Wednesday, September 10, 2008

Poema datado

Chovia aos cântaros hoje à tarde, quando eu resolvi abrir uma caixa onde guardo algumas coisas que escrevi há muito tempo atrás. Tempo que eu não tinha computador. Tempo dos meus 11, 12 anos e escrevia ou fingia estar escrevendo para não ficarem me enchendo. Tempo da adolescência, quando eu achava o colégio e o mundo cruel demais e escrever era uma fuga.

O que mais me chamou atenção é a quantidade de poemas. Hoje em dia, não escrevo poemas, acho difícil e a chance de eu não gostar é imensa. Acho que era coisa de adolescente... Alguns são bons, outros uns lixos. Que vergonha! Mas nenhum foi pro lixo, voltaram todos para a caixa! E lá ficarão por muito tempo.

É legal ler o que escrevi há dez, oito anos atrás. E eu tinha a mania de colocar a data, a hora, o local e às vezes, até a música que estava escutando em tudo que escrevia. Bizarro... Transcrevo aqui um poema que fala justamente sobre isso.


Que estranho hábito esse meu!
Colocar data e hora nas poesias que escrevo...
Como se fosse possível aprisionar palavras.
Alguns até locais têm!
Que ilusão...
Se qu os escrevo, justamente, porque eles precisam se libertar.


Noite, 22 de dezembro de 2000 – em casa – ouvindo Nirvana


Quando tiver coragem, mostro outros...

6 comments:

Alexandre Camilo said...

oi linda!

eu nunca tive o hábito de escrever poemas, mas sim confissões e relatar meus dias. faço isso há 10 anos, e me ajudou muito.

meu analista já pediu pra ler e nem ele eu permito! hahaha

é muito bom escrever, especialmente pra quem faz isso com gosto e talento, como tu!

superbeijo

Vanessa Reis said...

Mostra mais!!!
Eu também fazia poemas quando tinha 11 e 12 anos. Passou, e mesmo que eu tentasse, nunca mais consegui. Os versos ficaram lá atrás.

Unknown said...

eu também fazia poemas. tinha um caderno cheio deles, que se perdeu. Hoje não consigo mais. É triste dizer, mas acho que a vida perdeu a poesia e ficou só a prosa mesmo.
beijo

Ewerton Martins said...

Acho que é porque, apesar de os escrevermos porque eles precisam se libertar, os poemas são iguais aos filhos: a gente sabe que eles precisam ir, mas sempre tentamos, dissimuladamente, mantê-los presos a nós.

Vivian said...

...toda vez que me entristecia na adolescência, corria para meu quarto e escrevia como desabafo o que estava sentindo...escrevia, escrevia, e depois jogava pela janela o papel todo picadinho...assim pensava estar me desfazendo do que me aborrecia, levado pelas asas do vento...depois passou...hj discuto nas bases e fica tudo bem...rsss

Anonymous said...

Eu acho que já te disse que acho poesia um porre, mas adorei esse teu poema. É muito legal ler um poema e ver ele concretizando (palavra aqui usada no sentido de construir) a imagem do que a pessoa está passando e nesse caso, uma idéia permanente e que o próprio poema é um modelo do que tu quer dizer. Bah muito bom esse.