Tuesday, August 16, 2011

Nostalgia: de Meia Noite em Paris a Smurfs

Semanas atrás, assisti "Meia Noite em Paris" do Woody Allen. No filme, o roteirista Gil (Owen Wilson) é um cara nostálgico. E de tanto desejar viver em épocas passadas é transportado para a era do ouro parisiense e passa a conviver com o francês Jean Cocteau, ouvir Cole Porter tocar piano e bater altos papos com Scott e Zelda Fitzgerald, Ernest Hemingway, T.S. Eliot e outros que ele admira.

Sim, eu gostei do filme. O que mais me chamou atenção foi a nostalgia, para mim ela é a personagem principal. Mais do que voltar no tempo, quem nunca desejou viver em outra época? Woody Allen tem insights fantásticos sobre o inevitável vazio que a nostalgia gera. Para ele, não vale a pena idealizar o passado porque a vida é ruim assim mesmo, não importa a época.

Para mim, esta nostalgia vem do fato de não termos a capacidade de assimilar a contemporaneidade. Inseridos num contexto, não conseguimos enxergá-lo por completo, simples assim. Por exemplo, minha geração, usuária de Facebook, Twitter, Orkut e afins, não tem noção do quanto o surgimento dessas ferramentas vai significar no futuro. Talvez muitos dos nossos filhos e netos vão desejar viver na época dos primeiros usuários de redes sociais.

Essa semana, fui assistir “Smurfs” e o cinema estava lotado de adultos que, como eu, acordavam cedo na década de 80 só para não perder o desenho.

Sim, eu gostei do filme. Como toda obra de algo que já existe há muito tempo, o filme é cheio de referências à cultura contemporânea, de Kate Perry a Obama. E faz questão de explicar para quem, por um acaso, descobrir os anõezinhos azuis agora, que eles foram criados pelo Peyo, na década de 50.

Os dois são filmes inteligentes. Se é em Smurfs que se espera a maior dose de fantasia, é em um filme do Woody Allen que alguém entra num carro e é transportado ao passado. Se é em Meia Noite em Paris que esperamos lições de morais sobre vida, é numa animação que encontramos críticas a sociedade e a inversão de valores que vivemos.

Em ambos, saímos nos perguntando se “dá para voltar no tempo”? Não precisa ser para descobrir que a Era de Ouro era uma merda para quem estava lá, já está bom assistir Smurfs todo dia.


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