Nossa é tanta coisa acontecendo, que eu sinto tudo transbordando e não sei se vou conseguir conter tudo isso. E o tempo cada vez mais escasso e as coisas de fora que não me deixam prestar a atenção nas coisas que estão acontecendo aqui dentro.
É essa coisa às vezes boa, às vezes sufocante, que eu ando sentindo e é principalmente o não saber o que fazer com isso. Eu não costumo saber muito bem até onde ir com as pessoas e agora então, isso piorou. Tenho medo de me decepcionar, e mais medo ainda de não permitir me surpreender.
E nunca me lidei tão bem com esse não saber de tanta coisa que tenho pra fazer. A vida tá cheia e isso é bom. Não sei se ela sempre foi assim e antes era eu que não percebia... Só sei que tenho deitado e caído no sono direto. Acho que domestiquei o monstro que habita meu estômago.
É tanta coisa passando na minha cabeça que eu nem sei onde fixar o pensamento. Planos a longo prazo, atitudes com reações imediatas, providências chatas e burocráticas que tenho que tomar, pesquisas que preciso realizar, sentimentos que quero entender... Tá tudo junto, aqui e agora.
Thursday, January 14, 2010
Monday, January 11, 2010
Irmãozinho
Hoje meu irmão está de aniversário, fazendo 22 anos. E isso me assusta porque através do meu irmão percebo, claramente e cruelmente, como o tempo passa. Uma vez li que os irmãos mais novos são os relógios dos irmãos mais velhos. E é verdade.
Quem é o mais velho, cresce com a responsabilidade de cuidar e dar exemplos para o irmãozinho. Só que os irmãozinhos crescem e é um soco no estômago quando percebemos isso. Porque eles não precisam mais da gente, porque escolhem os exemplos que querem seguir, porque vão viver suas vidas sem pedir a nossa opinião e a gente passa de ator coadjuvante a mero espectador.
A lembrança mais antiga que tenho é da minha mãe chegando do hospital com meu irmão no colo, quando ele nasceu. Lembro direitinho, até já escrevi sobre isso numa aula de redação na faculdade e foi um texto tri elogiado.
E a sensação de que o tempo passa, talvez uma das primeiras e mais fortes que tive, também foi por causa do meu irmão. Já faz alguns anos, 5, 6, 7 talvez, não sei... Eu estava em casa e ao passar pela porta do quarto do meu irmão, que estava um pouco aberta, vi um homem deitado, mas eu só via as suas pernas. Peludas, grossas, pernas de homem.
Não conheci. Fiquei com medo, pensei que fosse um ladrão, afinal, o único homem da casa era o meu pai. Mas pé por pé abri a porta, acreditava que era um ladrão, embora ladrão nenhum iria dormir no meio de um assalto. Mas era o meu irmão. E foi assim, numa tarde de um ano qualquer que percebi como o tempo passa e transforma em adultos aqueles que nasceram para serem irmãozinhos.
Quem é o mais velho, cresce com a responsabilidade de cuidar e dar exemplos para o irmãozinho. Só que os irmãozinhos crescem e é um soco no estômago quando percebemos isso. Porque eles não precisam mais da gente, porque escolhem os exemplos que querem seguir, porque vão viver suas vidas sem pedir a nossa opinião e a gente passa de ator coadjuvante a mero espectador.
A lembrança mais antiga que tenho é da minha mãe chegando do hospital com meu irmão no colo, quando ele nasceu. Lembro direitinho, até já escrevi sobre isso numa aula de redação na faculdade e foi um texto tri elogiado.
E a sensação de que o tempo passa, talvez uma das primeiras e mais fortes que tive, também foi por causa do meu irmão. Já faz alguns anos, 5, 6, 7 talvez, não sei... Eu estava em casa e ao passar pela porta do quarto do meu irmão, que estava um pouco aberta, vi um homem deitado, mas eu só via as suas pernas. Peludas, grossas, pernas de homem.
Não conheci. Fiquei com medo, pensei que fosse um ladrão, afinal, o único homem da casa era o meu pai. Mas pé por pé abri a porta, acreditava que era um ladrão, embora ladrão nenhum iria dormir no meio de um assalto. Mas era o meu irmão. E foi assim, numa tarde de um ano qualquer que percebi como o tempo passa e transforma em adultos aqueles que nasceram para serem irmãozinhos.
Monday, January 04, 2010
Ela e ele
Ela nunca pensou em namorar, quer dizer, até pensou, mas se decepcionou. E decretou “ninguém presta!” Apesar da mágoa, foi definindo suas prioridades, que não incluíam nada nem ninguém, além do seu umbigo.
Foi estudando e trabalhando para ganhar dinheiro e viajar, ser independente. Enquanto chorava todas as noites, foi aprendendo a transar só pra suprir uma necessidade física. Aprendeu, também, a sentir prazer só pra não ser comida pelo vazio do depois.
Conheceu gente, perdeu o medo de se divertir, aprendeu a beber. Quando aparecia alguém legal, trabalhador e livre ela tratava de acabar tudo logo, antes que se envolvesse. Se ninguém presta, pra quê perder tempo?
Além do que, era mais seguro ficar com quem tinha namorada, se apaixonar por gays, querer namorar quem estava com uma viagem marcada para fazer o mestrado do outro lado do mundo. Era seguro. Amores impossíveis sempre são mais seguros do que os possíveis.
Um dia ela se surpreendeu pensando que não deveria ser tão ruim assim se apaixonar e nem impossível alguém se apaixonar por ela. Com 6 bilhões de pessoas no mundo, alguém deveria prestar. E a mágoa já não doía tanto, a decepção era só uma lembrança, cada vez mais distante...
Até que ele apareceu e ele presta. Só que ele também nunca pensou em namorar, diz que já se decepcionou muito, que quer estudar e trabalhar para ganhar dinheiro. E que nos seus planos não cabe nada nem ninguém, além do seu umbigo.
Ele é perfeito para ela. Ela é perfeita para ele. Eles sabem disso. Mas ela tá com medo, ele é inseguro. A coisa mais importante da vida dela é o trabalho, a carreira que tá construindo. A coisa mais importante da vida dele é a carreira que tá construindo, o trabalho. Ela ama ler, ele não vive sem seus livros. Ela escreve, ele ensina. Ela adora o senso de humor dele. Ele adora as tatuagens que ela tem. Ela acha incrível o autocontrole dele. Ele se diverte com o descontrole dela.
Ela é de leão, ele é de libra. Os astros conspiram a favor, mas quando ela tem certeza, ele está em dúvida. Quando ele toma uma decisão, ela foge. Eles discutem uma relação inexistente. Ele tá ocupado demais bancando o intelectual precoce. Ele diz que gosta daquela jornalista que adora viajar e está sempre rodeada de gente, mas ele não sabe o que fazer, afinal ele nunca pensou em namorar.
Ela já tá cansada de bancar a intelectualóide bem resolvida. Queria namorar. Queria namorar aquele menino de cabelos cacheados, moreno, baixinho e quase gordo. Bem longe de ser o loiro-alto-magro que ela desejava. Mas ela não sabe namorar, afinal isso não estava nos seus planos.
...
E todo dia, em algum lugar, dois anjos da guarda se encontram e se divertem, principalmente quando ela e ele oram, pedindo ajuda para aprender a lidar com as coisas que não estavam nos seus planos. Os anjos riem e batem suas asas e aqui na terra, ela e ele sentem pequenas asas dentro do estômago e não sabem o que fazer...
Foi estudando e trabalhando para ganhar dinheiro e viajar, ser independente. Enquanto chorava todas as noites, foi aprendendo a transar só pra suprir uma necessidade física. Aprendeu, também, a sentir prazer só pra não ser comida pelo vazio do depois.
Conheceu gente, perdeu o medo de se divertir, aprendeu a beber. Quando aparecia alguém legal, trabalhador e livre ela tratava de acabar tudo logo, antes que se envolvesse. Se ninguém presta, pra quê perder tempo?
Além do que, era mais seguro ficar com quem tinha namorada, se apaixonar por gays, querer namorar quem estava com uma viagem marcada para fazer o mestrado do outro lado do mundo. Era seguro. Amores impossíveis sempre são mais seguros do que os possíveis.
Um dia ela se surpreendeu pensando que não deveria ser tão ruim assim se apaixonar e nem impossível alguém se apaixonar por ela. Com 6 bilhões de pessoas no mundo, alguém deveria prestar. E a mágoa já não doía tanto, a decepção era só uma lembrança, cada vez mais distante...
Até que ele apareceu e ele presta. Só que ele também nunca pensou em namorar, diz que já se decepcionou muito, que quer estudar e trabalhar para ganhar dinheiro. E que nos seus planos não cabe nada nem ninguém, além do seu umbigo.
Ele é perfeito para ela. Ela é perfeita para ele. Eles sabem disso. Mas ela tá com medo, ele é inseguro. A coisa mais importante da vida dela é o trabalho, a carreira que tá construindo. A coisa mais importante da vida dele é a carreira que tá construindo, o trabalho. Ela ama ler, ele não vive sem seus livros. Ela escreve, ele ensina. Ela adora o senso de humor dele. Ele adora as tatuagens que ela tem. Ela acha incrível o autocontrole dele. Ele se diverte com o descontrole dela.
Ela é de leão, ele é de libra. Os astros conspiram a favor, mas quando ela tem certeza, ele está em dúvida. Quando ele toma uma decisão, ela foge. Eles discutem uma relação inexistente. Ele tá ocupado demais bancando o intelectual precoce. Ele diz que gosta daquela jornalista que adora viajar e está sempre rodeada de gente, mas ele não sabe o que fazer, afinal ele nunca pensou em namorar.
Ela já tá cansada de bancar a intelectualóide bem resolvida. Queria namorar. Queria namorar aquele menino de cabelos cacheados, moreno, baixinho e quase gordo. Bem longe de ser o loiro-alto-magro que ela desejava. Mas ela não sabe namorar, afinal isso não estava nos seus planos.
...
E todo dia, em algum lugar, dois anjos da guarda se encontram e se divertem, principalmente quando ela e ele oram, pedindo ajuda para aprender a lidar com as coisas que não estavam nos seus planos. Os anjos riem e batem suas asas e aqui na terra, ela e ele sentem pequenas asas dentro do estômago e não sabem o que fazer...
Friday, January 01, 2010
0 1º do ano
Passei uns dias na praia e com a pane que deu no blogger, fui obrigada ficar, também, uns dias sem postar nada no Mosaico. Isso que tava com o texto da Confecom pronto e queria colocar alguma coisa sobre o ano novo...
Só que hoje, 1º de janeiro, estou de ressaca. Venho bebendo desde o dia 19, quando houve a confraternização lá no serviço, depois era happy hour e barzinho com os amigos, natal, aniversário do vô, praia e réveillon. Ou seja, chutei o balde legal. Aliás, em 2009 eu chutei o balde várias vezes e foi um dos melhores anos da minha vida.
Que venha 2010! Que eu só tenho que agradecer, porque sei que vai ser muito bom! Eu aprendi que ser feliz é possível quando a gente se permite. Espero chutar o balde mais vezes. Que você também chute o balde, enfie o pé na jaca, saia do armário, se solte, se liberte, livre-se das amarras, se permita viver!!!
Fica um texto que recebi por email da minha amada amiga Roberta, que sei também terá um 2010 inesquecível. Se a autoria é realmente desta Luciana von Borries, não sei, mas o texto vale. Feliz 2010!
GRATIDÃO BRANCA
Luciana von Borries
Dois mil e nove se foi. Passou mais rápido do que uma estrela cadente, daquelas que nem nos dão tempo de pensar num pedido. Porque será que chega uma hora na vida em que a gente se sente engolido pelo tempo? Será que vou passar o resto dos meus dias achando que só os verões da minha adolescência foram longos o suficiente pra se viver intensamente? Pois é, os cientistas dizem que é assim mesmo. Em fases de descobertas, como a infância e a juventude, a vida passa mais devagar mesmo. Absorvemos cada novo aprendizado tão profundamente que o tempo dura mais. Quando nos tornamos adultos, a rotina dá essa cara monótona para as páginas da nossa história. E a vida passa na nossa frente como uma paisagem de estrada que já conhecemos há anos. E aí, quando nos damos conta, chegamos ao destino cada vez mais rápido.
Este ano foi um pouco assim. Quando pisquei, já era setembro. E quando setembro chega, você começa a correr para terminar os projetos que ainda estão inacabados. E quando percebe, o shopping da sua cidade já inaugurou a decoração de Natal. O ano chegou ao final, e você à conclusão de que não fez tudo que estava na sua lista de promessas de Ano Novo: você emagreceu 4 quilos, mas engordou 6 porque o inverno foi um horror. Leu um livro inteiro pra ver se conseguia largar o cigarro, mas ele não te largou. Jurou nunca mais brigar com seu namorado, mas as TPMs estão mais fortes que você.
É por essas e outras que há alguns anos parei de fazer promessas de Ano Novo. Chega! A vida já tem frustrações demais. Então resolvi que todo dezembro, no lugar de uma lista irreal de metas e objetivos, faço uma "lista da gratidão". Ou seja, escrevo numa folha de papel tudo de bom que me aconteceu no ano que passou e que ficou em minha vida. Os itens vão de saúde a trabalho, passando por conquistas materiais ou espirituais, amigos que ganhei, momentos de alegria, enfim, o negócio é puxar pela memória e ir escrevendo. No começo, parece que você não vai chegar a 5 linhas, mas é impressionante como a coisa começa a render mais que feijoada. Quando percebe, encheu uma folha inteira, e a sensação é ótima. No final, é só agradecer tudo isso a Deus, a Alá, a um Poder Superior, à Mãe Natureza, ao Destino, ou seja lá pra quem você acredite também ter responsabilidade nisto tudo.
Uma coisa é certa: depois de fazer uma "lista da gratidão", você vai passar a virada do ano com o coração bem mais leve. Sabe por quê? Porque a gratidão dá uma paz poderosa, muito mais do que todas as roupas e calcinhas brancas do mundo. Pode acreditar: a gratidão é mágica. Segundo Melody Beattie:
"A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Torna o que temos suficiente. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã.”
Só que hoje, 1º de janeiro, estou de ressaca. Venho bebendo desde o dia 19, quando houve a confraternização lá no serviço, depois era happy hour e barzinho com os amigos, natal, aniversário do vô, praia e réveillon. Ou seja, chutei o balde legal. Aliás, em 2009 eu chutei o balde várias vezes e foi um dos melhores anos da minha vida.
Que venha 2010! Que eu só tenho que agradecer, porque sei que vai ser muito bom! Eu aprendi que ser feliz é possível quando a gente se permite. Espero chutar o balde mais vezes. Que você também chute o balde, enfie o pé na jaca, saia do armário, se solte, se liberte, livre-se das amarras, se permita viver!!!
Fica um texto que recebi por email da minha amada amiga Roberta, que sei também terá um 2010 inesquecível. Se a autoria é realmente desta Luciana von Borries, não sei, mas o texto vale. Feliz 2010!
GRATIDÃO BRANCA
Luciana von Borries
Dois mil e nove se foi. Passou mais rápido do que uma estrela cadente, daquelas que nem nos dão tempo de pensar num pedido. Porque será que chega uma hora na vida em que a gente se sente engolido pelo tempo? Será que vou passar o resto dos meus dias achando que só os verões da minha adolescência foram longos o suficiente pra se viver intensamente? Pois é, os cientistas dizem que é assim mesmo. Em fases de descobertas, como a infância e a juventude, a vida passa mais devagar mesmo. Absorvemos cada novo aprendizado tão profundamente que o tempo dura mais. Quando nos tornamos adultos, a rotina dá essa cara monótona para as páginas da nossa história. E a vida passa na nossa frente como uma paisagem de estrada que já conhecemos há anos. E aí, quando nos damos conta, chegamos ao destino cada vez mais rápido.
Este ano foi um pouco assim. Quando pisquei, já era setembro. E quando setembro chega, você começa a correr para terminar os projetos que ainda estão inacabados. E quando percebe, o shopping da sua cidade já inaugurou a decoração de Natal. O ano chegou ao final, e você à conclusão de que não fez tudo que estava na sua lista de promessas de Ano Novo: você emagreceu 4 quilos, mas engordou 6 porque o inverno foi um horror. Leu um livro inteiro pra ver se conseguia largar o cigarro, mas ele não te largou. Jurou nunca mais brigar com seu namorado, mas as TPMs estão mais fortes que você.
É por essas e outras que há alguns anos parei de fazer promessas de Ano Novo. Chega! A vida já tem frustrações demais. Então resolvi que todo dezembro, no lugar de uma lista irreal de metas e objetivos, faço uma "lista da gratidão". Ou seja, escrevo numa folha de papel tudo de bom que me aconteceu no ano que passou e que ficou em minha vida. Os itens vão de saúde a trabalho, passando por conquistas materiais ou espirituais, amigos que ganhei, momentos de alegria, enfim, o negócio é puxar pela memória e ir escrevendo. No começo, parece que você não vai chegar a 5 linhas, mas é impressionante como a coisa começa a render mais que feijoada. Quando percebe, encheu uma folha inteira, e a sensação é ótima. No final, é só agradecer tudo isso a Deus, a Alá, a um Poder Superior, à Mãe Natureza, ao Destino, ou seja lá pra quem você acredite também ter responsabilidade nisto tudo.
Uma coisa é certa: depois de fazer uma "lista da gratidão", você vai passar a virada do ano com o coração bem mais leve. Sabe por quê? Porque a gratidão dá uma paz poderosa, muito mais do que todas as roupas e calcinhas brancas do mundo. Pode acreditar: a gratidão é mágica. Segundo Melody Beattie:
"A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Torna o que temos suficiente. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã.”
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