Eu estou em Berlim agora. Durante o tempo que estive na Espanha sempre ouvi falar muito dessa cidade e da Alemanha, como um todo. Os espanhóis são muito orgulhosos do seu país, mas também, bastante críticos. Acham que são o pior país da Europa, reclamam da corrupção, da falta de respeito dos governantes, que o serviço público não tem qualidade, do número de mendigos na rua, do ônibus que atrasa, das ferrovias mal conservadas, da falta de políticas públicas para a educação...
Para os espanhóis, um modelo de perfeição é a Alemanha, onde tudo funciona bem e as pessoas não reclamam porque não tem motivos para tal coisa. Muitas vezes, nas aulas de cultura, eu e outros colegas, defendiamos que pensar que no seu país as coisas não funcionan direito e que há outros lugares melhores, é universal. Mas os nossos professores eram categóricos: “na Alemanha tudo é perfeito e eles não reclamam.”
Pelo visto, a mania de achar a grama do vizinho mais verde é mundial. Cheguei em Berlim hoje a tarde e apenas, dei uma volta pelas redondezas do hotel para me localizar, nessa pequena caminhada vi um terreno baldio cheio de lixo e na hora lembrei dos professores e pensei: “eles não sabem que o serviço de recolhimento de lixo não funciona muito bem aqui.”
Mas também fiquei pensando, será que se não tivesse ouvido tantas maravilhas sobre a Alemanha, eu teria percebido o lixo no terreno? Amanhã eu vou pegar o metrô e circular pela cidade e estou duvidando que nada vai atrasar ou que eu não vá encontrar um nativo que reclame daqui.
Ah sim, o taxista que me trouxe da estação até o hotel, me falou coisas muito boas sobre Berlim, mas ele é da Argélia, na África. Quando eu perguntei se ele gostava de viver aqui, suspirou e disse: “aprendi a gostar e a não reclamar”. Tá explicado.
No comments:
Post a Comment