Sunday, March 21, 2010

Bons caminhos no meu mapa

Na última quarta-feira, fiz meu mapa astral com o conhecidíssima Amanda Costa, astróloga da Zero Hora, do Terra, professora, formada em Letras e amiga do Caio Fernando Abreu. Paguei uma nota, sim, mas valeu a pena, como mostrou meu mapa, o autoconhecimento é importante pra mim.

O mapa astral é o retrato do universo no instante que a gente nasceu (no meu caso, às 10h05 do dia 08 de agosto de 1985, em São Leopoldo). Eu sou leonina, com ascendente em Libra, Lua em Touro, Vênus em Câncer, Mercúrio em Leão, Júpiter e Saturno em Escorpião, Urano em Aquário...

E tudo isso traduz muito bem a pessoa que eu sou. Fechada e reservada por causa dos planetas que tenho em Escorpião. Idealista e sem vontede de ter filhos devido Urano em Aquário. Gosto de artes, de livros, de cultura graças ao Mercúrio em Leão. Essa coisa ruim de guardar as coisas, não expressar o que sente é por causa de Vênus, o planeta do amor, em Câncer.

Meu lado ciumento e possessivo veio da Lua em Touro. Espiritismo, autoconhecimento e a curiosidade por tudo que é esotérico é por causa de toda essa junção de planetas em Escorpião e Leão. E todo o tempo que eu fico pensando, pensando e pensando antes de tomar qualquer decisão, pensando em tudo que pode acontecer se eu escolher A ou B, me faz uma bela libriana. Mais indecisa, impossível.

Agora sabe o que é melhor disso tudo. Toda essa conjunção de planetas e signos mostrou que era impossível eu não trabalhar com comunicação. Que tem muitas viagens no meu mapa, longas e curtas, a trabalho e a passeio.Oba!

Agora o melhor: é que eu só não vou ser escritora se eu não quiser. Que isso é o mais claro no meu mapa e no meu caminho, a importância dos livros e das letras na minha vida. Que tem uma grande chance de eu seguir a vida acadêmica, dar aulas e me realizar muito com isso... Adorei!!!

Mas nem tudo eu gostei. Segundo a Amanda, eu vou passar a vida toda priorizando o lado profissional e vai chegar um momento da minha vida que isso vai me incomodar... Vamos ver, espero que isso demore.

Depois de três horas de conversa, sai de lá com um livro do Caio Fernando Abreu, que não achava em lugar nenhum, “Cartas”, uma amiga nova e a certeza de que a minha estrela é muito forte e ainda vai brilhar muito.

Wednesday, March 17, 2010

Guns n' Roses - o show

Gostar de Guns n’ Roses é praticamente tradição da minha família. Cresci ouvindo essa banda por causa das minhas primas, adolescentes no inicio da década de 90, auge da banda. Eu, uma criança de 6, 7 anos sabia cantarolar versos de Patience e November Rain... Sabia quem era Slash e aquele cantor loiro que corria de um lado para outro do palco, com shorts de lycra e bandana na cabeça.

As paredes da casa da minha avó continham várias inscrições com as letras AXL e eu sabia o motivo. Meus tios sempre foram fã do Guns. Na minha fase MTV, não perdia um especial deles. Lembro do Axl no último Rock in Rio, dele gordo e desengonçado e da minha tia Cristina, berrando na frente da TV, que tinha visto ele, lindo, em 1992. E outro dia meu afilhado de 10 anos foi lá em casa me pedi o cd do Guns. É tradição de família!

Por isso, era óbvio que eu iria no show do Guns n' Roses, que rolou na terça de madrugada, no estacionamento da Fiergs, em Porto Alegre. Enquanto as longas quatro horas de atraso se arrastavam, eu e os milhares que estavam lá, já estávamos crucificando o Axl, o Guns, a organização, a chuva no Rio, que causou todo o atraso aqui, pois tiveram que reconstruir boa parte do palco.

E eu pensava em escrever sobre a falta de respeito com os fãs, a demora, a forma física do Axl, a péssima organização, a fila quilometrica, o preço absurdo da água (R$ 8,00!), a cancelamento do show da Tequila Baby e a apresentação medíocre da Rosa Tatuada.

Eu cheguei lá por volta das 16h, a abertura dos portões que seria às 18h, aconteceu às 20h. E surpresa: havia um batalhão terminando de montar o palco, pois vários equipamentos não inham chegado por causa da chuva no Rio, que derrubou o palco e de um acidente com o caminhão que trazia a estrutura, em São Paulo.

E o tempo passava, 20h, 21h, 22h e nada. O povo reclamando, com dor, cansados... Muita gente veio de longe, falei com pessoal de Santa Maria, Passo Fundo, Pelotas, Florianópolis e Uruguai. Pouco antes da meia noite, a banda gaúcha Rosa Tatuada entrou no palco, informou que o seu guitarrista e a Tequila Baby já tinha ido embora, que cantariam três músicas para honrar o rock gaúcho.

Nos 30 minutos desta quarta-feira, estava subindo no palco o Sebastian Bach, ex-vocalista do Skid Row, que fez um baita show. Aliás, ele continua igual, em ótimo forma física, foi super simpático. Foi engraçado o seu esforço para falar em português (sempre se desculpando pelo atraso) e o tombo que caiu...

Depois de uma hora de Sebastian, às 1h50, o Guns entrou no palco. E naquele momento eu percebi meu texto seria outro, as dores sumiram, o mau humor das pessoas deu lugar a uma empolgação que fez todo mundo pular até às 4h15 da manhã de uma terça-feira.

Quando o Axl subiu no palco eu percebi que a longa espera valeria a pena. Ele não é mais o mesmo, anda só com a camisa fechada, não usa mais shorts de lycra e sim, parece um senhor cinquentão. Mas era o AXL que eu estava vendo e ouvindo. Aquela voz rasgada estave bem próxima, ele ainda faz a sua típica dancinha, embora esteja um pouco duro, ainda corre, embora se canse mais rapidamente.

Esse senhor é a Axl da minha infância, das minhas primas, dos cds, dos discos, das histórias que eu ouvi da família toda. Eu entendi porque eu encarei sozinha uma indiada dessas, com direito a todas as arguras que uma fã passa. Fila enorme e no sol, horas em pé, com fome, com sede, com vontade ir no banheiro, empurra-empurra no show, segurar máquina-bolsa-celular-binoculos-ainda-pular-e-cantar tudo junto e feliz da vida...

Sim, queria que o Slash estive ainda no Guns, e o Duffy também. Mas essa noite de março foi histórica, eu vi uma banda que pensei que nunca veria. Eu vi minha infância. Uma trilha sonora da adolescência. Eu vi um mito.

Eu vi gerações diferentes chorarem quando ele tocou e cantou November Rain. Eu vi 30 mil pessoas explodirem com Welcome to the jungle. Eu vi o cansaço dar lugar a empolgação. Eu vi pessoas arrepiadas com os riffs de Sweet Child O´mine.

Eu vi pessoas com a certeza de que aquilo era um momento único. Era uma vez só na vida. Eu vi o show da minha vida. As horas de atraso não eram nada para quem esperou anos por esse show!

Sunday, March 14, 2010

Momento Caio F.

Ando num momento Caio Fernando Abreu, apaixonadíssima pelo escritor e me identificando com tudo que ele escreveu. Tenho uma amiga, a Fabi, que sempre leu e gostou do Caio. Eu não. Essa história é recente.

Acho que tem menos de um ano, li Morangos Mofados e Os Dragões não conhecem o Paraíso. Na feira do livro comprei, Para Sempre teu, Caio F, da Paula Dipp, que devorei na minha semana em Florianópolis. Agora tô lendo Onde Andará Dulce Veiga e pesquisando muita coisa na internet.

O melhor disso tudo é que os textos de Caio são bem bipolar, como o meu momento. Nunca fiz tanta festa como agora e o Caio sempre gostou de celebrar a vida. Porém, tô com uma dor de cotovelo danada, e ele sempre soube escrever com maestria sobre as coisas indigestas da vida. “A gente enfeita até a amargura”, disse certa vez. E é. Lendo o Caio não me sinto tão sozinha, sei que é possível alegrar minha tristeza.

Deixo algumas frases do Caio e claro, a sugestão de que lêem esse gaúcho lá de Santiago do Boqueirão, astrólogo, jornalista, homossexual, aidético, humano...

“Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada ‘impulso vital’. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como ‘estou contente outra vez’".

"Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros."

“Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora.”

“Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.”

“A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.”

“Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo...”

Monday, March 08, 2010

Um Olhar do Paraíso


Há duas semanas fui assistir ao excelente filme, Um Olhar do Paraíso. Depois de chorar, praticamente a sessão toda, pensei que tinha que fazer um texto sobre o filme. Mas cheguei em casa com o nó na garganta e não sabia o que escrever. Ainda não sei, mas vi o post no blog do meu primo e decidi tentar.

Tinha tempo que um filme não mexia comigo assim. O cartaz do filme é lindo, mas foi o slogan que me ganhou: “a história de uma vida e tudo que veio depois”. A gente não sabe o que vem depois da vida... Bom, deste janeiro, eu estava contado os dias para que o filme estreasse.

Um Olhar do Paraíso, de Peter Jackson, com Saoirse Ronan, Mark Wahlberg (sempre lindo), Rachel Weisz e Susan Sarandon, conta em pouco mais de duas horas a história que veio depois que uma menina de 14 anos morreu estrupada pelo vizinho.

Já na primeira cena do filme, percebi que iria adorar. A menina Susie Salmon, já morta, conta uma de suas lembranças de infância, quando ela mal alcançava na mesa. Assim, ela vai nos contando sua vida, sua morte, o depois, a reação dos pais, a sua reação com as coisas que não viveu. Como o beijo que ela nunca deu, os filmes fotográficos que ela nunca revelou, a vida que ela sonhava e não viveu...

Susie demorou muito para chegar ao paraíso, estava na linha que divide a Terra desse Paraíso. Enquanto assistia, pensava para onde tinha ido minha avó e a minha prima. Enquanto o nó na garganta apertava, dentro do cinema, eu deseja viver e não morrer sem coisas que eu gostaria de fazer (se é que isso é possível).

Eu fiquei pensando nas pessoas que morrem cedo ou nas que saem da nossa vida e morrem para nós, nos levando inúmeras possibilidades... Eu desejei que meu paraíso fosse um pouco como o dela, colorido. Mas eu espero que Deus me permita ler lá e comer a massa da minha vó. No final tem aquela certeza de que a vida segue, sempre segue. Que o universo acaba sempre trazendo o que procuramos, de uma maneira ou de outra...

Assistem ao filme, como recomendou meu primo. E tenham uma vida longa e feliz, como desejou Susie Salmon.

Friday, March 05, 2010

Constatação




Nessas férias, em Florianópolis, eu fui pra balada. Eu não sou baladeira, mas eu estava precisando desopilar e dançar a noite toda. E eu fui pra noite com o meu primo Marcello. Ele tem 18 anos, espinhas na cara, uma matrícula para o primeiro semestre da faculdade de Biblioteconomia, muitas dúvidas na cabeça e um divertido mau humor (típico dos capricornianos).

Nunca me imaginei indo pra balada com o Marcello. Até uns dias atrás, era um menino gordinho que quando vinha nas ondas de Mariluz, em cima de uma pranchinha de isopor pintado, a gente falava “lá vem o leitãozinho”. Algumas pessoas conseguem ser ão e inho ao mesmo tempo.

Hoje, ele é só ão, embora a gente ainda o chame de Marcellinho, mas isso é porque o Marcello é o irmão mais novo do Júnior. Eu lembro quando ele nasceu, porque ele é carioca e naquele dia apareceu na TV que tinha dado uma chuvarada no Rio, inundado toda a cidade. E eu fiquei preocupada se meu tio tinha conseguido chegar no hospital. Vai entender o que se passa na cabeça de uma criança...

Nesses dias que fiquei na casa dele, lá pelas tantas, me disse que se lembrava de um verão, a gente na praia e ele me falando que estava com medo de ir para a 7ª série. Eu não lembro disso, não lembro mesmo. Talvez essa conversa não tenha sido tão importante pra mim, como foi pra um menino prestes a encarar a sétima...

Mas eu não vou esquecer do moço que dançou a noite toda, enlouquecidamente, em cima de um queijinho, numa boate gay. Só fomos embora porque foi aí que eu cai e quase me quebrei. E eu desejei que ele morasse mais perto, só pra gente se acabar de dançar, quando desse vontade.

O Marcello cresceu. O tempo passa cada vez mais rápido e eu preciso pensar com que roupa eu vou na formatura dele, daqui quatro anos, um piscar de olhos. Ainda bem que ele se tornou um homem com uma cabeça boa, de personalidade. Melhor ainda é que ele me disse que raramente entra no meu blog.

Ao som de Nando Reis