Estou no aeroporto de Madrid agora, esperando meu vôo para o Brasil, são quatro horas de espera, mas eu já não me importo, pois é um tempo que eu tenho para pensar em você. Seja lembrar dos momentos que estávamos juntos, imaginar o que você estará fazendo ou projetar um futuro.
As imagens são frágeis como asas de borboletas, mas igualmente belas. Tem vezes que elas se fortalecem tanto que parece que você vai se personificar na minha frente, pois por momentos sinto o teu cheiro, o teu calor e chego a sorrir com a certeza de que posso te tocar.
Mas aí, a realidade puxa o tapete voador que eu estou, seja com o barulho do aspirador que limpa aeroporto, seja com a voz do alto falante, algo que cai, alguém que passa apressado para não perder o vôo, me fez perder você. E eu sinto raiva.
Já quando estou muito otimista, penso que tudo é um sinal positivo, o avião que risca o céu, uma pessoa estranha que me sorri, a música que começa a tocar em uma das lojas (uma música romântica!)
É um sinal sim. Até o fato de eu continuar respirando é um sinal de que viver por você vai valer a pena. A realidade começa sempre na nossa imaginação, no nosso pensamento. Um dia essas imagens serão tão reais que eu vou achar banal.
Inclusive você já foi imaginação. Tuas tatuagens, teu anéis cor de prata (como os meus), teus gostos, teus gestos, teus carinhos, teu corpo, tua história... Isso explica porque sempre me senti muito a vontade contigo, porque já te conhecia dos meus sonhos.
Wednesday, April 27, 2011
Saturday, April 23, 2011
Trilha sonoa
Sempre gostei dessa música, mas ela nunca fez tanto sentido para mim, como agora...
Por Enquanto
Legião Urbana
Mudaram as estações
E nada mudou
Mas eu sei
Que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era prá sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba...
Mas nada vai
Conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem...
Mesmo com tantos motivos
Prá deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta prá casa...
Por Enquanto
Legião Urbana
Mudaram as estações
E nada mudou
Mas eu sei
Que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era prá sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba...
Mas nada vai
Conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem...
Mesmo com tantos motivos
Prá deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta prá casa...
Finaleira
É meu último dia da minha viagem é acho que já posso fazer um balanço da experiência. Sem dúvida, o mundo é muito lindo e viajar é muito bom. Não sei se volto melhor ou pior, mas volto diferente. Almoçar bolacha com banana sentada numa praça, me pareceu um banquete em Amsterdam e um omelete foi a comida mais sem gosto que já comi na vida, mesmo em Paris, a beira do rio Sena.
Poderia ter aproveitado melhor Barcelona. Caiu a ficha e eu passei a me dar conta do que estava vivendo depois do email do homem que amo. Aliás, percebi o quanto as pessoas são de fato, importante para mim. Teve dias, que eu daria minha vida para enxergar um rosto conhecido.
A aventura que é ter três minutos para trocar de trem, cheia de malas, numa cidadezinha no interior da Alemanha, poderia ser muito engraçada se eu tivesse alguém compartilhando a viagem comigo. Mas eu não tive e fui obrigada a me aturar, principalmente, o meu silêncio.
Não lembro a última vez que conversei com alguém, mas isso já não me incomoda. No começo incomodava, sim. Depois vem a raiva de ter se metido nisso sozinha e por fim, a resignação. O silêncio não incomoda mais, a gente começa a conversar com estranhos como velhos conhecidos.
Penso que depois desses dois meses dou mais valor para as pessoas que convivem comigo, pois, senti muito a falta delas, mas sobrevivi à saudade e a distância. Portanto, por mais que ame todos vocês, dá para viver longe.
Também penso que estou menos desconfiada. Viajando sozinha, passei por situações que fui obrigada a confiar em estranhos. Seja nas pessoas que pedia informação na rua ou nas estações de trem, quando deixava toda a minha bagagem sozinha e ia no banheiro.
Tem coisas que aprendi e serviram de lição, outras vou fazer diferente e algumas, espero nunca ter que repetir. Estou louca pra voltar para casa sim, para minha cama, colocar roupas limpas, sair sem mapa e não me perder com tanto freqüência. Também estou louca para sentar num bar com minhas amigas, abrir uma cerveja e conversar e conversar e conversar.
Volto com esperança de dias melhores. Aconteceram coisas muito boas enquanto estive aqui e elas, podem não estar, ainda, do jeito que eu sonho, mas me dão esperança e vontade de viver, considerando que eu sou uma pessoa que tem muita vontade de morrer, ter vontade de viver é algo para se comemorar.
Então, posso dizer que estou voltando com vontade de viver, com esperança, com alguns quilos para engordar sem encanar, com histórias para contar e já pensando nas próximas férias.
Poderia ter aproveitado melhor Barcelona. Caiu a ficha e eu passei a me dar conta do que estava vivendo depois do email do homem que amo. Aliás, percebi o quanto as pessoas são de fato, importante para mim. Teve dias, que eu daria minha vida para enxergar um rosto conhecido.
A aventura que é ter três minutos para trocar de trem, cheia de malas, numa cidadezinha no interior da Alemanha, poderia ser muito engraçada se eu tivesse alguém compartilhando a viagem comigo. Mas eu não tive e fui obrigada a me aturar, principalmente, o meu silêncio.
Não lembro a última vez que conversei com alguém, mas isso já não me incomoda. No começo incomodava, sim. Depois vem a raiva de ter se metido nisso sozinha e por fim, a resignação. O silêncio não incomoda mais, a gente começa a conversar com estranhos como velhos conhecidos.
Penso que depois desses dois meses dou mais valor para as pessoas que convivem comigo, pois, senti muito a falta delas, mas sobrevivi à saudade e a distância. Portanto, por mais que ame todos vocês, dá para viver longe.
Também penso que estou menos desconfiada. Viajando sozinha, passei por situações que fui obrigada a confiar em estranhos. Seja nas pessoas que pedia informação na rua ou nas estações de trem, quando deixava toda a minha bagagem sozinha e ia no banheiro.
Tem coisas que aprendi e serviram de lição, outras vou fazer diferente e algumas, espero nunca ter que repetir. Estou louca pra voltar para casa sim, para minha cama, colocar roupas limpas, sair sem mapa e não me perder com tanto freqüência. Também estou louca para sentar num bar com minhas amigas, abrir uma cerveja e conversar e conversar e conversar.
Volto com esperança de dias melhores. Aconteceram coisas muito boas enquanto estive aqui e elas, podem não estar, ainda, do jeito que eu sonho, mas me dão esperança e vontade de viver, considerando que eu sou uma pessoa que tem muita vontade de morrer, ter vontade de viver é algo para se comemorar.
Então, posso dizer que estou voltando com vontade de viver, com esperança, com alguns quilos para engordar sem encanar, com histórias para contar e já pensando nas próximas férias.
Espécie humana
Morando um tempo no exterior e estudando numa escola que recebe alunos de todos os lugares do mundo, pude conhecer pessoas totalmente diferentes de mim e uma das outras. Mas o mais incrível é perceber como, de uma certa maneira, somos iguais.
O mesmo percebi no mês que fiquei viajando pela Europa. Sem dúvida, as pessoas foram o mais interessante. É estranho é ao mesmo tempo, acolhedor, ter conhecido uma alemã que também adora o Jostein Gaarder. O mesmo senti ao saber que meu professor, Samuel, também lê os livros da Rosa Monteiro.
Eu tive uma colega eslovena, a Jana, que se parece muito com minhas amigas. Muito divertida, adora uma cerveja, ri alto, é inteligente e despachada. Poderia ser uma grande amiga, se vivesse mais próxima de mim.
Viajando, percebi que por mais clichê que seja, nossos sonhos são iguais, todo mundo deseja amor e paz, todo mundo quer ser feliz. Todos ficam estarrecidos com tragédias naturais como o terremoto do Japão ou barbaridades humanas como o absurdo que aconteceu na escola do Rio de Janeiro.
Em todos os lugares que fui, havia fila no banheiro feminino e mulheres do mundo todo reclamavam e perguntavam por que no banheiro masculino nunca há filas. Há placas para não pisar na grama e há as pessoas que pisam. Há lojas de marcas oficiais e ambulantes vendendo cópias idênticas na praça central.
Os mendigos também andam com cachorros do lado. Há liquidações de fazer filas em frente às grandes lojas. Tem pessoas estúpidas que furam fila, fumam em lugares proibidos, sentam nos lugares destinados para os idosos e são arrogantes em todos os lugares.
Às vezes encontrava um vegetariano e noutras, pessoas que me perguntavam como é possível viver sem carne. Conheci católicos, ateus, espíritas, protestantes e gente que se identifica muito com o budismo. Em muitas praças do mundo, há ciganas que querem ler a sorte e beatas que nos entregam panfletos com salmos escritos.
Nos postes de Barcelona, Paris, Berlim e Milão também há placas de cartomantes e afins que prometem trazer o nosso amor em três dias. Há lixos pelas ruas e ruas mal iluminadas. Há pais com filhos nos parques, aos domingos, aproveitando o sol e o tempo livre. Nos mesmos parques, há adolescentes aproveitando uma pseudo liberdade e fumando maconha embaixo das árvores mais distantes. Como os pais já fizeram, como os filhos irão fazer.
Há gente reclamando do tempo, da economia, do preço das coisas, dos políticos, dos jovens, dos velhos, do número de adolescentes grávidas, do trabalho, da escola. Conheci jovens do mundo inteiro e todos reclamaram do alto custo que é fazer uma faculdade, seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Coréia.
Viajar, também é caro, mas no mundo todo há pessoas que se lançam nessa aventura e acabam conhecendo não só o mundo, mas o melhor é o pior dele, a espécie humana.
O mesmo percebi no mês que fiquei viajando pela Europa. Sem dúvida, as pessoas foram o mais interessante. É estranho é ao mesmo tempo, acolhedor, ter conhecido uma alemã que também adora o Jostein Gaarder. O mesmo senti ao saber que meu professor, Samuel, também lê os livros da Rosa Monteiro.
Eu tive uma colega eslovena, a Jana, que se parece muito com minhas amigas. Muito divertida, adora uma cerveja, ri alto, é inteligente e despachada. Poderia ser uma grande amiga, se vivesse mais próxima de mim.
Viajando, percebi que por mais clichê que seja, nossos sonhos são iguais, todo mundo deseja amor e paz, todo mundo quer ser feliz. Todos ficam estarrecidos com tragédias naturais como o terremoto do Japão ou barbaridades humanas como o absurdo que aconteceu na escola do Rio de Janeiro.
Em todos os lugares que fui, havia fila no banheiro feminino e mulheres do mundo todo reclamavam e perguntavam por que no banheiro masculino nunca há filas. Há placas para não pisar na grama e há as pessoas que pisam. Há lojas de marcas oficiais e ambulantes vendendo cópias idênticas na praça central.
Os mendigos também andam com cachorros do lado. Há liquidações de fazer filas em frente às grandes lojas. Tem pessoas estúpidas que furam fila, fumam em lugares proibidos, sentam nos lugares destinados para os idosos e são arrogantes em todos os lugares.
Às vezes encontrava um vegetariano e noutras, pessoas que me perguntavam como é possível viver sem carne. Conheci católicos, ateus, espíritas, protestantes e gente que se identifica muito com o budismo. Em muitas praças do mundo, há ciganas que querem ler a sorte e beatas que nos entregam panfletos com salmos escritos.
Nos postes de Barcelona, Paris, Berlim e Milão também há placas de cartomantes e afins que prometem trazer o nosso amor em três dias. Há lixos pelas ruas e ruas mal iluminadas. Há pais com filhos nos parques, aos domingos, aproveitando o sol e o tempo livre. Nos mesmos parques, há adolescentes aproveitando uma pseudo liberdade e fumando maconha embaixo das árvores mais distantes. Como os pais já fizeram, como os filhos irão fazer.
Há gente reclamando do tempo, da economia, do preço das coisas, dos políticos, dos jovens, dos velhos, do número de adolescentes grávidas, do trabalho, da escola. Conheci jovens do mundo inteiro e todos reclamaram do alto custo que é fazer uma faculdade, seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Coréia.
Viajar, também é caro, mas no mundo todo há pessoas que se lançam nessa aventura e acabam conhecendo não só o mundo, mas o melhor é o pior dele, a espécie humana.
Wednesday, April 20, 2011
Melhor lugar do mundo
Eu passei a noite num trem, numa cabine minúscula, onde só cabia uma cama, uma mesinha e as minhas malas. Era possível ficar em pé e com cinco passos, eu percorria toda a cabine. É um trem de uma companhia russa, os camareiros mal falam inglês e pedir um café foi uma novela.
O fato é que pensei tanto em você, o que não é nenhuma novidade. Mas também, não deixa de ser insólito, alguém pensar em você num trem russo, a caminho de Milão. Falando da Itália, esse teu sobrenome italiano combina perfeitamente com o meu nome.
As paisagens que estou vendo da janela são lindas, está amanhecendo e o céu está alaranjado. Acho que agora vamos passar por uma área residencial, pois o trem reduziu a velocidade... O mundo é tão lindo, isso que só vi uma pequena parte dele. Bom, ninguém melhor do que você para saber do mundo e suas belezas.
Apesar dos solavancos do trem nos trilhos e do barulho, eu peguei no sono e até sonhei com você, que estávamos em um aeroporto. Talvez seja um sinal que ainda vamos viajar muitas vezes juntos.
Nossa tem um morro imenso do lado de fora, com uma cachoeira, bem bonito. No alto do morro é possível ver a torre de uma igreja. Um cenário lindo. Estou passando por uma cidade no norte da Itália, chamada Trento. A próxima estação será em Verona, local onde se passou a história de Romeu e Julieta.
Queria tanto que você tivesse aqui, ou a menos, gostaria de poder te ligar e contar tudo que vejo, tudo que estou fazendo e dizer que sim, o mundo é incrível, mas o melhor lugar que eu já estive, foi nos teus braços.
O fato é que pensei tanto em você, o que não é nenhuma novidade. Mas também, não deixa de ser insólito, alguém pensar em você num trem russo, a caminho de Milão. Falando da Itália, esse teu sobrenome italiano combina perfeitamente com o meu nome.
As paisagens que estou vendo da janela são lindas, está amanhecendo e o céu está alaranjado. Acho que agora vamos passar por uma área residencial, pois o trem reduziu a velocidade... O mundo é tão lindo, isso que só vi uma pequena parte dele. Bom, ninguém melhor do que você para saber do mundo e suas belezas.
Apesar dos solavancos do trem nos trilhos e do barulho, eu peguei no sono e até sonhei com você, que estávamos em um aeroporto. Talvez seja um sinal que ainda vamos viajar muitas vezes juntos.
Nossa tem um morro imenso do lado de fora, com uma cachoeira, bem bonito. No alto do morro é possível ver a torre de uma igreja. Um cenário lindo. Estou passando por uma cidade no norte da Itália, chamada Trento. A próxima estação será em Verona, local onde se passou a história de Romeu e Julieta.
Queria tanto que você tivesse aqui, ou a menos, gostaria de poder te ligar e contar tudo que vejo, tudo que estou fazendo e dizer que sim, o mundo é incrível, mas o melhor lugar que eu já estive, foi nos teus braços.
Thursday, April 14, 2011
Crónica del desamor
Acabei de ler o primeiro livro da escritora espanhola que adoro, Rosa Monteiro, Crónica del Desamor, que nunca encontrei no Brasil. Então comprei em Barcelona, numa feira de livros e antiguidades que acontece todo domingo no mercado de Sant Antoni e aproveitei para treinar o espanhol.
Publicado em 1979, conta a história de Ana, uma jornalista de seus 30 e poucos anos, que tenta escrever um livro, porém se debate na dúvida se os seus escritos, a maioria vivências próprias e de amigos, renderia uma publicação.
Rosa Monteiro também é jornalista e esse não foi o primeiro livro que li com essa história, só pra citar duas escritoras que como a Rosa, trabalham com comunicação e escreveram sobre isso: Fernanda Young e Claúdia Tajes, por coincidência, foram seus primeiros livros.
Uma das minhas promessas de ano novo de 2011 foi tentar escrever um romance, ou ao menos, algo com mais fôlego do que aqui no Mosaico. E adivinhem sobre o que é a história? Uma jornalista que tenta escrever um livro.
Isso não é falta de criatividade ou plágio, é natural que uma pessoa que goste de escrever, faça isso sobre o seu umbigo, o que tampouco é egocentrismo. É segurança e, muitas vezes, com boas doses de insegurança. É mais fácil escrever sobre o que a gente conhece e vivência.
Poderia contar uma história sobre um médico ou um promotor de justiça, mas o que eu sei sobre a rotina desses profissionais? Nada, teria que pesquisar e por falta de experiência, correria o risco de fazer apenas um estudo científico.
Por isso, é mais fácil percorrer um caminho conhecido, acredito que com o tempo, experiência e um pouco mais de segurança, outros enredos vão surgindo. Lembro de uma entrevista da Claúdia Tajes, onde ela contou que em um de seus livros o editor pediu para tirar um determinado capítulo, por considerá-lo inverossímel demais. Mas, segundo ela, todo o capítulo tinha sido real, era uma história que aconteceu com a própria Claúdia.
Coisas da vida, coisas de pessoas que gostam de escrever, histórias da vida que viram coisas escritas. Clichê? Talvez, mas a vida, assim como os romances, são cheias de clichês e alguns, surpreendentes, que rendem ótimas histórias.
“Piensa Ana que estaría bien escribir un día algo. Sobre la vida de cada día. Sobre Juan y ella. Sobre Curro y ella. Sobre la Pulga y Elena. Sobre Ana María, que ha perdido o tren en alguna estación y ahora se consume calladamente em la agonía de saberse vejia e incapaz de. Sobre Julita, muñeca rota tras separarse del marido. Sobre manos babosas, platos para lavar, reducciones de plantilla, orgasmos fingidos, llamadas de teléfono que nunca llegan, paternalismos laborales, diafragmas, caricaturas y ansiedades. Sería el libro de las Anas, de todas y ella misma, tan distinta y tan uma.” (Rosa Monteiro – Crónica del Desamor)
Publicado em 1979, conta a história de Ana, uma jornalista de seus 30 e poucos anos, que tenta escrever um livro, porém se debate na dúvida se os seus escritos, a maioria vivências próprias e de amigos, renderia uma publicação.
Rosa Monteiro também é jornalista e esse não foi o primeiro livro que li com essa história, só pra citar duas escritoras que como a Rosa, trabalham com comunicação e escreveram sobre isso: Fernanda Young e Claúdia Tajes, por coincidência, foram seus primeiros livros.
Uma das minhas promessas de ano novo de 2011 foi tentar escrever um romance, ou ao menos, algo com mais fôlego do que aqui no Mosaico. E adivinhem sobre o que é a história? Uma jornalista que tenta escrever um livro.
Isso não é falta de criatividade ou plágio, é natural que uma pessoa que goste de escrever, faça isso sobre o seu umbigo, o que tampouco é egocentrismo. É segurança e, muitas vezes, com boas doses de insegurança. É mais fácil escrever sobre o que a gente conhece e vivência.
Poderia contar uma história sobre um médico ou um promotor de justiça, mas o que eu sei sobre a rotina desses profissionais? Nada, teria que pesquisar e por falta de experiência, correria o risco de fazer apenas um estudo científico.
Por isso, é mais fácil percorrer um caminho conhecido, acredito que com o tempo, experiência e um pouco mais de segurança, outros enredos vão surgindo. Lembro de uma entrevista da Claúdia Tajes, onde ela contou que em um de seus livros o editor pediu para tirar um determinado capítulo, por considerá-lo inverossímel demais. Mas, segundo ela, todo o capítulo tinha sido real, era uma história que aconteceu com a própria Claúdia.
Coisas da vida, coisas de pessoas que gostam de escrever, histórias da vida que viram coisas escritas. Clichê? Talvez, mas a vida, assim como os romances, são cheias de clichês e alguns, surpreendentes, que rendem ótimas histórias.
“Piensa Ana que estaría bien escribir un día algo. Sobre la vida de cada día. Sobre Juan y ella. Sobre Curro y ella. Sobre la Pulga y Elena. Sobre Ana María, que ha perdido o tren en alguna estación y ahora se consume calladamente em la agonía de saberse vejia e incapaz de. Sobre Julita, muñeca rota tras separarse del marido. Sobre manos babosas, platos para lavar, reducciones de plantilla, orgasmos fingidos, llamadas de teléfono que nunca llegan, paternalismos laborales, diafragmas, caricaturas y ansiedades. Sería el libro de las Anas, de todas y ella misma, tan distinta y tan uma.” (Rosa Monteiro – Crónica del Desamor)
Quando um email vira felicidade
Nessas viagens de trem, que tenho feito, às vezes com mais de 5 ou 6 horas, tenho me permitido pensar sobre a minha viagem e como muitas vezes estive alheia a ela. Antes de vir, minha falta de preocupação era absurda e muitas vezes em Barcelona, passava as tardes no Port Vell, sem fazer absolutamente nada. Nem pensar, eu pensava. Ficava lá, apenas esperando o tempo passar.
Eu sempre quis viajar, essa experiência é a realização de um sonho, mas nos últimos meses a vida me surpreendeu mostrando como nossos sonhos podem se tornar menores pertos de certos sentimentos.
Tanto que a melhor coisa que aconteceu na minha viagem, veio lá do Brasil. Um email curto e engraçado, enviado do interior do Rio Grande do Sul. Foi o dia mais feliz, o céu de Barcelona esteve mais azul, o clima mais quente e eu, mais presente, mais consciente das coisas ao meu redor.
Foi também o dia que mais me diverti, li esse email no meio da tarde, aí falei para o Kevin, o americano que morava comigo, e fomos no mercadinho da esquina comprar cerveja pra comemorar meu estado de graça. Era um menino indiano que cuidava desse estabelecimento e depois de cinco anos em Barcelona, o pouco espanhol que falava era misturado com o catalão e o inglês. Mas ele entendeu que eu estava feliz e acabamos nos três sentados no cordão da calçada, bebendo cerveja.
Foi o maior porre, entramos noite a dentro bebendo, no final, até eu já estava atendendo no mercadinho. Algumas cervejas o indiano não cobrou em consideração a comemoração, outras o Kevin pagou em consideração a minha alegria e, outras eu paguei, porque afinal, eu que tinha convidado. Essa foi a minha última noite em Barcelona e a melhor de todas, graças à um email.
Não sei explicar direito, mas o simples fato dessa pessoa, que amo tanto, ter me escrito e ter se preocupado comigo, me tornou mais consciente, mais presente.
Naquela noite, a ficha enfim caiu, eu me dei conta de onde estava, da viagem que estava fazendo, de que uma etapa que tinha se acabado em Barcelona e da outra, que iria começar no dia seguinte.
Até agora, de todas as lembranças que tenho dessa trip, essa é única que quando recordo sinto de novo as sensações daquele dia. Sartre, muitas vezes, defendeu que a gente só guarda na lembrança as coisas que vivemos inteiramente, de corpo e alma e são essas coisas que quando recordadas, nos proporcionam as mesmas emoções. Eu acredito, porque quando lembro daquele email, da alegria que senti, fico feliz de novo, sentada num cordão da calçada, bebendo com um americano e um indiano.
“A formação da lembrança é contemporânea à da percepção; é ao tornar-se representação, no momento mesmo em que é percebida, que a imagem-coisa-sensações tranforma-se em lembrança” (Jean-Paul Sartre, em A Imaginação)
Eu sempre quis viajar, essa experiência é a realização de um sonho, mas nos últimos meses a vida me surpreendeu mostrando como nossos sonhos podem se tornar menores pertos de certos sentimentos.
Tanto que a melhor coisa que aconteceu na minha viagem, veio lá do Brasil. Um email curto e engraçado, enviado do interior do Rio Grande do Sul. Foi o dia mais feliz, o céu de Barcelona esteve mais azul, o clima mais quente e eu, mais presente, mais consciente das coisas ao meu redor.
Foi também o dia que mais me diverti, li esse email no meio da tarde, aí falei para o Kevin, o americano que morava comigo, e fomos no mercadinho da esquina comprar cerveja pra comemorar meu estado de graça. Era um menino indiano que cuidava desse estabelecimento e depois de cinco anos em Barcelona, o pouco espanhol que falava era misturado com o catalão e o inglês. Mas ele entendeu que eu estava feliz e acabamos nos três sentados no cordão da calçada, bebendo cerveja.
Foi o maior porre, entramos noite a dentro bebendo, no final, até eu já estava atendendo no mercadinho. Algumas cervejas o indiano não cobrou em consideração a comemoração, outras o Kevin pagou em consideração a minha alegria e, outras eu paguei, porque afinal, eu que tinha convidado. Essa foi a minha última noite em Barcelona e a melhor de todas, graças à um email.
Não sei explicar direito, mas o simples fato dessa pessoa, que amo tanto, ter me escrito e ter se preocupado comigo, me tornou mais consciente, mais presente.
Naquela noite, a ficha enfim caiu, eu me dei conta de onde estava, da viagem que estava fazendo, de que uma etapa que tinha se acabado em Barcelona e da outra, que iria começar no dia seguinte.
Até agora, de todas as lembranças que tenho dessa trip, essa é única que quando recordo sinto de novo as sensações daquele dia. Sartre, muitas vezes, defendeu que a gente só guarda na lembrança as coisas que vivemos inteiramente, de corpo e alma e são essas coisas que quando recordadas, nos proporcionam as mesmas emoções. Eu acredito, porque quando lembro daquele email, da alegria que senti, fico feliz de novo, sentada num cordão da calçada, bebendo com um americano e um indiano.
“A formação da lembrança é contemporânea à da percepção; é ao tornar-se representação, no momento mesmo em que é percebida, que a imagem-coisa-sensações tranforma-se em lembrança” (Jean-Paul Sartre, em A Imaginação)
Monday, April 11, 2011
Espanha X Alemanha
Eu estou em Berlim agora. Durante o tempo que estive na Espanha sempre ouvi falar muito dessa cidade e da Alemanha, como um todo. Os espanhóis são muito orgulhosos do seu país, mas também, bastante críticos. Acham que são o pior país da Europa, reclamam da corrupção, da falta de respeito dos governantes, que o serviço público não tem qualidade, do número de mendigos na rua, do ônibus que atrasa, das ferrovias mal conservadas, da falta de políticas públicas para a educação...
Para os espanhóis, um modelo de perfeição é a Alemanha, onde tudo funciona bem e as pessoas não reclamam porque não tem motivos para tal coisa. Muitas vezes, nas aulas de cultura, eu e outros colegas, defendiamos que pensar que no seu país as coisas não funcionan direito e que há outros lugares melhores, é universal. Mas os nossos professores eram categóricos: “na Alemanha tudo é perfeito e eles não reclamam.”
Pelo visto, a mania de achar a grama do vizinho mais verde é mundial. Cheguei em Berlim hoje a tarde e apenas, dei uma volta pelas redondezas do hotel para me localizar, nessa pequena caminhada vi um terreno baldio cheio de lixo e na hora lembrei dos professores e pensei: “eles não sabem que o serviço de recolhimento de lixo não funciona muito bem aqui.”
Mas também fiquei pensando, será que se não tivesse ouvido tantas maravilhas sobre a Alemanha, eu teria percebido o lixo no terreno? Amanhã eu vou pegar o metrô e circular pela cidade e estou duvidando que nada vai atrasar ou que eu não vá encontrar um nativo que reclame daqui.
Ah sim, o taxista que me trouxe da estação até o hotel, me falou coisas muito boas sobre Berlim, mas ele é da Argélia, na África. Quando eu perguntei se ele gostava de viver aqui, suspirou e disse: “aprendi a gostar e a não reclamar”. Tá explicado.
Para os espanhóis, um modelo de perfeição é a Alemanha, onde tudo funciona bem e as pessoas não reclamam porque não tem motivos para tal coisa. Muitas vezes, nas aulas de cultura, eu e outros colegas, defendiamos que pensar que no seu país as coisas não funcionan direito e que há outros lugares melhores, é universal. Mas os nossos professores eram categóricos: “na Alemanha tudo é perfeito e eles não reclamam.”
Pelo visto, a mania de achar a grama do vizinho mais verde é mundial. Cheguei em Berlim hoje a tarde e apenas, dei uma volta pelas redondezas do hotel para me localizar, nessa pequena caminhada vi um terreno baldio cheio de lixo e na hora lembrei dos professores e pensei: “eles não sabem que o serviço de recolhimento de lixo não funciona muito bem aqui.”
Mas também fiquei pensando, será que se não tivesse ouvido tantas maravilhas sobre a Alemanha, eu teria percebido o lixo no terreno? Amanhã eu vou pegar o metrô e circular pela cidade e estou duvidando que nada vai atrasar ou que eu não vá encontrar um nativo que reclame daqui.
Ah sim, o taxista que me trouxe da estação até o hotel, me falou coisas muito boas sobre Berlim, mas ele é da Argélia, na África. Quando eu perguntei se ele gostava de viver aqui, suspirou e disse: “aprendi a gostar e a não reclamar”. Tá explicado.
Anne Frank
“Hei-de publicar um livro depois da guerra. (...) Ao escrever esqueço-me de tudo, a minha tristeza dissipa-se e o meu espírito revigora! Mas, e essa é a grande questão, será que alguma vez consiguerei escrever algo de grandioso?” (Anne Frank, 5 de abril de 1944)
Quando fechei o roteiro da minha viagem, a única cidade que não abriria mão era Amsterdam, por causa do museu da Anne Frank, na casa que serviu de abrigo para ela e mais sete pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.
“Contos do Esconderijo – O diário de Anne Frank” foi o primeiro livro de “adulto” que li. E lembro muito bem desse primeiro contato. Minha mãe e eu estavamos na casa da minha madrinha, elas no quarto falando sobre espíritos – assunto que na época me dava medo. Então fui para sala mexer na estante, até que achei o livro, gostei da capa e do que li, quando abri aleatoriamente. A Anne falava sobre como espiava a lua por um buraco da cortina preta, ela só podia ver a lua naquela determinada fase, que era quando a posição lunar cabia no furo do tecido.
Eu tinha 11 anos na época e desde então esse livro está comigo (pedi emprestado para a minha dinda e nunca mais devolvi, nem vou) e muita coisa já li e pesquisei sobre essa menina. Visitar a casa dela era questão de honra para mim.
Infelizmente não é possível tirar fotos no interior do museu. Felizmente a fila estava imensa (grande Anne!). A visita toda é planejada, não é possível passar o dia perambulando por lá como eu gostaria. O roteiro dura pouco mais deuma hora e passa por toda a casa, na parede há trechos do diário e em cada pessa, uma explicação do que era na década de 40.
Mas a casa da Anne não é um ambiente pesado, muito pelo contrário, é cheio de vida.
Há fotos de todos os refugiados no esconderijo, tirados pela própria. As marcas feita pelo seu pai, Otto Frank, para medir o crescimento das filhas, ainda estão na parede. O quarto que era de Anne, contem as fotos e postais de cinema colados por ela “o que concedeu ao quarto um aspecto mais alegre”.
Porém, a medida que a visita continua, o ar se torna pesado, as pessoas ficam em silêncio, não para assistir aos vídeos de depoimentos, mas porque se dão conta do que aconteceu ali. Andando pela casa, vendo e lendo partes do diário daquela adolescente a gente se sente culpado, não pela sua morte, mas pelos anos roubados, os anos escondidos, pela repressão que ela sofreu por causa da inexplicável intolerância humana.
No final do museu, há uma sala ampla, com um telão no meio, onde mostra depoimentos de pessoas, nos dias de hoje, que lutam contra qualquer tipo de preconceito e há um livro com o nome de todos o judeus mortos durante a Segunda Guerra.
Anne Frank viveu no esconderijo de maio de 1942 até agosto de 1944, quando o lugar foi descoberto e todos deportados para o campo de concentração de Westerbork, depois, para Auschwitz. Anne morreu de tifo, em março de 1945, aos 15 anos.
Seu pai foi o único sobrevivente da família Frank e quando teve acesso aos diários da filha, resolveu abrir a casa que serviu de esconderijo para visitação, não apenas para que sua filha não seja esquecida, mas para que histórias como essa não se repitam.
“Uma única Anne Frank comove-nos mais do que a quantidade infindável do todos aqueles que sofreram tanto como ela, mas cujas imagens permaneceram nas sombras. Talvez tenha que ser assim: se pudéssemos experimentar o sofrimento de todos eles, seria impossível continuarmos a viver”. (Primo Levi, escritor e sobrevivente de Auschwitz).
Quando fechei o roteiro da minha viagem, a única cidade que não abriria mão era Amsterdam, por causa do museu da Anne Frank, na casa que serviu de abrigo para ela e mais sete pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.
“Contos do Esconderijo – O diário de Anne Frank” foi o primeiro livro de “adulto” que li. E lembro muito bem desse primeiro contato. Minha mãe e eu estavamos na casa da minha madrinha, elas no quarto falando sobre espíritos – assunto que na época me dava medo. Então fui para sala mexer na estante, até que achei o livro, gostei da capa e do que li, quando abri aleatoriamente. A Anne falava sobre como espiava a lua por um buraco da cortina preta, ela só podia ver a lua naquela determinada fase, que era quando a posição lunar cabia no furo do tecido.
Eu tinha 11 anos na época e desde então esse livro está comigo (pedi emprestado para a minha dinda e nunca mais devolvi, nem vou) e muita coisa já li e pesquisei sobre essa menina. Visitar a casa dela era questão de honra para mim.
Infelizmente não é possível tirar fotos no interior do museu. Felizmente a fila estava imensa (grande Anne!). A visita toda é planejada, não é possível passar o dia perambulando por lá como eu gostaria. O roteiro dura pouco mais deuma hora e passa por toda a casa, na parede há trechos do diário e em cada pessa, uma explicação do que era na década de 40.
Mas a casa da Anne não é um ambiente pesado, muito pelo contrário, é cheio de vida.
Há fotos de todos os refugiados no esconderijo, tirados pela própria. As marcas feita pelo seu pai, Otto Frank, para medir o crescimento das filhas, ainda estão na parede. O quarto que era de Anne, contem as fotos e postais de cinema colados por ela “o que concedeu ao quarto um aspecto mais alegre”.
Porém, a medida que a visita continua, o ar se torna pesado, as pessoas ficam em silêncio, não para assistir aos vídeos de depoimentos, mas porque se dão conta do que aconteceu ali. Andando pela casa, vendo e lendo partes do diário daquela adolescente a gente se sente culpado, não pela sua morte, mas pelos anos roubados, os anos escondidos, pela repressão que ela sofreu por causa da inexplicável intolerância humana.
No final do museu, há uma sala ampla, com um telão no meio, onde mostra depoimentos de pessoas, nos dias de hoje, que lutam contra qualquer tipo de preconceito e há um livro com o nome de todos o judeus mortos durante a Segunda Guerra.
Anne Frank viveu no esconderijo de maio de 1942 até agosto de 1944, quando o lugar foi descoberto e todos deportados para o campo de concentração de Westerbork, depois, para Auschwitz. Anne morreu de tifo, em março de 1945, aos 15 anos.
Seu pai foi o único sobrevivente da família Frank e quando teve acesso aos diários da filha, resolveu abrir a casa que serviu de esconderijo para visitação, não apenas para que sua filha não seja esquecida, mas para que histórias como essa não se repitam.
“Uma única Anne Frank comove-nos mais do que a quantidade infindável do todos aqueles que sofreram tanto como ela, mas cujas imagens permaneceram nas sombras. Talvez tenha que ser assim: se pudéssemos experimentar o sofrimento de todos eles, seria impossível continuarmos a viver”. (Primo Levi, escritor e sobrevivente de Auschwitz).
Monday, April 04, 2011
Rumo a Paris
Estou com dor no corpo todo. Hoje parti da Espanha. Ou melhor, vou parti, porque estou no aeroporto. Acordei às 6h para terminar de arrumar minhas malas. Tinha combinado com um casal de colegas brasileiros de irmos até Figueires, uma cidade que fica no máximo duas horas de Barcelona num trem de alta velocidade. E fomos, mas não sem antes eu errar a linha do metrô, quase morrer correndo, chegar na estação para Figueires, toda suada e irritada.
Não havia mais passagens para o trem de alta velocidade, fomos com um “pinga-pinga”, levamos quase quatro horas. Encaramos uma fila enorme no museu do Dalí, tivemos que correr porque no final, tinhamos pouco mais de uma hora para ver um museu com 22 salas! Na volta pegamos o trem certo, os amigos ficaram em Girona.
Eu tinha que sair de onde estava hospedada até às 17h, quase morri correndo de novo, ficando toda suada e irritada, porque cheguei em Barcelona 17h10. Queria ter tomado um banho, mas como já tinha passado do horário, não foi permitido. Só me restava partir, peguei minha grande mochila e minha mala. Não sabia que as poucas comprar que fiz pesavam tanto! Mal conseguia caminhar. Bom, vou passar esse mês sozinha, tendo que carregar tudo isso, então o jeito é encarar. Dava dois passos e parava pra descansar. Senti muita falta de ar e fiquei com medo da pneumonia voltar. Depois de andar uma quadra estava toda suada, irritada e com dor nas costas.
No ônibus que me trouxe ao aeroporto, tive que comprar um ticket extra para deixar minha mala no bagageiro. Cheguei no aeroporto às 19h, meu vôo é às 7h15 da manhã. Agora são 6h e eu passei a noite dormindo numa cadeira do aeroporto. Meu corpo todo dói.
Ontem, em Figueires, almocei um croassant, de tarde, comi uma banana. Estava faminta, assim que abriu o restaurante do aeroporto que serve café da manhã, pulei pra dentro. Paguei 20E por um café da manhã, mas quase morri comendo.
Fui despachar minha bagagem, tive que pagar exceço de peso e uma taxa por levar dois itens, a companhia aceita só um iten por passageiro. Ah sim, durante a madrugada eu usei a rede wire less por pouco mais de 30 minutos. Também tive que pagar. No total a facada foi de 200E! Me arrependi de ter tomado café da manhã, tô enjoada e já não sei se o que dói mais: meu corpo ou meu bolso.
Acabo de ver que o vôo tá atrasado. Queria postar esse texto agora, mas a internet tá cara. Sei lá quando vou entrar na internet... Precisava ler meus emails! Coisas importantíssimas acontecem no Brasil, milagres acontecem e eu aqui. Queria estar lá. Bah, anunciaram agora que o avião está previsto pa decolar daqui uma hora e meia. E a bateria do note tá acabando, não vai dar nem pra escrever mais.
Bom vou tentar me concentrar em Paris, nos três incríveis dias que vou passar lá. Vou chegar na cidade luz e fazer o que eu mais quero: tomar um banho e dormir por uns três dias seguidos. Tá fico com medo porque penso que vou gastar muito de taxi até o hotel, com as dores que estou não há a manor condição de pegar ônibus ou ir caminhando. Agora eu estou cansada e irritada, mas não tô suada. Não precisava passar por nada disso. Mas afinal, o que é tudo isso perto do que pode me esperar no Brasil.
Não havia mais passagens para o trem de alta velocidade, fomos com um “pinga-pinga”, levamos quase quatro horas. Encaramos uma fila enorme no museu do Dalí, tivemos que correr porque no final, tinhamos pouco mais de uma hora para ver um museu com 22 salas! Na volta pegamos o trem certo, os amigos ficaram em Girona.
Eu tinha que sair de onde estava hospedada até às 17h, quase morri correndo de novo, ficando toda suada e irritada, porque cheguei em Barcelona 17h10. Queria ter tomado um banho, mas como já tinha passado do horário, não foi permitido. Só me restava partir, peguei minha grande mochila e minha mala. Não sabia que as poucas comprar que fiz pesavam tanto! Mal conseguia caminhar. Bom, vou passar esse mês sozinha, tendo que carregar tudo isso, então o jeito é encarar. Dava dois passos e parava pra descansar. Senti muita falta de ar e fiquei com medo da pneumonia voltar. Depois de andar uma quadra estava toda suada, irritada e com dor nas costas.
No ônibus que me trouxe ao aeroporto, tive que comprar um ticket extra para deixar minha mala no bagageiro. Cheguei no aeroporto às 19h, meu vôo é às 7h15 da manhã. Agora são 6h e eu passei a noite dormindo numa cadeira do aeroporto. Meu corpo todo dói.
Ontem, em Figueires, almocei um croassant, de tarde, comi uma banana. Estava faminta, assim que abriu o restaurante do aeroporto que serve café da manhã, pulei pra dentro. Paguei 20E por um café da manhã, mas quase morri comendo.
Fui despachar minha bagagem, tive que pagar exceço de peso e uma taxa por levar dois itens, a companhia aceita só um iten por passageiro. Ah sim, durante a madrugada eu usei a rede wire less por pouco mais de 30 minutos. Também tive que pagar. No total a facada foi de 200E! Me arrependi de ter tomado café da manhã, tô enjoada e já não sei se o que dói mais: meu corpo ou meu bolso.
Acabo de ver que o vôo tá atrasado. Queria postar esse texto agora, mas a internet tá cara. Sei lá quando vou entrar na internet... Precisava ler meus emails! Coisas importantíssimas acontecem no Brasil, milagres acontecem e eu aqui. Queria estar lá. Bah, anunciaram agora que o avião está previsto pa decolar daqui uma hora e meia. E a bateria do note tá acabando, não vai dar nem pra escrever mais.
Bom vou tentar me concentrar em Paris, nos três incríveis dias que vou passar lá. Vou chegar na cidade luz e fazer o que eu mais quero: tomar um banho e dormir por uns três dias seguidos. Tá fico com medo porque penso que vou gastar muito de taxi até o hotel, com as dores que estou não há a manor condição de pegar ônibus ou ir caminhando. Agora eu estou cansada e irritada, mas não tô suada. Não precisava passar por nada disso. Mas afinal, o que é tudo isso perto do que pode me esperar no Brasil.
Friday, April 01, 2011
Partindo
Depois de um mês em Barcelona, amanhã, bem cedo parto para Paris. Claro que foi uma experiência impar e já estou com saudades desta cidade extremamente cultural, de tomar uma cerveja na Plaza Catalunya e do céu azul.
Nesse tempo, às vezes tão curto e noutras, tão lento, conheci pessoas do mundo todo. Me perdi no bairro Gótico. Tive uma professora que sonha em morar em Porto Alegre. Esqueci a chave do apartamento e tive que esperar duas horas até que alguém chegasse. Traduzi a música “Se” do Djavan para um americano. Emagreci dois quilos.
Fui para Valência. Estive em muitos museus. Tomei cerveja com uma eslovena. Comi Tapas com um chinês. Morei num apartamento. Conheci brasileiros. Fui para Granada. Peguei o ônibus errado. Desci na estação certa depois de três erradas. Me chamaram de “guapa”. Me apelidaram de “La italina”.
Assisti a um show de flamenco. Tomei Sangria. Fui no cinema. Peguei chuva, muita chuva. Aprendi a gostar de Kiwi. Comi muito pão e pouco doce. Chorei no telefone, de saudade e lendo emails. Estranhei o fuso horário. Me atrasei. Não entendi o que a professora falou. Fiquei muito mal ao ver um colega japonês chorando porque toda a sua cidade foi destuída com o terremoto.
Tive pneumonia, tosse e muita febre. Fiquei dois dias de cama. Fui no hospital. Discuti com o médico. Fiz aulas particulares. Teve dias, que o que mais queria era ver alguém conhecido. Almocei torta de batata. Viajei de noite, cheguei de manhã e dormi um dia inteiro. Aprendi algumas palavras de catalão. Dei muita risada com uma colega árabe. Fui no cinema com uma alemã. Quase fui atropelada. Me perdi do guia numa excursão. Não aprendi a alugar as bicis. Fui elogiada na aula.
Falei com um grego na Sagrada Família. Visitei a casa de uma russa. Comprei livros em espanhol. Estudei. Matei aula. Senti raiva. Comprei uma camiseta do Barça. Pedi informação. Dormi até mais tarde. Conheci um artesão árabe que adora o Brasil. Uma alemã que viveu anos na Guatemala. Acordei super cedo. Procurei por novelas brasileira na TV. Quis voltar para o Brasil. Quis morar aqui muitos anos. Quero vim para Barcelona muitas vezes.
Nesse tempo, às vezes tão curto e noutras, tão lento, conheci pessoas do mundo todo. Me perdi no bairro Gótico. Tive uma professora que sonha em morar em Porto Alegre. Esqueci a chave do apartamento e tive que esperar duas horas até que alguém chegasse. Traduzi a música “Se” do Djavan para um americano. Emagreci dois quilos.
Fui para Valência. Estive em muitos museus. Tomei cerveja com uma eslovena. Comi Tapas com um chinês. Morei num apartamento. Conheci brasileiros. Fui para Granada. Peguei o ônibus errado. Desci na estação certa depois de três erradas. Me chamaram de “guapa”. Me apelidaram de “La italina”.
Assisti a um show de flamenco. Tomei Sangria. Fui no cinema. Peguei chuva, muita chuva. Aprendi a gostar de Kiwi. Comi muito pão e pouco doce. Chorei no telefone, de saudade e lendo emails. Estranhei o fuso horário. Me atrasei. Não entendi o que a professora falou. Fiquei muito mal ao ver um colega japonês chorando porque toda a sua cidade foi destuída com o terremoto.
Tive pneumonia, tosse e muita febre. Fiquei dois dias de cama. Fui no hospital. Discuti com o médico. Fiz aulas particulares. Teve dias, que o que mais queria era ver alguém conhecido. Almocei torta de batata. Viajei de noite, cheguei de manhã e dormi um dia inteiro. Aprendi algumas palavras de catalão. Dei muita risada com uma colega árabe. Fui no cinema com uma alemã. Quase fui atropelada. Me perdi do guia numa excursão. Não aprendi a alugar as bicis. Fui elogiada na aula.
Falei com um grego na Sagrada Família. Visitei a casa de uma russa. Comprei livros em espanhol. Estudei. Matei aula. Senti raiva. Comprei uma camiseta do Barça. Pedi informação. Dormi até mais tarde. Conheci um artesão árabe que adora o Brasil. Uma alemã que viveu anos na Guatemala. Acordei super cedo. Procurei por novelas brasileira na TV. Quis voltar para o Brasil. Quis morar aqui muitos anos. Quero vim para Barcelona muitas vezes.
São Jorge
O nosso conhecido São Jorge, o santo guerreiro, é padroeiro da região de Catalunya. É possível ver a influencia dele em muitos locais de Barcelona, das obras do Gaudí aos prédios do governo. Além disso, há uma lenda muito bonita aqui sobre o “Sant Jordi”
A lenda conta que um feroz dragão tinha aterrorizados aos habitantes do reino, queimava os bosques, comia ao granado, destroçava os cultivos... Decidiu-se então que tinha que dar fim a essa ânsia destruidora e negociaram um acordo com o bicho guloso.
O pacto consistia que todos os dias entregariam ao dragão uma pessoa para saciar o apetite do monstro. Assim estiveram um tempo e pouco a pouco o reino se foi ficando com poucas pessoas. Para que não tivesse problemas, a vítima era escolhida através de uma eleição.
Um dia, foi a filha do rei quem deveria ser entregada ao dragão. Contra a vontade do rei, deixaram a princesa no lugar combinado e todo o povoado acompanhou o dragão chegando. Quando ele estava pronto para come-lá, um cavalheiro, montado num cavalo branco, atacou ao dragão. Esse guerreiro era São Jorge, que protegia a biblioteca do rei.
Brigaram por um longo momento e num dos lances do combate, São Jorge, fincou sua lança no ventre do dragão, matando-o no ato. Da ferida produzida no monstro, emanava muito sangue que quando entrou em contato com o solo, se converteu em rosas. São Jorge pegou uma daquelas fabulosas rosas e presenteou à princesa, aos gritos de alegria do povo.
Como no Brasil, 23 de abril é comemorado o dia de São Jorge, porém aquí é tradição, os homens presenteiam uma rosa as mulheres que lhe são importantes e elas, dão livros a eles.
Há muitas referências ao santo e à essa lenda na cidade de Barcelona, até mesmo na bandeira da Catalunya, que é vermelha e amarela. Contam que São Jorge, ainda com as mãos sujas de sangue, as passou em uma parede amarela, formando listras vermelhas, originando assim a bandeira da Catalunya.
Lendas à parte, eu adoraria que se celebrassem o dia de São Jorge assim no Brasil e com certeza ainda vou passar algum dia 23 de abril aqui em Barcelona.
A lenda conta que um feroz dragão tinha aterrorizados aos habitantes do reino, queimava os bosques, comia ao granado, destroçava os cultivos... Decidiu-se então que tinha que dar fim a essa ânsia destruidora e negociaram um acordo com o bicho guloso.
O pacto consistia que todos os dias entregariam ao dragão uma pessoa para saciar o apetite do monstro. Assim estiveram um tempo e pouco a pouco o reino se foi ficando com poucas pessoas. Para que não tivesse problemas, a vítima era escolhida através de uma eleição.
Um dia, foi a filha do rei quem deveria ser entregada ao dragão. Contra a vontade do rei, deixaram a princesa no lugar combinado e todo o povoado acompanhou o dragão chegando. Quando ele estava pronto para come-lá, um cavalheiro, montado num cavalo branco, atacou ao dragão. Esse guerreiro era São Jorge, que protegia a biblioteca do rei.
Brigaram por um longo momento e num dos lances do combate, São Jorge, fincou sua lança no ventre do dragão, matando-o no ato. Da ferida produzida no monstro, emanava muito sangue que quando entrou em contato com o solo, se converteu em rosas. São Jorge pegou uma daquelas fabulosas rosas e presenteou à princesa, aos gritos de alegria do povo.
Como no Brasil, 23 de abril é comemorado o dia de São Jorge, porém aquí é tradição, os homens presenteiam uma rosa as mulheres que lhe são importantes e elas, dão livros a eles.
Há muitas referências ao santo e à essa lenda na cidade de Barcelona, até mesmo na bandeira da Catalunya, que é vermelha e amarela. Contam que São Jorge, ainda com as mãos sujas de sangue, as passou em uma parede amarela, formando listras vermelhas, originando assim a bandeira da Catalunya.
Lendas à parte, eu adoraria que se celebrassem o dia de São Jorge assim no Brasil e com certeza ainda vou passar algum dia 23 de abril aqui em Barcelona.
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