Sunday, July 26, 2009

Tô Puta Mesmo

Eu tenho TPM, não que eu me orgulhe disso, mas tenho. É fato. Quando falo isso tem pessoas que torcem a cara, como se falassem “é manha”, tem algumas que falam “mas tu é tão novinha”... Eu nem respondo, apenas conto até 10, 24, 38, 57, depende da vez e do meu nível de irritação.

Mas que me dá uma vontade esganar um, ah dá! Qualquer um, do meu irmão ao cidadão que passa na minha frente na rua. Que ódio. Por que essa gente me olha? Não posso ficar em paz, quieta no meu canto. Eu irritada? Impressão. Eu estressada? Não sei aonde. Eu com TPM? Capaz. Capaz que vou dar o braço a torcer.

Sempre fui assim, caso o mundo não percebeu. E claro que o mundo não percebeu, esse bando de gente lerda e limitada. Ai que ódio!!! Hoje eu mato um. Ah, como eu queria cravar minhas unhas no pescoço de alguém e ficar lá segurando, até alcançar o nirvana. Falando em nirvana, hoje só quero rock no volume mais alto possível, que é pra eu poder gritar em paz.

Paz. Que paz é essa? Como ficar em paz com meus hormônios se rebelando em algum lugar dentro de mim? Com espinhas na cara e toda inchada? Que vontade quebrar uma balança. Tô com barriga e me sentido uma orca. E não posso nem olhar pra minhas pernas porque tô cheia de pontinhos roxos, maldita hora que resolvi tirar as varizes. Nem dá pra alguém eu posso com as pernas cheia de pontinhos roxos. Que ódio!

E esse nó na garganta!? Já não basta o inchaço, a irritação, as espinhas, a gula incontrolável, a auto-estima que já ultrapassou o chão e tá avistando a crosta terrestre. Ainda dá vontade de chorar. Aiiiiiiiiiiiiiiiiii que triste é o mundo, ao menos o nó na garganta vai passar... Não eu não vou chorar, não tenho motivo pra chorar. Merda, eu já to chorando. Ai, que ódio...

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Sunday, July 19, 2009

E se acontecer de novo?

Sempre ouvi que uma pessoa com depressão tem que se tratar a vida toda, ou boa parte dela. E sempre tive medo disso. Não gostaria de passar boa parte da minha vida tomando remédio pra sentir alegria e muito menos fazendo análise.

Eu ando tri bem. Feliz mesmo. Gosto da minha vida do jeito que tá, embora ainda tenha muita coisa pra fazer. Estou mais consciente. Curtindo, realmente, as pequenas coisas da vida. Por mais piegas que isso possa parecer.

Faço planos, consigo me imaginar com 30, 40, 55, 70 anos e sinceramente, acho que viver é bem legal. Muito legal! Tem um tempão que não choro. E nem tô me estressando tanto com as coisas, por mais incrível que isso possa parecer. Tô tri bem mesmo!

Pois é esse o problema. Às vezes no meio de uma gargalhada eu penso: “e se eu voltar a ser como era?”. Ou no ônibus, no meio de algum evento que eu esteja cobrindo, no cinema, caminhando no sol, andando de bicicleta, dançando, lendo... Do nada eu me pergunto: “e se acontecer de novo?”

Eu não sei em que momento da minha vida eu me perdi, então posso me perder de novo. E me dá medo. E eu penso será por isso a vigília constante e eterna das pessoas que tiveram depressão? A gente acaba pagando um preço caro por viver com consciência de que se é feliz.

Thursday, July 09, 2009

Simplesmente feliz

Assisti ao filme Simplesmente Feliz, do diretor Mike Leigh, o mesmo de Segredos e Mentiras. O filme é uma comédia sobre diversão, procura de amores e aproveitar a vida, que mostra a rotina de Poppy, interpretado pela Sally Hawkins, que é uma jovem professora de escola primária, e uma otimista incorrigível que dificilmente se chateia.

Poppy tem o dom de aproveitar ao máximo a vida e a vida dela não tem nada de extraordinário. Ela mora com uma amiga, tem duas irmãs mais novas, vai ser tia, planeja as aulas que dará para as crianças da escola, às vezes sai pra balada com as amigas, faz aulas na auto-escola, sai para beber com as colegas depois do serviço, faz ginástica numa cama elástica, começa um curso de flamenco, procura de um namorado e como todo mundo, tem problemas.

Mas ela está sempre rindo, sempre feliz. Sempre! E o filme mostra exatamente essa rotina de gente-normal-com-um-talento-nato-de-ser-feliz. Sem dúvida, o filme é monótono, porque não há nem um grande acontecimento. Quando a personagem arruma o tal namorado é natural, nada de encontros inesquecíveis, de grandes pretensões, histórias surreais, ele é só mais um personagem do filme e da vida da Poppy.

Simplesmente Feliz mostra a vida de uma pessoa normal e feliz. A vida é monótona sim, pode parecer sem grandes acontecimentos, não imaginamos o que as pessoas podem vir a se tornar quando surgem na nossa vida, trabalhar é cansativo, aprender a dirigir nem sempre é fácil, a irmã mais nova dá problemas, o cheque não tem fundo, a ressaca é horrível, mas é exatamente assim que a gente é feliz.

Wednesday, July 01, 2009

Salve a arte



No último final de semana participei da 9ª Feira Harem de Danças Árabes, realizada nos dias 26, 27 e 28 de junho, na Sociedade Libanesa em Porto Alegre.

No evento anual, promovido pela Escola Harem, acontecem shows e workshops. Nessa edição, a grande atração foi a dançarina do ventre russa Nour, considerada a maior estrela de dança do ventre do Egito e o cantor e dançarino egípcio Yasser Alswery.

Durante dois dias, fiz workshops de dança do ventre, dança folclórica árabe – o Dabke – e dança Beduína. Havia em torno de 100 participantes nos cursos e um clima muito bom, de celebração. Todas ali celebravam a arte.

Danças como o Dabke e a Beduína exige que os professores ensinem muito mais que coreografias ou passos ritmados, tem que ter todo um conhecimento da cultura, um entendimento dos significados dos passos.

Já em casa, assistindo o Fantástico, a matéria sobre os robôs que fazem serviços de humanos, me chamou atenção por causa do comentário da minha mãe, que um dia os robôs iriam dominar o mundo. Mas não vão, não. Tenho certeza disso depois desse final de semana.

Por mais cômodo que parece ser robôs que fazem funções básicas para nos, humanos. Sempre haverá a arte para nos lembrar que certas atividades são imprescindíveis para nos manter vivos. Nenhum robô poderá dançar por nos, nem fazer malabarismos e escrever poesias, bordar, interpretar, tocar flauta ou derbak ou guitarra...

Em épocas de grande avanço tecnológico sempre é bom lembrar que a arte é uma atividade essencialmente humana. Por mais cansativo que seja e por mais disciplina que possa exigir, é na arte que a gente extrapola o mundo, é dançando, cantando, fotografando que a gente celebra o ser humano.