A melhor coisa dessas férias
forçadas é ter tempo para ler. Ando lendo, em média, três livros por semana e
ontem terminei a leitura de Fama e Anonimato, do Gay Talese.
Talese, junto Truman Capote
e Tom Wolfe é um dos grandes nomes do New Journalism, gênero que surgiu na
década de 60, nos Estados Unidos. No Brasil, foi chamado de Jornalismo
Literário e a extinta revista Cruzeiro é referência até hoje neste gênero.
Sabem aquelas reportagens
amplas, descritivas, com diversas abordagens sobre o tema, onde é possível
imaginar cada detalhe do que está sendo noticiado, que muitas vezes parecem
histórias de ficção? Isso é Jornalismo Literário, não e à toa que há inúmeros
livros desse gênero como A Sangue Frio (Truman Capote), A fogueira das vaidades
(Tom Wolfe), Os Machões não Dançam (Norman Mailer) e os brasileiros A milésima
segunda noite na avenida paulista (Joel Silveira) e 1968 – O ano que não
terminou (Zuenir Ventura), só para citar alguns.
A obra de Talese explora os
habitantes de Nova York da década de 60, anônimos e famosos. Os operários que
trabalharam na construção da ponte Verrazzano-Narrows, o escritor dos
obituários do New York Times, o resfriado do Frank Sinatra, a vida solitária do
ex-jogador de beisebol Joe DiMaggio, após a morte de Marilyn Monroe, com quem
fora casado e até a existência de uma segunda Estátua da Liberdade... Está tudo
lá.
Ao ler as histórias tão
corriqueiras e ao mesmo tempo únicas, é impossível não admirar o espírito de
observação aguçado de Talese, tão lembrado nas universidades de jornalismo e
cada vez mais esquecido.
Gostaria muito de ter sido
do tempo em que era possível trabalhar semanas em uma mesma reportagem, estudar
o assunto, procurar fontes adequadas... As fontes de hoje, muitas vezes, não
agências de notícias, pesquisas são feitas em redes sociais e sites de busca.
A gente sempre escuta que
lugar de jornalista e na rua (procurando uma boa história para contar), só que
cada vez vamos menos para a rua. Com isso, se economiza sola de sapato, mas se
perde o faro, essencial para captar histórias únicas.
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