Sunday, August 21, 2011
Aninha
De todas as minhas amigas, a Ana é a mais diferente de mim, sempre foi. Nos conhecemos no nosso primeiro emprego, na prefeitura de São Leopoldo. Ela estava terminando o ensino médio e queria fazer engenharia. Eu estava no primeiro semestre de jornalismo e com 17 anos, não tirava meus all stars e raramente sai a noite, quer dizer, minha balada era ir no bar BR3, onde podia ir com camiseta de banda e tênis. Enquanto a Ana, aos 16 já se equilibrava em cima de salto fino, adorava uma balada e tinha identidade falsa para poder entrar aonde quisesse.
Hoje, ela mora em Curitiba, está no último semestre de engenharia e namora o mesmo cara que ela estava ficando na primeira vez que fui visitá-la. Entre a prefeitura e a capital do Paraná muita coisa aconteceu. Fomos em festas, shows, cinemas, MC Donalds, caminhávamos nas tardes de domingo, íamos de ônibus para o shopping de Novo Hamburgo, de trem para o shopping de Canoas, mudamos de emprego, nos encontrávamos na universidade, enfrentamos uma viagem de ônibus num 29 de dezembro para passar o réveillon na Ilha do Mel.
Vi a Aninha passar no vestibular, entrar na UFRGS, brigar com o pai, reclamar dos irmãos e bêbada algumas vezes. Ela também foi testemunha de muitas coisas na minha vida e esteve comigo num dos piores momentos da minha vida, quando me afundei na primeira crise de depressão que tive, aos 19 anos. A Ana poderia ser só uma colega de trabalho ou uma parceira para festas, mas acabou sendo a única das minhas amigas que esteve do meu lado quando eu, com certeza, não era a pessoa mais animada do mundo.
Desde que ela foi embora, algumas coisas mudaram, ela emagreceu e aprendeu a gostar de malhar, eu me formei e aprendi a gostar de sair de noite. Na última sexta, saímos para beber (ela veio visitar os irmãos em Porto Alegre), falamos do futuro, dos nossos trabalhos, da formatura dela e do passado. Pela primeira vez, ela me viu um pouco bêbada e lá pelas tantas, me perguntou “tu lembra que tu foi a primeira pessoa a falar comigo lá na prefeitura?”
Eu lembro, claro que lembro, até da roupa que ela usava. Eu estava na sala do lado e volta e meia olhava para aquela menina gordinha que seria minha nova colega e que, erroneamente, chamávamos de “espiã”, até que não aguentei e pensei que deveria ir lá dar as boas vindas para ela. E fui.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Amei Rê.....Obrigada pelo texto!!!
Beijosss
Post a Comment