Monday, July 30, 2012
Rodolfo, me encanta
“Enquanto o mundo cai em pedaços. Eu gosto de estar do lado do caminho” – Al lado del camino
Melhor do que admirar alguém é reafirmar esse sentimento. Sou muito fã do Fito Páez, tive a sorte de ir em vários shows dele e no último domingo não foi diferente. Fito comemora 20 anos do seu CD "El Amor despúes del amor", o disco mais vendido na história do rock argentino. A primeira hora da apresentação foi literalmente as músicas desse disco, depois veio alguns dos muitos sucessos que esse cara tem.
Eu estava na primeira fila e vi o Fito cantar a um metro de mim. De todos os shows que já fui, esse foi o que ele menos tocou piano. Mais da metade da apresentação foi em pé e na minha frente, deu pra fazer um book de tantas fotos que tirei... Mas nada de arroubos histéricos e juvenis, só contemplação para não perder nada daquele homem, quase cinquentão, que faz o artista que eu admiro.
Postei um texto em 2008 falando sobre um show dele, reli e foi bom perceber que alguns gostos não mudam. De 2008 pra cá, teve outros shows e em todos eu me encanto com o senhor que toca piano como se fosse uma criança diante de um brinquedo, me emociono com Al lado del camino e acho impossível não reparar como o cabelo e a barba estão brancos... Neste show percebi que a cada troca de roupa, ele também trocava de óculos. E sim, aquele homem de gola alta e blazer, tocando piano, é um charme só.
Diante de uma indústria cultural que nos apresenta cada vez mais, coisas fugazes e artificiais, considero esse argentino o artista mais completo da nossa contemporaneidade. Inteligentíssimo, trouxe o piano para o rock, faz releituras de suas próprias músicas, cria arranjos sensacionais, tem um discurso consciente e politizado sem ser pedante ou demagogo e é um compositor de uma sensibilidade ímpar.
Andam dizendo que o Fito está se achando, negando entrevistas, virando estrela. Duvido, mas se ele virar estrela, terei mais um motivo para olhar para o céu, da primeira fila onde os fãs de verdade, tem que estar.
Queda
“Aguerrida entrega. Nesse nosso desbravar...”- Da entrega, O Teatro Mágico
Viver é estar em queda livre num imenso abismo. Mas não é assim: nasceu, caiu. Primeiro nos colocam numa planície e lá nos deixam até começarmos a olhar em volta e a caminharmos mais longe. Um belo dia, nos deparamos com ele, lindo e assustador. Parece infinito.
Alguns se jogam sem pensar, outros escorregam por descuido e a maioria volta, preferem a segurança de plano reto, sem curvas e monótono. Desses, penso que alguns esquecem completamente o abismo, já outros devem lembrar constantemente. Poucos, bem poucos ficam se equilibrando, é difícil ter consciência do abismo.
Quem está caindo conserva algumas similaridades com o povo da planície. Há os que perdem a noção do que está acontecendo, outros estão sempre ligados e atentos a tudo e tem alguns que oscilam, ora de olhos abertos, ora de olhos fechados, pois é muito fácil se perder diante da vida.
Há lugares incríveis, trechos coloridos e uma trilha sonora bem legal durante a queda. Às vezes, nos momentos de calmaria, é possível se iludir e achar que estamos no comando, planando e admirando a paisagem.
Dá para ficar atordoada com tanta informação e gente passando por nos, tentar se agarrar a algo pode ser um erro. Uma vez em queda, não é possível voltar para a planície, então acumular saudades também não facilita nada, só aumenta o peso da alma e isso dificulta qualquer entrega.
Bom mesmo é o que se sente. Dói, é verdade, mas é a única maneira de se tornar mais inteiro mesmo com todos os vazios que irão abrir em nos e ao nosso redor. Eles são fundamentais para a compreensão de nos, da vida e dos abismos.
Eu não sei dizer se me atirei sem pensar, se escorreguei, se me equilibrei por algum tempo... Quando me dei conta já estava no maior de todos os abismos, talvez seja por isso que os outros, por mais que me incomodam, não me assustam. O melhor é se dar conta, que não parece infinito, é.
Viver é estar em queda livre num imenso abismo. Mas não é assim: nasceu, caiu. Primeiro nos colocam numa planície e lá nos deixam até começarmos a olhar em volta e a caminharmos mais longe. Um belo dia, nos deparamos com ele, lindo e assustador. Parece infinito.
Alguns se jogam sem pensar, outros escorregam por descuido e a maioria volta, preferem a segurança de plano reto, sem curvas e monótono. Desses, penso que alguns esquecem completamente o abismo, já outros devem lembrar constantemente. Poucos, bem poucos ficam se equilibrando, é difícil ter consciência do abismo.
Quem está caindo conserva algumas similaridades com o povo da planície. Há os que perdem a noção do que está acontecendo, outros estão sempre ligados e atentos a tudo e tem alguns que oscilam, ora de olhos abertos, ora de olhos fechados, pois é muito fácil se perder diante da vida.
Há lugares incríveis, trechos coloridos e uma trilha sonora bem legal durante a queda. Às vezes, nos momentos de calmaria, é possível se iludir e achar que estamos no comando, planando e admirando a paisagem.
Dá para ficar atordoada com tanta informação e gente passando por nos, tentar se agarrar a algo pode ser um erro. Uma vez em queda, não é possível voltar para a planície, então acumular saudades também não facilita nada, só aumenta o peso da alma e isso dificulta qualquer entrega.
Bom mesmo é o que se sente. Dói, é verdade, mas é a única maneira de se tornar mais inteiro mesmo com todos os vazios que irão abrir em nos e ao nosso redor. Eles são fundamentais para a compreensão de nos, da vida e dos abismos.
Eu não sei dizer se me atirei sem pensar, se escorreguei, se me equilibrei por algum tempo... Quando me dei conta já estava no maior de todos os abismos, talvez seja por isso que os outros, por mais que me incomodam, não me assustam. O melhor é se dar conta, que não parece infinito, é.
Wednesday, July 25, 2012
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