Estava almoçando hoje com três colegas quando disse "gurias, vocês assistiram Mulheres Ricas esta semana?" Todas pararam e me olharam sem acreditar no que haviam ouvido. “Vocês não olham? Ah tem que ver, eu adoro, dou muita risada", continuei...
Pasmas, elas falaram que era absurdo uma pessoa como eu assistir a esse programa e pior ainda, gostar.
Mulheres Ricas é exibido nas segundas, às 22h30, na Band. É um reality show em formato documental que mostra o cotidiano de cinco mulheres milionárias. O programa estreou este ano e vem sendo bastante criticado por causa da ostentação das cinco mulheres num país tão desigual como o nosso. Mas convenhamos, isso não é problema delas. Mulheres Ricas está longe de ser um programa inteligente, mas vende e vende bem.
Agora qual é o problema de eu gostar desse programa fútil, inútil, por vezes, vazio? Por que não é o que esperam de mim? Uma das minhas colegas disse: “se fosse eu, que gasto mais do meu salário em roupas de marcas, seria normal, mas tu Rê! Ah, o mundo tá virado.”
Só que o mundo não tá virado. Tanto que ela, que teria tudo para ser fã, não assiste, o que é uma característica incompatível com perfil exibido pela minha colega. O que me surpreende também. Por que temos essa mania inconveniente de querer que o outro seja da maneira que nos percebemos?
Tenho uma amiga que é repórter de esportes num jornal de Porto Alegre e também tem um blog, onde escreve de tudo. Um dia, postou um texto falando sobre sua paixão por esmaltes (ela tem mais de 1.000, coleciona mesmo) e o povo reclamou, porque gostar de esmaltes não combina com aquela moça que entende tudo de futebol e faz kite surf nas horas vagas.
Somos um universo tão grande que certas características ou atitudes não deveriam incomodar ou constar no pacote “isso não combina com você”. Tudo combina com seres que são livres, certo? E tudo deveria ser considerado aceitável quando se tem consciência da liberdade, nossa e do outro.
Assisto TV muito pouco. Faz anos que não tenho uma no meu quarto e não faz falta. Notícias, acompanho pela internet, o tempo todo. Filmes, no cinema, computador e quase sempre, nos finais de semana estou sozinha em casa, com três televisões para escolher.
O único programa que não perco é Mulheres Ricas. Assistir uma atração com o único objetivo de me divertir, de não pensar, não vai mudar em nada minha opinião sobre as coisas. Não assistir por achar que não combina comigo, aí sim, mudaria e aí sim, não seria eu.
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