Sunday, November 24, 2013

Pílula, nada mágica



Eu era uma defensora da pílula anticoncepcional. Comecei usar com 19 anos e durante todo esse tempo até os 28, fiz poucos intervalos, apenas quando necessário. E nunca tive problemas com ganho ou perca de peso, varizes, cólicas... Até ter a trombose.

Me julguem, mas nunca confiei apenas em camisinha. Sempre pensava que eu tinha que fazer alguma coisa por mim e por isso, defendia o anticoncepcional. Teve meses, principalmente no verão que emendava o uso, apenas para não ficar menstruada naquele mês e perder a praia. Também já tomei pílula do dia seguinte, quando esquecia o anticoncepcional e transava no período fértil.

Ambas atitudes são um veneno, pois aumentam muito a quantidade de hormônios ingeridos. Esses comportamentos misturados com outros fatores como cigarro e vida sedentária ou simplesmente azar, aumentam a incidência de tromboses venosas, isquemias cerebrais, infartos, entre outras doenças graves. Eu só fui saber disso no hospital, quando me tornei mais uma nas estatísticas.

No começo, eu não quis saber nada sobre a TVP, não queria me assustar, não queria me influenciar, me contentava com o que o médico dizia. Mas comecei ouvir outros casos, pessoas me falavam que conheciam alguém-amiga-da-fulana-sei-lá-de-quem que teve também. Então, um dia digitei lá no google “trombose e anticoncepcional” e veio muita coisa. Divulgam que a incidência é de 10 casos para 10 mil mulheres, mas parece ser muito mais.

Em países da Europa, o uso da pílula está sendo proibido, há inúmeros processos judiciais contra os fabricantes dos anticoncepcionais movidos por mulheres que se sentiram lesadas e enganadas (e sim, a gente se sente), fora os casos de mulheres que morrem precocemente por embolia, AVCs... Nem sabem o motivo e os familiares lamentam a fatalidade.

Só que isso faz a gente se dar conta que o buraco é bem mais embaixo. Há toda uma indústria farmacêutica que lucra milhões com a venda dos anticoncepcionais, há ginecologistas que também se beneficiam disso (afinal é bem mais fácil orientar uma mulher, lhe dar uma receita e deixar tudo por conta dela). Há ainda a mídia que além de abafar tudo isso, vende a pílula como a “lei Áurea” da vida sexual das mulheres.

Tenho uma amiga que diz que tomamos remédio para concertar uma coisa e estragar duas. Talvez seja real, embora triste. Ainda acho a pílula um método anticoncepcional eficiente, mesmo que nunca mais vá tomar uma, o que lamento profundamente é a falta de informação. A falta de opção que os ginecologistas nos dão, pois entre a nossa escolha e a indústria farmacêutica, há a nossa vida e com isso não dá para arrumar uma coisa e estragar duas.

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