Thursday, December 18, 2008

O bom das biografias

Este ano, apesar do TCC que me obrigou a ler livros específicos sobre rádio, li bastantes biografias. Teve uma época que não gostava de biografias, achava enfadonho, tive sorte com as que li esse ano e em todas eu aprendi coisas que adorei saber. E acho que isso é o melhor das biografias, sempre nos ensinam algo, seja da pessoa biografada ou de uma época.

A vida e principalmente o relacionamento aberto de Sartre e Simone de Beauvoir estão em Tête-à-tête, de Hazel Rowley. Pasmem, a libertária Simone era uma ciumenta de plantão e o Sartre tinha um complexo de feiúra que as 12 anos o fez prometer a si mesmo que teria todas as mulheres que quisesse. E teve.

A biografia de Nelson Rodrigues, O Anjo Pornográfico, escrita pelo Ruy Castro foi, sem dúvida, a que mais me surpreendeu. Nunca li nenhum livro de Nelson Rodrigues, mas virei sua fã, o cara passou por inúmeras tragédias familiares (o assassinato do irmão, a morte do pai logo em seguida), teve várias tuberculoses, passou fome... Toda a sua família era ligada ao jornalismo, seu irmão Mário Filho foi um dos maiores cronistas esportivos do país, sendo o grande responsável pela construção do Maracanã e criando o que hoje é o Campeonato Brasileiro de Futebol. Bom, o Nelson nunca escreveu um palavrão em nenhuma de suas obras e foi um homem cheio de pudores.

Logo depois do Nelson, engatei a leitura de Chatô: o rei do Brasil, de Fernando Moraes, biografia do Assis Chateaubriand. O homem que criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do Brasil aprendeu a ler apenas aos 12 anos, se formou em direito e era um baita visionário, entre os seus negócios estavam dois laboratórios de medicamentos. Um deles é a Bayer, que existe até hoje. Ah, era dele a revista O Cruzeiro que revolucionou a imprensa brasileira.

Um dos livros que ganhei de formatura foi O Mago, a biografia do Paulo Coelho, de Fernando Moraes. Ali narra sua trajetória em busca do seu grande sonho: ser um escritor conhecido no mundo todo (exatamente o que é hoje). Paulo também atuou como ator e diretor de teatro e empresário de uma gravadora de discos. O melhor de tudo foi saber como ele conheceu o Raul Seixas. O maluco beleza era advogado e largou tudo para virar cantor “seguindo seu verdadeiro dom”, o que deixou Paulo muito impressionado. Em seu diário, Paulo escreveu que Raul foi a primeira pessoa que ele conheceu que não teve medo de viver seu sonho.

Recentemente li, por um acaso, Os sonhos não envelhecem: Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges e foi um achado. Sabia pouquíssima coisa do Clube da Esquina, e que turma mais talentosa, são amigos até hoje! Logo quando o Milton Nascimento saiu de Minas Gerais para morar no Rio Janeiro, jurava que durante a noite o Cristo Redentor fazia caretas para ele. Muito tempo depois, seus amigos descobriram que era durante a noite que ele usava drogas...

E depois de muito tempo querendo ler o começo da auto-biografia Simone de Beauvoir, em Memórias de uma moça bem-comportada, consegui. Ali a grande pensadora conta sua vida até os vinte e poucos anos. Opiniões sobre seus pais opressores, sobre sua irmã mais nova, a amiga Sasa, o primo Jacques e Sartre. Aliás, a primeira vez que Sartre convidou Simone para sair, ela não foi, mandou sua irmã no lugar.

Por fim, a biografia que mais aprendi foi a da última rainha do Egito. Li As memórias de Cleópatra, de Margaret George, composto por três volumes: As filhas de Isís, Sob o signo de Afrodite e O beijo da serpente. Nossa, a história dela e do Egito é fascinante. Descobri que o mês de julho assim se chama por causa do imperador Julio César e agosto, devido ao imperador Augusto. Cleópatra entre outras coisas, perdeu sua mãe ainda criança, mandou matar sua irmã por ciúmes, casou-se com seu irmão, teve filhos com Julio César e Marco Antônio, tomava banho de leite, amava cavalos, tinha um jardim só com plantas venenosas, construiu seu próprio mausoléu, tinha pavor de cobras e escolheu morrer picada, justamente, por uma por considerar uma morte rápida e que não mudaria sua beleza. A parte mais bonita da história, mas que nunca foi de fato comprovada, é que ela entrou escondida, enrolada num tapete, no quarto de Julio César.

... não é a toa que essas pessoas viveram histórias dignas de serem biografadas.

2 comments:

Anonymous said...

Nossa, quanta leitura interessante. Me deu várias dicas, obrigada. Como vai você, Renata? Que tal um suco uma hora dessas em SL?

Vanessa Reis said...

Adorei as dicas! No mínimos umas três dessas foram pra minha listinha! Abraço!