Li uma frase hoje, num livro que não lembro o nome, passei num sebo no centro de Porto Alegre, peguei um livro, abri e li uma frase mais ou menos assim: “certos tipos de traições vão morrer com a gente, como tantas outras coisas...” Fiquei com isso na cabeça. Passei o resto do dia pensando nas coisas que fiz e vão morrer comigo. E são muitas coisas.
E acredito que seja assim com todo mundo. Inúmeros segredos vão morrer comigo, um deles: foi eu que quebrei a cabeça da Barbie, novinha, da minha prima Amanda, quando era criança. E jurei que não tinha sido eu. Menti.
E mentiras também vão morrer comigo e com todo mundo. Mentiras nos fazem morrer um pouco, porque tira de nós mesmos a verdade. Todas elas, até um automático “tudo bom”, quando não tá nada bom. Ou um “não vi teu namorado lá”, quando na verdade é “claro que vi e estava no maior amasso com a fulana”. Também "a aula estava boa", e a verdade seria "estava no motel, numa orgia com três colegas."
Traições também. Ainda não trai nenhum homem com quem me relacionei. Mas já fiquei com homens comprometidos e, confesso, sempre quis ser amante. Certos desejos e opiniões também vão morrer comigo. Que me desculpem as comprometidas, mas acredito muito mais em lealdade, do que fidelidade. Fidelidade é quase uma obrigação, lealdade é liberdade de escolha, é consciência. Boa parte das nossas fantasias também vão morrer com a gente, das mais banais até as totalmente esdrúxulas.
O chicle colado no banco da igreja, a inveja da coleguinha da escola, o ciúme da amiga, a raiva do pai ou da mãe, o nojo do irmão, o tesão pelo vizinho, os orgasmo fingidos, a má-fé de furar a fila, os porres homéricos, o suicídio que esteve por um triz, as drogas usadas, as palavras que saíram sem pensar e as que nunca saíram... Tantas coisas vão morrer com a gente.
Penso que quem morre são dois. O eu que morre para os outros e o eu que vai morrer comigo.
1 comment:
Essa tua cabeça não muda né? Tu tem cada idéia...
BJ, Edu W.
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