Era uma madrugada de sábado e eu estava chegando em casa de uma festa, passei pela porta do quarto do meu irmão, entreaberta, e vi as pernas de um homem adulto. Não as pernas de uma criança. Corri para o telefone e chamei a polícia, dizendo que havia um homem deitado na cama do meu irmão. Meus pais acordaram e meu irmão saiu do quarto dele, perguntando quem era o ladrão. Eu podia estar bêbada, mas naquele momento percebi que meu irmão era um homem e pior, o tempo passava. Ali eu senti o tempo passar.
Outro dia eu estava passeando na Redenção com meu primo e sua namorada, até que ele disse que a gente devia combinar para ter nossos filhos próximos, para eles crescerem juntos. E mais uma vez, senti o tempo passando. Aliás, cada vez que eu vou na Redenção, sinto o tempo passando, seja no açaí da lancheria, que hoje eu acho pequena. Seja na lancheria do Parque, onde eu não podia ir sozinha quando era criança, porque tinha que atravessar a Osvaldo Aranha e era perigoso.
No meio de um show do Wander Wildner, que a Ana Paola, produtora dele me apresentou como “a jornalista”. Ela foi uma das primeiras professoras que tive na Unisinos e quando entrei no camarim do Wander como “a jornalista”, percebi que o tempo passava. Eu não era apenas uma fã ou uma guria que gosta e rock e curte Wander.
Sempre que abro os jornais e encontro alguma foto que fiz, alguma matéria que envie, sinto o gosto, doce e amargo, do tempo passando. Não sou mais a irmão mais velha, a prima que a única preocupação que tem é com o próximo verão, a estudante que curte Wander. Sou a irmã de um homem feito, a mulher que pensa se um dia terá filhos e se preocupa com isso, a pessoa que sabe como chegar na lancheria do Parque sem se perder pela Osvaldo Aranha, a jornalista política que sabe o que vai estar na capa dos jornais amanhã...
Alguém que quando menos se espera tem a consciência assustadora de que o tempo está passando.
1 comment:
E o tempo passa rápido demais e a vida é só uma...Se esperarmos o tempo passa e não fazemos nada. Há oito anos atrás vim a Porto Alegre sem nada querendo ficar...não deu certo, quando cheguei aqui no dia 19 de junho do ano passado com um emprego fixo e comprando o meu apartamento pensei se alguém tivesse me falado que iria morar na cidade dos meus sonhos com tudo que consegui até aqui mas que levaria 8 anos eu duvidaria e acharia muito tempo, queria para antes de ontem, hoje passaram esses oito anos, estou bem e mesmo assim acho que perdi tempo demais!!
O tempo é uma das coisas mais precisas que temos, mesmo não sabendo mensurá-lo e querendo que alguns dias tenham 48 horas e outros 48 segundos.
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