O blog está quase criando mofo, não por falta de vontade, há muito que falar, mas às vezes nossos maiores silêncios são justamente, fruto de grandes gritarias internas. Eu gosto muito de escrever, penso que essa é a maneira que melhor me expresso e tenho textos prontos, porém não consigo postá-los. Não sem antes, colocar as palavras que estão há dias tentando sair. Parece uma traição se eu postar algo que não sinta no momento.
Eu estou melhor, muito melhor, porém isso não significa que estou feliz ou infeliz. O último ano foi muito intenso, principalmente de emoções. Conheci uma das pessoas mais importantes da minha vida e tive que aprender a viver sem ela. Muitas vezes, desejei egoistamente, que ele tivesse morrido, assim seria mais fácil de aceitar.Também estive muito perto de me matar por não querer continuar sem ter a chance de viver o que eu sentia.
Ironicamente, foi no meio disso tudo que eu fui viajar. Conhecer a Europa sempre foi um sonho. E ter realizado um sonho quando o que eu mais queria era morrer, me ensinou muitas coisas. Hoje eu penso que eu só não me matei porque eu tinha essa viagem pra fazer, mesmo tendo entrado no avião torcendo para que ele caísse.
Abre parênteses: eu não tenho problema nenhum em falar de suicídio. Não foi a primeira vez que pensei nisso e pelo meu histórico, sei que provavelmente vou ter essas crises outras vezes ao longo da vida. Talvez um dia eu consiga me matar ou talvez eu sempre supere essas crises. Fecha parênteses.
Voltando ao o que eu quero dizer e está tão difícil. Eu estou visualizando uma vida daqui pra frente, mesmo sem ele, mesmo correndo o risco de me tornar uma mulher amarga. Eu quero comprar meu apartamento ano que vem, já estou louca pra viajar de novo, vou voltar a estudar espanhol, voltei a levar a sério a dança do ventre e ando pensando num mestrado no exterior, mas num lugar próximo para eu não morrer de saudade. Estou com dois empregos bacanas que me ocupam o suficiente para eu chegar em casa podre de cansada.
Eu não estou feliz, como disse antes, apenas estou vivendo! Continuo amando esse homem, chorando de saudade, enxergando ele em todos os lugares, sentindo o seu perfume, vendo o filho dele em todas as crianças que cruzam por mim na rua. Ainda guardo um livro que trouxe para ele de Barcelona, cuido da sua camiseta como quem cuida do maior tesouro do mundo. E tenho certeza absoluta que o dia mais feliz da minha vida, foi quando recebi um email dele. Sim, eu trocaria qualquer apartament no meu nome, mestrado noo exterior e viagens para poder dormir e acordar do lado dele.
Agora são quase 21h, estou escrevendo esse texto desde às 18h30, acho que vou estar mais leve quando terminá-lo. Tanto esforço, físico e mental, para dizer que no momento, quero viver, que não deixei de amar esse homem, mas talvez seja justamente vivendo, que um dia ele volte, mais maduro e pleno ou eu me torne merecedora de viver o que sinto.
Tenho consciência de que a vida foi muito boa comigo, eu sempre tive dois sonhos: ser jornalista e viajar. Já realizei os dois. Sei que não preciso ser rica para viajar e minha timidez nunca foi empecilho para a minha profissão. Nesses meus 20 e poucos anos já tive algumas boas surpresas e amar esse homem foi sem dúvida, a maior e melhor de todas.
Aquele filme “Show Bar”, de uma moça que sonha em ser cantora e vai para cidade dançar em cima das mesas de um bar, enquanto batalha a gravação de um CD, termina com uma pergunta: “o que se faz quando os sonhos se realizam?” Sempre que assistia esse filme eu respondia: “Começa a sonhar sonhos novos!” É isso, e agora está claro, eu voltei a sonhar.
“Você me pergunta “sairei do buraco?”. Sairá, sim. Sairá brilhantemente. As coisas agora vão começar a acontecer, é meio tipo ímã, uma coisinha vai magnetizando outra e outra e outra, você vai ver.” Caio Fernando Abreu
1 comment:
É muito, mas muito bom ler isso.
Bjoka, Aline
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