Tuesday, December 14, 2010

Sempre ele

Abaixo tem umas frases do Caio Fernando Abreu. Sempre que eu estou mal, que eu não me entendo, que me perco em mim, recorro ao Caio. Ele sempre sabe o que se passa comigo, melhor que eu. Então eu me encontro, me entendo...

E me faz bem, parece uma luzinha minúscula no final do túnel. Parece que eu vou sobreviver, que eu vou sair ilesa, que realmente isso tudo vai passar. E eu penso, também, que talvez um dia eu escreva coisas que fazem as pessoas pensarem: “sim, tem saída. Apesar dessa canoa furada, sobreviveremos.”

“Vontade só de dormir, dormir muito, para nunca mais acordar. (...) Só tenho passado, o presente é esta viscosidade o futuro não existe. Ah, eu queria ter um objetivo na vida, uma coisa que sugasse todas as minhas forças, conduzisse todos os meus gestos e todas as minhas palavras. Não tenho nada, só este vazio.” Caio F.

“Cada vez mais frias, e os dias estão cada vez mais duros, e eu tento, tento tanto disfarçar essa dor no me peito e esse nó na garganta, mais chegou o ponto em que eu já não sou mais forte o suficiente, já estou consumida pelo desejo quase incontrolável de desaparecer, pra sempre.” Caio F.

“Um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim.” Caio F.

“E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua viva, há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo. Mas não se tem, nem se terá.” Caio F.

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