Wednesday, November 03, 2010

Saudade mata

Eu sinto tanta saudade, mas tanta saudade que falta o ar, dói a cabeça, o peito, o estômago e dá nó na garganta. Às vezes dá calafrios, noutras tonturas e quase sempre, fica a certeza que eu vou morrer de tanta saudade.

Se eu enfartar, ter uma parada cardiorrespiratória, cair de tontura e arrebentar minha cabeça, morrer de gastrite, de câncer, de pancreatite, com um AVC, se eu acabar esquizofrênica, bipolar ou me atirar pela janela, a causa será só uma: saudade.

Saudade mata a gente, sim, de uma maneira cruel e lenta. Porque as horas se arrastam e o tempo não passa, mas quando percebemos passou muito tempo e a gente se pergunta como conseguimos viver assim? E percebemos que não foi vida, foi meia vida, porque boa parte de nos já morreu.

Ela vai matando aos poucos, sem muito alarde. Mata o sono, com isso a vontade de levantar da cama de manhã também vai embora. Saudade acaba com a atenção, o rendimento no trabalho cai, vozes de pessoas ao nosso lado parecem ruídos que vem de longe, as pessoas se tornam cada vez mais distantes, paisagens ficam desfocadas e as cores ficam com tons de cinza.

As risadas ficam escassas e os sorrisos, tristes. Os olhos se perdem fácil e a visão não absorve o que realmente enxerga. A firmeza das pernas escapam entre os músculos firmes e bambeiam, porque saudade mata a gente e com muita dor.

Por fim, as vontades somem. Nenhuma fica, vão todas embora, uma a uma, algumas resistem mais tempo que as outras, mas a saudade leva todas elas pela mão... A gente assiste tudo e morre mais um pouquinho cada vez que uma vontade se vai.

Quando só fica o vazio, a saudade mata porque começa a roer e a corroer a falta, o nada... Saudade mata a gente, sim, porque quanto mais pensamos numa maneira de acabar com ela, mais forte ela se torna, mais presente fica. O alimento da saudade é a dor que ela mesma causa.

A saudade nos mata, mas deixa o nosso corpo zanzando por aí, aos pedaços, murcho e oco, a gente só não voa, porque a saudade é pesada. Tem o peso do amor que nos falta.

3 comments:

Anonymous said...

Não sei nem o que te dizer amiga...
Tu escreve tão bonito sobre coisas tão tristes....
Bjs,
Ana

Anonymous said...

Dona Renata, tanto tempo sem entrar aqui e me deparo com isso...
Aiai...
Saudade é foda mesmo...
Fica bem amiga, tô torcendo por ti!
Beijos
Raquel

Anonymous said...

Liiindo demais, verdadeiro demais, triste demais...
Eu sei o quanto dói a saudade.
Só resta perseverar, acreditar...
Um dia a recompensa vem!
Beijo Re