Ruy Carlos Ostermann e Eduardo Galeano
O escritor uruguaio, Eduardo Galeano foi a grande atração da 54ª Feira do Livro desta quinta-feira (13). Ele participou do talk-show Encontros com o Professor, apresentado por Ruy Carlos Ostermann, no teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa e depois autografou seu livro “Espelhos – Uma história quase universal.”
No bate-papo de uma hora, o intelectual falou de sua vida, de seus livros e das perguntas que carrega consigo. Tirou do bolso um minúsculo caderno que faz anotações quando está na rua. Contou que aos 22 anos já era diretor de um jornal em Montevidéu, onde fazia de tudo, inclusive o horóscopo. “Adorava fazer o horóscopo, me divertia e sempre induzia as pessoas aos pecados”, declarou aos risos. Galeano lembrou que antigamente os jornalistas tinham entusiasmo com a profissão, coisa que não se vê hoje em dia.
Um observador nato que se definiu como “um averiguador das coisas pequenas escondidas na grandeza.” Falou da importância de ter olhos e ouvidos atentos ao mundo, de questionar, de raciocinar, de educar, de ler de tudo, até as paredes. Ele que sempre se interessou muito por grafismos e grafites, encontrou numa parede a frase: “toda virgem passa por diversos Natais, mas nunca tem uma noite boa”.
Com um grande senso de humor, o escritor falou de sua desconfiança com as máquinas: “sempre achei que elas bebem e fazem festa durante a noite. De dia, quando precisamos, não funcionam direito, pois estão de ressaca.” Tem pouco tempo que passou a utilizar o computador, acredita que o prazer de escrever a mão é insubstituível.
Autor do clássico “As veias abertas da América Latina”, o senhor que nasceu em 1940 e ostenta cabelos totalmente brancos, não tem vergonha de falar das dúvidas mais infantis que carrega consigo - e que todos temos - por mais absurdas que elas sejam. Em certo momento questionou: "a humanidade seria uma obra-prima de Deus ou uma piada do Diabo?"
Inteligentíssimo, Galeano tem uma das qualidades que mais admiro nas pessoas, é um contestador. De suas perguntas, faz livros. Da história esquecida, arte. Se Galeano fosse uma pulga, seria dessas que vivem nas pontas dos pêlos, para não perder nada que acontece ao seu redor, como diria Jostein Gaarder.
Depois de rir das sacadas inteligentes, de ouvir histórias e de ficar quase uma hora na fila, sai de lá feliz da vida, com o meu livro autografado, um elogio: “belos olhos” e com a certeza de que o escritor pode ser tão surpreendente quanto seus escritos.
3 comments:
Lembra q ele falou sobre o "maestro" de Simón Bolivar? Um cara chamado Simón Rodriguéz q educou de uma forma muito "alternativa" para sua época e q morreu solitário, sem o devido reconhecimento.Achei interessante uma frase deste cara; "Eu queria criar o paraíso para todos e acabei criando um inferno para mim" Muito legal o teu post sobre o Galeano, parabéns!
Lutero
simplesmente perfeito,
beijos
Um elogio desses dá pra carregar pra sempre! E vc ouviu da boca dele!! Que tanto!! :D
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