Eu era uma defensora da pílula anticoncepcional. Comecei
usar com 19 anos e durante todo esse tempo até os 28, fiz poucos intervalos,
apenas quando necessário. E nunca tive problemas com ganho ou perca de peso,
varizes, cólicas... Até ter a trombose.
Me julguem, mas nunca confiei apenas em camisinha. Sempre
pensava que eu tinha que fazer alguma coisa por mim e por isso, defendia o
anticoncepcional. Teve meses, principalmente no verão que emendava o uso,
apenas para não ficar menstruada naquele mês e perder a praia. Também já tomei
pílula do dia seguinte, quando esquecia o anticoncepcional e transava no
período fértil.
Ambas atitudes são um veneno, pois aumentam muito a
quantidade de hormônios ingeridos. Esses comportamentos misturados com outros
fatores como cigarro e vida sedentária ou simplesmente azar, aumentam a
incidência de tromboses venosas, isquemias cerebrais, infartos, entre outras
doenças graves. Eu só fui saber disso no hospital, quando me tornei mais uma
nas estatísticas.
No começo, eu não quis saber nada sobre a TVP, não queria me
assustar, não queria me influenciar, me contentava com o que o médico dizia.
Mas comecei ouvir outros casos, pessoas me falavam que conheciam alguém-amiga-da-fulana-sei-lá-de-quem
que teve também. Então, um dia digitei lá no google “trombose e
anticoncepcional” e veio muita coisa. Divulgam que a incidência é de 10 casos
para 10 mil mulheres, mas parece ser muito mais.
Em países da Europa, o uso da pílula está sendo proibido, há
inúmeros processos judiciais contra os fabricantes dos anticoncepcionais
movidos por mulheres que se sentiram lesadas e enganadas (e sim, a gente se
sente), fora os casos de mulheres que morrem precocemente por embolia, AVCs... Nem
sabem o motivo e os familiares lamentam a fatalidade.
Só que isso faz a gente se dar conta que o buraco é bem mais
embaixo. Há toda uma indústria farmacêutica que lucra milhões com a venda dos
anticoncepcionais, há ginecologistas que também se beneficiam disso (afinal é
bem mais fácil orientar uma mulher, lhe dar uma receita e deixar tudo por conta
dela). Há ainda a mídia que além de abafar tudo isso, vende a pílula como a
“lei Áurea” da vida sexual das mulheres.
Tenho uma amiga que diz que tomamos remédio para concertar
uma coisa e estragar duas. Talvez seja real, embora triste. Ainda acho a pílula
um método anticoncepcional eficiente, mesmo que nunca mais vá tomar uma, o que
lamento profundamente é a falta de informação. A falta de opção que os
ginecologistas nos dão, pois entre a nossa escolha e a indústria farmacêutica,
há a nossa vida e com isso não dá para arrumar uma coisa e estragar duas.
No comments:
Post a Comment