A semana do dia 14 ao dia 20 foi totalmente atípica e infinitamente, boa. Reuniu três coisas que amo: viagens, jornalismo e dança.
No início da semana, estava em São Paulo participando do 12º Festival Internacional das Escolas Luxor de Dança do Ventre. São três dias de workshops com bailarinos do mundo todo e na noite, tem apresentação de bandas árabes e de bailarinos brasileiros e internacionais.
O fantástico disso tudo é não se sentir um peixe fora da água, como normalmente acontece quando se gosta de algo que tem um mercado bastante restrito e que é, geralmente, deturpado. É ridícula e revoltante a reação de algumas pessoas quando falo que faço dança do ventre.
E são nesses eventos que encontramos pessoas que nos entendem. E ali que podemos falar de arabesquis, pliês, básico egípcio, mayas e robôs com a certeza de que seremos entendidas. E quando nos damos conta que o que leva as centenas de mulheres para este curso, é apenas o amor pela dança. Porque não é pela dor no corpo no final, os calos em baixo do pé, o chulé insuportável da sapatilha ou o mau jeito no músculo que resolveu incomodar que dançamos.
Diante da satisfação de acertar o passo e de se manter dentro do ritmo, as bobagens que a gente escuta se tornam tão pequenas e fora da realidade, que dá pena dessas pessoas que veem dançarinas do ventre como odaliscas, pois não imaginam o universo imensamente rico que estão perdendo.
E terminei a semana no curso 17º curso anual do Núcleo Piratininga da Comunicação: “Comunicação e hegemonia num mundo em ebulição”, no Rio de Janeiro. Durante os cinco dias do evento, tínhamos o dia cheio de debates interessantíssimos, com profissionais das mais diversas áreas.
Além de ter sido uma baita experiência para a minha carreira, pois eu nunca havia participado desse curso, foi também para a minha vida, a começar pela companhia e a certeza de que voltei do Rio com uma grande amiga.
Novamente, o mais incrível são as pessoas como a gente que estavam participando do curso. Uma vez, quando fazia a monografia da minha pós, que abordou a manipulação da mídia referente aos assuntos dos movimentos sociais, ouvi de um jornalista que havia estudado comigo na faculdade, se eu sabia que o tal trabalho significava que eu sempre trabalharia numa imprensa marginal.
Sim, eu sabia. E não, não me arrependo. Lá no curso, só tinha jornalistas de uma imprensa marginal e é muito bom saber que apesar de sermos poucos, estamos por todos os lugares do Brasil, lutando como se pode, fazendo milagres para conseguir uma notinha num grande jornal e o melhor, com a certeza de que se está do lado certo.
Eu sempre me senti um peixe fora da água, por inúmeros motivos. Talvez considere essa semana tão especial porque conheci um monte de pessoas que também são peixes fora da água, só que desta vez, estávamos compartilhando um lindo e comum aquário.
“E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrário: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda”. Caio Fernando Abreu
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