Saturday, August 02, 2008

Um pouco de tudo e quase nada

Estou quase fazendo aniversário. Não gosto de fazer aniversário, mas esse ano, segundo os chineses, o dia 08/08/08 terá toda sua mística triplicada e eu espero que isso seja sorte. Eu não sou velha, só que se eu resolver fazer ginástica olímpica com 23 anos vou quebrar a cara.

Não sei como me imaginava com 23 anos. Sabia que teria tatuagens e seria vegetariana. Só. Eu queria já ter tido um namorado, só pra vê como é. Ter viajado mais. Queria escrever mais, ser como essas escritoras cults que surgem de vez em quando. Gostaria de ser mais baladeira e não ficar de porre no primeiro copo. Me imaginava morando sozinha, eu acho...

Só que nunca me passou que seria a morada de um buraco sem fim dentro do meu estômago que está sempre faminto. Eu tento, faço de tudo para saciá-lo e não consigo. O esforço parece quase nada. Ele sempre quer mais e fica urrando lá dentro “não põe a culpa em mim!” O safado inverte o jogo!

Quando eu tenho alguma sorte, começo a achar estranho a sensação de felicidade que às vezes me invade, esperança que aperta a minha mão e as noites que deito e durmo, sem chorar. Aí não resisto e vou procurar o meu vazio, vejo ele lá dormindo. Inconscientemente começo a falar alto, dar gargalhadas, ter idéias mirabolantes, escrever sobre o dito-cujo até ele acordar. Ele levanta com o mau humor típico de quem acordou antes da hora e diz na minha cara: “Viu como você não vive sem mim.”

Não era bem isso que eu imaginava para mim. Cultivar buracos internos! Será um carma? Eu só queria escrever e viver disso. Mas quem vai querer ler “as aventuras de um buraco vazio”? Nem a minha mãe. Eu não sei o que queria para mim. E continuo não sabendo.

Companhia para ir no cinema? Alguém para discutir o último livro que eu li? Dinheiro para comprar todos os livros que eu quero ler? Um namorado? Uma casa com cerquinha branca? Ser uma jornalista bem sucedida? Ser uma escritora porra louca e incompreendida? Sou vazia de respostas. E esse vazio todo só me enche de perguntas que não sei responder, aí me sinto burra.

Outro dia estava conversando com um colega da época do colégio no msn. Ele falou que eu tinha ficado muito gata! O buraco riu da minha cara, lembrando que se ele falasse isso na época do colégio eu teria amado, porque sempre achei o moço lindo. Eu achava que naquela época ninguém me enxergava. Às vezes, acho que foi por ali que catei um bichinho rejeitado e coloquei dentro de mim. Ele cresceu e se tornou o vazio que me habita. Quando eu escrevo ele se acalma um pouco e acentua a solidão. Afinal, porque eu prefiro passar as noites de sábado cultivando o vazio?

4 comments:

Anonymous said...

Também tenho esse vazio, acho que todos têm. O difícil é fazer arte dele como tu faz. Parabéns1 Adorei o blog, é viceral.

Unknown said...

ah Re... dia 08 é a formatura do meu ex. Pois é. O ano todo falando na formatura, planejando, esperando... e agora tudo acabou. A vida é estranha.
beijo e feliz aniver.

Anonymous said...

Oiiiiiiii!
Mas que coisa séria!uma garota toda talentosa, super gente fina e querida como vc ter esses fantasmas te congelando!Claro, não sou perfeita, quanto menos 100% segura, mas te admiro mt, sei q vc é uma das pessoas mais incríveis que eu conheço e vejo vc se descrevendo desse jeito?! Não vale!Não aceito, discorod total e digo que vc é 10, só não descobriu ainda...ou a pessoa "certa" não te convenceu disso!Bjaummmmm, Te adoro

Anonymous said...

hahaha...o anonymous que te deixou o recado anterior sou eu...Robertinha...esqueci de assinar!
Te adoroooooooo!
Bjussssssssss