Saturday, August 30, 2008

Nome Próprio

Assisti ao filme vencedor do Festival de Cinema de Gramado desde ano, o falado Nome Próprio. Um baita filme do Murilo Salles, baseado nos textos da gaúcha Clarah Averbuck e com a atriz Leandra Leal, aliás, mais que merecido o Kikito de melhor atriz, ela está excelente, virei fã, até a novela das seis assisto de vez em quando só pra vê a Elzinha.

Bem por cima, o filme conta a história da Camila, uma jovem que se muda pra São Paulo com o namorado e quer ser escritora. Bem por cima, porque o filme é muito mais que isso, é surpreendente, tem um monte de histórias e muda o tempo todo. A cada cena uma surpresa. Só o que não muda é os escritos da Camila no seu blog. Que saem da tela do computador e invadem a tela do cinema.

Ainda hoje li uma matéria que dizia que o filme está sendo tema para grandes discussões. Sobre a “geração internet”, a estética da obra, o comportamento da personagem, os textos da Clarah... Acho bacana estarem discutindo sobre o filme, que é inteligente, atual e tem uma personagem rica e intensa. O mais bacana que achei na Camila foi a falta de hipocrisia, uma verdade em ser, uma coragem de não se esconder que assusta e por isso incomoda.

A personagem passa boa parte do filme nua, principalmente quando está escrevendo. E foi isso o que mais me chamou a atenção. O blog dela era sua catarse e nessa catarse valia tudo, pedir uma moradia, explicar que não gostava de comentários sobre seus textos, curar seus porres e até falar para o namorado que ela não traiu, foi ele que chegou em casa na hora errada.

Mário Quintana já dizia que “até uma vírgula é uma confissão” e partindo do princípio que quem escreve se expõe, nada anormal a personagem aparecer nua. Para mim, a cena mais bonita do filme é quando a Camila está nua, sentada no chão e liga o computador, a única luz em cena é a do monitor que reflete não só o corpo dela, mas a pessoa. A cena muda e ela nem chega a escrever. E ali, naquele momento, nem precisava. A escritora já era o suficiente e não cabia em nenhuma história.

3 comments:

Unknown said...

quero ver este filme. Mas, confesso: acho a Leandra Leal uma chata.

Anonymous said...

Quero ver!

Ewerton Martins said...

Oi, Vim parar aqui pela Vanessa Reis, conterraneonlinemiga minha. Confesso que não gostei nadica do filme. A despeito disso, tomei "Máquina de Pinball" à mão e fui ler pra descobrir se meu desgosto era exclusivo em relação ao filme - aí não gostei do livro também, a ponto de fazer uma crítica duríssima a ele no site O Binóculo. E olha que foi minha conterraneonlinemiga Vanessa que me indicou o filme, sabendo de nosso interesse comum pelos blogs.
Mas estou escrevendo apenas para dar um alô e dizer que, na minha opinião, o mais bacana dessa coisa on line e todo mundo poder ter a sua opinião, não é mesmo? Ademais, estou começando a achar que, em média, os homens (pelo que percebi de uns amigos que viram o filme ou leram Clarah Averbuck) não se interessaram pelos dois (apesar da nudez de Leandra Leal em "Nome Próprio") e que as mulheres se interessaram mais em função do filme e do livro tratar basicamente do universo feminino contemporâneo.

* O que só comprova a tese de que homem não escuta mulher ou o que se diz sobre elas.

Mas, claro, em todo texto/post/comentário que escrevo, sempre cabe um "ou não" a lá Caetano no final. Salvador, o "Ou não".

Abraço!