Parece que essa virada de ano, pela primeira vez, eu não vou entrar meia noite afora louca para me lembrar de todas as simpatias possíveis para atrair amor, saúde, dinheiro, prosperidade... Não comprei calcinha nem roupas novas para a noite do dia 31, coisas que sempre fiz, teve um ano que usei sete calcinhas, uma por cima da outra.
2010 foi cheio, muita coisa aconteceu e muita coisa boa. Eu vivi uma das melhores fases da minha vida, já sai de 2009 feliz. Mas foi esse ano que me dei conta que certos fantasmas tinham, de fato, ficado para trás e me permitir viver sem assombrações.
Sinceramente, entre janeiro e maio, várias vezes, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo. Eu amei também, muito, como eu nunca pensei que fosse possível amar alguém. Na verdade, ainda amo e pela maneira como me arrepio cada vez que penso nisso, ainda vou amar por muito tempo.
Eu mudei muito, muito mesmo (sim, foi tudo muito mesmo). Diversos valores e opiniões que eu defendia, caíram por terra, o que foi positivo. Agora o melhor, foi ter me dado conta que para amar como eu amo, eu tive que passar por um longo processo, que provavelmente tenha começado quando eu nasci.
Foi depois de 25 anos de vida que eu me senti feliz e plena. Minha vida não estava do jeito que tinha sonhado, mas as coisas estavam melhores do que eu imaginava. Sabia que o restante viria na hora certa. Hoje, eu penso que para amar é necessário estar feliz, porque só a felicidade nos fornece o desprendimento necessário para se doar para o outro. E amor, para mim, é doação.
O que vem depois disso, se o amor vinga ou não, se tem tristeza, lágrimas, se as coisas não saem como a gente quer... É outra história. É por isso que eu não espero nada de 2011. Tenho alguns compromissos, claro, mas planos e listas de pretensões, não tenho. Isso é bom, tira um pouco o peso desse ano que entra e a gente acaba vendo isso tudo como uma troca de calendário.
Durante boa parte do ano eu desejei ser merecedora de viver o amor que eu sinto. Se eu fosse pedir algo à meia noite de hoje, seria isso. Só que, apesar de tudo, eu apenas vou agradecer ter sido tão feliz e amar da maneira que amo. Isso valeu muito mais que o ano, valeu a vida!
Thursday, December 30, 2010
Presentes
Até que essa finaleira de ano, tão cheio para mim, me reservou algumas boas surpresas. Tenho mais dois livros, clássicos, na minha biblioteca. O Pequeno Príncipe, que foi o último que comprei em 2010 e Fragmentos, do Caio Fernando Abreu, que ganhei da Fabi, ontem.
E depois de tanta busca para passar a virada de ano em qualquer lugar e com o menor número de pessoas possíveis, vou para a praia com duas amigas queridas. Depois de tentar pousadas no litoral, acampamentos no meio do mato, retiros em centro de meditação e convento, Rainha do Mar é o meu destino. Na verdade, corro um grande risco de passar a virada dentro de um ônibus na freeway, mas até isso vou achar ótimo.
Hoje meus tios amados de Brusque passaram o dia aqui em casa. O Daniel sempre foi aquele tio arriado, que ensina palavrões para os sobrinhos. Quando eu era criança, ele era o meu fornecedor oficial de Barbies e ainda é o colorado mais fanático que eu conheço.
A Tati tem a risada mais gostosa que eu já ouvi e uns braços que faz toda mulher morrer de inveja, nada balança ali. O Wesley é o filho deles, o guri tá virando homem, tanto que da próxima vez que ver ele, só restará o homem.
Dia bom, de lembrar, de rir, de conversar, de casa cheia, de bagunça em volta da mesa, de matar as saudades... E é tão bom lembrar que ainda é possível matar alguma saudade, quando uma saudade absurda me consome todos os dias.
E depois de tanta busca para passar a virada de ano em qualquer lugar e com o menor número de pessoas possíveis, vou para a praia com duas amigas queridas. Depois de tentar pousadas no litoral, acampamentos no meio do mato, retiros em centro de meditação e convento, Rainha do Mar é o meu destino. Na verdade, corro um grande risco de passar a virada dentro de um ônibus na freeway, mas até isso vou achar ótimo.
Hoje meus tios amados de Brusque passaram o dia aqui em casa. O Daniel sempre foi aquele tio arriado, que ensina palavrões para os sobrinhos. Quando eu era criança, ele era o meu fornecedor oficial de Barbies e ainda é o colorado mais fanático que eu conheço.
A Tati tem a risada mais gostosa que eu já ouvi e uns braços que faz toda mulher morrer de inveja, nada balança ali. O Wesley é o filho deles, o guri tá virando homem, tanto que da próxima vez que ver ele, só restará o homem.
Dia bom, de lembrar, de rir, de conversar, de casa cheia, de bagunça em volta da mesa, de matar as saudades... E é tão bom lembrar que ainda é possível matar alguma saudade, quando uma saudade absurda me consome todos os dias.
Tuesday, December 28, 2010
Dez minutos
Eu sempre tive insônia. Pelo menos desde criança era mais fácil ficar até tarde acordada e dormir pela manhã. Até hoje, acho que esse é o melhor horário para o sono. Quando tinha meus 13, 14, eu só dormia depois que o Pijama Show acabava, lá pelas 3h, claro que sempre cochilava nas aulas, mas nunca me importei com esses cochilos estudantis...
Só que minha falta de sono era sempre no início da madrugada, eu ia para cama tarde. Geralmente saia da internet em torno da 1h da manhã e lia alguma coisa até as 2h30, 3h e quando caia na cama, dormia.
Agora não, minha insônia mudou, piorou, está ainda mais torturante. Ando me deitando mais cedo, logo depois da meia noite e durmo logo. Mas 10 minutos depois, eu acordo. Fico uns minutos acordada e pego no sono. Logo depois acordo e quando vou olhar no relógio, se passaram 10 minutos.
É sempre assim, os exatos 10 minutos. Eu durmo, acordo, entro em pânico com a insônia, pego no sono e... acordo de novo. Sigo desse jeito até de manhã. Assim tem sido as minhas noites. E que horror, que angustia. A noite demora muito mais para passar.
Já decorei os horários de toda a noite. Sei quando os cachorros começam a latir, os pássaros a contar. Escuto meu irmão levantar, ele sair, meu pai levantar, meu vizinho espirrar (ele espirra sempre às 6h50!) Ouço o pai abrir a garagem, o barulho do carro dos vizinhos... Sei os programas das rádios na madrugada. Em 10 minutos dá pra se ouvir muita coisa.
O pior de tudo é que eu nunca desejei tanto dormir. Dormir e dormir, de preferência para sempre. E isso é o que eu mais ouço, a voz impiedosa dentro de mim, me mandando dormir pra não viver, pra não lembrar, pra não chora... Aí o sono vem e me leva com ele, mas me devolve logo, 10 minutos depois. Às vezes acho que é só pra não sonhar.
Só que minha falta de sono era sempre no início da madrugada, eu ia para cama tarde. Geralmente saia da internet em torno da 1h da manhã e lia alguma coisa até as 2h30, 3h e quando caia na cama, dormia.
Agora não, minha insônia mudou, piorou, está ainda mais torturante. Ando me deitando mais cedo, logo depois da meia noite e durmo logo. Mas 10 minutos depois, eu acordo. Fico uns minutos acordada e pego no sono. Logo depois acordo e quando vou olhar no relógio, se passaram 10 minutos.
É sempre assim, os exatos 10 minutos. Eu durmo, acordo, entro em pânico com a insônia, pego no sono e... acordo de novo. Sigo desse jeito até de manhã. Assim tem sido as minhas noites. E que horror, que angustia. A noite demora muito mais para passar.
Já decorei os horários de toda a noite. Sei quando os cachorros começam a latir, os pássaros a contar. Escuto meu irmão levantar, ele sair, meu pai levantar, meu vizinho espirrar (ele espirra sempre às 6h50!) Ouço o pai abrir a garagem, o barulho do carro dos vizinhos... Sei os programas das rádios na madrugada. Em 10 minutos dá pra se ouvir muita coisa.
O pior de tudo é que eu nunca desejei tanto dormir. Dormir e dormir, de preferência para sempre. E isso é o que eu mais ouço, a voz impiedosa dentro de mim, me mandando dormir pra não viver, pra não lembrar, pra não chora... Aí o sono vem e me leva com ele, mas me devolve logo, 10 minutos depois. Às vezes acho que é só pra não sonhar.
Friday, December 24, 2010
Então é Natal...
E daí? Eu detesto Natal e essa orgia capitalista, ouviu Papai Noel? Isso inclui você. Lamento, mas não gosto de você. Não sei por que, num país tropical como o nosso, a gente insiste nessa cultura fajuta de Papai Noel? Em cada esquina do centro de Porto Alegre a gente topa com um velho gordo, fantasiado de vermelho, coberto de suor em todos os poros. Coitadas das criancinhas que tem que sentar no seu colo...
Bom, vamos ao que interessa. Eu não vou pedir nada, não se preocupe, cinismo tem limite. Essa cartinha é só um desabafo de uma menina que há muito já se desiludiu com a vida. Por que escrevo para o senhor? Porque saber que tu foi uma invenção do marketing da Coca-cola é a primeira desilusão da vida de muita gente.
Ah sim, como você já deve imaginar, eu não fui uma boa menina. Fiz menos sexo do que gostaria. Tomei menos porres do que imaginei. Comprei menos livros do que desejava e mais do que minha conta bancária permitia. Dormi bastante, sim, mas dormir é como sexo, nunca é demais. Esse ano eu também capotei de carro, mas não morri. Viu como sou arteira?
Mas pensando bem velho barbudo, tem uma coisa que quero te pedir e acho que você vai até gostar. Vai se fuder, faz favor! Ah, o que? Tem alguém falando na TV que Natal é o aniversário de Jesus?
Nunca me convenceram que ele nasceu neste dia. Isso é só mais uma convenção da “santíssima” igreja católica e de algum papa lunático. Por que alguém acha mesmo que o todo poderoso iria nascer com o sol em capricórnio? Seria muito azar e ele não teria sido amor e bondade como dizem.
É velho Noel, não adianta apelar, eu não gosto de Natal.
Bom, vamos ao que interessa. Eu não vou pedir nada, não se preocupe, cinismo tem limite. Essa cartinha é só um desabafo de uma menina que há muito já se desiludiu com a vida. Por que escrevo para o senhor? Porque saber que tu foi uma invenção do marketing da Coca-cola é a primeira desilusão da vida de muita gente.
Ah sim, como você já deve imaginar, eu não fui uma boa menina. Fiz menos sexo do que gostaria. Tomei menos porres do que imaginei. Comprei menos livros do que desejava e mais do que minha conta bancária permitia. Dormi bastante, sim, mas dormir é como sexo, nunca é demais. Esse ano eu também capotei de carro, mas não morri. Viu como sou arteira?
Mas pensando bem velho barbudo, tem uma coisa que quero te pedir e acho que você vai até gostar. Vai se fuder, faz favor! Ah, o que? Tem alguém falando na TV que Natal é o aniversário de Jesus?
Nunca me convenceram que ele nasceu neste dia. Isso é só mais uma convenção da “santíssima” igreja católica e de algum papa lunático. Por que alguém acha mesmo que o todo poderoso iria nascer com o sol em capricórnio? Seria muito azar e ele não teria sido amor e bondade como dizem.
É velho Noel, não adianta apelar, eu não gosto de Natal.
Monday, December 20, 2010
Tanto faz
Tem coisa mais chata e parada que tanto faz? Tanto faz se tem sol ou chuva. Tanto faz se será cedo ou tarde. Tanto faz se dará certo ou não. Tanto faz doce ou salgado. Tanto faz insistir ou desistir. Há essas alturas... Tanto faz.
Estou numa fase tanto faz na minha vida. Sobre a minha viagem? Tanto faz se vou no inverno, se vou conhecer a Europa, se vai ser legal ou bom pra mim... Sobre o resto das coisas, é a mesma coisa...
Cansei da vida, por isso essa fase. Tanto faz é deixa rolar, não quero participar de nada mesmo. Hoje faz um mês que morri e me pergunto o que será que vem depois do tanto faz?
Tô cansada. Queria conseguir explicar para as pessoas por que viver me dói tanto. Mas as pessoas também têm seus problemas e suas dores. Quando a gente menos espera os transtornos vem à tona.
Tanto faz viver ou não, depois que a gente morre, as coisas deixam de ser singulares. É tudo uma coisa só, morosa, torturante e enlouquecedora.
Estou numa fase tanto faz na minha vida. Sobre a minha viagem? Tanto faz se vou no inverno, se vou conhecer a Europa, se vai ser legal ou bom pra mim... Sobre o resto das coisas, é a mesma coisa...
Cansei da vida, por isso essa fase. Tanto faz é deixa rolar, não quero participar de nada mesmo. Hoje faz um mês que morri e me pergunto o que será que vem depois do tanto faz?
Tô cansada. Queria conseguir explicar para as pessoas por que viver me dói tanto. Mas as pessoas também têm seus problemas e suas dores. Quando a gente menos espera os transtornos vem à tona.
Tanto faz viver ou não, depois que a gente morre, as coisas deixam de ser singulares. É tudo uma coisa só, morosa, torturante e enlouquecedora.
Sunday, December 19, 2010
Tentando
"Depois de tão complexos exames voltávamosa novas reuniões a fim de aprendermos como de preferência devíamos ter agido para evitar o suicídio, quais deveriam ter sido os atos diários, os empreedimentos, senão nos afastáramos do raciocínio inspirado no dever, na fé em nós mesmo e no paternal amor de Deus! Em vários casos, a solução para os problemas, que abriram as portas para o abismo, ancontrava-se a dois passos de distância do sofredor; surgiria o socorro enviado pela providência ao seu filho bem amado, dentro de alguns dias, de poucos meses, bastando vontade, paciência e coragem moral, necessário ao seu progresso espiritual! Então concluímos com decepcionante surpresa que fácil teria sido a vitória a te´a felicidade, se buscáramos no amor divino a inspiração para os ditames da existência que desgraçadamente destruíramos".
Esse é um trecho do livro "Memórias de um Suicida", de Yvonne Pereira. Conta a triste histótia de um espírito que se matou... O livro tem quase 300 páginas e eu não estou nem na metade. Mas vou ler tudo, além do livro ser bom, eu preciso me salvar!!!
Esse é um trecho do livro "Memórias de um Suicida", de Yvonne Pereira. Conta a triste histótia de um espírito que se matou... O livro tem quase 300 páginas e eu não estou nem na metade. Mas vou ler tudo, além do livro ser bom, eu preciso me salvar!!!
Wednesday, December 15, 2010
SOS
Eu preciso me salvar. Preciso fazer algo para que eu continue. Eu tô quase desistindo. Eu preciso que me enterrem antes que eu me mate.
Ando nas ruas olhando para o alto, para os prédios, pensando qual a altura para ser fatal? Embora não reze mais para eu morrer, nem isso eu consigo.
Já não tenho mais metade das minhas coisas. Metade da metade eu dei a outra, eu coloquei no lixo. Minha mãe fica feliz que eu estou me desapegando, ela diz que a gente tem que tirar o lixo velho para entrar o lixo novo. Mãe, não vai mais ter lixo, eu prometo. Nem eu, também.
Ontem eu peguei a pinça e puxei um corinho em cima da unha do dedo indicador direito, o que eu mais uso, o que mais bate. Ficou um daqueles cortezinhos chatos, que doem a cada batida. Mas essa dorzinha não é suficiente. Então coloquei o dedo no álcool, doeu um pouco, depois amorteceu.
Eu dei minha cama hoje, para um senhor que estava passando na rua, parecia ser um pai de família e bem simples. Olhei pra ele e perguntei: “o senhor quer uma cama?”, ele pensou um pouco e disse que sim. Então pedi pra ele entrar e pegar. Ele pediu pra usar o telefone, pra pedir ajuda para levar a cama, eu falei que “tudo bem, não ajudo porque tenho que terminar a faxina.” Minutos depois, o sogro dele chegou com uma Brasília, levaram minha cama e uns ursinhos de pelúcia que sobraram da infância.
Meu pai tá preocupado, trouxe um colchão velho que tem na garagem pra mim dormir. Por mim, tanto faz, não vou mais dormir. Semana passada, eu roubei R$ 500,00 da conta bancária da minha mãe. Peguei um ônibus para o interior, depois um táxi e voltei, noutro ônibus. Estava me procurando. Não me achei. Eu não sou mais eu.
Quero ir embora para um convento, para um mosteiro, para o Rio, para São Paulo, para Macapá, para Tóquio, para a Islândia, para um SPA, para um circo, para um presídio, para uma comunidade que tome Santo Daime. Eu preciso me salvar.
Ando nas ruas olhando para o alto, para os prédios, pensando qual a altura para ser fatal? Embora não reze mais para eu morrer, nem isso eu consigo.
Já não tenho mais metade das minhas coisas. Metade da metade eu dei a outra, eu coloquei no lixo. Minha mãe fica feliz que eu estou me desapegando, ela diz que a gente tem que tirar o lixo velho para entrar o lixo novo. Mãe, não vai mais ter lixo, eu prometo. Nem eu, também.
Ontem eu peguei a pinça e puxei um corinho em cima da unha do dedo indicador direito, o que eu mais uso, o que mais bate. Ficou um daqueles cortezinhos chatos, que doem a cada batida. Mas essa dorzinha não é suficiente. Então coloquei o dedo no álcool, doeu um pouco, depois amorteceu.
Eu dei minha cama hoje, para um senhor que estava passando na rua, parecia ser um pai de família e bem simples. Olhei pra ele e perguntei: “o senhor quer uma cama?”, ele pensou um pouco e disse que sim. Então pedi pra ele entrar e pegar. Ele pediu pra usar o telefone, pra pedir ajuda para levar a cama, eu falei que “tudo bem, não ajudo porque tenho que terminar a faxina.” Minutos depois, o sogro dele chegou com uma Brasília, levaram minha cama e uns ursinhos de pelúcia que sobraram da infância.
Meu pai tá preocupado, trouxe um colchão velho que tem na garagem pra mim dormir. Por mim, tanto faz, não vou mais dormir. Semana passada, eu roubei R$ 500,00 da conta bancária da minha mãe. Peguei um ônibus para o interior, depois um táxi e voltei, noutro ônibus. Estava me procurando. Não me achei. Eu não sou mais eu.
Quero ir embora para um convento, para um mosteiro, para o Rio, para São Paulo, para Macapá, para Tóquio, para a Islândia, para um SPA, para um circo, para um presídio, para uma comunidade que tome Santo Daime. Eu preciso me salvar.
Tuesday, December 14, 2010
Sempre ele
Abaixo tem umas frases do Caio Fernando Abreu. Sempre que eu estou mal, que eu não me entendo, que me perco em mim, recorro ao Caio. Ele sempre sabe o que se passa comigo, melhor que eu. Então eu me encontro, me entendo...
E me faz bem, parece uma luzinha minúscula no final do túnel. Parece que eu vou sobreviver, que eu vou sair ilesa, que realmente isso tudo vai passar. E eu penso, também, que talvez um dia eu escreva coisas que fazem as pessoas pensarem: “sim, tem saída. Apesar dessa canoa furada, sobreviveremos.”
“Vontade só de dormir, dormir muito, para nunca mais acordar. (...) Só tenho passado, o presente é esta viscosidade o futuro não existe. Ah, eu queria ter um objetivo na vida, uma coisa que sugasse todas as minhas forças, conduzisse todos os meus gestos e todas as minhas palavras. Não tenho nada, só este vazio.” Caio F.
“Cada vez mais frias, e os dias estão cada vez mais duros, e eu tento, tento tanto disfarçar essa dor no me peito e esse nó na garganta, mais chegou o ponto em que eu já não sou mais forte o suficiente, já estou consumida pelo desejo quase incontrolável de desaparecer, pra sempre.” Caio F.
“Um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim.” Caio F.
“E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua viva, há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo. Mas não se tem, nem se terá.” Caio F.
E me faz bem, parece uma luzinha minúscula no final do túnel. Parece que eu vou sobreviver, que eu vou sair ilesa, que realmente isso tudo vai passar. E eu penso, também, que talvez um dia eu escreva coisas que fazem as pessoas pensarem: “sim, tem saída. Apesar dessa canoa furada, sobreviveremos.”
“Vontade só de dormir, dormir muito, para nunca mais acordar. (...) Só tenho passado, o presente é esta viscosidade o futuro não existe. Ah, eu queria ter um objetivo na vida, uma coisa que sugasse todas as minhas forças, conduzisse todos os meus gestos e todas as minhas palavras. Não tenho nada, só este vazio.” Caio F.
“Cada vez mais frias, e os dias estão cada vez mais duros, e eu tento, tento tanto disfarçar essa dor no me peito e esse nó na garganta, mais chegou o ponto em que eu já não sou mais forte o suficiente, já estou consumida pelo desejo quase incontrolável de desaparecer, pra sempre.” Caio F.
“Um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim.” Caio F.
“E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua viva, há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo. Mas não se tem, nem se terá.” Caio F.
Sunday, December 12, 2010
A fé não dá respostas, ela impede as perguntas
Li essa frase sábado e desde então estou pensando... No meio de tantas dúvidas que está minha cabeça, ela me deu uma luz. Eu não tinha respostas porque eu nem sequer perguntava. Eureka!!! Agora a certeza de que não há respostas para minhas perguntas, me mata.
Eu já tive depressão e nem naquela fase, que sem dúvida foi a pior da minha vida, eu estava assim, sem fé. Sábado mesmo, eu me diverti um monte, ri pra caramba, mas
às vezes, no meio da risada eu me pergunto pra quê tudo isso?
Enquanto eu via o espetáculo Exotiquè, do Tholl, pensava como é triste quando nada nos abala, nada muda. O show é lindo, super bem montado e interpretado. Mas aquelas pessoas tão lindas, tão maquiadas, devem ser também tão sofridas, provavelmente tiveram que abrir mão de muita coisa... Será que valeu a pena? Em que momento eles morreram e se obrigaram a renascer?
Eu já perdi a vontade de viver antes. Simplesmente não me imaginava com 25, 30, 32, 47 anos... Não fazia planos porque não queria viver. Agora, mesmo morta, eu consigo me imaginar num mestrado, viajando, morando no Rio ou quem sabe em BH. Posso passar um tempo num SPA, num convento, num hospício... Posso chegar aos 98 anos.
Sei que posso continuar sem fé. Sem querer. Sem vontade e até mesmo sem entender. Só que será uma vida vazia ou uma vida cheia de nada.
Eu já tive depressão e nem naquela fase, que sem dúvida foi a pior da minha vida, eu estava assim, sem fé. Sábado mesmo, eu me diverti um monte, ri pra caramba, mas
às vezes, no meio da risada eu me pergunto pra quê tudo isso?
Enquanto eu via o espetáculo Exotiquè, do Tholl, pensava como é triste quando nada nos abala, nada muda. O show é lindo, super bem montado e interpretado. Mas aquelas pessoas tão lindas, tão maquiadas, devem ser também tão sofridas, provavelmente tiveram que abrir mão de muita coisa... Será que valeu a pena? Em que momento eles morreram e se obrigaram a renascer?
Eu já perdi a vontade de viver antes. Simplesmente não me imaginava com 25, 30, 32, 47 anos... Não fazia planos porque não queria viver. Agora, mesmo morta, eu consigo me imaginar num mestrado, viajando, morando no Rio ou quem sabe em BH. Posso passar um tempo num SPA, num convento, num hospício... Posso chegar aos 98 anos.
Sei que posso continuar sem fé. Sem querer. Sem vontade e até mesmo sem entender. Só que será uma vida vazia ou uma vida cheia de nada.
Friday, December 10, 2010
Passagens na bolsa
Eu sempre pensei em viajar. Geralmente quando alguém me pergunta(va) qual meu sonho, era isso que eu respondia. Ainda é. Só que eu sempre quis também estudar fora, morar mesmo em outro lugar, e não apenas fazer turismo.
Meus pais nunca tiveram grana para me bancar num intercâmbio, quando era mais nova. Depois veio a faculdade e a mensalidade da mesma. A formatura e alguns meses sem emprego, depois veio um trabalho e o salário, mas veio também uma pós-graduação e novamente, a mensalidade.
Desde que eu comecei a trabalhar, eu sempre guardei boa parte do que ganhava. Paguei meu silicone, paguei minha pós e as minhas pequenas viagens nesse período. Claro que às vezes, tinha que ser socorrida pelo meu pai, mas garanto foram poucas vezes e ele sempre se orgulhou disso.
Agora é a hora de ir para mais longe. Eu sempre imaginei que o dia que tudo isso se concretizasse, que eu comprasse as passagens, que eu tivesse certeza que em pouco tempo eu iria pegar um avião e desembarcar em algum lugar do mundo, seria um dos dias mais felizes da minha vida.
Esse dia foi hoje, mas nem de longe foi o dia mais feliz da minha vida. Eu já paguei um curso e a hospedagem na Espanha, já fiz meu roteiro e comprei um programa para conhecer algumas cidades européias, meu passaporte está pronto há anos, as férias excepcionais que tirarei no serviço estão aceitas e acertadas. E hoje, eu comprei as passagens.
Dia 5 de março, embarco para Barcelona. Agora tá tudo certo, é oficial. Agora, já dá pra falar pra todo mundo. Agora é só esperar e vai passar logo, porque o tempo passa voando e logo já será o dia 5 de março.
Enquanto caminhava pela Av. Independência, indo trabalhar, com as minhas passagens na bolsa, eu me perguntava onde estava aquela felicidade toda que sempre tinha imaginado e esperado naquele momento. Não teve pulos, gritos, telefonemas eufóricos para contar a novidade, nada disso...
Eu era só uma mulher apressada, entre a triste e a estressada, que se dava conta dessas ironias da vida. Eu pensava nas coisas, bem poucas, que eu desejo muito mais que essa viagem. Eu trocaria isso tudo por tão pouco...
Meus pais nunca tiveram grana para me bancar num intercâmbio, quando era mais nova. Depois veio a faculdade e a mensalidade da mesma. A formatura e alguns meses sem emprego, depois veio um trabalho e o salário, mas veio também uma pós-graduação e novamente, a mensalidade.
Desde que eu comecei a trabalhar, eu sempre guardei boa parte do que ganhava. Paguei meu silicone, paguei minha pós e as minhas pequenas viagens nesse período. Claro que às vezes, tinha que ser socorrida pelo meu pai, mas garanto foram poucas vezes e ele sempre se orgulhou disso.
Agora é a hora de ir para mais longe. Eu sempre imaginei que o dia que tudo isso se concretizasse, que eu comprasse as passagens, que eu tivesse certeza que em pouco tempo eu iria pegar um avião e desembarcar em algum lugar do mundo, seria um dos dias mais felizes da minha vida.
Esse dia foi hoje, mas nem de longe foi o dia mais feliz da minha vida. Eu já paguei um curso e a hospedagem na Espanha, já fiz meu roteiro e comprei um programa para conhecer algumas cidades européias, meu passaporte está pronto há anos, as férias excepcionais que tirarei no serviço estão aceitas e acertadas. E hoje, eu comprei as passagens.
Dia 5 de março, embarco para Barcelona. Agora tá tudo certo, é oficial. Agora, já dá pra falar pra todo mundo. Agora é só esperar e vai passar logo, porque o tempo passa voando e logo já será o dia 5 de março.
Enquanto caminhava pela Av. Independência, indo trabalhar, com as minhas passagens na bolsa, eu me perguntava onde estava aquela felicidade toda que sempre tinha imaginado e esperado naquele momento. Não teve pulos, gritos, telefonemas eufóricos para contar a novidade, nada disso...
Eu era só uma mulher apressada, entre a triste e a estressada, que se dava conta dessas ironias da vida. Eu pensava nas coisas, bem poucas, que eu desejo muito mais que essa viagem. Eu trocaria isso tudo por tão pouco...
Monday, December 06, 2010
Qualquer lugar
Que mania estranha essa que alguns seres da espécie humana tem, de querer fugir para qualquer lugar. Lugar que não se sabe. O que importa é mudar, é fugir, é não reconhecer o contexto. Quem sabe, assim a novidade se torne maior que a atual realidade.
Como aquela música do Tim Maia que diz "pensei até em me mudar. Lugar qualquer que não exista o pensamento em você." Como a gente faz pra fugir da gente mesmo? Será possível mudar de lugar e tudo mudar? Será só uma ilusão? Às vezes eu penso que tudo é ilusão, inclusive viver.
Eu queria sair de mim, isso sim. Ir para um lugar, qualquer lugar, onde eu não estivesse, onde eu não me encontrasse. Ou até mesmo, onde me tornasse uma estranha.
Embora eu já tenha me tornado uma estranha. Esse ser descrente, não sou eu. Essa mulher que quer casar e ter filhos, não sou eu. Mas por outro lado, a pessoa que acreditava em Deus e cartomantes, também não era eu. A mulher que sempre se imaginou sozinha, também não era eu.
Eu não me reconheço mais. O que nos une, a de ontem e a de hoje, é o que sentimos. Só isso. Por isso, sim, eu penso em me mudar. Pra um lugar qualquer onde não exista o pensamento em você e muito menos a consciência do eu.
Como aquela música do Tim Maia que diz "pensei até em me mudar. Lugar qualquer que não exista o pensamento em você." Como a gente faz pra fugir da gente mesmo? Será possível mudar de lugar e tudo mudar? Será só uma ilusão? Às vezes eu penso que tudo é ilusão, inclusive viver.
Eu queria sair de mim, isso sim. Ir para um lugar, qualquer lugar, onde eu não estivesse, onde eu não me encontrasse. Ou até mesmo, onde me tornasse uma estranha.
Embora eu já tenha me tornado uma estranha. Esse ser descrente, não sou eu. Essa mulher que quer casar e ter filhos, não sou eu. Mas por outro lado, a pessoa que acreditava em Deus e cartomantes, também não era eu. A mulher que sempre se imaginou sozinha, também não era eu.
Eu não me reconheço mais. O que nos une, a de ontem e a de hoje, é o que sentimos. Só isso. Por isso, sim, eu penso em me mudar. Pra um lugar qualquer onde não exista o pensamento em você e muito menos a consciência do eu.
Quase um Haikai
Tômara que na próxima vida eu volte pedra. Às vezes, ser humano é demasiadamente desumano.
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