Thursday, January 10, 2008

Reserva social

No post abaixo eu esqueci de dizer que sou uma criatura muito estranha. Talvez eu estivesse de bom humor quando escrevi ou não estava sentido a quase constante sensação de que sou um ser de outro planeta, com um enorme buraco dentro.

Eu gosto de ficar sozinha. Sempre gostei. Mas ultimamente, essa solidão me incomoda. Sinto vergonha de ir no cinema sozinha, o que sempre fiz, porque qualquer pirralha de 12 anos vai com um exemplar do sexo oposto. Encarar uma fila quilométrica para ver alguma banda de rock, só se estiver acompanhada. Nada mais de pegar ônibus, descer numa cidade estranha, ficar na fila, entrar numa roda punk e voltar, tão sozinha quanto fui.

Eu sou independente, mas sozinha. Sim, tenho amigos. Mas ninguém chega perto do vazio que me corrói. Nem quando resolvo sair da casca um pouco. Vou para a festa e está tudo bem até o lugar ficar lotado, as pessoas passarem por mim e quase levarem meu piercing e meu silicone junto. Até vim um ser com ar de cerveja tentando me agarrar e eu ter que fugir, porque eu vou para a balada por vários motivo e nenhum deles, é beijar.

Nessas horas eu lembro que o melhor a ser feito num sábado à noite e ficar em casa comigo mesma e ler um livrinho. Mas nessas horas o vazio fica cutucando: “Por que você não sai? Ô estranha?” E eu me sinto mal e estranha e sozinha.

Comecei até a tomar um floral para isso. Um com a essência de Water Violet, uma florzinha rara que dá na água e parece uma violeta. Ele é indicado para pessoas com reservas sócias, o que segundo a terapeuta é meu caso. Não, não acho que algumas gotinhas por dia vá me transformar na pessoa mais extrovertida do mundo, na mais baladeira de todas, me por na lista das top 10. Apenas quero que o meu vazio aceite me fazer companhia sem ficar me lembrando o tempo todo de sua existência.

No comments: