alguns livros publicados.
Rezo para que os negrinhos que eu como nunca se transformem em quilos. Rezo para que meus amigos lembrem-se de mim e que não esqueçam de me convidar para qualquer programa, mesmo sabendo que posso até aceitar, mas antes vou fazer o maior drama. Rezo para que tenha sol no domingo e que a grana da Redenção esteja seca.
Até quando peço pelo outros, estão pensando em mim. Rezo para que as dores no joelho da minha mãe passem e que meu pai nunca perca a bondade que tem. Rezo para que meu chefe esteja de bom humor.
Rezo para ter tempo para terminar de ler o livro que quero. Rezo para acordar em algum país europeu o mais breve possível. Rezo para aquele idiota me enxergar como um ser humano e não apenas um corpo. Rezo por um prêmio da Mega-Sena. Rezo por mais feriadões. Rezo por um bronzeado que dure mais tempo.
Mas no final, antes de dizer “Amém”, eu peço para ele me perdoar pelo egoísmo e durmo tranqüila. Porque sei que estou perdoada.
Rezo para entrar na calça justíssima que adoro usar. Rezo para Arroba nunca deixar de abanar o rabo quando me vê. Rezo pelo dinheiro das festas e para meus amigos entenderem quando eu surto e vou embora no melhor da festa.
Rezo para que no almoço de domingo, minha opção vegetariana não vire discussão na família. Rezo para que meu irmão vá pra casa da namorada o final de semana todo, assim a gente evita várias discussões desnecessárias. Rezo por uma carreira bem sucedida e alguns livros publicados.
Rezo para que os negrinhos que eu como nunca se transformem em quilos. Rezo para que meus amigos lembrem-se de mim e que não esqueçam de me convidar para qualquer programa, mesmo sabendo que posso até aceitar, mas antes vou fazer o maior drama. Rezo para que tenha sol no domingo e que a grana da Redenção esteja seca.
Até quando peço pelo outros, estão pensando em mim. Rezo para que as dores no joelho da minha mãe passem e que meu pai nunca perca a bondade que tem. Rezo para que meu chefe esteja de bom humor.
Rezo para ter tempo para terminar de ler o livro que quero. Rezo para acordar em algum país europeu o mais breve possível. Rezo para aquele idiota me enxergar como um ser humano e não apenas um corpo. Rezo por um prêmio da Mega-Sena. Rezo por mais feriadões. Rezo por um bronzeado que dure mais tempo.
Mas no final, antes de dizer “Amém”, eu peço para ele me perdoar pelo egoísmo e durmo tranqüila. Porque sei que estou perdoada.
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