Tuesday, November 04, 2008

Quatro anos

Foi há quatro anos que tudo começou. Estava no show do The Calling, em Novo Hamburgo, era a terceira ou quarta música, quando senti uma dor no estômago, a vista nublou e eu senti um medo inexplicável. Pânico. Pavor. Paralisei. Não lembro como cheguei no banheiro, mas lembro da mão de uma moça tocando água no meu rosto... Liguei para o meu pai ir me buscar, eu não podia ficar ali porque estava com muito medo!

Naquela noite não dormi, nem nas que se seguiram. Foi a primeira crise de pânico. Tempo depois, estava saindo da Unisinos, era final de semestre, só tinha ido pegar a nota e esperava o ônibus. O ônibus não vinha e não vinha e eu comecei a ficar com um medo danado. De novo não... O medo, o tremor no corpo todo, o pânico, a certeza que algo muito ruim vai acontecer. Não lembro como cheguei em casa, mas lembro da cara do meus pais.

Nesse meio tempo eu levei um pé na bunda de quem acreditava ser o primeiro homem que gostava de mim. Uma prima da minha idade morreu e eu percebi como a vida pode ser cruel. Sai do meu primeiro estágio, de dois anos e, me deparei com dias ociosos. Não sei o motivo, se foi um desses fatos isolados ou a soma de tudo... Mas passei a não sair da cama, não havia nenhum motivo para sair da cama, além do medo que eu sentia.

Matava aula direto, meus pais não me deixavam sozinha, perdi 15 quilos e muito tempo. Não sei o que fiz nos meses que fiquei assim... Depressão? Tratamento psicológico? Remédio? Bem capaz, afinal eu não era louca. Depois de muita conversa, aceitei que tinha algo de errado acontecendo e comecei a tomar remédio, fazer análise... Me esforçar pra voltar a ser o que era. Ou ao menos, sentir algo parecido com felicidade, que certamente, eu já havia sentido.

Com o tempo, as crises de pânico pararam, voltei a comer, arrumei um emprego, comecei a me ocupar, a não ter medo, larguei o remédio, ganhei alguns quilos, voltei a dar gargalhadas, chorei muito, fiz inúmeras perguntas, diminui o número da terapia, percebi várias coisas e a tristeza foi indo embora... Mas eu ainda tinha um receio. E se voltar acontecer? E se sentir medo de novo? E se... E se...

Mas agora, depois de quatro anos, acho que voltei a sentir algo bom, que eu tô achando que é felicidade. Nesse tempo todo, eu quase não sai, só ia a shows, morrendo de medo, mas ia. Baladas, se já não gostava antes, aboli por completo... Festinhas de amigos, reuniões familiares, raríssimas. Não sei quando comecei a sair de novo, foi esse ano... Acho que a formatura influenciou e ajudou.

O fato é que hoje sinto vontades. De sair, de ir no cinema, de ir pra praia, de gastar horrores de feira do livro, de visitar minha tia, de beijar na boca, de caminhar, de conhecer gente, de viajar, de conversar... Hoje fui na psicóloga, por um único motivo, lhe dar um abraço de aniversário!

1 comment:

Anonymous said...

querida... vamos ao cinema uma hora dessas?
beijos