Monday, April 27, 2009

Pela regulamentação da profissão de jornalista

De todos os textos que eu já li em defesa da regulamentação da profissão de jornalista, sem dúvida o que achei mais bonito é esse que reproduzo abaixo. O texto O acerto no erro, da jornalista Susana Vernieri, foi publicado no site do Sindicato dos Jornalistas do RS, no dia 16 de abril.

Faço das palavras da minha experiente colega, as minhas.

O acerto no erro

Susana Vernieri*

O prédio era destinado a ser um almoxarifado e foi transformado a fórceps em Faculdade. A sala de redação era recheada com máquinas de escrever antigas. As câmeras de TV eram pesadas e velhas. A ilha de edição, quase que analógica. O laboratório fotográfico, uma peneira. A biblioteca desatualizada. Nada parecia convidar a entrada naquela casa.

O atrativo era o erro. A liberdade de exercitar a falha. Não é teoria, técnica, arte que a Universidade de Jornalismo ensina, mas a possibilidade de se acreditar ser um humano. É esta sua justificativa maior. Dentro dela encontramos a geléia real da vida. O professor bom ensaia o espelho do futuro chefe exemplar. O ruim, nos alerta para os perigos do futuro. O coleguismo é amostra do que se poderá contar no ombro a ombro da jornada. Como norte de toda esta experiência está a tão desgastada palavra Ética.

O diploma serve para que se ateste perante a nós mesmos e aos outros, que empreendemos uma aventura ao centro da questão e estamos aptos a seguir viagem. Ele é documento imprescindível, passaporte para um mundo onde há menos tolerância para o erro. O espaço do profissionalismo não perdoa os fracos. A sociedade, muito em breve, irá cobrar do Supremo a decisão de acabar com a exigência do diploma para o exercício legal da profissão de jornalista caso isso venha acontecer. Toda população, em seu íntimo, quer uma Imprensa forte, pois sem palavra forte, o povo é escravo.

* Doutora pela Ufrgs, ex-professora de Jornalismo da Famecos, Fabico e Unisinos, trabalhou dez anos em Zero Hora

Tuesday, April 21, 2009

De porre

E esse tal de chop em litros não acaba mais. Já estamos no segundo canecão de 6 litros... Já devo estar, no mínimo, bem alegrinha, não paro de rir. Penso na minha amiga que foi embora pra Curitiba e sempre falou que queria me ver de porre. O momento chegou e ela não aqui. Me dá saudade. Sinto vontade de chorar...

Me recomponho a tempo, bêbada sentimental e chorona não dá. O namorado grisalho da minha amiga de 19 anos vai pagar mais seis litros de chop! Nós estamos em cinco, quantos litros será que dá pra cada uma? Ainda bem que a Tati é enfermeira...

A Lú vem com um copo cheio pra mim, dizendo “bebe porque a Clara tá tomando todas e tá dirigindo...” Cadê o cara que eu tava conversando? Como é mesmo o nome dele? Marcelo, Márcio, Mauro, Ma-alguma-coisa-que-já-me-esqueci. Ele tava de vermelho parece... Mas porque beijei o cara de camisa verde?

Saco! Preciso fazer xixi, onde é o banheiro? Espero que seja bem perto e que eu consiga ir até lá em linha reta! Por que cerveja engorda tanto se a gente toma um pouquinho e faz um monte de xixi? Claro que tem fila no banheiro. Preciso me escorar na parede. Minha vez. Sentei. Tá tudo girando! Coloco uns chicles na boca... Lavo o rosto. Acho que tô melhor.

Volto pra mesa. A Lú tá pra lá de Bagdá! Pior que eu! Já tá dando cerveja pra Clara, falando que a Tati tem que dirigir depois. Que dor nos pés, vou me sentar um pouquinho. Acho que o pior da bebedeira tá passando. Começa a tocar “Sandra Rosa Madalena”, eu levanto da cadeira num pulo e danço loucamente. Pego uma flor do enfeite da mesa e ponho na boca, bato um pé e as mãos. Tô mais bêbada que nunca.

O comedor velho da minha amiga tá com fome e é o único que não tá bebendo. Esperto ele, deve tá rindo da nossa cara. Bom, ele resolve pedir batatas fritas. Que bom, também vou comer alguma coisa e voltar pro meu estado normal. Não tem chocolate aqui pra vender. Dizem que chocolate é bom pra curar bebedeira. Vai uma Coca-cola mesmo.

Achei o Ma-alguma-coisa-que-já-me-esqueci, ele tá num camarote. Vou lá me sentar um pouco e tentar manter uma conversa de gente sóbria e inteligente. Ele diz que eu e minhas amigas já estamos no quinto canecão de 6 litros. Eu não acredito. Ele me diz que se ficar comigo é capaz de entrar em coma alcoólico. Palhaço! Levanto e vou dançar com as minhas amigas.

A Clara tem a gloriosa idéia de ir até o DJ pedir que ele toque alguma música da Madonna, já que todas nós nos conhecemos no show dela. O DJ toca “Like a Virgin” e diz que é em nossa homenagem. A gente agradece, caprichamos na dança e nos gritinhos de “uh” do refrão. “Like virgin, uh!”

Vou ver se acho o cara da camisa verde que fiquei. A Lú já tá desmaiada em cima de uma mesa. A Clara parece a mais sóbria de todas, mesmo sendo a que mais bebeu. O velho chato que come minha amiga começou a incomodar para ir embora, pois no outro dia tem que acordar cedo pra assistir a Fórmula 1. A Tati foi pra pista dance pegar um galeto. Eu não achei o cara da camisa verde e acabei no bar pedindo uma Smirnoff. O que é 500 ml de Smirnoff pra quem tomou litros e litros de chop?

Acabou? Cadê a música? Ih... Parou por quê? Por que parou? Fim de festa, game over. Mas recém é 5h30 da madrugada de domingo, se a noite é uma criança, o dia é um recém nascido. Como vou embora? Durmo na casa da Lú, que tá no banheiro vomitando ou encaro o trem às 6h da manhã? Que saco morar no interior!!!

Na saída o namorado mais velho e gente fina da minha amiga vem nos apresentar um amigo da terceira idade, é o gerente! Grande tiozão, além de bancar litros e litros de chop, é amigo do gerente! Grande gerente, o tio Pedrinho, nos deu um baita de desconto. Te procurar da próxima vez que a gente não pega fila? Claro, pode deixar. Vai ver ele pensou que a bebedeira iria nos deixar desmemoriadas... Coitado, não imagina o prejuízo que vai ter.

Tuesday, April 14, 2009

Loopings

É incrível como as coisas mudam em tão pouco tempo. Tem um livro do Paulo Coelho, que não me lembro bem qual é, talvez Veronika Decide Morrer ou O Demônio e a Srta Prym... que diz que as mudanças que ocorrem na nossa vida não precisam de mais de 7 dias para se concretizarem.

Há uma semana atrás eu encontrei um ex-professor da faculdade e falei da minha vontade de estudar Ciências sociais, que achava que tinha tudo haver com jornalismo, com a área que trabalho e que estava pensando em encarar o vestibular da UFRGS em 2010...

Ele me parabenizou pelo "projeto" e perguntou porque eu não fazia uma especialização, que não levaria tanto tempo... Viajando na Internet de noite fui ver as pós-graduações em Sociologia. Achei uma perfeita na PUC, que estava com inscrições abertas!

E adivinha: me inscrevi, passei na seleção e minhas aulas já começaram, semana passada mesmo. Me inscrevi no último dia! Nos 45 do segundo tempo! Agora, voltei a ser estudante, tô preocupada com a quantidade de textos (nada faceis) que tenho que ler e com a monografia que deve ser entregue até novembro do ano que vem. Que loucura.

Meu emprego foi a mesma coisa. Passei uns dias em Florianópolis, cheguei numa segunda de manhã, à tarde me ligaram pra fazer entevista. Na outra segunda já estava trabalhando. E já se passou um mês!

No fundo eu gosto das coisas assim, desses acontecimentos rápidos, eles nos tiram da inércia, da acomodação. Não dizem que a vida é feito uma montanha-russa? Então é desses loopings que eu gosto. A gente, ou a vida, até pode ficar de cabeça pra baixo, mas deixa aquela adrenalina tão boa...

Saturday, April 11, 2009

Águas paradas

Outro dia ouvi uma história bastante interessante sobre mágoa. Um senhor me explicou que a palavra mágoa vem da expressão "má água". E que as más águas são as que ficam paradas, não são renovadas e acabam apodrecendo. As nossas mágoas aconteceriam porque não renovamos nossas energias, ficamos remoendo sentimentos e como as águas paradas, acabam apodrecendo e nos fazendo mal.

Gostei da metáfora. O problema é que nem sempre conseguimos fazer as águas seguirem seu curso com uma certa rapidez. E digo mais, não é difícil essas águas formarem redemoinhos, que fazem nossos pensamentos ficarem rodando, rodando, rodando, a gente não sai do lugar e quando percebemos, perdemos um tempo danado e é aí que nos damos conta que a mágoa tá nos prejudicando.

Depois disso a gente começa a fazer questão de renovar as energias. E renovamos. E as águas retomam seu curso, mas a gente não esquece. Na Páscoa eu sempre acabo lembrando as águas paradas que já cultivei. É inevitável. E daí sempre acho que a mágoa tá lá, mais amena, mais serena (se é que isso é possível), mas tá lá!

Contraditório? Hum, acho que não. Fiz um esforço danado pra renovar as tais águas paradas, só que o aquário onde guardei os teus olhos azuis, eu escondi tão bem que não acho pra trocar a água.

Monday, April 06, 2009

Bioenergética

Correria nesses últimos dias e ressaca da gloriosa festa do glorioso centenário do meu glorioso Internacional (a redundância foi intencional).

Sábado, após a Marcha do Inter, fui no Namastê, um Centro de Terapias e Meditações, que fica na Rua da República, em Porto Alegre. Gastei um pouco no brechó, comi empadas indianas, fiz Reiki, troquei ideias com gente bacana e de cabeça aberta e fiz uma sessão de terapia bioenergética em grupo. Muito bom! A bioenergética é como uma sessão de análise com psicólogo, só que em vez de falar, a gente também faz exercícios, alongamentos, respiração adequada pra cada momento, dança, entre outras coisas

A filosofia da bioenergética é trabalhar com as nossas couraças musculares, tudo aquilo que nosso corpo vai somatizando e com o tempo, interfere na nossa energia. A terapia busca um melhor entendimento de si mesmo através de exercícios que troquem e renovem nossas energias e para isso, precisamos conhecer nosso corpo, para usá-lo a nosso favor.

Há sessões individuais e em grupo. Nas de grupo, o objetivo é a troca de energia entre os participantes. No final, depois dos exercícios e meditação, acabamos todos dançando e nos tocando. É estranho tocar um desconhecido, abraçar, encarar, pegar a mão, tocar nas pernas, fazer massagens nos pés... Estranho também é permitir um desconhecido faça isso sem nenhum constrangimento... Começa com todo mundo desconfiado e termina com todo mundo à vontade.

Não sei se foi a bioenergética, a caminhada pelo meu time, a gripe que me encontrava no sábado ou a junção de todo isso, mas no outro dia, o corpo todo doía. Mas era uma dor boa, um cansaço gostoso, uma satisfação estranha e uma leveza mansa que me deixava alerta a tudo que se passava ao redor. Eu estava com energia para encarar outra caminhada quilométrica e as correrias do dia-a-dia.