“Escrever é um trabalho de tempo integral, embora apenas poucas horas do dia sejam gastas no trabalho efetivo de escrever” – Hemingway
É isso. Eu escrevo o tempo todo, é uma loucura, minha cabeça não para nunca, registra tudo que vejo, como longos e às vezes, chatos capítulos de descrição. Poucas coisas me fascinam tanto como observar as pessoas.
Escutar trechos de conversas no ônibus, no restaurante, na rua, falando ao telefone é o que eu preciso pra imaginar mil e um desfechos, o ouvinte, o motivo, as tragédias e os milagres que uma conversa podem resultar.
O problema é que com a correria dos dias, cada vez escrevo menos. Melhor, escrevo no bloquinho que carrego sempre ou no meu diário (sim, eu tenho diário). Mas isso não conta.
Depois de passar horas diagramando na frente do computador até os olhos arderem, de escrever textos políticos, notas curtas, descobrir como tornar útil a fala inútil de uma fonte, a última coisa que quero é encarar um monitor.
Me culpo por não ter o tempo que gostaria de ter para escrever e nem é tanto por ser algo que eu curto fazer. Também me sinto culpada quando falto o pilates. A culpa é porque não acho justo guardar tanta gente e história dentro de mim. Qualquer dia, vou explodir.
O ideal mesmo, seria ter um cabo USB que todo final de dia eu conectasse e descarregasse toda e qualquer palavra. Seria bem mais fácil ... Mas enquanto ainda não temos isso, fico aqui tentando descobrir o que me chamou atenção na moça de olhar perdido que caminhava pela avenida Independência e disse quando atendeu o telefone: “tô no automático”.
Seria só uma obra de ficção, onde qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência?
1 comment:
Não é ficção, não. Tenho uma amiga que vezenquando diz estar no automático. Só que o olhar dela não é perdido, é além. Bjokas. Débora
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