Friday, June 27, 2008

Quadrinhos na parede

Eram quase meia noite de um dia de semana quando o louco do meu vizinho começou a usar uma furadeira. O barulho não precisou durar muito para eu ficar louca e reclamar, aí meu pai com sua paciência de monge budista disse com uma seriedade assustadora: “Quem sabe ele tá colocando quadrinhos na parede”.

Fiquei puta. Não por causa do barulho que ainda acontecia, até porque barulho de furadeira é uma ótima trilha sonora para uma pessoa que adora dar chilique como eu. Fiquei puta porque fiquei desconcertada. Quadrinhos na parede!? Com uma furadeira!? Só podia ser meu pai mesmo...

Tá, levando em consideração que meu vizinho tem uma filhinha de uns dois anos, isso não é tão improvável. Afinal não sei se a guriazinha que dorme na casa ao lado não aloprou que queria um quadro na parede de seu quarto. E como ela é filha única e como todo pai é pai, meu vizinho atendeu o pedido da filha.

Bem simples. Natural até. Absurdo é eu ser insensível e me incomodar com um pai atendendo o pedido da sua filhinha. Me senti mal, imaginando a falta que um quadro com algum desenho infantil... Não, infantil não. As crianças de hoje não são infantis.

Vejamos... Um quadro dos Rebeldes ou das Meninas Super-poderosas ou de algum personagem que está na moda e eu não sei, iria fazer no quarto com papel de parede rosa com florzinhas brancas que a guriazinha de cachinhos dourados da casa ao lado, dorme, sonha e descansa da sua agitada vida de quem recentemente aprendeu a caminhar e a falar.

Até então, não me lembrava de nenhum quadro importante que meu pai tenha pendurado pra mim. Será que isso causou algum trauma? Mas lembro dos negrinhos que meu pai, até hoje me trás e sim, eles me fazem falta quando não chegam. Será que isso é devido há algum trauma?

Mas eu tinha um quadro uma vez, bem grande que ganhei do meu tio. Tem até foto, na época o quadro era maior que eu. A imagem era de uma menina loirinha, com um chapeuzinho vermelho, levando uma cesta de doces para a vovozinha (sim, era a Chapeuzinho Vermelho) e carregando um negrinho em uma mão. Será que isso explica alguma coisa?

Não sei que fim levou o quadro, devo ter colado um pôster do Leonardo di Caprio por cima... O que importa é que me lembrei de como quadros na parede são importantes para uma criança. Não fiquei braba com meu vizinho, até porque lembro direitinho, quando ganhei meu quadro era de noite. Com certeza tive um chilique clássico de criança e fiz meu pai pendurar aquela hora da noite. E meu vizinho deve ter ficado incomodado com o barulho.

Ah, a vida. As voltas que o mundo dá. E como quadrinhos na parede são importantes! Nunca vou me esquecer que dormia olhando o negrinho na mão daquela menina. Me dava água na boca... Sim, eu acho que isso explica muita coisa. E tudo por causa de um quadrinho na parede!

Sunday, June 22, 2008

Centésimo post e um grande alívio

Não lembro bem quando fiz esse blog, mas lembro que sempre gostei de escrever. Esse é um dos motivos para eu fazer jornalismo e manter esse blog. Não sei se escrevo bem. Sei que às vezes tento ler textos antigos com total distanciamento e geralmente gosto. Agora quando leio já querendo achar defeito, bom... Quem procura, acha né?

O fato que esse é o centésimo post! Post, não textos, considerando que já postei algumas músicas. Com certeza, já escrevi muito mais que cem textos e com mais certeza ainda, escrevi pouco! Tem um texto, dos primeiros, que estava no meu perfil do orkut. Mas esse sim, foi a primeira pedrinha do mosaico.

Utopia é um dos textos que mais gosto. Devaneio, também. Você não gosta das minhas tatuagens, detesto. Ainda não, 3Q + COP me trazem lembranças. Quando não vale a pena, além de lembranças me faz rir. Uma janela amarela fiz pro meu irmão. Prezado jornalista pro meu primo. O 20 de setembro é daquele irmãozinho foi para o irmão que eu não conheci. E esse texto, minha querida amiga e excelente escritora, Roberta Lampert fez para mim!

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Mais importante que os meus textos, esse ano foi o meu trabalho de conclusão. “O amanhecer das rádios FMs destinadas aos jovens. Uma análise dos programas da Atlântida e da Cidade.” Nome bonito...

E ele deu muito trabalho para ser feito! Muito mesmo! E quinta-feira (19) depois de várias crises de pânico, encarei a banca. Sérgio Endler e Daniel Scola de avaliadores, dá pra ter medo, né? Quem sou eu, perto deles, para querer saber de rádio.

A nota foi um 9,5, que não é 10 para o meu grande ego leonino. Mas é o merecido para uma pessoa que não colocou um dos livros que mais usou nas referências. E como disse um amigo, “estou plenamente aliviado”. E é isso que importa. Por que qual diferença faria para a minha vida profissional um 7 ou um 10 no TCC? É apenas uma questão de ego!

E para terminar, antes de começar a escrever esse texto, fui dar uma olhada no blog do meu primo. E acabei chorando, tudo bem que estou na TPM, que passei por grandes emoções essa semana... Mas o motivo mesmo foi o que ele escreveu nos agradecimentos do TCC dele, que reproduzo aqui:

"Quero agradecer a minha prima Renata, que sempre me mostrou o jornalismo na sua melhor forma. Através de palavras. Ela será uma grande jornalista, não tenho dúvidas disso, mas desde já Rê, te agradeço pelos maravilhosos textos que tu faz."

O Jú faz jornalismo também, o que me enche de orgulho e me faz imaginar, nos meus devaneios, que aqui é o início de várias gerações da família que se dedicarão ao jornalismo ou ao menos, à humildes escritos.

Por enquanto, somos focas procurando emprego, mas quem sabe um dia, teremos uma baita biografia como Roberto Marinho, Nelson Rodrigues, Capote...

Thursday, June 12, 2008

Quem é ele? Esse tal de amor?

Uma modesta tentativa de responder um texto do meu primo.

Não sei, obviamente, o que é o amor. E muitas vezes, acho que nem acredito que ele exista. E daí penso que devo ser mais sensível e afinal se eu acredito que ET existem, Papai Noel foi uma invenção da Coca-Cola, que no fim do arco-íris tem um pote de ouro, por que não acreditar no amor? Mesmo com a pulguinha atrás da orelha... Um dia eu vou montar um circo de pulgas com elas! Sempre quis saber como se adestra pulgas para um circo, deve ser mais fácil do que amar.

Voltando ao assunto, que pela maneira como dei voltas, não sei responder o que me propus. E também acho muita pretensão minha, que com 22 anos, passou exatamente 22 Dias dos Namorados sozinha, saber o que é o amor. Ah, quanto as propagandas chatas que nos fazem ter vontade de se atirar na frente de um carro cada vez que passamos por um casalzinho, é tudo mentira. Estudamos comunicação, pra gente é bem mais fácil se desvencilhar dessas ciladas midiáticas.

Pra mim, amor é aceitação e é justamente por isso é que sofremos. Não sabemos aceitar o outro. Ninguém. Gostaríamos que nossos pais fossem diferentes, que nossos irmãos fossem mais educados, os amigos mais atenciosos e o que dizer das pessoas que nos relacionamos? Claro, a gente gosta, se apaixona, mas depois de um tempo queremos mudar a pessoa, mas por amor... Amor a quem?! Se quero mudar alguém é para me agradar, certo? E porque não aceitamos, só.

Sabe quem eu acho que foi a única pessoa que amou alguém de verdade? Cristo! E olha como ele acabou! Ele aceitou, só isso! E o mundo não o aceitou. Por isso duvido do amor, somos tão poucos evoluídos, que não sabemos nem aceitá-lo. Não sabemos aceitar nem um pé na bunda! Por isso, acho também, que amor combina com liberdade. A liberdade de ser e ser aceito com liberdade.

Tem uma frase, numa música da Ana Carolina assim: “O amor pode ser uma música que eu gostei e botei numa fita...” Adoro. É isso. Eu gostei de uma música, mesmo não sendo o tipo que eu gosto geralmente ou do meu cantor preferido ou sei-lá-mais-o-que. Eu gostei e guardei. Posso até ficar triste se um dia eu perder a fita, ela arrebentar, evaporar... Eu aceitei e é isso que importa! Aceitei com toda a simplicidade e complexidade que isso pode ter e principalmente, eu aceitei com todas as interferências possíveis.

Sunday, June 08, 2008

Das alegrias e lágrimas

O texto abaixo não é meu. Li há algum tempo no blog do Paulo Coelho. Como fala sobre uma etapa da vida que eu estou passando, postei aqui também!

Dez anos atrás eu estava almoçando num restaurante em Ribeirão Preto. Ao meu lado, dezenas de estudantes comemoravam a formatura no segundo grau; riam, brindavam, faziam troça uns com os outros.

Eram pessoas que haviam cumprido uma etapa em suas vidas, e estavam alegres por causa disto.

Uma hora depois, quando eu já estava na sobremesa, o clima dos estudantes havia mudado completamente. A mesa foi ficando cada vez mais silenciosa, e, logo em seguida, alguém chorou. Pouco a pouco, o choro foi se espalhando entre eles.

As pessoas se abraçavam, faziam promessas de jamais se afastarem, mas sabiam no fundo de seus corações que a partir dali os caminhos se separavam.

Eram pessoas que haviam cumprido uma etapa em suas vidas, e estavam tristes por causa disto.

Tuesday, June 03, 2008

Um limitado novo mundo

Assisti a palestra de abertura da Semana da Comunicação, que está sendo realizada até dia 06 de junho, na Unisinos. O tema, bastante presente na vida dos estudantes, foi "Internet: uma nova lógica para a comunicação", a palestrante tem know-how sobre o assunto, Silvia de Jesus, vice-presidente de Internet e Inovação do grupo RBS, trabalha com Internet desde 1996 e já foi diretora do Terra na América Latina. E o melhor de tudo: a palestra foi super bacana, isso que eu não são das mais chegadas em tecnologia.

Silvia mostrou inúmeros vídeos que caracterizam essa inserção de tecnologia nas nossas vidas, o que ela chamou de “um novo mundo”. O que todos os vídeos mostravam e ela ressaltou várias vezes, é que todo esse processo nos coloca como participantes efetivos de tudo o que a tecnologia nos oferece. Passamos a interagir com as mídias, a escolher os programas que queremos ver, ou rever, pela Internet, baixamos só nossas músicas preferidas e por aí vai...

Agora, uma coisa que me chamou bastante a atenção foi os dados que ela apresentou. Não lembro os números exatos, mas o Brasil é líder em participação em sites de relacionamentos (orkut, msn...), o número de internautas cresceu assustadoramente, inclusive na banda larga.

O curioso nisso tudo é que somos um país de terceiro mundo, subdesenvolvido. Se eu há cinco anos atrás, não tinha msn, olhem que absurdo! Ainda hoje há milhares de pessoas que nem sabem o que é isso. Se eu e a grande maioria das pessoas que assistiram a palestra, convivemos com celulares de última geração, MP3, MP4, MP5 e todos os MP que estão surgindo a cada dia, com os vídeos no You Tube e sim, fazemos parte desse novo mundo. Ainda somos poucos! Pouquíssimos!

Vejam o Eder Coimbra de 15 anos, o menino que ganhou a concurso “Soletrando”, do Caldeirão do Huck. Ele não faz parte desse mundo. Segundo o pai do garoto, sua família, de 6 pessoas, vivem com uma renda de R$ 200,00! Tem um outro garoto, o cearense Ricardo Oliveira da Silva, de 19 anos, que já ganhou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, que também não faz parte desse mundo.

Os dois garotos não têm acesso a Internet. São pobres, como a maioria dos brasileiros. Onde Ricardo mora, não tem nem sinal para Internet! Mas como são inteligentes e antenados, sabem da existência desse fantástico-mundo-novo-da-tecnologia-e-tudo-que-isso-pode-nos-proporcionar e ficam assistindo tudo de fora. Um dia, se Deus quiser, os criminosos deixarem e as necessidades permitirem esses meninos vão fazer parte desse mundo. Os números das pesquisas impressionam, mas esse novo mundo ainda é bem limitado.