Wednesday, June 29, 2011

François

François é um tipo raro e inesquecível. Conheci numa noite dessas em algum boteco da Cidade Baixa. Ele, o rei da República e da João Alfredo e da Lima e da João Pessoa... Uma amiga apareceu com o tipo a tira colo. Estão se pegando, os dois.

François, com esse nome, parece francês né? Mas não é, embora se apresente assim: “François, francê”. Nasceu na Restinga o moço, filho da Grace Kelly e do Michel Jackson, irmão mais velho de Ian Nick (outro tipo bastante peculiar)... Como vocês podem perceber, uma família de exemplares ímpares.

Nasceu com a democracia e influenciado por referências culturais estadunidenses. Contemporâneo do Plano Real, dos Mamonas Assassinas e do É o Tchan. Chorou muito até ganhar do Papai Noel um Atari e acordava cedo para ver a Xuxa descer da nave espacial cor de rosa. No começo, tinha medo de computadores, mas viu o advento da internet, da globalização, dos emails, dos chats, das conversas instantâneas e hoje é dependente de toda e qualquer rede social que existe.

Mas, quando François era aluno de uma escola pública da zona oeste da capital, não havia bullying, nem crianças hiperativas e disléxicas. Apenas garotos problemas. E antes de tocar terror na Cidade Baixa e arredores, François tocou terror na Restinga e nos colégios por onde passou.

Ele não era assim, um aluno exemplar, mas sempre possuiu uma inteligência apurada e um comportamento diferenciado, capaz de marcar todas as jovens professorinhas que passaram por ele. Muito prestativo, sempre se candidatava a ajudante do dia, assim tinha acesso fácil à sala dos professores, e as bolsas das mesmas. Sim, ele “roubava” dinheiro delas.

Porém a vida escolar de François se divide em antes e depois da maior cagada de sua vida infantil. Inteligente o suficiente para conquistar a simpatia dos professores, sempre tinha defensores. Até o dia que percebendo o sistema de merda que é a sociedade, ele resolveu realizar um protesto solitário e ousado. Durante vários dias, ele cagou em cima das mesas das professorinhas. Foi uma decepção para elas, quando o mistério escatológico foi resolvido, mas nesse momento morria o garoto problema e nascia o mito.

E o mito, eu garanto para vocês, é gente boa, faz o estilo sujinho de all star, cavanhaque e dreads nos cabelos. Nunca concluiu uma faculdade, mas se formou na escola da vida. Nada mal para quem poderia estar roubando, estar matando ou ainda pior, pedindo voto.

1 comment:

Anonymous said...

Uau que história é essa? Que tipo é esse? Juliano