Friday, January 09, 2015

Encontro com Saturno (Trilogia da leveza – parte I)


“Até onde podemos discernir, o único propósito da existência humana 
é acender uma luz na escuridão do mero ser” - Carl Jung

Em 2015 completo 30 anos e no primeiro trimestre, encerra o meu retorno de Saturno (período da vida - por volta dos 28, 29 anos-  que o planeta Saturno volta para a posição exata que está no mapa natal). No meu caso, na casa 1 - a casa do "eu", da identidade, da personalidade. Saturno permanece mais de dois anos em cada casa astral, por isso, leva quase 30 anos para completar o ciclo.

Por essa época, é normal mudanças e reviravoltas na vida. É Saturno nos cobrando o que temos feito até agora, é a colheita justa do que plantamos. Conheço pessoas que mudaram de emprego, casaram, engravidaram, viram relacionamentos longos chegar ao fim, a carreira tomar outros rumos, tudo nestes 28 e 29 anos.

Por gostar e ler muito sobre astrologia, não considero o famoso retorno de Saturno ruim, como muitos acreditam. É uma chance de conscientização, pois se há rupturas e desconstruções, é justamente para deixar conosco apenas o que vale a pena. Saturno não brinca em serviço, não permite empurrarmos a vida com a barriga.

A palavra que melhor define este trânsito astral para mim é amadurecimento, não só pelos fatores externos, mas porque entendi a necessidade que eu tenho de olhar para mim. Acredito, hoje, que o meu caminho sempre será melhor trilhado pelo autoconhecimento. É o conhecimento sobre si que possibilita que o indivíduo lide melhor com a transitoriedade das situações. Pode não ser fácil, mas é atráves desse autoconhecimento que buscamos meios de sanar os “estragos” e recomeçar tudo de novo de maneira mais madura e por isso, diferente.

No segundo semestre de 2013, a minha colega saiu do serviço, o que me fez tocar toda a assessoria de comunicação sozinha (se as coisas já eram puxadas para duas jornalistas...), tive uma Trombose Venosa na perna (o que me obrigou a parar, literalmente) e logo no começo de 2014, levei um pé na bunda homérico enquanto olhava os classificados em busca do apartamento para morarmos juntos.

Eu andava alucinada, com mil coisas para fazer, me cobrando, trabalhando até tarde, começava coisas e não terminava, irritada e sempre no piloto automático. Tinhas dias que a correria era tanta que quando entrava no metro e era obrigada a permanecer 40 minutos sem fazer nada, sentia tipo de um "choque", com o coração a mil, o sangue correndo, o corpo todo agitado e a cabeça entrando em parafuso. Todas as coisas que aconteceram, me obrigaram a rever o rumo que estava tomando.

Porém, mudar meu ritmo não era uma opção. Ter coisas para fazer, dois empregos e hobbies nunca foram um problema, me dão prazer. Porém chegou num ponto que eu não aguentava mais, não pela quantidade de coisas mas pela qualidade da minha dedicação, que estava precária. Não me focava mais, não vivia o presente. Trabalhava pensando no pilates, fazia pilates repassando na cabeça todo o serviço que tinha levado para casa, ficava até de madrugada fazendo coisas do serviço pensando na correria que seria o dia seguinte, tudo isso planejando a mudança e a vida em outra cidade.

Então a única escolha era mudar a maneira que lido com as coisas. É difícil, muito difícil, estou só no começo... Mas me percebo menos ansiosa, não levo mais trabalho para casa quase todos os dias (só quando não tem jeito mesmo), me cobro menos, passei a me dedicar com mais intensidade as coisas que gosto e voltei a sentir. Retomei com seriedade os estudos na Casa Espírita, estou levando muito a sério a minha terapia (coisa que já havia se tornado burocrática). Não empurro mais a vida com a barriga.

Se é para fazer, quero sentir tudo o que eu tenho direito. Se estou caminhando, foco nisso; no trabalho é a mesma coisa; pilates e dança, idem e os happies com as amigas, nem se fala. Quem olha de fora, não nota diferença, as coisas ao meu redor podem estar caóticas, mas foi uma baita mudança interna que me possibilitou aproveitar mais as coisas. Preciso ter (ou ao menos, tentar ter) consciência de tudo, porque é isso que dá sentido para a vida.


Essa busca por mim foi Saturno (justamente na Casa 1), me cobrando, me mostrando o que necessita ser olhado com mais carinho. Estava trilhando um caminho, que achava ser o melhor, Saturno foi lá, me arrancou, colocou nos eixos e me trouxe para o caminho certo. Como disse o querido Caio F. numa carta à Hilda Hilst: “mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado. Essa modificação vinha se processando sem que eu mesmo percebesse e, com determinadas leituras e determinadas vivências, ela se consumou.”

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