De todos os bairros de Barcelona, sem dúvida o meu preferido é o El Raval, por toda a história e o que representa para a cidade. Além de ser do lado do bairro que eu vivo e quase todos os dias, passo por ali.
El Raval é um dos bairros mais antigos de Barcelona. Quando a cidade era cercada por muralhas medievais, que protegiam os nobres, os pobres chegavam e se instalavam ao lado dessas muralhas, foi isso que deu origem a esse bairro, que ainda hoje tem uma má fama na cidade.
Num de seus limites está a famosa La Rambla, ou seja, o bairro é muito bem localizado. Nasce na beira do porto e se estende até o prédio da Universidade de Barcelona, na Gran Via, uma das principais avenidas da cidade. Os nativos dividem esse bairro em três, o mal, o que está em processo de revitalização e o bom El Raval.
Esse sempre foi um lugar de prostituição e de fácil acesso às drogas, principalmente perto do porto. É possível enxergar marcas de sapatos nas paredes do início das Ramblas, que são marcas dos calçados com salto usados pelas prostitutas, ao longo de muitos anos, que se escoravam nesses prédios, que existem desde a época das muralhas.
Ainda se vê muitas garotas de programa e traficantes nas ruas próximas ao porto, esse é o El Raval mal, que nenhum cidadão aconselha um turista a conhecer.
A área de revitalização é o centro do bairro, que liga a parte boa e a má. Nessa região foi construída a Rambla de El Raval e é onde está um dos gatos do artista Fernando Botero. Há nas sacadas dos prédios, faixas escritas em catalão com frases do tipo: “somos um bairro digno” e “dignidade para El Raval”.
Mais ou menos nessa altura, porém com frente para a Rambla de Catalunya, está o mercado “La Boquería”, que o mercado público da cidade e um ponto turítico
superconhecido.
Atualmente, o bairro continua sendo morada de muitos imigrantes que chegam em Barcelona e eles se localizam, na sua maioria, nessa faixa do El Raval. Nas suas ruas podem ver-se comércios de todas as nacionalidades, tanto que durante muitos anos, foi popularmente conhecido como o Bairro Chinês. Porém, nos últimos anos, por causa da grande população paquistanesa, é chamado também Ravalkistão.
Na parte alta do El Raval, próximo à Gran Via, há uma das maiores concentrações de jovens, por causa dos prédios de diversos cursos da Univesidade de Barcelona, que estão situados no bairro, além da biblioteca pública.
Uma das faculdades está instalada no prédio que foi um hospital na época da Barcelona com muralhas e ele foi construído ali, porque os nobres não queriam doentes dentro de suas muralhas, sobrou então para El Raval.
O lindo Museu de Arte Contemporâneo de Barcelona também está nesse bairro. O MACB é um prédio de quatro andares, todo branco, que contrasta com todas as cores ao seu redor.
No El Raval bom, há muitos bares e restaurantes e, na minha opinião, as melhores lojas da cidade, são muitos os estabelecimentos de música, livrarias e lojas alternativas. Numa das ruazinhas do bairro está o conhecido bar “Ovelha Negra”, reduto de estudantes universitários e turistas, que leva esse nome por causa de sua localização.
As pessoas da Catalunya tem o hábito de preservar a história do lugar onde vivem, seja ela boa ou má. Há muitas tentativas para que essa história não seja esquecida. No final do bairro de El Raval, há no prédio que é o Centro de Cultura, uma parede toda espelhada, mais alta que sobe além do prédio e no final faz uma curva, como se fosse um arco partido no meio.
Com esses espelhos, de uma certa altura da praça que tem em frente, é possível enxergar todo o bairro de El Raval, até o mar. Essa é a maneira das pessoas que passam por ali não se esquecerem da história marginalizada que sempre teve esse local, do seu incrível poder de transformação e da importância que sempre teve para Barcelona.
1 comment:
Ei Renata,tudo bem?
Estava procurando informações sobre a revitalização no bairro El Raval e encontrei seu blog. Muito bom!
Você saberia me dizer onde posso encotnrar mais detalhes do projeto de revitalização do bairro?
Muito obrigada
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