“Até onde podemos discernir, o único
propósito da existência humana
é acender uma luz na escuridão do mero ser” -
Carl Jung
Em 2015 completo 30 anos e no primeiro
trimestre, encerra o meu retorno de Saturno (período da vida - por volta dos
28, 29 anos- que o planeta Saturno volta
para a posição exata que está no mapa natal). No meu caso, na casa 1 - a casa
do "eu", da identidade, da personalidade. Saturno permanece mais de
dois anos em cada casa astral, por isso, leva quase 30 anos para completar o
ciclo.
Por essa época, é normal mudanças e
reviravoltas na vida. É Saturno nos cobrando o que temos feito até agora, é a
colheita justa do que plantamos. Conheço pessoas que mudaram de emprego,
casaram, engravidaram, viram relacionamentos longos chegar ao fim, a carreira
tomar outros rumos, tudo nestes 28 e 29 anos.
Por gostar e ler muito sobre astrologia, não
considero o famoso retorno de Saturno ruim, como muitos acreditam. É uma chance
de conscientização, pois se há rupturas e desconstruções, é justamente para
deixar conosco apenas o que vale a pena. Saturno não brinca em serviço, não
permite empurrarmos a vida com a barriga.
A palavra que melhor define este trânsito
astral para mim é amadurecimento, não só pelos fatores externos, mas porque entendi
a necessidade que eu tenho de olhar para mim. Acredito, hoje, que o meu caminho
sempre será melhor trilhado pelo autoconhecimento. É o conhecimento sobre si
que possibilita que o indivíduo lide melhor com a transitoriedade das
situações. Pode não ser fácil, mas é atráves desse autoconhecimento que buscamos
meios de sanar os “estragos” e recomeçar tudo de novo de maneira mais madura e
por isso, diferente.
No segundo semestre de 2013, a minha colega
saiu do serviço, o que me fez tocar toda a assessoria de comunicação sozinha
(se as coisas já eram puxadas para duas jornalistas...), tive uma Trombose
Venosa na perna (o que me obrigou a parar, literalmente) e logo no começo de
2014, levei um pé na bunda homérico enquanto olhava os classificados em busca
do apartamento para morarmos juntos.
Eu andava alucinada, com mil coisas para
fazer, me cobrando, trabalhando até tarde, começava coisas e não terminava, irritada
e sempre no piloto automático. Tinhas dias que a correria era tanta que quando
entrava no metro e era obrigada a permanecer 40 minutos sem fazer nada, sentia
tipo de um "choque", com o coração a mil, o sangue correndo, o corpo
todo agitado e a cabeça entrando em parafuso. Todas as coisas que aconteceram,
me obrigaram a rever o rumo que estava tomando.
Porém, mudar meu ritmo não era uma opção. Ter
coisas para fazer, dois empregos e hobbies nunca foram um problema, me dão
prazer. Porém chegou num ponto que eu não aguentava mais, não pela quantidade
de coisas mas pela qualidade da minha dedicação, que estava precária. Não me
focava mais, não vivia o presente. Trabalhava pensando no pilates, fazia
pilates repassando na cabeça todo o serviço que tinha levado para casa, ficava
até de madrugada fazendo coisas do serviço pensando na correria que seria o dia
seguinte, tudo isso planejando a mudança e a vida em outra cidade.
Então a única escolha era mudar a maneira que
lido com as coisas. É difícil, muito difícil, estou só no começo... Mas me
percebo menos ansiosa, não levo mais trabalho para casa quase todos os dias (só
quando não tem jeito mesmo), me cobro menos, passei a me dedicar com mais intensidade
as coisas que gosto e voltei a sentir. Retomei com seriedade os estudos na Casa
Espírita, estou levando muito a sério a minha terapia (coisa que já havia se
tornado burocrática). Não empurro mais a vida com a barriga.
Se é para fazer, quero sentir tudo o que eu
tenho direito. Se estou caminhando, foco nisso; no trabalho é a mesma coisa;
pilates e dança, idem e os happies com as amigas, nem se fala. Quem olha de
fora, não nota diferença, as coisas ao meu redor podem estar caóticas, mas foi
uma baita mudança interna que me possibilitou aproveitar mais as coisas. Preciso
ter (ou ao menos, tentar ter) consciência de tudo, porque é isso que dá sentido
para a vida.
Essa busca por mim foi Saturno (justamente na
Casa 1), me cobrando, me mostrando o que necessita ser olhado com mais carinho.
Estava trilhando um caminho, que achava ser o melhor, Saturno foi lá, me
arrancou, colocou nos eixos e me trouxe para o caminho certo. Como disse o
querido Caio F. numa carta à Hilda Hilst: “mudei muito, e não preciso que
acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado. Essa modificação vinha se
processando sem que eu mesmo percebesse e, com determinadas leituras e
determinadas vivências, ela se consumou.”
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