Friday, May 20, 2011

Meio ano

Seis meses. Há exatos 182 dias eu estava morrendo. Morri durante a madrugada, confortável, deitada numa cama, de banho tomado, coberta com edredons e abraçada no homem que eu amo. Fiz muitas coisas nesses meses. E tudo não mudou o nada e o vazio que tomaram conta da minha vida.

Chorei. Rezei. Implorei. Me humilhei. Estudei. Viajei. Voltei. Me alegrei. Me decepcionei. Bebi. Fumei. Cherei. Li. Prometi. Menti. Não cumpri. Escrevi. Esperei. Me perdi. Perdi a fé. Mas nunca mais me enchi.

Pensei em ir embora, em nunca mais voltar, em sair por aí, em sair sem dar tchau. Pensei em ir para um convento, para um hospício, para um monastério, para um bordel, para um presídio. Eu quis me matar. Queria me enterrar.

Foi sendo levada sem sentir que cheguei até aqui. O corpo dói. Anestesia até. Respirar é difícil. Suspirei muito. Meu reflexo são frases pequenas e soltas. Fragmentos. Pedaços que lembro e junto os caquinhos para recordar a nossa história. Sem contexto. Sem sentido. Sem valor. Nada.

Não conto os dias da tua ausência, o que conto são os dias da minha sobrevivência. Há 182 dias, eu me tornava uma viva morta, sou um nada que respira.

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