Não sou simpática com todo mundo. E daí? Tenho personalidade, ora. Daí, que eu bem queria bancar a simpática com todo mundo. Seria mais fácil do que explicar o motivo da cara fechada, quando o mais provável é que não fui com a cara tua cara. Antipatia genuína. Antipática assumida.
Estou dando um tempo da academia, afinal sou uma mulher desencanada. Depois de anos me exercitando disciplinadamente e religiosamente, meus músculos merecem férias. Eu perdi o tesão que tinha por puxar ferros. Enquanto meu tesão não volta, penso que seria bem bom ser uma mulher desencanada.
Escrevi “bem bom” e parei para pensar. Eu gosto da combinação de bem bom. Fala: bem bom. É legal, sonoro e isso basta. Bem bom seria se eu entendesse mais de gramática. Só porque escrevo, tem gente que acha que eu sei quando se usa corretamente mim e eu, crases, vírgulas... Sei pouco. Bem pouco. Passava as aulas de português escrevendo redações para vender, me achavam inteligente. Era, no máximo, esperta.
Hoje, nem esperta eu sou. Restou pouca coisa da época do colégio, apenas textos incompletos e poesias onde deveria haver fórmulas matemáticas. Outro dia vi esse símbolo: √, não sabia o que era. Só no outro dia que me lembrei da tal raiz quadrada. Eu passava as aulas de matemáticas lendo. Um dia perguntei para o professor se ele não se importava, ele falou que se eu conseguia entender Galeano, que não tinha lógica, entenderia a matéria. Que era lógica pura.
“O caminho estava muito cheio de gente. Todos iam para o país dos sonhos, e faziam muita confusão e muito ruído ensaiando os sonhos que iam sonhar, e por isso Pepa (a cachorrinha) ia resmungando, porque não a deixavam concentrar-se como se deve.”
Teve uma época que lia direto Eduardo Galeano, isso aí de cima é dele. Não parece, mas Galeano é um conceituado escritor e jornalista uruguaio. Não parece, mas não me imagino mais numa academia suando e disputando um lugar no espelho. Não parece, mas não gosto de gramática. Só me sobrou a antipatia e o gosto por coisas que não tem lógica.
1 comment:
Rê, é bom ser lembrada mesmo que nas "entrelistras" (como diria o Tigrão).
Vivemos num eterno aprendizado... com relação a tudo.
Beijo grande.
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