Saturday, October 30, 2010

Dando explicações

“As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra…” Caio Fernando Abreu

Estranho a impressão que passamos para as pessoas. O último texto deu a maior confusão. Um monte de gente me ligando e mandando email pra saber se era verdade ou não. Até um tio desnaturado ligou falando que tinha me criado como filha (!) e estava muito triste de ler aquilo...

Foi engraçado ouvir opiniões tão divergentes, que iam do tipo "pode ser só um texto, mas vindo de ti sei que são devaneios bens reais", até "como tu escreve bem, porque lia e pensava, a Rê que eu conheço nunca faria isso". Então, se eu faria isso realmente, tenho minhas dúvidas. Se eu tenho vontade, disso, não tenho nenhuma.

O fato é que eu não escreveria sobre isso se as coisas não estivessem, por hora, superadas. Acho que só brincamos com o que lidamos bem. Acredito que o único problema seja que as pessoas que leem o Mosaico, me conhecem. Algumas conhecem bem demais e sabem separar o que é real o que não é... Outros não. Mas todas não sabem, de fato, o que se passa na minha cabeça.

Às vezes penso que felicidade é vocação e eu não tenho essa vocação. Sim, sou saudável, tenho uma família incrível, amigos sensacionais, uma profissão que amo, um emprego fixo, colegas bacanas, faço coisas que gosto, não sou uma pessoa ociosa, tenho tudo pra ser feliz. E o pior, eu tenho consciência disso tudo. O Caio Fernando Abreu (sempre ele!) tem uma frase que diz que "loucura é um estado extremo de lucidez.”

Eu concordo. Essa consciência, essa lucidez das coisas só podem nos enlouquecer. A dureza da realidade enlouquece, tortura, machuca... Ouço muito, de diversas pessoas, que sou corajosa. Pra mim, a coragem ou a covardia, são só falta de opção. Um primo deixou um recado no meu orkut, no meu aniversário, falando que eu era uma inspiração pra ele, fiquei feliz. Mas penso nessas pessoas que me acham bem resolvida, independente, corajosa, batalhadora, etc e etc e me pergunto como elas não percebem que viver me dói tanto?

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