Quando era criança, queria ser escritora quando crescesse. Primeiro veio a necessidade de ter uma profissão que me possibilitasse escrever, para depois escolher pelo jornalismo. Na escola e no cursinho pré vestibular ganhei alguns concursos de contos e afins... No início da adolescência, sempre presenteava as amigas com histórias e minha primeira fonte de renda foi a venda de redações para os colegas durante os três anos do ensino médio.
Provavelmente uma das melhores ofertas de emprego que tive, eu recusei porque não escreveria com a freqüência que gostaria. Logo depois de formada, trabalhei como free lancer num jornal conhecido da região metropolitana. Após um tempo, fizeram a proposta de me contratar como diagramadora. Apenas diagramadora. O salário, na época, era o dobro do que ganho hoje e, eu recusei. Por mais que goste de montar quebra cabeças em páginas de jornal, tenho certeza que se aceitasse, logo me transformaria numa profissional insatisfeita e com inveja dos colegas que escreviam.
Resumindo, ainda quero ser escritora quando eu crescer. Tá, já cresci, eu sei. Além disso, dizem que os livros estão com os dias contados e que são raras as editoras que topam lançar novos nomes num mercado cada vez mais tecnológico. Pior que isso, o Brasil tem um dos menores índices de leitura do mundo.
Apesar de tudo, o mais estranho é que de todos os meus sonhos, desejos e plano esse é o único que não tenho nenhuma pressa de realizá-lo, isso se um dia realizá-lo. E eu não sei explicar o motivo. Essa é a única questão em que “deixo a vida me levar”. Claro, que nenhum editor irá bater na minha porta pedindo para eu publicar algo.
Às vezes justifico esse meu “marasmo” com o fato de quase sempre escrevo na primeira pessoa e isso gera algumas confusões, mas também é um baita recurso de proximidade com qualquer leitor. Quem lê, também lê na primeira pessoa. E muitas vezes, o nosso umbigo reflete o umbigo alheio.
Volta e meia alguém me pergunta sobre um possível livro e isso me deixa lisonjeada, embora eu nunca saiba ao certo o que responder. Talvez me falte fôlego para escrever uma história coerente, ou vontade, ou disciplina... Provavelmente, um dia não irá bastar escrever notícias no trabalho, reflexos no blog, frases curtas no twitter e loucuras no meu diário (sim, eu tenho diário). Mas com certeza, vou ser escritora quando eu crescer!
“Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi.” Caio Fernando Abreu
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