Tava com um texto prontinho pra colocar no blog, sobre mulheres e futebol. Mas antes de postar fui olhar o blog da Jac. Tinha um post superlegal, com o resultado de um teste que ela fez. Lia o resultado e pensava “ela é assim mesmo”.
Resolvi fazer o tal teste também, chamado “que livro você é?” Capaz que eu não ia fazer. E como nada se cria, tudo se copia, também coloquei o meu resultado no blog.
E eu empatei no final, seria dois livros! Não que eu seja uma pessoa que vive em cima do muro, aliás, se tenho uma coisa que não sou é indecisa, mas sim, há uma infinidade de possibilidades e isso me encanta, me intriga, me assusta...
Bom, nada de devaneios agora. Não li nem um dos dois, mas obviamente já estão na minha lista. Para ser bem sincera, nunca tinha ouvido falar de nenhum desses livros. Confesso que não gostei de tudo que li, mas segundo minha mãe, o resultado bateu direitinho e no meu “eu mais interior”, lia o resultado e pensava “pior é que sou bem assim!”
Segue os livros que eu seria e o link do teste tá no blog da Jac.
"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.
"O vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan
Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.
Em "O vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.
Thursday, May 28, 2009
Thursday, May 21, 2009
O castelo do príncipe sapo
O norueguês Jostein Gaarder é o meu escritor preferido. Formado em filosofia, ele escreve sobre isso, mas para crianças e jovens, O mundo de Sofia e O dia do coringa são dele. Aproveitando, O dia do coringa é um dos meus livros favoritos.
Entre as coisas que leio porque gosto e as leituras obrigatórias para a pós, os livros do Jostein são um alento. Nas últimas semanas tive que ler muita coisa sobre Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, leitura técnicas e densas, até que peguei infantil O castelo do príncipe sapo, para ler.
Em dois dias, vivi uma incrível aventura num castelo em que os guardas eram salamandras, uma rainha que sempre se esquecia de colocar a parte de cima da roupa, um duende muito sábio, um camareiro que era um lorde e sapos enormes loucos para virarem príncipes.
Tudo ciceroneado pelo príncipe Gregório Pegório, um menino de 7 anos que acabou de perder o avô e depois de uma amostra de "vida real", ele precisava de mergulhar num “faz-de-conta”.
Não foi o melhor livro que li do Jostein, mas como sempre é incrível. A partir de uma fantasia, ela fala da vida. Sempre é assim. Não sei como um “senhor” de quase 60 anos consegue bolar essas histórias dignas da imaginação do meu afilhado.
Uma das passagens mais legais do livro é quando Gregório se dá conta que o avô dele sempre vai estar vivo no mundo dos sonhos, porque é lá que mora o impossível. A outra parte que faz muito adulto pensar, é quando o duende fala para o menino se guiar sempre pelas ideias que nascem do coração porque os pensamentos maus nascem da cabeça.
Legal né? Fica a dica. Ah, e o livro com desenhos...
Entre as coisas que leio porque gosto e as leituras obrigatórias para a pós, os livros do Jostein são um alento. Nas últimas semanas tive que ler muita coisa sobre Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, leitura técnicas e densas, até que peguei infantil O castelo do príncipe sapo, para ler.
Em dois dias, vivi uma incrível aventura num castelo em que os guardas eram salamandras, uma rainha que sempre se esquecia de colocar a parte de cima da roupa, um duende muito sábio, um camareiro que era um lorde e sapos enormes loucos para virarem príncipes.
Tudo ciceroneado pelo príncipe Gregório Pegório, um menino de 7 anos que acabou de perder o avô e depois de uma amostra de "vida real", ele precisava de mergulhar num “faz-de-conta”.
Não foi o melhor livro que li do Jostein, mas como sempre é incrível. A partir de uma fantasia, ela fala da vida. Sempre é assim. Não sei como um “senhor” de quase 60 anos consegue bolar essas histórias dignas da imaginação do meu afilhado.
Uma das passagens mais legais do livro é quando Gregório se dá conta que o avô dele sempre vai estar vivo no mundo dos sonhos, porque é lá que mora o impossível. A outra parte que faz muito adulto pensar, é quando o duende fala para o menino se guiar sempre pelas ideias que nascem do coração porque os pensamentos maus nascem da cabeça.
Legal né? Fica a dica. Ah, e o livro com desenhos...
Wednesday, May 13, 2009
A merda da incoerência
Tirando os problemas estruturais que o mundo enfrenta como fome, miséria, pobreza, falta de condições dignas de se viver... Fora isso, o maior problema do mundo é a incoerência. Tanto individual, como coletiva.
Sempre admirei pessoas coerentes, não digo com os outros, com as tais regras impostas pela sociedade, me refiro aquela coerência quase íntima, aquela pessoal, de agirmos conforme pensamos. De viver de acordo com aquilo que achamos certo, ou não. Honrar na prática o discurso que proferimos, geralmente, com a boca cheia.
Cada vez menos encontro esse tipo de pessoa. Existem, conheço algumas, mas são poucas. E é dessa falta de coerência de cada indivíduo consigo mesmo que nasce esse moralismo vazio que a gente vê por aí, e desde sempre. É normal pais darem sermões para que os filhos não fumem com cigarro na mão, por exemplo...
E o que acontece numa sociedade cheia de indivíduos incoerentes? Se torna assim também. As instituições, que querendo ou não, formam muitas opiniões, acabam com um discurso teórico e uma prática contraditória. Aí crescemos com a impressão de que se contradizer é normal, que não dá nada falar uma coisa e fazer outra. Ou acreditar em algo e pregar o oposto.
Acredito que o dia que as pessoas deixarem de pensar tanto no que os outros vão pensar, teremos familiares, amigos, vizinhos coerentes, mais verdadeiros e consequentemente uma sociedade melhor, mais leve. Pode soar muito egoísta, mas acho fundamental ser coerente comigo, antes de qualquer coisa. Às vezes pensando no nosso próprio umbigo a gente está, no fundo, se libertando.
Sempre admirei pessoas coerentes, não digo com os outros, com as tais regras impostas pela sociedade, me refiro aquela coerência quase íntima, aquela pessoal, de agirmos conforme pensamos. De viver de acordo com aquilo que achamos certo, ou não. Honrar na prática o discurso que proferimos, geralmente, com a boca cheia.
Cada vez menos encontro esse tipo de pessoa. Existem, conheço algumas, mas são poucas. E é dessa falta de coerência de cada indivíduo consigo mesmo que nasce esse moralismo vazio que a gente vê por aí, e desde sempre. É normal pais darem sermões para que os filhos não fumem com cigarro na mão, por exemplo...
E o que acontece numa sociedade cheia de indivíduos incoerentes? Se torna assim também. As instituições, que querendo ou não, formam muitas opiniões, acabam com um discurso teórico e uma prática contraditória. Aí crescemos com a impressão de que se contradizer é normal, que não dá nada falar uma coisa e fazer outra. Ou acreditar em algo e pregar o oposto.
Acredito que o dia que as pessoas deixarem de pensar tanto no que os outros vão pensar, teremos familiares, amigos, vizinhos coerentes, mais verdadeiros e consequentemente uma sociedade melhor, mais leve. Pode soar muito egoísta, mas acho fundamental ser coerente comigo, antes de qualquer coisa. Às vezes pensando no nosso próprio umbigo a gente está, no fundo, se libertando.
Monday, May 04, 2009
Aproveite o dia
Uma vez me falaram que um dia eu teria prazer em acordar cedo e aproveitar o dia. Não lembro do que respondi, até porque lembro pouco dessa época, nem mesmo lembro quem me disse isso. Acho que foi uma colega do trabalho...
Nessa época meu programa preferido era dormir. De dia, de preferência. Calculava diretinho: se saísse da cama às 14h, até me arrumar, dar um jeito no quarto, só sairia para a rua uma hora depois. Seriam poucas horas de tortura se por volta das 19h eu me escondesse atrás de um livro e lá ficasse até todos irem dormir. Aí sim, eu teria “paz” e poderia chorar.
Não fazia nada. Não tinha nada para fazer. Pior, não havia vontade. E até as correrias, trabalho, faculdade era só com o objetivo de passar logo, acabar o dia, o outro, mais um, a semana... Passar tudo rápido, no piloto automático pra eu não sentir nada. Não havia o que senti. Metade dos anos que passei na Unisinos não me lembro, não curti, não aproveitei, só passei.
Até que me peguei com alguma expectativa no dia seguinte, no outro e no depois. Voltei a planejar coisas. Até que toquei fora os antidepressivos, perdi a conta de quantos dias não choro e pasmem, estou satisfeita com a minha vida. Claro que gostaria de estar escrevendo esse texto num hotel cinco estrelas na França. Mas um dia estarei, e, escrevendo coisa bem melhor. É só uma questão de tempo.
A correria é a mesma, trabalho e faculdade, mas agora eu sinto, eu tenho vontades. Eu estou lá de fato, não só de corpo presente. Tenho consciência das coisas que estou vivendo. Ontem foi domingo e meu relógio despertou às 8h porque eu tinha um monte de coisas pra fazer. Andar a cavalo, ler, estudar pra prova, comemorar o aniversário de uma amiga, ler o jornal, fazer negrinho, comer pizza, dormir no sofá sem ser uma fuga...
Preciso honrar a frase que carrego no pé. Carpe Diem.
Nessa época meu programa preferido era dormir. De dia, de preferência. Calculava diretinho: se saísse da cama às 14h, até me arrumar, dar um jeito no quarto, só sairia para a rua uma hora depois. Seriam poucas horas de tortura se por volta das 19h eu me escondesse atrás de um livro e lá ficasse até todos irem dormir. Aí sim, eu teria “paz” e poderia chorar.
Não fazia nada. Não tinha nada para fazer. Pior, não havia vontade. E até as correrias, trabalho, faculdade era só com o objetivo de passar logo, acabar o dia, o outro, mais um, a semana... Passar tudo rápido, no piloto automático pra eu não sentir nada. Não havia o que senti. Metade dos anos que passei na Unisinos não me lembro, não curti, não aproveitei, só passei.
Até que me peguei com alguma expectativa no dia seguinte, no outro e no depois. Voltei a planejar coisas. Até que toquei fora os antidepressivos, perdi a conta de quantos dias não choro e pasmem, estou satisfeita com a minha vida. Claro que gostaria de estar escrevendo esse texto num hotel cinco estrelas na França. Mas um dia estarei, e, escrevendo coisa bem melhor. É só uma questão de tempo.
A correria é a mesma, trabalho e faculdade, mas agora eu sinto, eu tenho vontades. Eu estou lá de fato, não só de corpo presente. Tenho consciência das coisas que estou vivendo. Ontem foi domingo e meu relógio despertou às 8h porque eu tinha um monte de coisas pra fazer. Andar a cavalo, ler, estudar pra prova, comemorar o aniversário de uma amiga, ler o jornal, fazer negrinho, comer pizza, dormir no sofá sem ser uma fuga...
Preciso honrar a frase que carrego no pé. Carpe Diem.
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