Hoje você me doeu muito, demais da conta. Estou sempre pensando em você, mas já estou tão acostumada com a dor de não de ter, que nem lembro dela.
Estávamos brincando do jogo da garrafa na aula, para treinar o uso pretérito perfeito, até que minha professora perguntou se eu já tinha amado, “mas amar de querer passar o resto da vida junto, com tudo de bom e ruim.”
Por um momento tive vontade de dizer que não, mas ficaria visível que estaria mentira. Disse que sim, e claro que me perguntaram como tinha sido essa experiência e aí não sabia o que falar. Não sei como, me ouvi dizendo que não sabia, pois ainda doía.
Os colegas tentaram me ajudar. O Igor falou que viajar é uma ótima saída para deixar de amar, a Júlia disse que antes de eu me casar, sara. E a professora me garantiu, por experência própria, que sim, um dia passa.
Tem sido assim: às vezes escuto tua voz me falando sobre Barcelona, sinto teu perfume no ar. Quando vou atravessar a rua e para um homem do meu lado, geralmente penso que é você. Vejo um homem com óculos e reparo se o modelo é parecido com os teus, se um fumante segura o cigarro do mesmo jeito... E a dor tá lá, anestesiada.
Mas às vezes, quando acontece alguma coisa ou escuto palavras como amor, saudade, dor... Ela acorda, é como se arrancasem a casquinha da ferida e sangrasse de novo. Hoje eu sangrei muito de dor.
Logo depois desse jogo, a aula acabou. Eu não senti o gosto do sanduíche que almocei, não ouvi uma palavra do que foi falado na aula de cultura e chorei muito enquanto caminhava até o porto de Barcelona.
Gosto muito de passar as tardes no lá, vendo os barcos chegando e partindo, além do mar azul. Hoje fiquei lá até anoitecer e pensando se algum dia eu vou acordar sem que você me doa tanto.
1 comment:
Ai amiga querida do meu coração...que coisa..mas quero que saiba que isso passa sim... o tempo é amigo de todos os sofrimentos, pode ter certeza...um dia vc ainda vai achar graça de tudo isso...se cuida e fica com Deus.
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