Eu morri há sete dias. Isso aqui é uma celebração, como uma missa de 7º dia. Nunca entendi o motivo do 7º dia após a morte, nem agora... Bom, eu que acreditava que o corpo morria e o espírito continuava vivinho da silva, estou perdida e sem entender.
Como assim, a alma morreu e o corpo continua? Meu corpo está tentando manter as aparências, tanto que ainda fico em pé! Ainda trabalho, como, converso, leio, escrevo... Deve ser como aquela sensação que pessoas mutiladas têm quando sentem dor nas partes do corpo que não existem mais...
Há exatos sete dias eu estava morrendo. Porque na verdade eu não morri assim, de uma hora para outra. Eu fui morrendo, lentamente, lá em Santa Maria. Dizem que as pessoas pressentem quando vão morrer e de fato, é verdade, quando eu embarquei no ônibus sabia que seria uma viagem sem volta.
Eu estava feliz, não uma felicidade eufórica (que sentia no sábado de manhã, último dia da minha vida). Mas uma felicidade branda, que se contenta com pouco, de quem sabe que tentou até o último minuto.
Morri durante a madrugada, confortável, deitada numa cama, de banho tomado, coberta com edredons, com ar condicionado ligado e abraçada no homem que eu amo. Eu chorei, peguei no sono e não acordei mais.
Meu corpo levantou, foi colocado num taxi, entrou num ônibus para Porto Alegre e chorou os quase 300 quilômetros. Chorei a minha própria morte, o amor que me deu sentido, a saudade que quase me enlouqueceu e a minha alma que estava morta e tinha ficado para trás.
Eu morri há sete dias, num apartamento em Santa Maria. Foi numa noite agradável, estrelada e de lua linda e cheia no céu. Eu morri feliz.
1 comment:
Amiga, é muito triste ler isso. Como queria fazer algo para te ajudar...
Bjinho, Aline
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