Mais uma feira do livro chega ao fim e, como sempre, gastei mais do que devia e menos do que gostaria. A feira é meu natal. Alguns anos a feira é libriana, noutros é escorpiana, mas sempre será bem-vinda, cheia de surpresas e histórias, óbvio. Mas não essas histórias que a mídia no conta todos os anos, sobre a importância e o tamanho da feira, enfeitada pelos Jacarandás.
Outras histórias, as que eu vivi, ou vi. Foi numa feira do livro que vi Mário Quintana, na minha primeira feira e a última dele. Fui levada pela mão do meu vô e esperava encontrar muitos gibis da Magali e livros para colorir. Encontrei bem mais que isso. Havia um poeta sorridente no meio do caminho. Eu que achava que poetas não existiam...
Anos depois, num curso de jornalismo na feira, ouvi estórias de quem trazia marcas da história mundial no corpo. Éramos um grupo de estudantes diante de um senhor simpático, calmo, pacífico, que pisou em cima de uma mina quando cobria a guerra do Vietnã. Foi na sombra de um dos Jacarandás que entrevistei o mestre José Hamilton Ribeiro.
Foi caminhando na feira que vi o Vitor Ramil comprar sorvete para seus filhos. Peguei o mesmo elevador que a Cláudia Tajes, no Santander Cultural. Ouvi o Jorge Furtado lê Dom Quixote. O Gabriel, Pensador, declamar poesia para as crianças. Peguei um baita temporal para ouvir o Caco Barcellos. Descobri que o coronel, quando não é o coronel da Feira, é o dono de uma banca de revista da Praça da Alfândega.
Da minha primeira feira do livro, sai com o almanaque da Turma da Mônica. Mas, mais do que isso, sai impressionada com o mundo que descobri. Há um lugar, durante alguns dias do ano, onde se é possível ver, ouvir e viver histórias. Onde os poetas existem e escritores pegam elevadores e tomam cerveja no pub do Margs.
O Almanaque da turma da Mônica e os livros que colori, não existem mais, muitos dos livros que comprei na feira, eu dei. Mas as estórias (com es, mesmo, porque são fantásticas), essas, são minhas!
Me empolguei e listei 20 livros que li e recomendo. Essa pequena lista não seguiu nenhum critério, a não ser, meu gosto. Se é que isso tem algum valor.
1) O Dia do Coringa – Jostein Gaarder
2) A Viagem de Théo - Catherine Clément
3) Feliz Ano Velho – Marcelo Rubens Paiva
4) Mate-me por Favor – Legs McNeil e Gillian McCain
5) As Veias Abertas da América Latina – Eduardo Galeano
6) Quase Tudo – Danuza Leão
7) Tête-à-Tête – Hazel Rowley
8) Clube dos Corações Solitários – André Takeda
9) As Pernas de Úrsula e Outras Possibilidades – Claúdia Tajes
10) Confissões de uma Groupie - Pamela Des Barres
11) A Sangue Frio - Truman Capote
12) Por que Estudar a Mídia – Roger Silverstone
13) Através do Espelho – Jostein Gaarder
14) A Náusea - Sartre
15) Dom Casmurro – Machado de Assis
16) A Mulher que não Prestava - Tati Bernardi
17) Clarissa – Érico Veríssimo
18) A Casa dos Budas Ditosos – João Ubaldo Ribeiro
19) Verônica Decide Morrer – Paulo Coelho
20) Divã - Martha Medeiros
1 comment:
Outro dia estava falando que A Feira do Livro não tem nada demais.
Que é só um evento para o comércio, haja vista que o preço é exatamente igual ao praticado nas lojas.
Que eles aproveitam esse clima de felicidade literária para vender o mesmo produto pelo mesmo preço.
Mas vai ver que penso assim porque não tive nenhuma stória da feira do livro. Já estive nela três vezes ...espero visitar mais umas 70...
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